Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, após cerimônia de assinatura de atos
Abuja-Nigéria, 23 de fevereiro de 2013
Cumprimentar as delegações brasileira e nigeriana.
Cumprimentar os nossos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
É, sem dúvida, um prazer estar aqui na capital da Nigéria e dar continuidade ao diálogo iniciado com o presidente Goodluck Jonathan na Rio+20.
Eu queria demonstrar meu profundo agradecimento à hospitalidade do governo e do povo nigeriano. O povo brasileiro vai retribuí-la, em junho deste ano, com uma calorosa acolhida à sua talentosa seleção de futebol durante a Copa das Confederações - dentro, portanto, de alguns meses.
O povo brasileiro e o povo nigeriano compartilham muitas coisas. Sem sombra de dúvidas, entre as numerosas etnias africanas, e com a diáspora, foram ao Brasil a etnia iorubá ou yoruba e a etnia haussá integram, hoje - através da sua contribuição cultural, artística - integram a nacionalidade brasileira.
Por isso, além de ser importante porque os nossos dois países são países importantes nas nossas respectivas regiões e nesse mundo multipolar, há o estreitamento das relações entre o Brasil e a Nigéria. Sem sombra de dúvida, vai significar um aumento da nossa posição internacional.
Por isso, instituímos hoje o mecanismo do diálogo estratégico Brasil-Nigéria, e se destina a incrementar tanto o comércio bilateral quanto estimular parcerias tecnológicas, cientificas, e fortalecer nossos parques industriais e produtivos. Mas eu insisto, sobretudo, significa reafirmar a importância de duas regiões do mundo, África e América Latina, na construção de um mundo multipolar.
O ex-presidente Nigeriano Obasanjo, e o ex-presidente Lula estabeleceram as linhas ao formatar na ASA, África e South America Summit, ao formatar este relacionamento, tiveram a visão estratégica, que cabe a mim e ao presidente Jonathan realizar.
Nosso intercâmbio tem crescido muito. De 2009 à 2012, anos de crise, cresceu e já chegamos no último ano a US$ 9 bilhões. Nós concordamos que é preciso torná-lo mais diversificado e mais equilibrado. Há 14 anos a Petrobras está aqui na Nigéria produzindo petróleo, pretende ampliar essa produção e pretende estabelecer cada vez mais uma presença marcante aqui na Nigéria.
Nós queremos ir além, nós queremos estabelecer uma parceria, também, na área de energia elétrica dada a capacidade do Brasil na área de geração hídrica e na construção de um grande sistema de transmissão. Queremos, portanto, ampliar a nossa parceria nessa área.
Queremos intensificar o apoio aos esforços do governo nigeriano em prol do desenvolvimento agropecuário. Pretendemos compartilhar nossa experiência em máquinas, equipamentos agrícolas, no fato de que novos métodos e técnicas produtivas adaptados ao Cerrado são adequados aqui na Nigéria dado - isso que o presidente Jonathan marcou muito bem - que é o fato de sairmos de um mesmo continente. Vamos aprofundar nossa parceria por meio da Embrapa, que é a Empresa Brasileira de Tecnologia [Pesquisa] Agropecuária. Nós vamos, sobretudo, dedicar uma atenção especial à formação profissional de técnicos e agrônomos, seja em áreas de pós-graduação, de graduação, quanto de formação técnica.
Estamos analisando novos instrumentos de financiamento, de investimentos em infra-estrutura. E vamos ampliar a presença do Brasil em todas as áreas que o governo nigeriano julgar importante tais como: produção de vacinas antirretrovirais, medicamentos genéricos de alto custo, dando apoio ao governo nigeriano nos seus esforços no âmbito de saúde pública.
Nós concordamos em trocar conhecimentos e experiências de combate à pobreza, e segurança alimentar, que os nossos dois países têm de enfrentar.
Estamos muito honrados com o fato, o fato do Brasil ser o tema do Festival de Cultura Negra em Lagos, em outubro de 2013. E deste festival nós participaremos de forma muito ativa.
Vamos cooperar na área de defesa e segurança. E na área internacional, defendemos a necessidade da presença da África e da América Latina no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Conversamos também sobre a importância de participarmos na estabilidade, principalmente, no caso da Guiné Bissau. O Brasil e a Nigéria são países com grandes populações. Somos ricos em recursos naturais. Culturalmente, etnicamente dizendo, temos uma rica cultura.
O Brasil e a Nigéria são países que têm um papel neste século XXI, eu estou certa, e nós temos um papel a cumprir enquanto a crise econômica, que atinge os países desenvolvidos, diminui o comércio naquela direção. Nós devemos estreitar as nossas relações, ampliar o nosso comércio, aumentar os nossos investimentos. Sem dúvida, a Nigéria é parte relevante da história do Brasil, e será, cada vez mais, parte do nosso futuro.
Muito obrigada.
ouça a íntegra do discurso (12min22s) da Presidenta Dilma