Brinde da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante almoço oferecido pelo Presidente da República Federal da Nigéria, Goodluck Ebele Jonathan
Abuja-Nigéria, 23 de fevereiro de 2013
É com grande alegria que realizo a minha primeira visita oficial à Nigéria, nação com a qual o Brasil mantém sólidas relações de amizade e cooperação.
Agradeço o comparecimento do presidente Goodluck à Rio+20, e venho dar continuidade ao diálogo que iniciamos lá no Rio de Janeiro.
O acordo que nós assinamos hoje, estabelecendo mecanismo de diálogo estratégico, que será presidido pelos nossos vice-presidentes, o que evidencia a importância que nós damos ao nosso relacionamento, vai permitir a ampliação da nossa cooperação, vai permitir o estreitamento dos nossos laços culturais, vai permitir que Brasil e Nigéria reforcem mutuamente a importância nacional, regional, e, sobretudo, a presença nos organismos multilaterais.
Nós vamos trabalhar séria e determinadamente para tornar cada vez mais equilibradas e mais produtivas as nossas relações de comércio. Vamos, somar esforços em projetos de infraestrutura, buscando maior participação de empresas brasileiras na Nigéria e construindo formas de financiamento mais adequadas. Daremos atenção a iniciativas de geração elétrica, construção viária, desenvolvimento agrícola, ciência e tecnologia, formação de recursos humanos, produção de medicamentos genéricos e vacinas.
Mas eu quero falar agora, sobretudo, da amizade, da gratidão e da fraternidade que une o Brasil e a Nigéria. Pela imensa contribuição da Nigéria e da África na formação da sociedade brasileira. Nossa história, nossos povos, nossa cultura se entrelaçam e carregam marcas de um passado colonial doloroso, que temos obrigação de superar, estreitando ossos vínculos, ampliando a nossa amizade, construindo uma cooperação fraterna, e permitindo que as nossas sociedades busquem um desenvolvimento econômico socialmente inclusivo.
Brasil e Nigéria querem construir sociedades mais justas, mais desenvolvidas, democráticas e isentas de conflitos. A Nigéria e o Brasil constituem eixo importante da Cooperação Sul-Sul. A Cooperação Sul-Sul não é uma fórmula vazia, ela expressa a nossa crítica às formas chamadas cooperativas, que países coloniais do passado e alguns países desenvolvidos deste século, tentaram estabelecer com as nações em desenvolvimento. E essa crítica está baseada no reconhecimento que a cooperação verdadeira está baseada numa visão que respeita interesses mútuos, características de cada país, e tem por objetivo construir uma forma de relacionamento que leve ao desenvolvimento de ambos os países. Acredito que temos nossa contribuição importante a dar à Cúpula América do Sul e África, construída em Malabo.
Queridos amigos e amigas presentes, brasileiros e nigerianos,
O Festival da Cultura Negra de Lagos, em outubro deste ano, que será dedicado ao Brasil, celebrará nossas múltiplas afinidades. Iremos participar ativamente dele e transformá-lo numa celebração das nossas culturas. Convergimos na aspiração de tornar a ordem internacional mais democrática e justa. As instituições de governança global não podem ignorar a crescente importância da África e da América do Sul. E isso deve estar expresso numa das principais instituições, que é o Conselho de Segurança da ONU.
Temos buscado também, senhoras e senhores, atuar em sintonia com as organizações africanas. Apreciamos o papel da Nigéria, da União Africana na manutenção da paz e da estabilidade regional. Nossos países devem trabalhar conjuntamente em benefício da construção da paz e da estabilidade da Guiné Bissau.
Caro presidente e amigo Jonathan, quero aproveitar esta oportunidade para congratulá-lo e ao povo nigeriano pela recente conquista da Seleção Nigeriana de Futebol este ano da Copa Africana de Nações. Asseguro que sua seleção será muito bem recebida no Brasil, em junho, para a Copa das Confederações. Tenho certeza que o presidente Goodluck Jonathan e eu assistiremos juntos a final Brasil e Nigéria no Maracanã.
Senhor presidente,
Vamos nos unir mais uma vez em momento de grande alegria popular, que é uma característica de brasileiros e nigerianos. Como diria o grande escritor Chinua Achebe, vamos iluminar a nossa Cooperação Sul-Sul baseados na convicção que expressa num trecho que ele escreveu: “deixe que venham ver homens, mulheres e crianças que sabem como viver, cuja alegria de viver ainda não foi aplastada por aqueles que se crêem capazes de ensinar as outras nações como viver”.
Agradecemos, senhor presidente, a generosa hospitalidade que o povo nigeriano concedeu a mim e à minha delegação, proponho um brinde à saúde de vossa excelência, ao povo nigeriano e à amizade do Brasil e a Nigéria.
Muito obrigada.
Ouça a íntegra do discurso (12min53s) da Presidenta Dilma