Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante visita à escola Vasil Aprilov
Gabrovo-Bulgária, 06 de outubro de 2011
Queria agradecer ao presidente Parvanov, pelo fato de ter-me recebido aqui na Bulgária e ter-me recebido em Sófia, em Veliko Turnovo e também aqui em Gabrovo. E ter-me recebido não apenas com a necessária educação e respeito que um chefe de Estado recebe outro chefe de Estado, mas também com grande carinho e olhando para mim sempre e vendo que por trás da Presidenta do Brasil tinha um búlgaro nascido aqui em Gabrovo.
Queria cumprimentar também a senhora Parvanova,
Queria cumprimentar o governador de Gabrovo, Mariyan Kostadinov,
O senhor Dobrin (incompreensível), prefeito de Gabrovo,
A senhora Ana Marinova, diretora da escola Vasil Aprilov, por intermédio de quem cumprimento todos os professores, alunos e funcionários,
Queria, mais uma vez, cumprimentar os moradores aqui de Gabrovo, os búlgaros e os nascidos aqui nesta região,
Senhores profissionais da imprensa, jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas,
Queridos amigos e amigas de Gabrovo,
[expressão búlgara] Gabrovo.
Quero dizer a vocês que, na minha vida, muitas vezes eu me emocionei profundamente. A primeira vez foi quando nasceu a minha filha, depois, quando nasceu meu neto, depois, quando me elegi presidente da República.
Quero dizer para vocês que, na minha juventude, eu participei das lutas de resistência do meu país, combati a ditadura, fui presa, e ao conquistar a liberdade, mais uma vez, tive uma grande emoção ao despedir das minhas companheiras que lá ficavam.
Agora, mais uma vez eu me emociono profundamente por estar aqui em Gabrovo, cidade de onde meu pai saiu, há 80 anos atrás e, indo para o Brasil, garantiu que a sua filha lá nascesse e fosse eleita presidente do Brasil. Me emociono também pelo fato de estar aqui, nesta escola, no Liceu Aprilov, que foi onde meu pai estudou e que contribuiu para uma visão de mundo generosa e para o fato de me educar olhando para a situação dos povos do mundo.
Realizo hoje o sonho do meu pai que, eu tenho certeza, gostaria de estar aqui, retornando à Bulgária. Realizo um sonho e, ao mesmo tempo, agradeço a esse morador de Gabrovo que me ensinou a amar a vida.
O tempo, muitas vezes, torna os encontros cívicos impossíveis. Mas o tempo também permite que a gente realize os sonhos. E eu tenho certeza que o país que adotou o imigrante búlgaro e que está hoje, aqui, representado por uma presidenta que vocês chamam “a Presidenta Búlgara do Brasil”, é um país que soube acolher, de todas partes do mundo, imigrantes, e de transformá-los em brasileiros. Saibam vocês que uma parte de Gabrovo e da Bulgária mora, reside e é presidenta do Brasil.
Minha visita à Bulgária guarda múltiplos significados e valores. É uma das primeiras visitas que realizo a um país europeu. A Bulgária é hoje uma nação dinâmica, detentora de fortes tradições nacionais históricas e, ao mesmo tempo, integrante da União Europeia.
Minha presença hoje aqui, na cidade natal do meu pai, mostra que nós podemos e devemos construir um mundo para além das diferenças étnicas, das diferenças de línguas, e que esse mundo é um mundo possível.
Esse país, que teve a contribuição de europeus, índios e africanos, e que é um país, como o Brasil, que permite que pessoas de origens diferentes convivam democraticamente, sem xenofobismo, permite também que a filha de um imigrante búlgaro se torne presidenta da República.
Nessa minha viagem, que foi uma viagem de Estado, representando o Brasil, um país novo que cresce, que consegue assegurar para os seus 190 milhões de brasileiros, a cada dia mais, uma renda melhor, essa viagem que tem esse aspecto de relacionamento íntimo com a Bulgária, com quem o Brasil quer estreitar seus laços comerciais, seus laços econômicos e laços de investimento e também culturais, esta viagem também tem, para mim, um sentido pessoal.
Sei que Gabrovo se consagrou, no decorrer de sua história, como um dos destinos turísticos mais atrativos da Bulgária. Sei também que a cidade soube cultivar uma das mais nobres tradições do espírito humano, o humor. Por isso, eu quero dizer para vocês que eu me sinto muito feliz de estar aqui. Primeiro, porque eu queria conhecer a cidade onde meu pai viveu, as ruas por onde ele andou e a escola onde ele estudou.
E eu estou aqui, hoje, também num momento especial, porque estamos na escola Aprilov e, o que é mais importante hoje, no meu país e, tenho certeza (falha no áudio) de vida das pessoas. Nós, no Brasil, temos um imenso amor e um grande compromisso com a educação.
Gostaria de aqui, nesta escola, agradecer a proposta do Presidente de aqui abrir um curso de língua portuguesa, porque nós também iremos propor, em Brasília, a abertura de um curso de língua búlgara, para que búlgaros e brasileiros possam estreitar seu relacionamento e se conhecer cada vez mais.
Com meu pai, eu pude, cedo, desenvolver um imenso amor pelos livros, um imenso amor pela literatura e pela poesia. Eu conheci, no Brasil, uma grande amiga do meu pai, a poetisa Elisabeta Bagriana, que lá foi nos visitar. Ontem, o presidente Parvanovi me ofereceu uma tradução de alguns dos poemas. E também recebi de outras pessoas a tradução de outros poemas. Eu acredito que aquela grande poetisa búlgara, uma vez indicada para o Prêmio Nobel, deve ser lembrada neste momento.
Queria dizer para vocês alguns versos de um poema que ela compôs em sua visita ao Brasil, em que tocou delicadamente as saudades de meu pai da terra natal. Esse poema diz o seguinte: “Eu te ouvia e escutava, observando o mundo acima. Este estrangeiro céu do sul. Com essas estrelas estrangeiras, eu acreditei e não acreditei em você. E fundo no fundo compreendi: eu era o depositário e você, pátria, era a remetente”.
Agradeço de coração a recepção calorosa, o carinho, a atenção, as palavras de boas-vindas que eu recebi aqui, da população de Gabrovo. Agradeço a cada um de vocês, a cada uma das mulheres aqui presentes. E quero dizer a todos que eu jamais esquecerei este momento. [palavras em búlgaro].
Ouça a íntegra do discurso (24min34s) da Presidenta Dilma