Declaração à imprensa da Presidenta da República, Dilma Rousseff, após encontro bilateral com o presidente da República do Paraguai, Horacio Cartes - Brasília/DF
Palácio do Planalto, 30 de setembro de 2013
Meu querido presidente da República do Paraguai, Horácio Cartes.
Senhoras e senhores ministros de Estado e integrantes das delegações do Paraguai e do Brasil.
Senhores jornalistas, senhores fotógrafos e cinegrafistas.
Muito boa tarde.
Eu tenho e manifesto em meu nome e em nome do governo brasileiro especial satisfação de receber o presidente Horacio Cartes em sua primeira visita oficial ao Brasil.
Esta é nossa terceira reunião desde que o presidente tomou posse em meados de agosto. A frequência dos encontros que eu tive com o senhor presidente Cartes expressa a vontade do Brasil, e eu tenho certeza, também a do Paraguai, de aprofundar a parceria de nossos países em todos os níveis. Estamos unidos por importante conjunto de realizações na área social, econômica e energética. O Paraguai abriga a terceira maior comunidade brasileira no exterior. Nossas economias estão cada vez mais entrelaçadas, nossos povos mantêm relações de amizade e de parentesco. Compartilhamos também a maior usina hidrelétrica em geração de energia no mundo, a Itaipu binacional – eu disse em geração de energia elétrica, é maior que as Três Gargantas. Mas eu também queria dizer que acredito que as nossas relações e a nossa integração tem um potencial muito maior que isso.
Por isso, o momento é de retomar com intensidade o diálogo bilateral e ao mesmo tempo, fortalecer a nossa parceria histórica em âmbito regional. Eu recebi do presidente Cartes informações importantes sobre o estágio avançado das obras que vão levar agora conclusão da linha de transmissão em 500 kw, que permitirá levar mais energia de Itaipu até os arredores de Assunção, em Villa Hayes. Com sua inauguração prevista para o mês novembro, apesar dela ficar pronta em outubro, ela vai ser comissionada e a inauguração vai estar prevista para o mês de novembro. Eu acho que essa obra vai permitir grande possibilidade de atração de investidores no Paraguai, e contribuirá, sem sombra de dúvidas, para a industrialização do país gerando, lá, mais emprego e renda, contribuirá também para a integração das nossas cadeias produtivas, permitindo que Brasil e Paraguai se tornem cada vez mais integrados e cooperantes.
O Paraguai poderá utilizar em projetos produtivos, a energia que lhe cabe na produção global de Itaipu. Com isso, ganha o Paraguai e ganha o Brasil. Essa linha também é um símbolo, eu acho, da integração dentro do Mercosul, porque ela foi financiada pelo Focem, pelo Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul.
Nós também tratamos da cooperação na área social, na questão da luta contra a pobreza. Porque o Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria, por parte do Brasil, e do lado do Paraguai, o programa agora lançado criando oportunidades, mostra que estamos num caminho comum nesta questão social, nessa na questão de reduzir a desigualdade que os nossos países, ao longo dos séculos, foram condenados e agora nós podemos através também dessa parceria – de um lado Bolsa Família e Brasil sem Miséria, de outro criando oportunidades – construir um caminho novo.
Eu agradeci ao presidente Cartes pelo tratamento dispensado à comunidade brasileira no Paraguai. Nos últimos quatro anos quase 15 mil brasileiros foram beneficiados pelo programa de regularização migratória. Esse é um exemplo que o Paraguai mostra para o mundo, de como tratar imigrantes. E o Brasil é extremamente agradecido por esse tratamento civilizado.
Discutimos ainda a iniciativa para que o comércio bilateral siga crescendo, sempre com mais equilíbrio e maior participação das exportações uruguaias [paraguaias]. Eu gostara de dizer também que eu tenho certeza de que eventos empresarias, como a Exposição Brasil-Paraguai, em Assunção, em outubro próximo, e a semana do Paraguai, na FIESP, vão permitir às empresas dos dois países identificarem novas oportunidades de negócios.
Disse ao presidente Cartes da nossa expectativa de iniciar em breve, a segunda ponte sobre o Rio Paraná, entre Foz do Iguaçu e Presidente Franco. Essa nova ponte será mais elo entre o Paraguai e o Brasil, tornará mais fluido o transporte de cargas e ajudará no escoamento das exportações paraguaias.
O presidente Cartes e eu falamos bastante sobre a integração logística no sentido de viabilizar custos menores para os nossos dois países, e essa integração passa por hidrovia, ferrovia e rodovia como foi falado na nossa discussão bilateral.
Eu acredito que é muito importante que nós tenhamos estabelecido uma cooperação na área ferroviária, nesse momento em que o Brasil dá seus passos no sentido de construir uma estrutura ferroviária no nosso país. É claro que o Brasil está atrasado, presidente Cartes, porque os países desenvolvidos construíram ferrovias no final do século XIX e no início do século XX. E nós estamos fazendo esse esforço agora, no início do XXI.
Eu tenho certeza que tanto para o Brasil quanto para o Paraguai esse esforço não vai ser em vão, porque nós construiremos canais de escoamento para grande produção agroindustrial e agrícola e pecuária que o Paraguai tem, e também para o escoamento da nossa produção. Nós precisamos dar um grande impulso à integração fronteiriça. O presidente Cartes destacou, inclusive, que tem muito mais coisa acontecendo do que até nós próprios sabemos, por essa iniciativa, esse empreendedorismo que há nessas regiões de fronteira, entre brasileiros e entre paraguaios, brasiguaios. E nós sabemos também que é muito importante para os nossos dois povos que nós olhemos para a fronteira com um cuidado especial.
Finalmente, eu queria dizer que nós discutimos bastante sobre a questão do Mercosul E eu reiterei ao presidente Cartes a importância que o Brasil dá à participação do Paraguai no Mercosul. Nós consideramos que essa participação do Paraguai no Mercosul tem um significado muito importante nesse momento e, consideramos também que nós sermos capazes de integrar, no Mercosul, de integrar da Patagônia ao Caribe – portanto, eu estou me referindo à Venezuela – torna a nossa região com um tecido multilateral muito mais forte.
Em um mundo em que cresce o desemprego e a desigualdade, eu acredito que as nossas políticas de desenvolvimento, de crescimento e de distribuição de renda fazem todo o sentido, principalmente porque nós somos uma região que tem de diminuir a diferença que historicamente os séculos construíram, entre os nossos países e os países desenvolvidos. E só uma estratégia em que todos os países ganhem é uma estratégia sustentável e viável. Portanto, para nós, seja no Mercosul, seja na Unasul, seja bilateralmente, o Paraguai será sempre um parceiro estratégico para o Brasil. E eu tenho certeza que nós seremos capazes, eu e o presidente Cartes, de estar à altura do desafio que é construir, implementar e, sobretudo, acelerar a integração e a cooperação entre nossos países.
Muito obrigada, presidente Cartes, seja bem-vindo o senhor e a sua comitiva.
Ouça a íntegra (10min28s) da declaração da Presidenta Dilma