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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de anúncio de investimentos para implantação da Linha 3 do Sistema Metropolitano do Rio de Janeiro - São Gonçalo/RJ

 

São Gonçalo-RJ, 11 de setembro de 2013

 

Bom, eu vou começar desejando meus parabéns para São Gonçalo, que no dia 22 de setembro faz 123 anos. Meus parabéns para todos os homens, as mulheres, as crianças e os jovens que moram aqui na nossa São Gonçalo. E também eu queria fazer uma saudação especial, eu estou vendo aqui que tem moradores da cidade de São Gonçalo, Niterói, Itaboraí, todos os municípios aqui estão presente, eu queria também cumprimentar as pessoas que vieram me escutar aqui e eu agradeço muito pela presença.

Vou cumprimentar, e antes de eu cumprimentar eu vou falar uma coisa para vocês: O Brasil mudou muito nos últimos anos. Nós conseguimos avançar muito, nós diminuímos as desigualdades, nós reduzimos a mortalidade infantil, nós aumentamos o emprego, nós somos um país que deu passos, de fato, muito importantes. Mas tem uma coisa que nós sabemos: nós vamos precisamos avançar muito mais, mas muito mais, para atender tudo aquilo que nós podemos ter. Tem uma coisa também que fizemos e que foi muito importante: a capacidade de governantes, presidente da República, governador e prefeitos trabalharem juntos. E aqui, no Rio de Janeiro, nós fomos capazes de construir uma parceria que eu considero uma parceria vitoriosa, porque conseguiu modificar a vida da população. E aqui eu estou me referindo à parceria com o governador Sérgio Cabral e o vice-governador Pezão, com os prefeitos que estão aqui presentes, porque também os prefeitos são extremamente importantes nessa parceria. Queria falar do prefeito Neilton Mulim, de São Gonçalo, o Rodrigo Neves, de Niterói, o Helil Cardozo, de Itaboraí, o Alexandre Cardoso, de Caxias e o Nelson Bornier, de Nova Iguaçu, além de todos os prefeitos que estão aqui presentes.

Eu comecei falando da parceria, porque parceria entre o governo federal, governo estadual e os prefeitos é que nem a parceria que a gente faz em qualquer área. Todo mundo sabe que quando se coopera, quando você pega junto, quando você faz as coisas de forma combinada, nós podemos fazer acontecer. E é isso que nós estamos fazendo aqui. Fazendo acontecer. Por isso, começo saudando a parceria com o governo do estado do Rio de Janeiro e com os prefeitos do estado do Rio de Janeiro. O governo federal tem uma concepção que nós compartilhamos com os governadores e com os prefeitos. É assim: quando a gente está do mesmo lado, não tem problema, eu não preciso explicar. Mas a gente tem de perceber que durante a eleição pode haver disputa, na hora do governo, tem de haver cooperação. Governo coopera, governo não disputa.

Eu considero que, independentemente de partido político, time de futebol, religião ou qualquer outra coisa, há o interesse da população. A população exige de nós, e é isso que a população fez conosco, ela nos disse, quando nos elegeu, a partir da hora da eleição, eu sou presidenta de todos os brasileiros. O governador é governador de todos os moradores do estado do Rio de Janeiro, e o prefeito é prefeito de cada uma das populações da sua cidade.

Por isso, estou feliz de estar aqui acompanhada dos meus ministros. Eu estou aqui acompanhada, como vocês viram do ministro Aguinaldo Ribeiro, que é responsável por todas as obras de mobilidade urbana, além do Minha Casa, Minha Vida. Estou com o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, porque nós vamos lá em Itaboraí... desculpa, eu não vou em Itaboraí, eu vou lá em Inhaumá. Em Itaboraí eu ainda irei. É que eu vi... como eu vi o Comperj, eu vi o prefeito, eu falei assim para mim mesma: eu vou lá no Comperj. Mas hoje, viu prefeito, eu não vou no Comperj, não, eu vou lá em Inhaúma, no estaleiro, por isso que eu estou aqui com o ministro Lobão. E estou com a ministra Helena, que é a ministra da Comunicação Social.

Queria cumprimentar aqui o nosso vice-governador Luiz Fernando Pezão, que sempre foi um parceiro muito estratégico para o governo federal fazer obra aqui.

Queria cumprimentar os deputados federais: Edison Ezequiel, Edson Santos, Luiz Neto, e Washington Reis.

Eu quero cumprimentar uma pessoa que eu conheço há bastante tempo e hoje eu revi, que é a deputada Graça Matos, por meio de quem cumprimento todos os deputados estaduais.

Queria cumprimentar dois secretários do governo do estado: o Julio, secretário de transporte e mobilidade urbana; e o Hudson Braga, secretário de obras, por intermédio deles eu cumprimento todos os secretários do governo estadual.

Cumprimentar, como eu sempre faço, os senhores e as senhoras jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.

Eu estou muito feliz, essa é a primeira vez que, como presidenta, eu visito São Gonçalo, e visito no mês do aniversário. Também não vou me esquecer disso. E acho importante que um presidente visite uma cidade da importância populacional de São Gonçalo. Quando a gente visita no dia do aniversário – eu estou visitando na véspera - a gente traz um presente, eu vou trazer o meu presente hoje que é, justamente, a construção do monotrilho que, como a gente viu, vai ligar Niterói a São Gonçalo ou São Gonçalo a Niterói, e vai numa segunda fase chegar ao Comperj, que vai ser um centro de oferta de emprego para toda essa região. É o que nós temos certeza que vai acontecer. Vai ter um processo de crescimento bastante significativo dessa região quando o Comperj estiver pronto. Daí por que a importância dessa segunda fase.

Nós viemos aqui, então, justamente viabilizar essa linha 3 do sistema metropolitano dessa região imensa do Brasil, que é a região metropolitana do estado. Essa é uma realização importante. Eu queria levantar três números, três números que dão a dimensão dessa obra. Primeiro número, o tamanho do investimento só na fase do projeto, porque a gente ainda tá na fase do projeto. Esse investimento na fase do projeto mostra que o investimento, quando for ocorrer, será muito significativo. Nós estamos colocando hoje R$ 2,57 bilhões em parceria com o governo Sérgio Cabral. O segundo número - tem outro número – para vocês terem uma ideia dessa linha, são 22 quilômetros. Eu lembro a vocês que tem muitas cidades, ou seja, a maior cidade do Brasil, não tem proporcionalmente essa quantidade de quilômetros, se considerar a população, 22 quilômetros é uma quantidade de quilômetros muito significativos para gente iniciar a linha 3 desse sistema metropolitano. E como vimos, vai ligar uma região ao seu emprego, eu acho importante isso, a sua possibilidade de levar as pessoas ao trabalho, levar as pessoas para o estudo, enfim, permitir que trabalhadores e trabalhadoras, permitir que as pessoas tenham acesso a transporte de primeiro mundo. Esse monotrilho é um transporte de primeiro mundo colocado aqui nessa região. E o terceiro número, é a quantidade de pessoas beneficiadas. Esse, aliás é um número mais importante: 1,8 milhão de pessoas. Um governo – eu queria falar isso para vocês – um governo, ele tem de ser medido pela... não é assim se a obra gasta tanto de tijolo, tanto de ferro, se a obra, ela é uma obra bonita ou não. Um governo tem de ser medido pela obra que faz, se ela beneficia ou não as pessoas. Essa é uma obra que beneficia as pessoas. Beneficia porque essa obra é para ganhar tempo. O que nós estamos dando com essa obra? O tempo, a melhora de vida, porque quanto mais tempo você tiver para ficar com a família, com seu namorado, com seu marido, com seus filhos, ou com a sua família, sua mãe, seu pai, melhor a sua vida, melhor a qualidade dela. Então, essa é uma obra que também coloca essa região no nível das maiores regiões metropolitanas do mundo. É tratar os moradores de São Gonçalo como se fossem moradores de qualquer país desenvolvido do mundo. Isso se chama qualidade do transporte. Qualidade do transporte é igual qualidade de vida, é igual respeito às pessoas e ao tempo que elas têm pra desfrutar a vida.

Eu queria dizer para vocês que nós temos esse objetivo no governo federal: melhorar a qualidade de vida do transporte e da mobilidade urbana. Foi esse - aliás, eu gosto sempre de lembrar isso - foi esse um dos pactos que nós fizemos com os governadores e prefeitos e representantes dos movimentos sociais, e representantes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal quando definimos os cinco pactos. O pacto da mobilidade é isso. E aqui hoje nós estamos colocando mais um pedaço do pacto da mobilidade em pé, aqui em São Gonçalo.

Mas não são apenas esses investimentos em São Gonçalo que eu vim anunciar. Nós também vamos financiar aqui para São Gonçalo, como o prefeito Neilton mostrou, nós vamos financiar um sistema viário e uma ciclovia paralelos ao monotrilho, além de financiar 20 quilômetros de corredores de ônibus.

E não vai ser só em São Gonçalo. Em Duque de Caxias, nós vamos financiar um BRT, Gramacho-Imbariê, e um VLT. Em Nova Iguaçu, nós vamos financiar dois corredores de ônibus, entre eles, a continuidade da via Light. E também na capital, vamos colocar recursos para dois BRT’s. Tudo isso faz parte de um processo que construímos, aqui, com o governo do estado, que como eu disse a vocês, é o chamado processo de pegar junto. Pega junto e enfrenta o desafio, acha a solução e beneficia as pessoas. Nós estamos também aqui buscando viabilizar uma série de programas. Eu vi um cartaz ali. Há pouco apareceu um cartaz que dizia: “Obrigada presidenta Dilma pelo Mais Médicos”. Tá ali escrito.

Eu vou falar para vocês sobre o Mais Médicos. É obrigação de um governo escutar a demanda da população. Um governo não pode ser surdo, um governo tem de ouvir muito. E nós sabemos, além de ouvir, nós sabemos que o Brasil tem um problema sério na área da saúde. Por que nós sabemos? Porque vocês falam, porque as pesquisas mostram, porque a gente que vive em contato com os governadores e os prefeitos, escuta dos governadores e dos prefeitos as reclamações. Por isso nós fizemos o Mais Médicos. O que é o Mais Médicos? O Mais Médicos é o seguinte: nós não podemos deixar no Brasil que, quando está em questão os interesses da população no país ou do povo do país, não existe nenhum outro interesse maior, de nenhuma corporação, de nenhum segmento. Nós respeitamos os médicos deste país porque sempre deram uma grande contribuição. Agora, nós temos uma avaliação: faltam médicos.

Por isso criamos o programa Mais Médicos que vai, primeiro, dar oportunidade para os brasileiros. Por qualquer razão, sendo os médicos formados aqui não suficientes pra preencher as vagas em municípios como são esses aqui dessa região, das regiões metropolitanas, onde sabemos que falta médico nos postos de saúde e na atenção básica, o governo federal fará todo o possível e o impossível para garantir que haja médicos disponíveis. Como? Nós traremos médicos formados fora do Brasil. Para trabalhar onde? Na atenção básica, nos postos de saúde, para garantir que a população tenha acesso aos atendimentos necessários para atenção básica. Vocês sabem, eu não sei, aliás, se vocês sabem ou não, mas nós temos no Brasil uma carência tamanha, que em 701 municípios, não mora nenhum médico. Então, vocês imaginam aqui comigo, se de noite uma criança tiver um problema – e eu fui mão e eu sei o que é um menino com asma de madrugada, aliás, as crianças geralmente têm asma de madrugada, ou doença ou febre de madrugada - se de madrugada não tem um médico para atender, olha o desespero de um pai ou mãe. Então, o governo federal vai e está tomando as providências através de uma bolsa que nós pagamos, o governo federal paga uma bolsa de 10 mil reais, mais ajuda de custo para ele se instalar, e mais R$ 4 mil para equipe que o médico necessitar, tanto no que se refere ao pagamento de pessoal, enfermeira ou agente de saúde, ou equipamento do tipo remédio e determinados equipamentos necessários para o médico atuar.

Nós, com isso, estamos querendo fazer uma coisa importante que é resolver um problema de caráter emergencial e urgente. Porque a saúde das pessoas não pode esperar até que os médicos se formem.

Então, por isso nós trazemos médicos de fora. Paralelamente, vamos aumentar a formação de médicos dentro do Brasil, assegurando que os médicos sejam formados em regiões do interior do país e nas periferias das grandes cidades. Por quê? Porque está provado que, geralmente, o médico fica onde ele se forma ou onde faz a residência. Nós vamos ampliar também o número de médicos especialistas e, portanto, vamos ampliar as oportunidades de residência.

Com isso, o que nós queremos? Nós estamos fazendo algo que é diferente do resto do mundo? Não, não estamos. Por que não estamos? Por exemplo, se você olhar países... vamos pegar os ricos? Como é que os países ricos fazem? Nos Estados Unidos. Qual o percentual de médicos formados fora dos Estados Unidos que trabalham nos Estados Unidos? 25%. No Canadá, não é diferente disso, é um pouco mais, entre 30%. Na Inglaterra, a mesma coisa. Aqui no Brasil são quantos médicos que se formaram lá fora e trabalham aqui? 1,78%. Não existe justificativa para esse número ser 1,78%. O que nós queremos? Nós queremos também que o Brasil melhore a infraestrutura de atendimento, melhore os hospitais, melhore o que nós chamamos de média e alta complexidade com mais dinheiro. Por isso o governo federal apoiou a destinação de 25% dos royalties para saúde, e apoiou e vem apoiando que as emendas parlamentares, o destino de 50% delas seja aplicado na saúde dos municípios deste país.

Eu falei isso aqui para vocês, porque acho que o tipo do município que vai ser beneficiado por esse programa, está aqui. É São Gonçalo, é Itaboraí, é Caxias, é Niterói, Nova Iguaçu, todos os municípios. É interessante viu gente, por que vocês sabem onde falta médico? Em Ipanema, não falta, não, viu. Nem no Leblon. Agora aqui falta. Então, por isso que eu estou falando isso aqui para vocês, porque é importante que vocês saibam.

Nós vamos defender esse programa, porque ele é um programa que melhora a vida das pessoas, e um governo tem de ser medido por isso. Aquilo que melhorar a vida das pessoas, é aquilo que nós temos de fazer.  E aí eu vou voltar para mobilidade... vocês pensaram que eu não voltava? Eu vou voltar. Eu vou voltar porque eu acho que aconteceu no Brasil uma coisa errada. Lá em 80, nos anos 80, 1980, 1990, tem gente aqui novinha, que vai falar: “mas ela está falando de coisa muito velha”. Não é, não. Para mim é logo ali, 1980, 1990. No Brasil tinha uma teoria que eu vou contar para vocês que ela comprometeu muita cidade grande, que era o seguinte: nós não éramos ricos o suficiente para investir em metrô. Metrô era coisa de rico. E a gente não era rico, então não tinha que investir, monotrilho também não tinha de investir, VLT também, não. Enfim, o Brasil só podia ter ônibus. Essa é uma visão que levou algumas cidades do Brasil a uma situação muito difícil, é só olhar São Paulo, é só olhar o próprio Rio de Janeiro e olhar Belo Horizonte que são as três maiores cidades. O que nós estamos fazendo? Nós estamos correndo atrás dessa decisão errada. Todo o esforço feito pelo governador Sérgio Cabral, lá por São Paulo e lá pelo pessoal de Minas, é para correr atrás do prejuízo. Agora, São Gonçalo e essa região, não tem uma população de 11 milhões de habitantes, tem uma população de 1 milhão. Tá na hora da gente resolver o problema sem deixar que ele vire um problema dificílimo de ser resolvido. Por isso é que tem de investir em monotrilho, por isso é que tem de investir em metrô e BRT. E aqui eu quero da os parabéns ao estado do Rio de Janeiro, ao estado, à cidade do Rio de Janeiro. Aqui vigora a mais moderna concepção de transporte coletivo urbano, que é a integração dos diferentes modais. E sempre que há integração dos diferentes modais, VLT, ônibus, barca, todas as espécies de modais, tem uma coisa importante que se chama bilhete único, e que vocês se esqueceram de falar apesar de implantarem. Mas eu acho importantíssimo que se ligue as duas coisas. Sabe porque a gente tem de fazer integração de modal? Porque você tem de pagar menos pelo transporte, pagar bilhete único.

E com isso, eu encerro dando um abraço e meus parabéns mais uma vez a cada um aqui e a cada uma.

 

Ouça a íntegra (27min59s) do discurso da Presidenta Dilma