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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de inauguração da Embaixada da República Argentina

A Presidenta Dilma participou da reinauguração da Embaixada da República Argentina no Brasil acompanhada da presidente do país, Cristina Kirchner

  

Brasília-DF, 29 de julho de 2011

 

Queria desejar boa tarde a todas as senhoras aqui presentes e a todos os senhores, dizer que é um momento muito especial para o Brasil a inauguração da Embaixada argentina aqui, neste momento.

Cumprimento a Cristina, presidenta da República e da Nação Argentina.

Quero também saudar o nosso ex-presidente da República, meu companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, no governo de quem tive a honra de participar e servir.

Quero saudar também o ministro das Relações Exteriores da Argentina, o senhor Héctor Timerman, em nome de quem saúdo os demais integrantes da comitiva que acompanha a senhora presidente Cristina Kirchner.

Queria saudar também o senhor Juan Pablo Lohlé, embaixador da República Argentina, por intermédio de quem cumprimento os demais embaixadores aqui presentes.

Cumprimentando as mulheres que integram os governos latino-americanos, gostaria de saudar a Débora Giorgi, ministra da Indústria da República Argentina,

Um cumprimento aos senhores da imprensa, senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas,

Hoje nós tivemos um dia muito importante nas relações entre o Brasil e a Argentina. Eu recebi, aqui no Brasil, a presidenta Cristina Fernández de Kirchner, e tive com ela e sua comitiva uma discussão, uma conversa e o estabelecimento de um diálogo extremamente proveitoso. E essa cerimônia, eu acho que fecha com chave de ouro a visita da Presidenta aqui ao Brasil. A beleza da Embaixada e também o seu porte são compatíveis com a importância que o Brasil atribui às relações com a Argentina.

Hoje nós estamos concluindo uma obra que se iniciou por iniciativa do presidente Néstor Kirchner. Essa obra faz parte do legado que o presidente Kirchner e o presidente Lula deixaram para o Brasil e a Argentina, um legado em que nós mudamos o conceito das relações entre os nossos países, estabelecemos a cooperação, o entendimento, a ação conjunta como a regra, afastando todas as antigas e necessariamente indevidas propostas que afastavam o Brasil da Argentina, deixavam o Brasil e a Argentina sem perspectivas de uma ação comum, transformavam as nossas relações em rusgas e desacertos, ou até em rivalidades.

Isso tem uma história muito longa. Começa quando, olhando para o porte de nossas economias e nações, os países dominantes tiveram o cuidado de nos afastar sistematicamente. Não só criaram bitolas diferentes nos nossos sistemas de transporte ferroviário como também criaram ciclos diferentes entre os nossos sistemas energéticos.

A evolução dos nossos países tem conduzido a que tenhamos clareza da importância estratégica, para os nossos países e para a região, das nossas relações. Foi um marco nessas relações o governo do presidente Lula e o do presidente Néstor Kirchner. Nós iremos aprofundá-la, com a consciência clara de que temos um papel a cumprir, porque optamos por uma nova estratégia de crescimento, em que as populações nos nossos países são as principais protagonistas.

Percebemos claramente que o desenvolvimento só é pleno quando inclui cada homem e cada mulher dos nossos países. E é isso que nos torna fortes e, como disse hoje a ministra Débora, grandes mercados apetecíveis para outros países. De fato, não só o Brasil e a Argentina, mas, se pensarmos América do Sul, somos mais de 400 milhões de homens e mulheres.

Hoje, inclusive, estávamos fazendo uma conta e nos demos, com clareza, outra conta. Presidente Lula, se somarmos as nossas reservas com as reservas argentinas, devemos ser o terceiro ou quarto detentor de reservas internacionais do mundo. Além disso, somos países com uma grande capacidade produtiva, os maiores produtores de alimentos, fomos beneficiados com recursos energéticos e minerais. Temos, se contarmos, toda a água doce da Amazônia e dos nossos rios, além dos aquíferos, uma proporção imensa das águas doces do mundo. Mas, sobretudo, temos a consciência hoje do que somos e do que podemos ser.

Nós demos passos muito importantes nos últimos oito anos. Tanto o Brasil como a Argentina mudaram, e isso significou que milhões e milhões de brasileiros, milhões e milhões de argentinos, milhões e milhões de colombianos, enfim, milhões e milhões de latino-americanos ascenderam à situação de consumidores, de trabalhadores, de produtores ativos e, portanto, por isso, de cidadãos.

Somos países democráticos. Temos a certeza de que a nossa cooperação – entre Brasil e Argentina – não é só decisiva para os nossos países, mas é decisiva também para a América do Sul e a América Latina.

Essa consciência da nossa importância, essa consciência da nossa autoestima, ela é fundamental para que tenhamos uma ação conjunta que não nos divida, só nos una. Hoje nós decidimos ampliar ainda mais a nossa integração, buscando a integração das nossas cadeias produtivas.

Ontem, ao participar da cerimônia de posse do ministro [presidente] Ollanta Humala, nós tivemos uma decisão muito importante, que eu gostaria de compartilhar com vocês. A ação conjunta, no plano internacional – nos moldes do que foi feito, ainda em 2009, pelos governos brasileiro e argentino – de defesa das nossas economias frente a este novo quadro internacional que aumenta, não só a liquidez dos nossos países provocando a desvalorização do dólar e a valorização artificial das nossas moedas, mas também a ampliação de uma forma descontrolada, também, da invasão de produtos, pelo fato de que o mundo não tem consumidores... o mundo desenvolvido não tem consumidores suficientes para dar conta dessa produção. Isso significa algo muito importante, que é a nossa capacidade de articulação.

Por isso, esta Embaixada, ela é um local especial: é o local da integração, é o local da unidade, é o local onde, aqui no Brasil, construiremos essa relação cada vez mais próxima.

Eu queria, finalizando, saudar e lembrar um grande companheiro, um grande companheiro das lutas pelo desenvolvimento e a justiça social aqui na América do Sul: o companheiro Néstor Kirchner. Ao homenageá-lo, tenho certeza de que um grande amigo dele, um amigo do coração, um amigo de comunhão de lutas, que é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve também dizer algumas palavras, porque a luta dos dois desencadeou-se aqui, nesta região, e conduziu à construção de várias obras e também desta Embaixada.

Um abraço a todos. Bem-vindos todos os que integrarão, os funcionários argentinos que integrarão o estafe da Embaixada argentina no Brasil. Tenho certeza de que vocês farão um bom trabalho para brasileiros e argentinos, e para a nossa integração.

Obrigada.

 

Ouça na íntegra o discurso (15min38s) da Presidenta Dilma.