Declaração à imprensa da Presidenta da República, Dilma Rousseff, após cerimônia de assinatura de atos - Lima/Peru
Lima-Peru, 11 de novembro de 2013
Excelentíssimo senhor Ollanta Humala, presidente da República do Peru, e senhora Nadine Heredia,
Senhores ministros de Estado integrantes das delegações peruana e brasileira,
Senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas,
Senhoras e senhores,
Com grande satisfação eu retorno a Lima pela quarta vez, como presidenta, para esta visita de Estado ao Peru. A primeira vez eu vim à posse do presidente Ollanta, depois eu vim numa reunião da Aspa, depois eu vim numa reunião da Unasul e retorno hoje, para essa visita de Estado. Eu agradeço muito o seu convite, presidente Humala, e as atenções dispensadas a mim e à minha comitiva. Nós celebramos este ano 10 anos da nossa Aliança Estratégica Brasil-Peru, que é um marco significativo das nossas relações bilaterais.
Um conjunto de projetos bilaterais entre o Peru e o Brasil vem sendo implementado, e seus resultados têm sido muito concretos para as nossas populações. Nós reconhecemos os enormes benefícios da Rodovia Interoceânica, que tem levado comércio, turismo e desenvolvimento aos estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, no Brasil, e a Arequipa, Cusco e Madre de Dios, no Peru. Ao longo dos dois últimos anos, os fluxos de veículos, pessoas e mercadorias aumentaram.
Decidimos continuar avançando em novos eixos de integração. Vamos instruir um Grupo de Trabalho sobre Interconexão Ferroviária e aprofundar, cada vez mais, o estudo da interligação física, concreta, entre o Brasil e o Peru, incluindo inclusive a questão da banda larga.
Nós discutimos especificamente a importância da integração rodo-hidroviária entre o Porto de Paita e Yurimaguas – acertei, que é por rodovia, e de Yurimaguas para Manaus, que seria hidrovia.
Na área das telecomunicações, assinamos acordo pioneiro que prevê a eliminação da cobrança de roaming nos municípios situados na zona fronteiriça. É a primeira vez que são estabelecidos procedimentos para chamadas fixas e móveis, em especial para região com vulnerabilidades específicas, pela sua amplidão, como é o caso das fronteiras em toda a região da amazônica. O acordo poderá servir de modelo para outros instrumentos desse tipo, aqui mesmo, nas nossas fronteiras, mas também em toda a América do Sul.
Em nosso encontro de hoje, nós demos muita ênfase à questão da cooperação na área social, não é, presidente? Eu recebi a primeira-dama Nadine, logo no início, logo depois da sua posse e as reuniões foram muito produtivas nessa área. O Brasil desenvolveu, de fato, tecnologias na área da inclusão social. Nós nos orgulhamos muito delas, até e principalmente porque elas produziram mudanças na distribuição de renda do país, reduziram a mortalidade infantil, aumentaram o grau de educação das crianças em idade escolar que são objeto do Bolsa Família. E também temos discutido parcerias na área da saúde, como é o caso da cooperação entre o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Nacional de Salud para a produção, no Peru, de medicamentos contra a malária e a tuberculose. Também estamos transmitindo ao Peru experiências na área da farmácia popular. No campo da educação, são muito bem-vindos os bolsistas peruanos que vão fazer graduação e pós-graduação no Brasil, especialmente nas áreas de engenharia e ciências biológicas. É Beca 28. Beca 18.
Queremos avançar ainda mais com toda a cooperação possível, inclusive na área de tecnologias, lá do MEC, de acompanhamento dos principais programas do governo, que é o Simec. O Peru será o primeiro país que nós teremos e compartilharemos conhecimento nessa área.
Além disso, eu considero que nós precisamos continuar desenvolvendo toda a cooperação possível na área de ciência e tecnologia, e na área de integração das nossas indústrias, principalmente no que se refere à indústria naval. Sempre e quando for possível, essa integração só vai contribuir para o desenvolvimento da América do Sul e, especialmente, da nossa área.
Eu e o presidente Ollanta concordamos em cooperar para combater a ação ilegal de redes de traficantes de pessoas, como é o caso dos haitianos, principalmente porque o Brasil considera os haitianos muito bem-vindos e não queremos que eles sejam vítimas dos coiotes, que cobram para entrar no país, uma coisa que não é necessária, uma vez que abrimos as embaixadas para que isso pudesse ocorrer.
Querido presidente Humala,
Nós olhamos, com muita satisfação, o aumento do comércio entre os nossos países. De janeiro a setembro deste ano, as exportações do Peru ao Brasil cresceram mais de 50%. O Brasil vai terminar o ano como o terceiro maior parceiro comercial do Peru. Nós também consideramos que é muito importante os investimentos brasileiros no Peru, e vice-versa. Entre os países da América Latina, o Peru é o terceiro maior destino dos investimentos brasileiros e o Brasil é o sexto maior investidor no Peru no que se refere ao mundo, com estoque da ordem de 1,9 bilhão de dólares.
Nós consideramos também que a integração e a cooperação implicam também num intercâmbio de pessoas, e aí um fato que chama a atenção é o crescente interesse dos brasileiros em conhecer melhor a cultura peruana, a excelência da culinária peruana... estou falando aqui para os jornalistas olhando para elas. Não deixem de aproveitar a excelência da culinária peruana, e todas as questões relativas à cultura do Peru. Eu visitei hoje a Torre Nagle – Tagle, desculpa – e é, de fato, um dos prédios mais bonitos que eu vi, prédios históricos que eu vi nos últimos tempos, presidente.
Eu queria também dizer que nós tivemos um aumento muito grande dos turistas. Eu queria dizer isso porque 300% é o número de brasileiros... houve um aumento de 300% no número de brasileiros que visitam o Peru, e tenho certeza de que a nossa cooperação vai ampliar esse número.
Nessa última década, nós construímos uma parceria que transcende nossas fronteiras, pois fortalece a integração Sul-Sul. Tenho certeza também que a Copa do Mundo de futebol, no próximo ano, e as Olimpíadas e Paraolimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, e os Jogos Pan-Americanos de Lima, em [20]19, incrementarão ainda mais esses números de turistas, presidente.
Finalmente, eu queria dizer da importância, e fazer um cumprimento aqui ao presidente Humala pelo exercício que ele teve na Presidência... como presidente da Unasul. A Unasul, nesta última década, ela foi construída, criando uma parceria que transcende as nossas fronteiras e fortalece essa integração Sul-Sul.
Nós, o Peru, o Brasil e os países que estão na Unasul, eles têm uma obrigação de construir essa integração num espírito de... democrático, espírito que leve em conta a diversidade dos nossos países, dos nossos processos históricos e da formação de nossos governos.
Nós, tenho certeza, coincidimos, presidente Humala, em que a Unasul precisa ser fortalecida e que nós somos uma das regiões que tem um futuro importante pela frente, pelo fato de sermos também uma região que vive em paz, que não tem guerras, não tem conflitos étnicos, não tem conflitos religiosos, e que esse processo de construção da paz permite, também, que nós tenhamos relações muito estreitas entre nós.
Finalmente, eu quero dizer que eu tenho certeza que a aliança estratégica Brasil-Peru, ela alcançou um novo patamar e vai prosperar no sentido de melhorias das condições de vida dos nossos povos – do povo peruano, do povo brasileiro.
Muito obrigada.
Ouça a íntegra (10min31s) da declaração à imprensa da Presidenta Dilma