Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de formatura do Pronatec - São Gonçalo/RJ
São Gonçalo-RJ, 15 de abril de 2014
Boa tarde a todos, formandos e formandas.
Primeiro, eu quero dirigir um cumprimento muito especial aqui ao Gabriel Cardoso Tavares, que foi o orador de vocês. E também à Sirleia, a Sirleia Souza, que fez o juramento em nome de todos vocês.
Quero dirigir também um cumprimento especial aqui aos familiares, às mães, e uma mãe acaba de fazer uma frase linda, virou para ele e disse: “Eu te amo”. É algo que a gente sabe, a gente que é mãe e que tem mãe, sabe que a vida é assim, esse apoio das famílias.
E queria também saudar os professores, porque os professores são, nessa história toda, uma parte fundamental. São eles que transmitem para vocês o conhecimento. Vamos saudar os professores.
Mas os grandes astros dessa história aqui são vocês, então vou cumprimentar aqui cada um. Primeiro, o pessoal da camisa verde e branca do Instituto Federal Fluminense; o pessoal da camisa branca do Senac; o pessoal aí de camisa verde e branca do Instituto Federal do Rio de Janeiro; o pessoal da camisa azul escura do Sest-Senat; o pessoal da camisa branca do Pedro II. E agora eu queria um barulho imenso: pessoal da camisa azul do Senai. Agora todo mundo junto, todo mundo. E aí eu continuo, quebramos o protocolo, mas ficou melhor. Vamos continuar.
Queria cumprimentar o nosso governador do Rio de Janeiro, um grande parceiro, Luiz Fernando Pezão.
Outro parceiro do governo federal, senhor Neilton Mulim, prefeito de São Gonçalo.
Cumprimentar os ministros de Estado que me acompanham aqui hoje, o ministro da Educação, Henrique Paim; o ministro das Cidades, Gilberto Occhi; e o ministro da Pesca e da Aquicultura, o Eduardo Lopes.
Queria cumprimentar também o ex-ministro Márcio Fortes, ex-ministro das Cidades.
Cumprimentar o nosso querido deputado federal Edson Santos.
O deputado estadual Zaqueu Teixeira.
Cumprimentar o Aléssio Barros, que é secretário de Educação Profissional. Quando alguma coisa não dá certo, o Paim culpa ele, mas a culpa não é dele, né, Paim?
Cumprimentar o presidente da Caixa, Jorge Hereda.
Cumprimentar os nossos parceiros do Pronatec, porque tem uma coisa, esse programa, ele é fruto de uma parceria, uma parceria muito importante, e quando a gente cumprimenta os parceiros, a gente aqui está reconhecendo que é esse grupo de pessoas, representando um grupo de instituições que toca esse programa para a frente e faz dele o sucesso que ele é.
Então, eu queria cumprimentar o Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira que representa o Senai neste ato.
Cumprimentar a Wilma Bulhões Almeida de Freitas, que é superintendente de Educação do Senac.
O Martinho Ferreira de Moura, do Conselho Regional do Sest/Senat.
Queria cumprimentar o professor Oscar Halac. O professor Halac é reitor de uma das mais importantes instituições de ensino deste país... primeiro, porque ela é uma das primeiras instituições, segundo, pela sua qualidade, que é o Colégio Pedro II.
Queria cumprimentar agora os nossos reitores deste que é um programa importantíssimo, que é a criação dos Institutos Federais de Tecnologia, ou, aqui, Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, professor Fernando César Pimentel Gusmão.
Cumprimentar também o professor Carlos Márcio Viana Lima, reitor substituto do Instituto Federal Fluminense,
Quero cumprimentar ainda os senhores jornalistas aqui presentes, senhores e as senhoras jornalistas, os fotógrafos e os cinegrafistas.
Quando eu estava chegando aqui, eu falei com um grupo do Instituto Federal do Rio de Janeiro, tiramos umas fotos e um dos meninos, dos rapazes, me disse uma coisa muito importante, virou para mim e falou: “Presidenta, olha só, presidenta, eu gostaria de dizer e de fazer aqui uma fala, uma reivindicação, uma manifestação”. Eu falei: “Pois não”. E ele disse uma coisa muito importante, ele disse assim: “Esse programa Pronatec tem de virar uma política de Estado”. O que ele quis dizer com isso? Que ele tinha de ser permanente, ele tinha começado agora, mas ele tinha de durar para sempre, isso que é uma política de Estado. Esses aplausos, eu vou dividir com ele, aliás, vou dar 2/3 para ele e ficar com 1/3 para mim, parabéns para esse rapaz que falou isso para mim.
Sabe por quê? Por vários motivos. No passado – é importante que vocês saibam disso – era proibido para o governo federal, logo no início do governo Lula nós recebemos isso, fizeram uma lei antes do Lula entrar no governo que proibia o governo federal de investir em escolas técnicas. O governo federal não podia investir em escolas técnicas. Aí nós entramos na Justiça, depois nós fizemos uma lei para o Congresso... aliás, nós não entramos na Justiça, não. Entraram contra nós na Justiça. Mas aí nós fizemos uma lei e aprovamos que o governo federal podia investir em escolas técnicas. E agora, já no meu governo, nós resolvemos, porque essa é uma resolução que tem a ver com o crescimento do nosso país, com a melhoria de vida da nossa gente e com a qualidade do nosso país. Tem a ver com isso.
Nós resolvemos, então, destinar o recurso para fazer um programa de educação técnica e também de capacitação profissional. As duas coisas, educação de nível técnico médio e capacitação profissional. Uma coisa complementa a outra. E por que nós resolvemos fazer isso? Por um motivo muito simples. Nenhum país, nenhum país em nenhum lugar do mundo virou um país desenvolvido sem ter educação técnica de qualidade. Não é uma questão que a gente pode ficar pensando: “Ah, será que eu faço? Não sei se eu não faço...” Não. Educação técnica e também capacitação profissional é condição para um país chegar a ser uma nação desenvolvida.
Mas por que isso? Por um motivo muito simples, porque isso, a educação técnica e a educação profissional, é o tipo da coisa que remove montanhas. Que montanha que ela remove? Ela remove primeiro a montanha do trabalho especializado, ela permite que o trabalho especializado chegue e se afirme. Um país, ele é medido no seu desenvolvimento, pela capacidade que ele tem de ter trabalhadores bem formados. Por quê? Ah, é simples! Porque a produtividade do trabalho daquele país vai ser muito maior ... quando a produtividade é maior os trabalhadores ganham mais e a sociedade todinha, mesmo os que não estão no Pronatec, ganham também. Por que ganham? Ganham porque serão essas as pessoas que irão agregar valor, é a palavra técnica que se usa, que não é nada mais, nada menos de dar mais qualidade aos produtos. Quanto mais a gente usa essa parte do nosso corpo, que é a cabeça, mais a gente muda a qualidade da nossa produção. Nós não somos um país qualquer, nós precisamos, cada vez mais, dos nossos trabalhadores serem extremamente qualificados, 200 milhões de brasileiros que terão de ser técnicos qualificados, que terão de ser profissionais capacitados, sejam aqueles que fizeram curso técnico e que vieram, ao longo da vida, se capacitando nos cursos profissionais, sejam os universitários, sejam cientistas, seja quem seja, mas a educação, a educação dos nossos jovens, ela é condição para o Brasil ser um país desenvolvido. E eu estou falando aqui é disso, e eu estou vivendo aqui é isso.
Por isso que eu venho em todas as formações de pessoas, estudantes, jovens, mulheres, adultos, pessoas de todas as idades que querem estudar e se capacitar. Por quê? Porque o Brasil precisa de vocês, porque vocês são essenciais para o futuro deste país, porque é por aqui que o país vai em frente.
E daí eu quero dizer para vocês que eu fico muito feliz de voltar pela segunda vez em São Gonçalo. Aqui nós temos 22 municípios do estado, hoje, participando dessa formatura. Muitas vezes eu chamo o nome dos municípios, e falta um, e o pessoal grita: “Olha, presidenta, está faltando esse”. Podem gritar se estiver faltando, ok? Então, eu vou ler todos os municípios, porque eu acredito que isso faz a diferença para o Brasil, para o estado do Rio de Janeiro, que, como falou o governador Pezão, tem uma quantidade imensa de investimentos públicos e privados que vão ocorrer neste ano e nos próximos anos. Então, aqui, hoje, são jovens, homens, mulheres, adultos de várias cidades, de vários municípios. Arraial do Cabo, Bom Jesus de Itabapoana, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu, Duque de Caxias, Itaguaí, Macaé, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Pinheiral, Paulo de Frontin, Paracambi, Petrópolis, Quissamã, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, São Gonçalo, São João da Barra, São João do Meriti e Volta Redonda. Então, desta vez nós acertamos na lista, o que é raro, porque na maioria das vezes a gente erra na lista. Geralmente faltam dois, três, às vezes ate quatro.
Mas, vocês vivem em cidades diferentes, mas compartilham uma certeza. A certeza de que foi o esforço de vocês, a determinação de vocês, a capacidade de se dedicar ao estudo de vocês que trouxeram todos vocês a este momento de sucesso, porque hoje é um momento de sucesso. E por isso eu quero dizer que vocês me enchem de orgulho, e tenho certeza que vocês também tiveram o apoio das suas famílias, dos namorados e das namoradas, dos maridos e dos noivos, mas, sobretudo, do pai e da mãe. Então, essa também é uma homenagem para os pais e para as mães.
E aí eu quero dizer para vocês uma coisa. Então, primeiro tem o esforço de vocês, depois tem o apoio das famílias que dão aquela força para cada um e para cada uma, e, em terceiro lugar, tem essa parceria, que é... ela consiste em quê? Em garantir que tenham oportunidades de estudar e fazer disso uma política permanente, uma política de Estado.
E eu quero dizer para vocês que nós, os parceiros, o governo federal, o Sistema S, o governo do estado, todos aqueles das prefeituras que ajudaram, nós sabemos que o Pronatec no Brasil virou sinônimo de excelência, de estudo, eu diria assim, sem medo de exagerar, do que há de melhor em capacitação profissional no Brasil. Já ultrapassamos 6,3 milhões de matrículas em 3.800 municípios brasileiros. E eu queria dizer para vocês uma das razões principais, um conjunto de razões, aliás, principais para o sucesso do Pronatec.
Em primeiro lugar, eu já disse: a determinação do jovem e adulto, dos homens e das mulheres deste país que, quando veem uma oportunidade que é boa, agarram com as duas mãos e vão em frente, mérito de vocês. Falei também do apoio das famílias, mas eu quero explicar o restante do programa que dá suporte a tudo isso.
Nós decidimos investir os R$ 14 bilhões que o ministro Paim falou. Por que nós decidimos investir R$ 14 bilhões? Porque nós queríamos garantir 8 milhões de matrículas, fazer um grande esforço, mobilizar, mobilizar e mobilizar e fazer 8 milhões de matrículas. Como é usual nesses casos, disseram para nós: isso não vai dar certo. Vocês sabem que é assim: muitas vezes a gente está querendo fazer uma coisa, vem alguém e fala para você: não vai dar certo. Quando acontecer isso, vocês parem e pensem: não é assim, não. Não existe hipótese de você temer o erro ou o que não vai dar certo, só erra quem trabalha e quem tenta. Por isso, nós resolvemos correr todos os riscos e lutar para fazer 8 milhões de matrículas e colocar os R$ 14 bilhões.
A gente sabia uma coisa que era o seguinte: Nós sabíamos que tinham muitos brasileiros e brasileiras que queriam se capacitar, mas que, muitas vezes, não podiam pagar um curso. Muitas vezes podiam até pagar um pedaço do curso, mas os cursos de capacitação e formação técnica, de excelência, custavam caro, e aí nós eliminamos esse obstáculo ao colocar os R$ 14 bilhões, porque uma das vantagens desse curso é que ele é gratuito. Portanto, ele permite que todos que queiram fazer, independentemente da renda que tenham, possam fazer.
Aí uns vão falar “Ah, mas isso não pode, isso não está certo, porque vocês vão ficar dando dinheiro só para uma parte da população”. Mentira! Isso não é verdade. Vocês todos pagam os impostos. De onde a gente tirou os R$ 14 bilhões? Dos impostos que vocês pagam, e não tem imposto melhor gasto que seja na educação, aliás, que não seja na educação.
Então, a gente também pensou, é importantíssimo, importantíssimo escolher os melhores cursos no Brasil, e aí fizemos essa parceria, que hoje está aqui, está expressa aí: os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, o Sistema S – Senai, Senac, Senat, e, em alguns lugares, também o Senar, que forma basicamente o pessoal na área da Agricultura –, e colégios como o Pedro II, escolas de enfermagem, enfim, todos aqueles... escolas estaduais que possam contribuir, mas tem de ser cursos de excelência, tem de ser bons cursos. Então, essa é uma outra razão para dar... para ser um sucesso o Pronatec.
Outro motivo, eu acho que já estou no quinto, quinto motivo, é o seguinte, não pode ser um curso só, não podem ser dois cursos. Os cursos têm de atender duas coisas: o interesse de cada um de vocês e o interesse do mercado. Por quê? Porque nós queremos que as pessoas trabalhem. O curso implica também numa melhoria de renda, o curso é uma perspectiva de futuro, então, por isso que nós temos 220 tipos de cursos técnicos e 646 cursos de qualificação profissional. Os técnicos duram em torno de um ano e meio a dois, os curso de qualificação, em torno de quatro meses. E é isso que permitiu que nós tenhamos hoje, aqui, formandos de oito cursos técnicos e 72 cursos de qualificação diferentes, os mais variados, como vocês viram, quando eu distribuí os diplomas.
Então, a receita do Pronatec é uma receita muito simples, é uma receita que une o trabalho de vocês, o apoio das famílias e o governo entrando com a oportunidade correta, que permite que o maior número de brasileiros e brasileiras façam o curso. Eu chamo esses três pilares de um arco de força, um arco de força que transforma o Brasil, que leva este país para frente.
Queria dizer mais uma coisa. Não são só trabalhadores que vêm nesses cursos do Pronatec. Tem muitos, muitos pequenos negócios, pequenas e micro empresas que as pessoas vêm se capacitar também para gestão. Então, é bom saber disso, que esse curso também tem por objetivo dar sustentação para um outro contingente enorme de brasileiros que faz a diferença, que é o micro e pequeno empreendedor. Muitas mulheres, muitos homens que querem ter o seu próprio negócio. Daí porque o meu aluno do início, que falou para mim: “Presidenta, transforme esse curso num Programa de Estado”, ele tem toda a razão, e eu aqui assumo com vocês um compromisso: transformar o Pronatec num programa do Estado brasileiro.
Agora eu finalizo do único jeito que é possível, dando a vocês todos aqui presentes os meus parabéns, porque é isso afinal de contas que hoje vocês merecem. E, mais, não deixem de continuar estudando. Eu, que sou presidente da República, estudo também, viu? Não acreditem que eu não estudo, todo dia eu tenho de estudar um pouco. É assim que nós todos nos preparamos para enfrentar os desafios que a vida nos coloca. Parabéns e continuem estudando.
Ouça a íntegra (27min03s) do discurso da Presidenta Dilma