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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante participação no Foro Empresarial das Américas - Unindo as Américas: Integração Produtiva para o Desenvolvimento Inclusivo - Cidade do Panamá/Panamá

Cidade do Panamá-Panamá, 10 de abril de 2015

 

 

Muito obrigada,

Primeiro eu queria cumprimentar o presidente do BID, o nosso querido Moreno.

Cumprimentar os presidentes Obama, o presidente que nos recebe hoje com essa elegância, com toda acolhida, também, cumprimento e agradeço a recepção. E cumprimentar o presidente Peña Nieto.

Eu considero que essa discussão e o tema do Foro Empresarial, que é transformar o diálogo em ação, é muito importante, porque nós dialogamos para agir, para mudar. Eu quero dizer que a grande mudança que o Brasil deseja e encaminhou nesses últimos anos é se transformar em um grande país de classe média. Esse é o objetivo da Nação brasileira. E aí, eu creio que uma das exigências maiores para se fazer isso é ter clareza do que é necessário para se transformar em um país de... um país extremamente desigual, talvez, um do mais desiguais do mundo, em um país em que nós caminhamos para uma acelerada inclusão social. Essa inclusão teve como base,  primeiro, o crescimento econômico, e segundo, políticas sociais. Mas hoje nós temos um desafio, justamente porque 44 milhões de brasileiros foram elevados à classe média e 36 milhões saíram da pobreza, nós temos de seguir crescendo de forma sustentável, contínua e sistemática. E para fazer isso são necessárias algumas coisas. Primeiro, vou falar das coisas que são, eu diria assim, mais estruturais: Acho que investimento em infraestrutura é fundamental em países como o Brasil que precisa investir, não só em infraestrutura logística, não só em infraestrutura de energia, mas infraestrutura social urbana porque vivemos em grandes cidades. Então a nós afeta a questão dos serviços públicos. Se você eleva 44 milhões de pessoas à classe média essas pessoas passam a ter reivindicações próprias, passam a querer mais e melhor. Daí porque mobilidade urbana e habitação como infraestruturas sociais são fundamentais, junto, obviamente, com rodovias, portos, aeroportos e toda a expansão energética necessária para sustentar o crescimento.

A segunda questão é necessariamente a educação. Educar é o único jeito de assegurar que a transformação e a inclusão social sejam permanentes. E, um país como o Brasil, ele sempre tem desafios que são desafios que combinam, o que é sair do atraso com a necessidade de avançar para o futuro. A educação combina essas duas coisas. Primeiro, incluir os milhões de brasileiros que não tiveram acesso da creche ao pós-graduação, passando pelo ensino técnico e universitário. Depois, perceber que sem inovação, países como os nossos, que são países que têm nas commodities uma riqueza fundamental, e essa é uma riqueza fundamental, que nós queremos preservar, nós não podemos nos contentar só com isso. Precisamos dar um passo além, e esse passo além só se dá se nós apostarmos na educação, na formação científica e tecnológica e buscarmos, inclusive, acompanhar o que há de melhor no mundo, como é caso da educação terciária nos Estados Unidos.

Nós precisamos disso para dar o salto para economia do conhecimento. Então, a  educação ela junta dois caminhos: a inclusão social, a necessidade de garantir que essas pessoas que melhoraram de renda não voltem atrás, não percam o que conquistaram. E depois é o fato de que nós só teremos, um País com 200 milhões de habitantes como o Brasil, só terá sustentabilidade se tiver uma agricultura, uma indústria e todo um setor serviços baseado em inovação, tecnologia, inovação e inovação, e isso é dado pela educação.

Então, o segundo ponto eu já entrei nele que é a questão da educação, aliás da inovação, educação/inovação. Um terceiro ponto fundamental,  eu gostaria de falar, é a questão da integração regional.  Acho que a integração regional das nossas economias funciona como um fator que expande as nossas fronteiras, expande as nossas oportunidades, expande as nossas economias. Daí porque o Brasil se dedicou, nos últimos anos, a investir fortemente na integração de infraestrutura. Eu elenquei alguns dos investimentos que eu considero muito importantes, que nós fizemos em parceria com os diferentes governos e empresários aqui do continente latino-americano. Me refiro no Paraguai à linha de transmissão que leva energia de Itaipu, que é uma das maiores hidrelétricas aqui do continente - se não a maior - à Assunção, garantindo ao Paraguai as condições para o crescimento industrial; no Uruguai, a integração energética, os parques eólicos, as linhas de transmissão, a conversora. Na Argentina, a construção e o financiamento do Gasoduto TGN Sul, o Gasoduto Sul e o Gasoduto Norte; a fase 3 do Gamesa; a estrutura de água e esgoto em toda a Buenos Aires, a grande Buenos Aires; em Cuba, o Porto de Mariel; na Guatemala, o trecho 1 da Rodovia Centroamericana; na Nicarágua, a Hidrelétrica de Tumarín; no México, o Pólo Petroquímico da Cidade do México.

Acho que essa integração de infraestrutura que agora nós temos de olhar com mais ênfase, é fundamental também para nossa região. Essa integração de infraestrutura tem de levar também à busca de uma maior expansão comercial, de uma maior abertura comercial, e também, de uma abertura grande aos investimentos inter-regionais. Eu estava falando há pouco com o presidente Peña Nieto e parabenizando pelo fato que o México é um dos grandes investidores no Brasil, e para nós são muito bem vindos.

Uma outra questão que eu considero fundamental é, justamente a abertura comercial e a desburocratização. O Brasil, dentro do Mercosul, tem hoje um claro compromisso para fazer um acordo dentro do Mercosul com a União Europeia. Nós estamos prontos para esse acordo. Recentemente, assinamos Memorando de Entendimento entre o Ministério do Desenvolvimento brasileiro e o Departamento de Comércio americano que eu considero muito importante, porque vai facilitar o comércio e fazer com que o nosso Portal Único de Exportações dialogue com a single window do sistema de comércio dos Estados Unidos. E cumprimentei também o presidente Peña Nieto pelo nosso acordo automotivo. Considero que todas essas iniciativas, elas contribuem para que nós tenhamos um horizonte de crescimento maior. Nós estamos, no Brasil, estamos fazendo um grande esforço de ajuste fiscal, porque adotamos medidas anticíclicas nesses últimos anos para evitar que houvesse uma queda muito forte, tanto no emprego como na renda. Nós esgotamos a nossa capacidade dessas medidas anticíclicas e agora temos de fazer todo um reequilíbrio para poder continuar crescendo. Mas sem dúvida sabemos que isso passa por continuar fazendo tantos programas na área social como na área de infraestrutura e, sobretudo, eu queria deixar claro aqui o nosso compromisso com a integração regional.

 

Ouça a íntegra do discurso (09min26s) da Presidenta Dilma