Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de lançamento da segunda etapa do programa Ciência sem Fronteiras
Palácio do Planalto, 25 de junho de 2014
Eu... Boa noite a todos. Eu queria, inicialmente, cumprimentar a Débora, porque a Débora nos comoveu com a sua história de sucesso, de sucesso, de superação, uma história que mostra a capacidade da mulher, da negra, e eu disse para ela, pobre e bonita, inteligente e capaz. E aí, Débora, você que começou sua vida escolar na escola pública David Canabarro, lá no Rio Grande do Sul, você que cursou seu mestrado com grande competência na Alemanha, é um exemplo para todos os brasileiros e para todos da importância do Ciência sem Fronteiras como um marco de experiência para pessoas… para brasileiros e brasileiras. Então, eu te cumprimento pelo exemplo, pelo esforço e pelo sucesso.
Queria cumprimentar os ministros de Estado, Henrique Paim, ministro da Educação; Clélio Campolina, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação; ministro Mercadante, da Casa Civil da Presidência da República, e, ao cumprimentá-los, cumprimento todos os ministros presentes.
Cumprimentar o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães.
Cumprimentar o Glaucius Oliva, presidente do CNPq.
Eu queria agradecer a esses dois professores e cientistas, queria agradecer a eles o empenho que tiveram, sobretudo na elaboração desse programa e na garantia que nós teríamos acesso às melhores universidades do mundo.
Queria cumprimentar também a Magda Chambriard, diretora da ANP, por entender a importância do programa.
Queria cumprimentar a Graça Foster, presidente da Petrobrás, que contribuiu de forma decisiva para que nós cumpríssemos a meta das 101 mil bolsas.
Queria agradecer ao Paulo Macedo, vice-presidente da BG Brasil.
Queria agradecer ao diretor da Petrogal Brasil, Alberto Sampaio de Almeida.
Essas empresas aqui foram também decisivas e entenderam a importância do programa Ciência Sem Fronteiras.
Queria agradecer a todas as empresas que, em todos os cantos do mundo, asseguraram estágios para os nossos estudantes do Ciência sem Fronteiras.
Cumprimentar os embaixadores, senhoras e senhores acreditados junto ao meu governo.
Cumprimentar o comandante Juniti Saito, da Aeronáutica.
Cumprimentar o senador José Pimentel, líder do governo no Congresso Nacional.
Cumprimentar os deputados federais Alex Canziani, Fernando Ferro, Nelson Marquezelli, Vanderlei Siraque e Weliton Prado.
Cumprimentar o nosso presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis.
Cumprimentar o Maurício Antônio Lopes, presidente da Embrapa.
Cumprimentar todos os reitores presentes nesta cerimônia.
Cumprimentar o Allan Goodman, presidente do Instituto Internacional de Educação dos Estados Unidos.
Cumprimentar senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Três anos atrás nós lançamos o Ciência sem Fronteiras numa reunião do CDES, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Lançamos esse programa e esse programa era basicamente para formação de estudantes de vários níveis, nível de graduação, pós-graduação e pesquisadores no exterior, numa escala compatível com o desafio que nós temos pela frente. No início, 101 mil estudantes no exterior era um grande desafio para o Brasil. Isso por que, para a gente ter uma escala, até esse momento nós formamos apenas cinco mil bolsistas no exterior.
Hoje, eu quero primeiro dizer aos senhores que já concedemos 83.200 bolsas. Com as chamadas que faremos agora, em setembro, nós vamos atingir a nossa meta de 101 [mil] bolsas para brasileiros e brasileiras que integrem esse programa Ciência sem Fronteiras. É importante destacar que todas essas bolsas têm um objetivo - elas são concedidas para estudantes da área de engenharia, das chamadas engenharias: Computação, Tecnologia da Informação, todas as demais áreas tecnológicas. E as demais bolsas estão divididas entre biológicas, fármacos, biodiversidade e bioprospecção. Cada vez mais esse programa vai a uma interface com todos os demais programas, tanto o de formação educacional, como de produção científica e tecnológica e inovação no Brasil.
Esse é um programa feito para garantir ao Brasil condições de gerar aqui inovação, de gerar aqui o interesse pela ciências exatas, pela ciências e pela aplicação da tecnologia em todas as áreas, na indústria, na agricultura e, sobretudo, para viabilizar também a pesquisa em ciências básicas. Essas bolsas, elas têm um papel importante para os estudantes de graduação. Mostram aos estudantes de graduação os processos mais avançados existentes no mundo, no que se refere ao estudo, à absorção e apropriação do conhecimento. Os estudantes voltam para o Brasil com uma nova perspectiva, uma nova perspectiva e, também, com uma experiência muito significativa na relação professor-aluno.
Nós organizamos apoio para esses estudantes apoio em 43 países diferentes. Superamos todos os desafios e conseguimos viabilizar esse programa, que muitos consideravam muito difícil de ser viabilizado. Mas, como acreditávamos que era fundamental para o país, houve um esforço conjunto de várias áreas do governo, e aqui queria cumprimentar sobretudo o Ministério das Relações Exteriores, o ministro Figueiredo, que através da sua estrutura no exterior sempre apoiou os estudantes, sempre se articulou com as diferentes universidades, sempre apoiou o Jorge nas suas viagens diuturnas e noturnas, e também o Gláucio nessa missão, que era assegurar que os nossos alunos tivessem a melhor inserção possível.
Eu gostaria de sinalizar que o Ciência sem Fronteiras faz parte de uma das portas do caminho que é aberto pelo Enem. Esse é um caminho de oportunidades para os estudantes de ensino superior no Brasil, e de ensino técnico ou, melhor dito, tecnológico. O Enem é o nosso processo unificado de seleção, ele, eu diria que ele é o processo prévio de seleção, do qual o Sisu, Sistema Único de Seleção, é um dos momentos especiais. Este ano, nós tivemos 9 milhões, 519 mil estudantes inscritos no Enem. E o Enem ele é um processo que mostra o aproveitamento de cada um dos alunos. Para fazer jus ao Ciência sem Fronteiras, há um critério meritocrático: tem de ter tido 600 pontos no Enem. Além disso, hoje nós incluímos todos aqueles que participam de Olimpíadas do Conhecimento, notadamente aqui está o nosso matemático, Jacob Palis na Olimpíada da Matemática e obtém medalha de ouro. Todos eles estão também pré-classificados para o Ciência sem Fronteiras. Com isso, não importa a origem da pessoa, não importa a classe social da pessoa. Se ela se esforçou, ela será contemplada com uma bolsa do Ciência sem Fronteiras.
Nós achamos que esse é o caminho das oportunidades, porque através do Enem tem acesso a inúmeras escolas, inúmeras universidades ou faculdades. Através do Enem, se não passar para as escolas e as universidades públicas, pode recorrer, ou seja, pode pedir uma bolsa do ProUni. Caso essa bolsa do ProUni, ele não obtenha, ele pode ainda acessar o Financiamento Estudantil, que garante uma possibilidade de pagamento pós-curso, no prazo equivalente a três vezes a quantidade de anos que o seu curso tem. Por exemplo, se for quatro anos, ele tem 12 anos + 1, 13 anos para pagar após o curso. E se ele, ainda assim, quer uma outra oportunidade, ele pode ter acesso ao Ensino Técnico do Pronatec, ou ele pode acessar um curso de tecnólogo numa das instituições federais de ensino. E o culminar disso é justamente isso que, ao acessar a universidade, ele passa a ter, que é o direito a, tendo 600 pontos no Enem, ir para uma das melhores universidades do mundo.
Com isso nós estamos abrindo as nossas fronteiras, nós estamos abrindo horizonte dos nossos jovens e das nossas jovens, nós estamos aqui permitindo que essa diferença entre o Brasil e outros países do mundo no que se refere à educação, se estreite pela base, pelo conhecimento que os alunos passam a ter das práticas, dos métodos pedagógicos e da relação professor-aluno em todos seus níveis.
Eu quero dizer que, por isso, nós definimos uma nova fase do Ciência sem Fronteiras. Serão mais 100 mil bolsas para todos os jovens brasileiros que passarem e se classificarem, a partir do processo da seleção e da proficiência numa língua. Daí ser muito importante também o Inglês sem Fronteiras, o Alemão sem Fronteiras, o Francês sem Fronteiras. E é muito importante também a variedade de países, é importante porque para nós interessa alunos estudando na Coreia, no Japão, na China. Nos interessa porque nesses países também têm escolas de alta qualidade.
Falando recentemente com o ministro de Relações Exteriores da China, e agradecendo pelas 5 mil vagas que eles nos concedem, ele disse para mim: “O Brasil, pelo seu tamanho, pode ter mais vagas”. A Coréia do Sul, na China, forma 50 mil. Tem 50 mil estudantes. Nós chegaremos lá, passo a passo nós chegaremos a dobrar esse número. Nós começamos e adquirimos experiência, porque levamos dois anos para tornar e generalizar o Ciência sem Fronteiras pelo mundo afora. Agora, nós aprendemos, e nós vamos acelerar o processo. Quero, mais uma vez, dizer a importância da participação do setor privado para que a gente possa aumentar o número de matrículas no exterior, o número de oportunidades no exterior.
E, finalmente, eu acabo onde eu comecei, com a Débora, porque a Débora é um exemplo desse novo Brasil que nós estamos vendo despertar e que nós temos orgulho de ter participado da sua construção. Um Brasil que dá oportunidades e que tem no esforço, na determinação e na garra dos brasileiros e das brasileiras o melhor retorno que alguém pode querer. Parabéns, Débora, que você continue desenvolvendo e vivenciando essa história de sucesso que você mostrou até agora. E, de fato, acho que você levou um redesenho, como você chamou, do Brasil para a Alemanha. Muito obrigada, Débora. Um abraço.
Ouça a íntegra(17min32s) do discurso da Presidenta Dilma Rousseff