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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de entrega das chaves da cidade de Lima - Lima/Peru

 

Lima-Peru, 11 de novembro de 2013

 

Eu queria, primeiro, dizer muito obrigada, senhora Susana Villarán, prefeita da cidade de Lima,

Cumprimentar o vice-prefeito de Lima, Hernan Nuñes,

Os senhores ministros de Estado, integrantes da comitiva, que me acompanham nesta visita a Lima,

Queria cumprimentar também a presidenta da Câmara Municipal, doutora Yvonne Montoya,

Los señores concejales – é concejales? –, os senhores concejales de Lima, y las senhoras concejales de Lima,

Cumprimentar também os senhores fotógrafos, jornalistas e cinegrafistas,

 

Eu fiquei extremamente emocionada com as palavras da nossa alcaldesa Susana, e com o recebimento da chave. Porque as chaves, elas abrem portas, abrem caminhos, mas a chave de uma cidade livre, ela abre um exemplo de resistência, determinação e luta de um povo. Eu fico honrada pelo fato dessa chave ser uma chave de um momento da independência do povo, da população de Lima e do Peru. Nós todos da América Latina tivemos experiências coloniais bastante duras e, nesse processo, formamos e forjamos nossas identidades. As chaves de Lima são uma referência histórica para a trajetória de todos os povos latino-americanos e, aqui, na cidade dos reis, hoje o povo é o rei.

E eu tenho uma grande felicidade de estar aqui nesse momento em que nós comemoramos os 10 anos da aliança estratégica entre o Brasil e o Peru. Eu sei que pelo pouco que eu consegui, porque uma cidade a gente tem de conhecer a pé, não se pode conhecer uma cidade de carro, e eu gostaria muito de poder caminhar pela cidade de Lima a pé. Não só porque aí você conhece a população, mas é como se você entrasse na alma da cidade.

Eu sei que o Peru é a parte mais rica da América colonial. Daqui saíram, como também saiu do Brasil, os recursos para a revolução industrial. E nós vemos que conseguimos, apesar desse processo de retirada de recursos, nós conseguimos afirmar, ao longo da história – e isso é o que interessa – as nossas características, e valorizar o que temos. Somos de um continente de fato rico em biodiversidade. Biodiverso com os maiores recursos de água potável do mundo, e compartilhamos uma das maiores florestas do mundo. Expressão dessa biodiversidade está em todo o nosso continente e nos nossos países. Temos também povos empreendedores, e seremos capazes e construir as condições econômicas, políticas e sociais, porque vivemos em paz, não temos conflitos étnicos, não temos divergências religiosas, e somos capazes de articular uma sociedade também biodiversa no que se refere ao aspecto cultural, a nossa biodiversidade. Esqueci que você estava traduzindo... Vejam vocês, esqueci que ela estava traduzindo. Você achou que você ia traduzir isso, né? Ela está triste porque ela achou que ia traduzir meu discurso, e eu estou improvisando. A vida dela é dura! Você esqueceu o resto, né? Eu notei.

O que eu quero dizer – vou simplificar para facilitar a tradução. O que eu quero dizer é que a nossa biodiversidade e a diversidade cultural de povos que têm na sua origem afrodescendentes, indígenas e brancos é a diferença que nós fazemos no mundo, e essa capacidade de perceber que nós temos de romper com a desigualdade, que é a base da submissão dos diferentes povos que vieram desenvolver esse canto do mundo é algo crucial. Por isso que nós elegemos a política social, basicamente aquela que foca na raiz da desigualdade, na primeira raiz, que é a renda. Nós conseguimos desenvolver com políticas específicas de renda.

Mas, como nós afirmamos, o fim da miséria, quando você avança na política social, o fim da miséria é só um começo. E as pessoas que vivem a democracia, que vivem a inclusão social, elas não querem voltar atrás. As pessoas querem mais democracia e mais inclusão social. É isso que nós aprendemos com a nossa política social, e um dos processos de inclusão mais efetivos é a educação porque a educação torna permanente conquistas econômicas e conquistas materiais. A educação permite duas coisas e, nesse sentido, ela é uma chave como a chave desta cidade: permite que você abra a porta para sair da pobreza e permite que você abra a porta para entrar no mundo da ciência, tecnologia e inovação, no mundo do conhecimento.

Portanto, as políticas sociais são um conjunto, e nós todos temos de perceber que não há como retroceder no processo de criação de um país de cidadãos e cidadãs. Eu, quando fui eleita, eu disse que eu honraria as mulheres e os mais pobres, apesar de ser presidenta de todos os brasileiros, e acredito que há grande diferença que os últimos líderes latino-americanos, como Lula, Kirchner, todos os outros que surgiram nesse período – eu estou falando só dos que não estão no governo –, a grande diferença é que transformaram um processo nacional numa visão também de integração latino-americana.

E eu encerro falando sobre as mulheres corajosas. Primeiro, homenageando a nossa “alcaldesa”, que tem uma história de luta, e agradecendo por esse presente, que representa três mulheres latino-americanas, mulheres normais, mas que não viviam num país normal e que foram capazes de lutar pelo seu país e por sua vida: Minerva, Patria e Maria Teresa. As três mulheres que foram capazes de conduzir a sua vida pelo único caminho possível, da dignidade e da liberdade.

Muito obrigada.

 

Ouça a íntegra (07min50s) do discurso da Presidenta Dilma