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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia Nacional de Premiação da 9ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas - OBMEP

Rio de Janeiro-RJ, 07 de maio de 2014

 

 

Eu gostaria inicialmente de cumprimentar a cada um dos medalhistas de ouro e a cada uma das medalhistas de ouro. Dizer para vocês que este é um momento especial para vocês, para a família de vocês e para o Brasil. E isso significa que nós temos um grande orgulho e por isso eu estou aqui. Por isso, como presidenta da República, eu represento este país que quer, que tem ânsia, que deseja que a educação seja o principal caminho dos jovens, das crianças, dos homens e das mulheres deste país.

Queria também cumprimentar todos os orientadores, os professores que passaram por esse palco, e eles representam todo o esforço feito pelos professores deste país, no que se refere à educação.

Queria também cumprimentar os familiares. Sei que os pais, as mães, devem estar aqui todos muito orgulhosos. Eu me coloco no lugar de um pai, de uma mãe, de familiares, e tenho certeza que ver um jovem, um menino de 13 anos, de 11 anos, de 12 anos, e ver um jovem carregar no seu peito uma medalha de ouro porque teve desempenho de nível superior numa prova de matemática é algo que tem de encher um pai, uma mãe, um familiar, de orgulho. Por isso, parabéns aos jovens, às famílias, aos professores.

Queria cumprimentar o meu parceiro, governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão,

            E os ministros de Estados: o ministro Clélio Campolina, ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, por isso que ele estava naquela alegria toda, botando as medalhas nos pescoços dos mineiros. Queria cumprimentar o Henrique Paim, ministro da Educação.

            Cumprimentar o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes,

            Dirigir um cumprimento especial ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Paulo Melo,

            Gostaria de cumprimentar e aqui, de público, reconhecer, o grande esforço do professor César Camacho, diretor-geral do IMPA, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada,

            Queria cumprimentar também o professor Cláudio Landim, coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas,

            Cumprimentar o professor Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências,

            Cumprimentar o professor Marcelo Viana, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática,

            Cumprimentar a professora Helena Nader, presidente da SBPC,

            Cumprimentar os secretários estaduais Alexandre Vieira, de Ciência e Tecnologia; Wilson Risolia, de Educação; o senhor Franklin Dias Coelho, secretário especial de Ciência e Tecnologia do município, da cidade do Rio de Janeiro.

            Cumprimentar os senhores jornalistas, os senhores fotógrafos e os senhores cinegrafistas

 

Em parte eu vou ler e, em parte, eu vou improvisar o meu discurso, porque hoje é um dia que eu acho especial. Em alguns momentos a gente fala com a razão, e em outros a gente combina e fala com o coração.

Eu queria dizer que eu gosto muito de participar dessa festa. Eu gosto de participar dessa festa porque justamente na saudação eu disse que a educação constitui num caminho para o crescimento, o desenvolvimento do nosso país. A educação, ela dá conta de duas coisas: de um lado, ela garante que todo esse movimento foi feito nos últimos 12 anos, 11 anos, no nosso país, foi um movimento em que as pessoas ascenderam socialmente, que elas mudaram o seu padrão de consumo, a sua classe social, o seu padrão de renda. Esse movimento que levou 42 milhões para a classe média, que tirou 36 milhões de brasileiros e brasileiras da pobreza extrema e que também permitiu que os segmentos superiores da classe média fossem para as classes A e B. Esse movimento que funcionou como uma onda na nossa sociedade, ele, para ser permanente, precisa que nós tenhamos mais e melhor educação.

E esse é um grande desafio do nosso país porque, de um lado, torna permanente e sustentável essa melhoria nas condições de renda, de consumo e de bem-estar da população mas, de outro, ele permite outra coisa: nós precisamos de técnicos de nível alto, precisamos de técnicos e de profissionais capacitados, precisamos de universitários, precisamos de cientistas, precisamos de pesquisadores, precisamos de tecnólogos, precisamos de inovadores. Enfim, precisamos de adentrar nessa via que é a via do futuro, que é o mundo do conhecimento, a chamada economia do conhecimento.

E aí, nós estamos aqui numa situação estratégica, por quê? Porque a matemática, ela tem um poder muito interessante. Ela é a base de todas as ciências, ou seja, a matemática pode ser usada em todas as áreas da ciência. Pode também... é um elemento fundamental para que nós tenhamos capacidade e melhor condição de usar isso que nos distingue, que é o conhecimento e que é a aplicação da lógica e de todos os recursos que a matemática pode trazer para o país.

Daí porque estar aqui nesta olimpíada, mais uma vez, é algo muito importante para mim porque eu represento a nação brasileira. E assim sendo, é o reconhecimento da importância do ensino da matemática, do esforço de cada um dos medalhistas, de cada uma das medalhistas, ao obter essa capacidade de ter expertise, de ter experiência, de serem bons, falando de forma simples, em matemática. E eu tenho certeza que a maior riqueza do Brasil, e o Brasil é um país rico, um país que tem riqueza como o petróleo, o minério, uma agricultura, uma indústria. A maior riqueza deste país é o conhecimento de cada um dos brasileiros e das brasileiras. É isso que tornará este país uma nação rica.

Por isso, primeiro eu cumprimento cada um dos formandos. Eu acho que nós estamos aqui num momento de parabéns, é um momento de vitória de vocês, em que vocês demonstram força, determinação, se aplicaram, foram submetidos ao teste, se dispuseram a estudar, e venceram. Então, primeiro, nós temos de celebrar essa vitória. Parabéns para cada um e para cada uma.

Segundo, essa é uma Olimpíada da Matemática, especialmente a Olimpíada Brasileira da Matemática das Escolas Públicas. É importante essa valorização das escolas públicas. Por quê? Porque nós temos, quando falam nas diferentes cidades aqui, que foi mencionado pelo professor Camacho, do interior do Brasil, em que a gente percebe que o desempenho dos alunos é especial, para não dizer excepcional, isso mostra uma outra questão, a questão que para ter educação de qualidade é fundamental ter professor e professora. Não tem educação de qualidade com prédio, com carteira escolar, apenas, apenas.

Sem professores valorizados, bem capacitados, bem formados, dedicados e, sobretudo, eu vou usar outra vez a palavra: valorizados socialmente, não é possível que a gente tenha educação de qualidade. Por isso que nós enviamos ao Congresso uma lei que garante que o que nós temos de maior riqueza concentrada numa atividade, que é a riqueza decorrente da exploração do petróleo, seja destinada à educação, 75% dos royalties do petróleo, e 50% de uma riqueza muito significativa, muito grande, muito expressiva, nos próximos 50 anos, de agora, sistematicamente, todos os anos, ou seja, ela vai acontecer agora, todos os anos, e ela vai durar um tempo significativo, que é o petróleo, que é a riqueza da camada do pré-sal. Por que a gente precisa desse dinheiro? A gente precisa desse dinheiro primeiro porque nós temos de pagar professores bem. Talvez no Brasil nós não tenhamos tanta necessidade de uma coisa como de ter professor bem pago. Professor bem pago não significa uma relação só de pagar bem o professor, significa uma relação em que um professor bem pago pode também ser aquela pessoa que será capaz de dar aulas cada vez mais qualificadas, cada vez mais no nível do que fazem nos países mais ricos do mundo.

Então, pagar bem professores é algo estratégico para o país nos próximos anos. Um professor, eu estava aqui entregando e cumprimentando os alunos, um professor me disse: “O Brasil está correndo um risco”. Um professor que passou me disse uma coisa com a qual eu concordo, por isso eu estou falando para vocês: “O Brasil corre um risco, presidenta, ele corre o risco de não ter professores suficientemente”. E isso decorre, a meu ver, do fato que hoje o professor, como profissional, não tem uma valorização adequada da sociedade. E não é culpa só da sociedade, é culpa de todos nós, porque, para ele ter uma valorização, a família dele, primeiro, tem de reconhecer nele um profissional bem remunerado. Ele tem... quando ele falar “vou ser professor”, seus familiares, seus amigos falarem: “que bom, você vai se esforçar e vai ser professor”. Por quê? Porque ele vai ser bem remunerado. Status, competência capacitação tem a ver também com remuneração. É por isso que tem de gastar o dinheiro do pré-sal, tem de gastar o dinheiro dos royalties em pagamento de professor, e este país não pode ter nenhum constrangimento quando disserem que nós não podemos gastar em custeio, no caso da educação. No caso da educação, ou gasta em custeio ou não tem educação de qualidade. E isso é algo que nós temos de reconhecer.

O Pezão disse aqui para mim que nós estávamos na fronteira da luta pelos royalties. Essa fronteira, ela é muito importante, porque em algumas cidades...eu não sei se vocês sabem, mas em alguns países do mundo, eles destinaram para outras coisas. Eu fico muito feliz da gente ter conseguido aprovar essa lei. Agora, cada vez mais nós vamos ter de começar a executá-la. Nós vamos fazer o orçamento, previsão orçamentária para os próximos anos, como é que nós estamos vendo que é a evolução dos recursos, vamos tornar isso transparente e vamos discutir isso amplamente.

Uma outra questão que eu queria dizer é sobre o que nós temos feito no Brasil, no que se refere à educação. Nós viemos fazendo um imenso esforço. Essa Olimpíada faz parte desse imenso esforço, esse imenso esforço que instituições variadas se organizaram, são nacionais, ou seja, a gente vê um esforço de todos os níveis, você vê o esforço dos municípios, você vê o esforço dos estados, você vê o esforço da União e você vê o esforço de outras instituições, como é o caso do nosso Instituto de Matemática Pura e Aplicada e todos os órgãos a ele relacionados.

Eu quero dividir com vocês uns números. Na edição de 2013 se inscreveram 18, 7 milhões alunos. Vejam bem, 18,7 milhões alunos, de 99,41% dos municípios do Brasil, ou seja, praticamente todo o Brasil, em todos os rincões se inscreveu para fazer essa Olimpíada. Então, a cada ano, a valorização dessa Olimpíada, ela mostra que há, por parte das mais variadas camadas da população, em todo o território nacional, esse interesse imenso na questão da educação e do conhecimento. Porque matemática une isso, educação e ciência. Matemática tem esse poder de ajudar cada vez mais essa nação a ser integrada por pessoas que têm discernimento, que pensam por si mesmas, que não são levadas por modas ou por qualquer outro fator, mas elas pensam por si, elas têm consciência, são verdadeiros e valorosos cidadãos e cidadãs.

Eu acredito que nós estamos aqui, e é um momento de dar os parabéns a todos os que participaram do programa desde o início dele, porque nós escrevemos o que participou hoje, mas teve muitos professores, como é o caso da presidente da Sociedade da Matemática, que participou desde o início, que também tem de ser parabenizada, e vários outros professores. Por isso, esse ano, não na formatura de vocês, mas a próxima edição, será a 10ª edição, essa foi a 9ª, a próxima, de 2014, que vamos nós vamos fazer em 2015, será a 10ª. É algo que nós devemos considerar como sucesso.

Como é muito importante essa questão da educação e da matemática, eu quero aqui comunicar uma coisa. O governo federal vai oferecer os recursos para a ampliação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Por quê? Quando eu vinha para cá, fizeram para mim um discurso que eu achei ele muito bonito, porque não era esse discurso meio distante que às vezes a gente faz, era um discurso em que a gente contava história dos medalhistas. A gente pegava exemplos dos medalhistas para deixar claro como o esforço das pessoas, o apoio familiar, esse esforço imenso das pessoas torna esse programa vitorioso.

Então, eu vou até ler para vocês os três exemplos que me deram. O primeiro é da Louise, a Louise é uma hexacampeã da Olimpíada da Matemática, e disse para as pessoas da minha equipe que a entrevistaram que ela quer ser a primeira moça, a primeira menina, a primeira jovem heptacampeã. Querer, Louise, é algo fundamental. Só acontece as coisas para quem quer e luta por elas. Por isso, é muito importante que cada um aqui queira. E aí, a Louise disse que tudo começou para ela quando a mãe dela começou a estudar matemática com ela em casa, à noite e nos finais de semana. E que aí isso foi importante para desenvolver o raciocínio lógico dela. E ela tomou gosto, tanto gosto que, no último ano do ensino médio, ela pensa já em fazer graduação em matemática. Claro, ela tem um projeto para fazer o mestrado e doutorado no IMPA.

Eu cheguei até aqui para dizer: olha, o IMPA, a expansão do IMPA, esse fato que nós aqui assumimos, a expansão do IMPA, o terreno que o IMPA tem, nós fazermos outras instalações é justamente para ampliar a educação e dar para dar condições para que os medalhistas tenham cada vez mais acesso não só a bolsas de iniciação científica, mas tenham aqui condições para participar e para ter seu curso de mestrado e doutorado.

Aí, uma outra história me chamou muito a atenção. É a história da Dávila. A Dávila vem de uma cidade pequena, de 4.500 habitantes. Ela é filha de um pedreiro e de uma lavradora, e ela mora a 50 km do centro da cidade. Por isso, todo dia a Dávila anda por uma hora de ônibus para chegar à escola, uma hora, uma hora e meia. Na primeira participação da Dávila na Olimpíada, em 2011, ela ganhou medalha de bronze; em 2012, ela conquistou a medalha de ouro, e também ela conquistou a melhor classificação de todo o estado de Minas Gerais, e a 2ª melhor de todo o país. No ano passado, a Dávila obteve a segunda medalha de ouro, que hoje ela veio receber. Ela tem facilidade, ela diz que tem facilidade pela matemática. Agora, para mim, a Dávila tem é um imenso talento, uma perseverança danada e muita força de vontade.

Aí, agora, para não haver discriminação de gênero, eu vou contar a história do Érik. O Érik é lá de Ananindeua, no Pará. No passado, ele não teria lá muita oportunidade, porque a Região Norte, no Brasil, foi muito marginalizada no passado, nos governos anteriores. Ele vem de família simples, sua mãe cuidou sozinha de seis filhos e faleceu agora em março. Ele é caçula e sempre estudou em escolas públicas. Apesar de todas as dificuldades, o Érik chegou à universidade e será o primeiro de sua família, de toda a sua família, a fazer um curso superior. Adivinhem vocês qual o curso superior o Érik vai fazer? Matemática, é isso ai. O Érik vai fazer Matemática. E parece que tem a ver com o incentivo da Olimpíada da Matemática também. E aí, depois dele conquistar uma medalha de bronze, uma de prata e uma menção honrada, honrosa, ele ganhou a sonhada medalha de ouro. Então, parabéns, Érik.

Volto diretamente para o sonho dele, o sonho dele, no começo do ano ele realizou um sonho: fazer curso no IMPA, o nosso Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Ele tem outros sonhos. Aí, ele voltou para o Pará, ele tem outro sonho, que é vir aqui no IMPA e fazer mestrado e doutorado. Então, o IMPA, sem sombra de duvida, é uma instituição de excelência e, por isso,  merece sim - viu, Camacho? - ter suas instalações ampliadas, com qualidade, para que a gente tenha isso à disposição.

E aí, eu quero falar uma outra coisa. Nós temos feito um grande esforço para ampliar cada vez mais a educação no Brasil. Começa lá na creche, passa por creche, nós estamos lutando para fazer 6 mil creches, porque a gente sabe que a desigualdade de oportunidade começa de pequenininho. Nós sabemos isso, a neurociência mostra isso, que cada mais, quanto mais a criança tiver estímulo, dos 0 a 3 anos, mais a vida dela, nessa área da educação, é mais fácil. Então, fazer creche não é só para a mãe. Eu sou da época que a gente dizia: “mãe tem direito à creche”. Não, quem tem direito à creche não é a mãe, é a criança, os meninos e as menininhas. E isso é importante para este país, que já foi o mais desigual do mundo, diminuir a desigualdade. É importante alfabetizar na idade certa, e é importante ensino em dois turnos, sendo que no 2º turno, muita matemática neles, não é, Paim? Muita matemática neles.

Agora, gente, nós temos esse grande desafio, e por isso que eu queria falar aqui para vocês, que é criar condições para ter ensino técnico no país, nós precisamos formar técnicos. Tem um programa chamado Pronatec, que vai formar... nós vamos chegar aos 8 milhões de matrículas que nós prometemos. Hoje tem 6,8 milhões, nós chegamos, até o fim do ano, aos 8 milhões. Então, tem o Pronatec, vocês sabem que hoje tem o Enem, depois do Enem, se o cara não passar no Enem, ele pode tentar uma bolsa através do Prouni, ele pode procurar um financiamento através do Fies.

E nós criamos um programa que eu queria falar para vocês, que é o Ciência sem Fronteiras. Por que eu queria falar do Ciência sem Fronteiras para vocês? É que em todas as demais... porque nós vamos fazer agora o Ciência sem Fronteiras 2. O 1 é o 100 mil, mas vai ter de continuar fazendo Ciência sem Fronteiras no Brasil. O que é isso? É mandar os nossos estudantes, tanto  da graduação quanto do pós-graduação, a fazer curso nas melhores universidades do mundo. Mas fazer que cursos? Fazer os seguintes cursos: os cursos de ciências, engenharias, matemática, física, química, ciências biológicas em geral, e todas as demais ciências, da computação, da natureza, etc. E isso tem de ter um critério que seja um critério que não seja o amigo de alguém que vai e o outro, que é talentoso, não vai. Aí, no caso, o aluno tem de ter 600 pontos no Enem para começar o processo de seleção e tem de saber língua. A gente até paga para ele, durante 6 meses, se for Inglês, durante 8 meses, se for Alemão, por exemplo. Antes de começar o curso dele, ele fazer uma imersão no exterior.

Bom, mas a história aqui é a seguinte: os alunos formandos, eles já estão classificados lá pelo Enem, mas o que eu quero dizer para vocês é que nós pontuaremos todos aqueles que tiverem medalha de ouro na matemática terão mais pontos do que os que não tiverem, por um critério muito simples, que é o seguinte: a gente sabe que quem teve medalha de ouro na Olimpíada da Matemática tem uma determinada competência, e essa competência tem de ser aproveitada para o país. Então, ele tem de ter oportunidade, oportunidade de estudar lá fora, oportunidade de ter um curso diferenciado. AÍ, estão aqui escutando essa fala dois ministros responsáveis pelo Ciência sem Fronteiras, um é o ministro Paim, e o outro é o ministro da Ciência e Tecnologia, Campolina, ambos vão pontuar diferenciadamente os estudantes que tiveram medalha de ouro.

Aí alguém pode falar assim para mim: mas, presidenta, tem menino ainda que está no 6º ano, por exemplo. Mas não tem problema, se um dia ele for fazer o Ciência sem Fronteiras, porque para fazer Ciência sem Fronteira ele tem de estar na faculdade. Se um dia ele for fazer Ciência sem Fronteira, ele vai ter o ponto dele lá, porque ele  teve uma medalha. Se ele teve duas, ele vai ter um pouco mais. Agora se teve 7, não é, Paim? A matemática mostra isso, 7 é maior que 1, não é, Paim? Então, eu não podia estar falando só não é, Paim”, é “não é, Campolia”, também, não é Campolina. Todos nós sabemos disso.

Então, quero dizer para vocês que isso é fundamental, e não é nenhuma dádiva para vocês. É o seguinte: este país tem de saber melhor onde gasta o dinheiro dos impostos, e gastar melhor o dinheiro dos impostos é gastar na educação, na formação profissional, na formação técnica, criando cientistas e pesquisadores.

Nós somos um país excepcional. Nós somos 201 milhões de brasileiros. É pouco, pouco para o tamanho do território. Vocês olham só a Índia e a China, uma tem 1,3 bilhão pessoas, a outra tem 1... Um trilhão, aliás, não é? Não, é um bilhão, 1 bilhão e 850 mil, que é a Índia. Cinquenta milhões, obrigada, estamos ótimos hoje. Aí, o que acontece? É dificílimo um país com esse volume populacional, é dificílimo. Vocês só imaginam que é cinco vezes o Brasil, é complicado. E, mais, são países, os grandes países continentais são países que têm diferenças religiosas, diferenças étnicas, guerras civis. Nós temos, nós somos um país com uma enorme diversidade cultural, com uma enorme diversidade étnica, que faz a diferença, permitindo que o nosso povo seja um povo bastante, mas bastante diferenciado. Um povo pacífico, um povo que tem a capacidade de ser alegre, enfim, eu acho que nós temos imensas vantagens.

Agora, a gente não pode deitar em berço esplêndido, a gente tem de saber que nós temos de transformar 201 milhões de habitantes, e ninguém pode ficar fora disso e, portanto, cada um de nós tem de se transformar numa pessoa cada vez mais capaz, para fazer com que o sonho delas seja do tamanho do sonho que o Brasil pode ter. Porque o Brasil só sonha se cada um de nós sonharmos, o Brasil só quer se cada um de nós quisermos, e o Brasil só realiza se cada um de nos realizarmos.

Hoje vocês realizaram. Hoje nós podemos ver que a gente tem não só um caminho, mas tem pessoas, jovens, homens e mulheres que vão carregar este país com as suas mãos e levá-lo para o rumo certo, para um futuro em que cada um de nós pode ser diferente, mas as nossas oportunidades têm sempre de procurar ser cada vez mais iguais. Todo mundo tem de ter oportunidades, independentemente do nome, do sobrenome, de onde nasceu, da cor da pele e do time para que torce.

Por isso, eu tenho certeza, nós hoje temos a seleção escolhida, então, nós hoje temos uma referência de unidade muito grande que o Felipão nos deu hoje de manhã, que é o nosso time na Copa do Mundo. Eu desejo a todos vocês, a todos vocês, muito sucesso e bom uso dessa medalha de ouro que cada um carrega aqui, muito bom uso. Um abraço, felicidades e parabéns.

 

Ouça a íntegra(35min17s) do discurso da Presidenta Dilma Rousseff