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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de entrega de 400 unidades habitacionais

 

Teresina-PI, 18 de janeiro de 2013


Quero, primeiro, cumprimentar aqui todas as famílias que receberam as moradias hoje, as 400 moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida,

Cumprimentar também os prefeitos pela entrega das 25 retroescavadeiras e também das ambulâncias.

E queria iniciar dizendo o que eu disse hoje, quando nós estávamos lá, inaugurando o sistema adutor de Piau: que eu estava muito feliz de estar aqui no Piauí. E estava muito feliz de estar aqui no Piauí porque hoje nós estamos vendo uma coisa muito emocionante, um fato que chama a nossa atenção, que é a transformação do Piauí, o crescimento do Piauí, a construção de oportunidades, a construção de um desenvolvimento aqui, nesta região tão importante do nosso país.

E aí eu lembrava que isso era possível, que isso ocorria porque a gente tinha parceria. E, aí, na parceria nós tínhamos, aqui, uma contribuição muito importante do nosso governador do Piauí, o Wilson Martins. “Vilson” eu estou chamando, porque “Vilson” – só um pouquinho, gente –, “Vilson” é gaúcho. Eles lá, no Rio Grande do Sul, não falam Wilson, eles falam “Vilson”. Então, é uma coisa muito engraçada ver como o Brasil é diferenciado. Eu não sou gaúcha, eu sou mineira, lá também, em Minas, falam Wilson. Mas minha filha e meu neto são gaúchos, então eu escuto muito “Vilson” na minha vida. Então, às vezes, quando eu não estou pensando muito claramente, assim, numa coisa, eu solto um gauchismo. E aí eu chamo ele de “Vilson”.

Mas nós sabemos perfeitamente o valor de uma parceria, o valor que tem quando, na vida, você encontra parceiros para, junto com você, realizar e levar à frente projetos.

Eu vivi aqui, também, com o Piauí, uma parceria muito importante, quando eu era ministra do presidente Lula, que foi a parceria do presidente Lula com o governador Wellington Dias. Então, nós viemos de uma tradição de parceria, essa parceria que começa lá atrás, que agora chega ao nosso querido governador Wilson, é uma coisa que nós temos de valorizar, porque o Brasil nem sempre foi assim.

Por isso, quando eu saúdo o nosso querido governador, eu estou também enfatizando esse fato político fundamental, que é o seguinte. Nós todos fomos batizados na mesma pia. Nós recebemos o voto popular. Aqueles que recebem o voto popular são obrigados a olhar para os interesses do povo brasileiro e, por isso, são obrigados a fazer parceria. Por isso eu tenho certeza que nós faremos parcerias também com todos os prefeitos eleitos nessa eleição do ano passado. Nós temos essa obrigação perante o povo do nosso país.

Por isso eu começo saudando o prefeito ... também o prefeito de Teresina e, em nome do prefeito de Teresina, eu quero saudar todos os prefeitos aqui presentes e quero agradecer a cada um deles, antecipadamente, por essa parceria que nós vamos realizar ao longo dos próximos anos.

Queria também agradecer uma outra parceria, que é com ... em nome do Wellington eu agradeço os senadores, e em nome dos deputados federais aqui presentes – o deputado Assis Carvalho, Átila Lins, Hugo Napoleão, Jesus Rodrigues, Júlio César, Nazareno Fonteles, Osmar Júnior e Paes Landim –, eu agradeço a parceria com o nosso Legislativo, sem o que muitos dos projetos que nós temos aqui não teriam sido aprovados com rapidez.

Tenho de agradecer também os meus ministros que, junto comigo, levam à frente esse desafio. Agradeço ao Aguinaldo, ao Fernando Bezerra, ao Pepe Vargas, ao José Elito e a Helena Chagas, aqui presentes.

Também agradeço ao presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Temístocles, pelos maus conselhos que deu para o governador. Por que que é “maus conselhos”? Porque o governador está querendo ... é como se as pessoas quisessem receber os presentes de Natal dos próximos anos num Natal só. Aí, não tem quem aguente. Mas o governador sabe – e falou tudo o que falou –, sabe que nós iremos construir cada uma das possibilidades dos projetos necessários para levar à frente o que nós precisamos de levar aqui, no estado do Piauí.

Agradeço também ao pessoal da Caixa, agradecendo ao Jorge Hereda, porque a Caixa – muita gente aqui está até com bonezinho dela –, a Caixa tem sido uma parceira fundamental para que nós possamos construir moradias para o nosso país.

Agradeço também à senhora Inês Magalhães, a querida Secretária Nacional de Habitação.

Agradeço também a cooperação, agradecendo à Neide, da Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários do Piauí. Eu tenho, de fato, um testemunho a dar, no que se refere a essa parceria com os movimentos sociais e o fato de que nós conseguimos ter ações concretas. E ela mostrou aqui, a Neide, que nós temos uma capacidade de diálogo com os movimentos sociais, que explica muitos projetos de alta qualidade feitos diretamente pelo movimento social.

E queria cumprimentar a Rosa Maria e família; o José Rodrigues de Lima e a família; a Francisca Lúcia e família; e o Francisco Edevaldo Leandro e família; e a senhora Francisca Jacinara e família.

Quero também dar um cumprimento muito especial, carinhoso, pela emoção que ele nos deu, ao Isac. Ao Isac, que trouxe para nós esse artista, esse homem fantástico que foi capaz de descrever a seca com todo o seu drama e tragédia, na Asa Branca, e eu tenho certeza que cada um de nós, no seu coração, na sua alma, sabe perfeitamente que nós estamos mudando essa realidade da Asa Branca, e sabemos que nós, homens e mulheres, temos obrigação de saber que a seca pode sempre ocorrer. O que nós não podemos deixar ocorrer é a fome e a miséria que sempre, ao longo dos anos passados, a seca produziu aqui nesta região do nosso país.

Nós sabemos que é possível conviver com a seca usando todos os instrumentos, primeiro, para enfrentá-la, com obras estruturantes, fazendo barragens, adutoras, com obras que também contemplem cisternas, que contemplem todas, todas, de todas as maneiras, essa que é uma questão fundamental, que é assegurar a água como direito à vida. Então, são obras estruturantes. Mas também nós sabemos que quando a seca ocorre não dá para falar “vamos esperar um pouquinho”. Tem de ajudar o povo a enfrentar as condições da seca.

Por isso que hoje, também, eu, com muito orgulho, prorroguei a Bolsa Estiagem e o Garantia Safra. Por isso que, com muito orgulho, eu assegurei que o governo federal vai continuar comprando milho e vendendo a preços mais baixos que os do mercado para os pequenos agricultores do Nordeste inteiro.

Por isso que eu fiquei muito emocionada com o Isac, porque o Gonzagão, ao fazer Asa Branca, mostra para nós, através dessa página que é uma das grandes páginas musicais do nosso país, mostra para nós uma realidade, que antes de ser uma realidade econômica e social, é a realidade da tragédia que a seca produziu em nosso país. E cada vez que nós somos capazes de enfrentar, o que nós estamos fazendo é buscando superar aquela tragédia.

Por isso, é com muito orgulho que eu estou aqui em Teresina, pela primeira vez como presidente da República. Eu já vim aqui, em Teresina, várias outras vezes, mas nesta minha primeira visita como presidente, eu fico e eu acho muito importante que eu venha aqui para realizar e verificar a realização de um sonho, que é o sonho da casa própria. Porque, gente, presidentes, governadores, prefeitos, são obrigados a fiscalizar os sonhos para que eles ocorram, para que as pessoas, ao ter acesso a ele, tenham garantido e assegurado um sonho de qualidade. E nós queremos que as pessoas que hoje recebem a chave, muitas delas – uma das famílias me disse que fazia mais de 25 anos que eles moravam de aluguel e que agora eles tinham uma casa. Eu sei o valor da casa própria. Eu sei que na casa onde a gente mora é onde a gente cria a família, aonde a gente recebe os amigos, aonde nós criamos, tecemos, costuramos as nossas relações de afeto, de carinho e de amor.

Eu sei também que a casa, num país como o Brasil, é algo fundamental, que distingue uma pessoa com uma casa como um cidadão, ela tem a segurança de ter para onde voltar no final do dia, de onde criar seus filhos, fazer com que eles estudem, buscar melhores oportunidades. A casa é muito mais, é muito mais do que a soma de uma sala, de quartos, de cozinha e de banheiro. A sala [casa] é um lugar onde a gente vive e onde a gente constrói. Além de realizar o sonho da casa própria, a gente constrói o sonho de desenvolver, de desenvolver, de dar oportunidade, de ver a nossa família melhorar.

Eu tenho certeza, e eu sempre fico muito feliz quando eu vejo, além dos nossos queridos companheiros homens, as mulheres aqui, nessa reunião, porque eu sei a importância... e aí eu queria saudar um representante de uma família aqui e eu não sei se vocês viram, ao passar a chave para ele, ele disse assim para mim “para mim, não, para ela”, numa demonstração da importância que a mulher tem dentro de uma família, e afinal de contas, não há nada disso contra os homens, até por que as mulheres são metade da população e a outra metade são filhos dessas mulheres, são irmãos dessas mulheres, são maridos dessas mulheres. Agora, filhos, certamente são.

Por isso, ao homenagear as mulheres, eu homenageio todos os brasileiros, e queria dizer que este residencial tem um nome muito bom: Bem Viver. É isso que nós queremos que o Minha Casa Minha Vida promova e faça: bem viver.

Além disso, eu queria dizer como é importante vir aqui também com os prefeitos e entregar as retroescavadeiras. É importante, neste país, que nós façamos, em todos os municípios e, seguramente, naqueles com população menor de 50 mil habitantes, que nós façamos estradas, estradas vicinais, que nós tenhamos os prefeitos com equipamentos para poder tomar providência para qualquer eventualidade de um alagamento, de uma chuva, para tomar medidas – não só como disseram aqui, para passar um ônibus escolar, para passar uma ambulância –, mas, sobretudo, para dar condições de vida para uma zona rural e para as proximidades da sede das prefeituras e dos municípios.

E por isso, então, eu fico feliz de estar aqui. E aí vocês vejam, eu saí de moradia e fui para retroescavadeira. O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo. Aliás, de manhã, eu fui na Adutora e fui... fui na Adutora, falei sobre um projeto de irrigação, discutimos que nós aqui, entre o Ministério da Integração e o Ministério das Cidades, estamos investindo, entre 2011 e 2012, um bilhão e 700 milhões. Mas o que é que isso tudo tem? Tem o seguinte. O Piauí tem de avançar. Nós vimos aqui, no pleito apaixonado do governador, que o Piauí tem de avançar.

Nós vimos aqui, na fala que nós viemos hoje explicitando, dizendo, comunicando que nós iremos participar desse avanço. Nós vimos isso e, por isso, eu quero dizer para vocês: nós avançamos, sim, graças a esse trabalho conjunto, mas, também, esse trabalho conjunto, ele tem, ele tem um foco, esse foco é ter clareza de que o desenvolvimento de um país e de um estado, de um município e de uma comunidade, de uma família, ele ocorre quando a gente sabe qual é o caminho. Tem de ter clareza do caminho, tem de ter clareza do que é necessário fazer.

E, daí, eu quero dizer que nós aqui, no estado do Piauí, temos tido uma preocupação com as pessoas. Primeiro, nós temos uma preocupação com a pobreza, com a chamada “pobreza extrema”. Um país não vai ser respeitado, ninguém nos respeitará se nós deixarmos uma parte do nosso povo, uma parte da nossa população em condições de pobreza extrema.

E aí, é por isso que essa frase, que é a frase que simboliza o meu governo, “Um país rico é um país sem pobreza”, ela é muito importante, porque no passado, no Brasil, se achava que era possível o país desenvolver e crescer e as pessoas ficarem para trás. Nós não achamos isso. Nós achamos que o país vai crescer se as pessoas crescerem junto ele.

Daí porque, gente, daí porque quando a gente tem essa preocupação de retirar da miséria, da pobreza extrema, brasileiros, nós estamos não só praticando um ato, praticando um ato moral, um ato ético, mas, também, nós estamos olhando para o futuro do Brasil.

E aí eu tenho muito orgulho: dentro do Programa Bolsa Família, dentro desse objetivo de acabar com a miséria, em 2012 nós tiramos quase 700 mil pessoas da pobreza aqui, no Piauí, só em 2012. Isso é muito importante, porque nós, no Brasil, retiramos, em 2012, milhares de pessoas da pobreza extrema, e nós temos o objetivo de acabar com essa pobreza extrema até 2014. É óbvio que não vai ser no dia 31 de dezembro de 2014. Nós vamos acabar com a pobreza extrema, na maioria dos estados do Brasil, ainda no ano de 2013, e vamos completar esse processo de tirar da pobreza no início de 2014. É possível e vai ser feito.

Eu queria dizer para vocês que eu tenho um empenho, eu tenho um compromisso, que eu tenho uma teima em melhorar a educação do nosso país. Eu acredito que a educação é fundamental. Quero, portanto, fazer um apelo aos prefeitos que estão entrando. Esse apelo é no que se refere a creches. O governo federal tem um programa de creches. Esse programa de creches, ele contempla duas coisas: fazer o prédio e garante, através do Fundeb, o custeio. Enquanto o Fundeb não vem, o governo federal paga o custeio. O que é o custeio? As professoras e os equipamentos e o gasto.

Por que é que nós temos de fazer creche e pré-escola? Nós temos de fazer creche e pré-escola não é só porque as mães hoje todas trabalham e nós temos de dar, para as mães, um lugar seguro para botar filho. É, sobretudo, para as crianças deste país. Está provado que criança de dois a cinco anos, de três a cinco anos, ela adquire estímulos que vão ser importantes ao longo da sua vida. Por isso creche é algo fundamental. É a primeira etapa do alicerce.

A segunda etapa do alicerce, e também eu queria pedir aos prefeitos e já falei e temos uma boa parceria com o governador nesse sentido, para a alfabetização na idade certa. O Brasil tem de alfabetizar suas crianças até os oito anos. Qualquer ano a mais não só representa uma perda imensa para aquela criança, como também vai representar, no futuro, uma imensa dificuldade para o país superar.

O Piauí também é um grande parceiro, aqui, no que se refere às escolas técnicas. Nós, aqui, em creche, temos 84 creches; 51 creches já foram aprovadas, mas ainda tem essa diferença de 33 creches para serem realizadas, e, se quiserem construir mais creches, terão os recursos necessários.

Além disso, aqui no Piauí nós estamos oferecendo uma coisa que é fundamental para o país que é escola técnica. O Brasil precisa de formar muitos brasileiros, tanto nas universidades quanto nas escolas técnicas. Nós teremos oportunidade de salários para aqueles que tiverem o ensino técnico. Aqui no estado nós temos seis escolas técnicas, mais seis até 2014, e já oferecemos 21 mil vagas do Pronatec.

Por isso, eu quero dizer para vocês que essa quantidade de ações, elas representam uma coisa só: é impossível levar o desenvolvimento para um estado, para um município se a gente não ataca, simultaneamente, vários problemas. É isso que, nos últimos dez anos, o governo federal vem fazendo. É isso que eu tenho orgulho de chegar aqui e dizer para vocês que o povo do Piauí não pode esperar, que nós temos de agir. O governo federal está pronto para fazer. Nós queremos assegurar empregos, cada vez mais de melhor qualidade, e quero dizer para vocês que o Brasil, em 2012, se preparou para crescer em 2013. Podem ter certeza, apesar de alguns pessimistas, que nós iremos crescer, nós iremos gerar mais empregos, que nós iremos procurar todas as oportunidades que tivermos. É verdade que as bacias de petróleo e gás do Brasil têm de ser investigadas. Esse é um grande recurso do país. Tem várias bacias importantes no Brasil a serem descobertas. Nós temos, geralmente gás, não em terra, o nosso gás e o nosso petróleo geralmente ele é marítimo, em área marítima. Pouco gás nós temos, até agora, descoberto nessas regiões que são as chamadas “bacias”, como a do São Francisco, a do Parnaíba e outras.

Por isso, é importante começar os estudos. Petróleo e gás se descobre... só tem um jeito de descobrir: estudando. Até porque petróleo e gás é algo fundamental para o nosso país. Nós já achamos o pré-sal, agora é importante que nós achemos gás, sobretudo gás, nas bacias sedimentares do continente brasileiro. E quando a gente fala em bacia sedimentar, a gente fala na Parnaíba, na Bacia do Parnaíba. Mas eu não posso ser irresponsável com vocês. Mesmo no mar, que nós temos uma tecnologia extremamente sofisticada, às vezes você gasta US$ 100 milhões, abre um poço, e não acha nadica de nada; às vezes você gasta US$ 100 milhões, abre um poço, vê que tem petróleo e, pela forma como a rocha se compacta, nós não conseguimos recuperar, para uso comercial.

Então, trata-se de algo fundamental, mas é algo, como tudo na vida, há que teimar, há que teimar, há que teimar. Quando você teima, quando você se empenha, você sabe – todo mundo aqui tem essa experiência, todo mundo aqui, na vida pessoal, sabe disso –, nós conseguimos o impossível. É assim que os seres humanos são: eles têm essa imensa capacidade de olhar, de olhar e de construir uma casa; têm a capacidade de construir um avião e têm a capacidade de achar gás na Bacia do Parnaíba, eu espero.

Eu queria finalizar dizendo que há um provérbio popular que diz assim – hoje até falei nele lá em Piau... Isso, São Julião, mas no sistema adutor de Piau. Esse provérbio, ele diz assim: “se você quiser ir mais rápido, vá sozinho; se você quiser ir mais longe, vá acompanhado”. Eu quero ir mais longe, e tenho certeza que com o governador, com os prefeitos, com o povo deste país, nós vamos longe.

Um abraço para todos vocês.

 

Ouça a íntegra do discurso (29min24s) da Presidenta Dilma