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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de assinatura de contrato entre a Petrobras e a Vale para arrendamento das reservas de potássio no estado de Sergipe

O contrato entre as empresas Vale (exploradora do minério) e Petrobras (detentora da jazida) para exploração da mina da carnalita faz parte de um plano de expansão da área de fertilizantes da Vale no país

Aracaju-SE, 23 de abril de 2012

 

Vocês vejam meu problema: falar depois do Marcelo Déda, o Dedinha, o melhor, mas, olha, de longe, o melhor orador da história da nossa República. Pelos menos aquele capaz de te comover, de tocar no teu coração, de falar o que todos nós sentimos.

Eu queria começar cumprimentando essa pessoa que eu conheci, e que, hoje, eu posso dizer para vocês que é meu amigo.

Queria cumprimentar também aqui os ministros que estão me acompanhando: o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia; a ministra Miriam Belchior, do Planejamento, Orçamento e Gestão; e o Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário.

Quero contar para vocês que vários ministros estão hoje aqui também em Sergipe, porque nós vamos discutir uma coisa que está preocupando muito tanto o governo federal, quanto os governos estaduais aqui do Nordeste e, em especial, na zona do semiárido, que é o problema da seca. Então, hoje, nós vamos estar aqui discutindo essa questão, que é uma questão importantíssima, e que nós pretendemos não deixar que a seca devaste tudo o que conquistamos, nos últimos anos, de crescimento, de melhoria de vida, de condições de sobrevivência no semiárido nordestino.

Queria cumprimentar o vice-governador de Sergipe, o Jackson Barreto. Hoje eu vi uma foto em que estava o Déda e o Jackson Barreto, de uma eleição passada, em que o Jackson ganhou o primeiro lugar e o Déda o segundo. E, hoje, vejam vocês que estão os dois aqui – um vice-governador e o outro governador -, o que mostra também que, ao longo dessa história, esses líderes se formaram e se transformaram naquelas lideranças que foram capazes de... porque sempre quiseram melhorar a vida e as condições de desenvolvimento aqui do estado de Sergipe, foram capazes de construir isso, não através de um processo fácil, mas através de uma luta que tem décadas de existência.

Queria cumprimentar também o presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, José Alves Neto.

Cumprimentar o senador Antonio Carlos Valadares. E quero discordar do Lobão. Sempre achei o senador Antonio Carlos Valadares uma pessoa absolutamente afável, gentil, daquelas que a gente não deve temer. Deve respeitar. Agora entendo também por que o Lobão disse que ele tem que ser temido.

Queria cumprimentar os deputados federais aqui presentes: Antonio Carlos Valadares Filho, Heleno Silva, José Heleno da Silva, Laércio Oliveira, Márcio Costa Macedo, Rogério Carvalho Santos.

Queria cumprimentar o prefeito de Rosário do Catete, Etelvino Barreto Sobrinho.

Dirigir um cumprimento especial ao meu companheiro Edvaldo Nogueira, prefeito de Aracaju, e um cumprimento, eu diria, às duas grandes lideranças empresariais responsáveis pela solução, pela realização desse projeto da carnalita e do potássio: o Murilo Ferreira, presidente da Vale. De fato, uma liderança empresarial nova, tranquila e comprometida com o desenvolvimento do nosso país.

Digo também o mesmo da Maria das Graças Foster, presidenta da Petrobras, e que hoje representa nessa cerimônia todo o esforço que nós fizemos no sentindo de viabilizar a produção, aqui nesta região, de algo estratégico para o país, que é o potássio.  Agradeço à Graça de forma muito especial.

E aí eu queria aproveitar e cumprimentar dois presidentes da Petrobras, dois ex-presidentes da Petrobras: o [José] Zé Eduardo Dutra, hoje diretor corporativo de serviços da Petrobras, mas o presidente da Petrobras quando eu era ministra de Minas e Energia.

Queria cumprimentar também o [José] Zé Sérgio Gabrielli, que teve naquela circunstância o papel de iniciar esse projeto da carnalita.

Dirigir um cumprimento especial a todos os “tatus”, cumprimentando o Davi Bispo de Jesus. E acredito que, de uma certa forma, nós aqui hoje estamos, de fato, fazendo uma grande comemoração para todos os “tatus” do Brasil, mas, em especial, para os “tatus” que resolvem dois problemas especiais. Um, que diz respeito ao petróleo. Eu queria dizer, em que pese os petroleiros ter uma situação diferente, eles também são “tatus”: “tatus” da terra e “tatus” do mar. E também, os trabalhadores da Vale.

Hoje é um dia em que nós estamos comemorando, justamente, o que existe de mais forte, de maior energia em duas áreas: nas áreas de fertilizantes e na área, também, do gás e do petróleo. Na área de fertilizante com uma das partes mais importantes que é o potássio, e também, na área do gás com os nitrogenados.

Queria cumprimentar, também, aqui, a imprensa. Os senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.

Mas, voltando, nós estamos aqui para celebrar o que eu considero um acordo virtuoso. Um acordo virtuoso, porque está baseado nos dois grandes desafios do século XXI. Esse século XXI, ele tem uma característica especial. Dois grandes fatores são responsáveis pelo desafio de todos os países e de todas as nações. Dos Estados Unidos à China, passando pela Rússia, a Índia, os países em desenvolvimento, os países desenvolvidos da Europa. Um deles é alimentos. O outro desafio é a energia.

No que se refere ao desafio da energia, o Brasil vem conquistando, progressivamente, ao longo do tempo, a sua auto-suficiência no petróleo até que descobriu o pré-sal, e nós hoje somos uma grande potência energética que cada vez vai se desenvolver mais e nós nos transformaremos de país importador de petróleo em um país exportador.

O petróleo é essencial, porque o petróleo é ainda e, parece que por algumas décadas, ainda será a grande energia que movimentará as economias, iluminará as casas, garantirá, enfim, aquela condição básica para um país se desenvolver.

A outra questão são os alimentos. Nós somos, de fato, um dos países – como disse o Lobão – com a capacidade de produção de alimento por unidade, por hectare das maiores do mundo. Nós somos, hoje, um país que fornece alimento para si e para o mundo. Aqui está o ministro do Desenvolvimento Agrário, ministro Pepe Vargas, que é o ministro da pequena agricultura, da agricultura familiar, do pequeno produtor responsável pela produção dos nossos alimentos. Mas nós temos também uma grande agricultura exportadora no Brasil.

Hoje, alimento tem a ver com energia e fertilizante. Nós somos importadores de fertilizantes. Nós somos dependentes de fertilizantes, mas não deveríamos ser, porque somos um país com recursos naturais diversificados e, certamente, hoje, aqui, o que nós estamos anunciando é um passo fundamental na produção de um dos componentes dos fertilizantes mais difíceis de ser encontrado, que é o potássio.

E é isso que importa entender para perceber o que tem de importante aqui nesta reunião. Ela é importante para esta região, para Rosário do Catete, para Carmópolis, para Sergipe, mas ela é, sobretudo, esse momento é estratégico para o país. Porque fertilizante é algo crucial para a nossa segurança alimentar, para a capacidade de abastecer a nossa população, de assegurar que a nossa agricultura continue competitiva, que nós não precisemos ampliar, cada vez mais, a exploração das nossas terras, ampliando a sua extensão, mas possamos, cada vez mais, ser mais produtivos e mais competitivos, e barateando o custo da nossa produção. Barateando para quem? Para a mesa do povo, barateando para que nós possamos também não depender do mercado internacional.

Um país que tem potássio, que tem tecnologia para transformar carnalita em potássio, não pode depender, da forma como nós dependemos em 90% para a produção de potássio, aliás, para o uso do potássio, para a oferta do potássio, de países do exterior.

Por isso, já em 2008, o presidente Lula, que é outra pessoa importante aqui nesta cerimônia, o presidente Lula definiu como sendo estratégico para o Brasil a produção de fertilizantes, em especial, o potássio.

E agora, eu queria fazer aqui um reconhecimento. As coisas, para acontecer, dependem das pessoas, dependem da garra das pessoas, da dedicação das pessoas e do sonho delas. E este projeto é um projeto que tem no sonho do Déda, na vontade do Déda, na determinação um momento fundamental, porque no caminho deste projeto tinham várias dificuldades, vários obstáculos. Nós tínhamos consciência da importância de produzir fertilizantes cada vez mais internalizados no Brasil, de ter acesso ao potássio. Mas o Déda tinha mais do que isso. O Déda tinha uma verdadeira fúria por resolver este problema. E era uma fúria que não era a fúria da raiva, era a fúria da certeza que isso era fundamental pra Sergipe e fundamental pro Brasil.

Então, nós aqui devemos um agradecimento especial a essa pessoa, essa pessoa que não esmoreceu. Cada dia tinha uma dificuldade. Cada dia a gente enfrentava: “olha, agora não dá por isso. Agora tem de resolver aquilo”. E o Déda, além de usar os meios de comunicação – como o telefone, o fax e o e-mail –, ele usava o corpo presente. Ele comparecia ao meu gabinete e pleiteava. E olhava a dificuldade e conversava com a Vale, conversava com a Petrobras. Por isso, eu quero reconhecer aqui essa fúria realizadora do Deda, como sendo uma fúria criadora de oportunidades para o Brasil e para Sergipe, e para essa região.

O Projeto Carnalita, ele é fruto, também, de um entendimento. Um entendimento entre a Petrobras e a Vale. Um entendimento que foi estratégico e está sendo estratégico para o Brasil, que é este acordo que hoje nós estamos aqui assinando. Se, de um lado, o governo sabia da importância da ampliação da extração de potássio, para que o nosso país tivesse um crescimento cada vez mais sustentável, com uma agricultura cada vez mais produtiva, de outro, era fundamental que grandes empresas, as duas grandes empresas desse país se dessem as mãos para permitir solucionar todas as condições para transformar esse num projeto bem sucedido.

E aí é muito simbólico que a camisa da Vale seja verde, porque esse projeto é o projeto que viabiliza a agricultura verde deste país. E que transforma isso que nós queremos, que é um país cada vez mais desenvolvido, mais forte – para quem? Para sua população - possa ocorrer de forma a não.... Nós não termos e não encontrarmos no futuro o desequilíbrio de falar: “Ah, mas nós não temos fertilizante. Ah, mas não dá pra fazer isso, porque o preço do fertilizante cresceu, o preço dos produtos agrícolas vai aumentar muito e nós vamos ter uma pressão nos preços agrícolas, na inflação e na mesa do trabalhador”.

Esse também é um processo e um projeto que implicam em visão de futuro. Nós estamos antecipando a necessidade do país ter cada vez mais sua fonte de fornecimento. E aí é verdade. É verdade que nós temos uma das maiores reservas do mundo lá no Amazonas. Mas também é verdade que essa reserva tem grandes desafios tecnológicos e, portanto, a carnalita é a garantia que nós estamos dando um passo aqui e agora. Um passo na direção dessa autonomia dos fertilizantes.

Eu queria dizer para vocês que o nosso país tem, de fato, muitos desafios pela frente, mas que nós estamos encarando esses desafios. Nós temos tido toda uma preocupação em atender, eu diria, tanto o lado que é fundamental que nós olhemos para ele, que é da população deste país que sempre foi desconsiderada, que nunca foi colocada em primeiro lugar, que é a população mais pobre deste país, que nós temos de dar a ela o primeiro lugar na atenção do governo. Isso significa que o programa Bolsa Família, que o programa Brasil sem Miséria, cada vez mais vai procurar acelerar as condições de elevar a vida e as oportunidades da população mais pobre do Brasil, que sempre foi marginalizada.

Mas, ao mesmo tempo, nós temos de dar conta simultaneamente - não pode falar uma coisa é primeiro e a outra coisa é depois - nós temos de dar conta de aumentar as oportunidades de trabalho, nós temos de dar conta de melhorar a qualificação dos nossos, dos nossos trabalhadores. Daí o pleito do prefeito, eu entendo perfeitamente, por escolas profissionalizantes. O senhor tem toda razão, prefeito. Tem de brigar por escola profissionalizante, porque nós queremos capacitar o trabalhador para ter um trabalho melhor e isso é muito importante para o Brasil. Daí porque esse projeto cria aqui um polo de fertilizante sim. O Deda tem toda razão. De um lado, através dos nitrogenados que a Petrobras está tendo todo um esforço de investimento. E de outro lado, através, aqui, dessa produção, extração de carnalita e produção de potássio. Isso significa que nós estamos fazendo um esforço para que o Brasil utilize todos as oportunidades que tem para garantir o que? Melhoria de vida na população.

Se o Brasil for a sexta nação do ponto de vista econômico é importante, mas não é o que nós queremos só. Nós queremos que o Brasil seja a sexta sociedade em condições de vida da população brasileira, e isso significa trabalho decente, significa acesso à educação de qualidade. Porque, se o século XXI, é o século que vai desafiar energia e alimentos, é o século do conhecimento, é o século em que a gente tem de melhorar a nossa capacidade de conhecer para produzir melhor para o nosso povo, e para garantir trabalho de melhor qualidade para cada um dos brasileiros e, meninas, das brasileiras. Porque também eu vou homenagear aqui as mulheres dizendo o seguinte: que um país também se mede pelo respeito que tem pelas crianças, pelas mulheres e pelas mães.

Finalmente, eu quero dizer para vocês que, para mim, é um grande orgulho estar aqui. É um grande orgulho, porque eu sei, até por todas as histórias que dois amigos meus me contam – o Dutra e o Déda – a respeito de como é que essa mina, que já foi olhada como algo que deveria ser simplesmente tampado, impedido de continuar sendo explorado, porque ela não era rentável, não interessava para o Brasil. Essa luta aqui, ela é simbólica de todas as oportunidades que nós conseguimos, a partir do governo do presidente Lula, recompor para a população brasileira, e mostrar que é explorando todas as nossas riquezas para o Brasil, que é permitindo que a nossa população brasileira se transforme em consumidora, e crie um mercado forte de consumo, que nós conseguimos fazer face a todas as crises que apareceram no nosso caminho.

Nós contamos com a força imensa das camisas verde e laranja aqui presentes, a força de cada um dos trabalhadores aqui presentes. E quero dizer que hoje eu encerro a minha fala dizendo: viva os “tatus” deste país.

Ouça a íntegra do discurso (23min) da Presidenta Dilma