Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de entrega do XXVII Prêmio Jovem Cientista 2013 - Brasília/DF
Palácio do Planalto, 16 de dezembro de 2013
Quero cumprimentar o Gustavo Meireles Lima, e em seu nome saudar todas as instituições, todos os pesquisadores agraciados com o Prêmio Jovem Cientista 2013.
Cumprimentar os ministros de Estado: Marco Antonio Raupp, da Ciência, Tecnologia e Inovação; Aloizio Mercadante, da Educação; e em nome deles cumprimentar todos os ministros presentes.
Cumprimentar o líder do governo no Senado, senador José Pimentel.
Cumprimentar o líder do governo da Câmara dos Deputados, deputado Arlindo Chinaglia.
Cumprimentar o deputado Nilton Lima e Odair Cunha.
Cumprimentar o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Glaucius Oliva.
Cumprimentar os parceiros: Paulo Marinho, diretor das Organizações Globo; senhora Beatriz Johannpeter, vice-presidente de Instituto Gerdau; senhor Gilberto Peralta, presidente da GE do Brasil.
Cumprimentar o magnífico reitor da Universidade de São Paulo, João Grandino Rodas, por intermédio de quem cumprimento as senhoras e os senhores reitores, pesquisadores e professores aqui presentes.
Senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Essa é a terceira vez que eu participo como presidenta da entrega do Prêmio Jovem Cientista. A cada ano, é grande a minha satisfação diante desses jovens. O Prêmio Jovem Cientista é destinado àqueles que têm coragem de enfrentar desafios, àqueles que se inquietam e saem em busca de soluções, os inovadores e os que ousam criar e inventar, os que sabem unir o inconformismo e a inquietação da juventude com o zelo pelo método e pela experimentação, realizando com essa bendita aliança aquilo que é a essência do verdadeiro cientista.
Gustavo, Claudia, Rodrigo, José Leôncio, Osvaldo, Nicolas, Edvan, Tais e Breno, todos vocês são motivo de orgulho para nós e para o nosso país. Esse prêmio é a perfeita tradução de um Brasil pelo qual lutamos e que estamos construindo: mais culto, mais educado e mais capaz de enfrentar os desafios da era do conhecimento.
Neste novo país, mestres como o professor Eugenio Foresti e instituições como a Escola Técnica Estadual de Monte Mor e a Universidade Estadual de São Paulo, aliás, a Universidade de São Paulo, premiados hoje, têm papel essencial: são exemplos para o nosso país, para o nosso povo.
Todos os cientistas premiados hoje dedicaram seu tempo e sua competência para desenvolver projetos sobre um tema muito importante: Água, Desafios da Sociedade. Para o Brasil, água significa riqueza, significa sustentabilidade, significa abastecimento, consumo humano, consumo animal e também significa desafios.
De fato somos o país com a maior reserva de água doce do planeta. Um bem que tende a se tornar cada vez mais estratégico, vital para a sobrevivência da humanidade. Mesmo sendo o país com a maior reserva de água doce do planeta, a água se distribui de forma desigual pelo território do nosso país. E isso explica porque uma das mais importantes regiões do país, o Nordeste, está atravessando a pior seca dos últimos 50 anos. Daí porque a água, em si mesma é um desafio para todos nós.
O Brasil precisa cuidar muito bem dessa sua enorme riqueza. Temos de aprender a preservá-la. E nós tivemos aqui o prêmio recebido pelo Gustavo Meireles Lima, que é uma grande contribuição a uma das formas de preservação da água, que é a microgeração de energia e uso eficiente da água na produção em locais, que eu diria, de demanda menor. Ao mesmo tempo, o Brasil é conhecido por ser um dos países que tem uma matriz energética renovável baseada no uso da água para produzir eletricidade.
Nós sabemos que temos de usar a água com parcimônia, com cuidado e com eficiência. E temos de aprender a preservá-la, criar formas corretas de uso. Se soubermos usar e economizar - como quer a Chiquita - vamos usufruir de uma vantagem competitiva enorme em relação aos demais países do mundo.
No que se refere ao Nordeste, é importante dizer que a proposta apresentada aqui em 1º lugar pelo estudante José Leôncio de Almeida Silva, forragem irrigada com água salina como alternativa combinada com água doce para o semiárido, é algo fundamental.
Esse ano, pela primeira vez, o Brasil lançou, o governo federal lançou um programa, um Plano Safra para o semiárido. Com isso, o que nós queremos dizer? Que a seca é algo com a qual nós temos de conviver, não há como combater a seca. Há como conviver com a seca. Conviver com a seca significa construir os mecanismos pelos quais nós podemos superá-la. E isso significa de um lado eficiência e uso produtivo, uso produtivo, eu não só diria, uso seguro dos recursos hídricos. Uso, inclusive, através de projetos estruturantes de interligação de bacias de construção de barragens. Mas significa também segurança produtiva, e aí a produção de forragem com água salina, considerando que a maioria das águas dos aquíferos do semi-árido são de recursos de águas salinas faz a diferença entre a alimentação dos animais e o fato de você destinar água doce para uso humano.
Por isso, eu cumprimento e queria dizer para o Leôncio, para o José Leôncio, que esse projeto dele é um projeto que para nós vem em ótima hora. É algo que eu pedirei, inclusive, para a Embrapa entrar em contato com você para que a gente olhe como é que é esse estudo, como nós... eu vi que a forragem, o milho cresce de forma menos intensa, mas mantém todo o conteúdo protéico. Então, eu queria dizer que fica claro como é possível nesse Prêmio Jovem Cientista um projeto ter uma destinação praticamente imediata.
Queria também falar de outro primeiro lugar, que é o do Edvan, a imensa criatividade dele ao propor a criação do uso do carvão baseado no açaí, o uso para limpar a água de beber das populações que hoje não têm ainda tratamento de água.
Um país que se pretende competir em nível mundial precisa, não só se dedicar às grandes, às chamadas grandes e transcendentes questões da ciência, da tecnologia e da inovação, mas precisa aplicar esses achados, essas descobertas para melhorar a vida de seu povo. Por isso é muito bom ver as novas gerações produzindo conhecimento e soluções, que em um futuro que está cada vez mais próximo e, neste momento presente, são decisivos para continuidade do desenvolvimento com inclusão social que todos nós, eu tenho certeza, queremos para o Brasil.
Por isso, senhoras e senhores, nós estamos entregando os prêmios aos melhores trabalhos apresentados. Mas faço questão, justamente por isso, de homenagear todos aqueles participaram, que enviaram seus trabalhos, os 3.226, um recorde em relação a todas as disputas anteriores. Todos os que participaram são vencedores, e de uma certa forma contribuem para o Brasil ser um país vencedor. Em uma competição em que se busca conhecimento, informação, excelência e inovação todos aqueles que participam ganham.
Temos muito a comemorar, portanto, a dedicação de todos os participantes, seus professores orientadores, suas escolas e suas universidades. A vitória dos jovens premiados que se dedicaram ao trabalho exaustivo da pesquisa científica e da produção de conhecimento é uma vitória que devemos todos reconhecer. E, sobretudo, destacar a parceria, o comprometimento de empresas que fizeram a diferença, como é caso da Gerdau, da GE e da Fundação Roberto Marinho. Todas essas três instituições trabalharam e contribuíram, ao apoiar esse prêmio, para construção de um Brasil mais preparado para as próximas décadas. Mostram um comprometimento com o país e uma perfeita compreensão do sentido da responsabilidade social e educacional, científica e tecnológica das empresas.
Devemos celebrar também mais uma etapa vitoriosa de um projeto importantíssimo cujo objetivo é criar, através do exemplo, uma numerosa geração de jovens e pesquisadores.
Nós temos feito o possível para que isso aconteça. Nós temos promovido a maior expansão da rede federal de educação superior e tecnológica de nossa história, orientada para a interiorização e a descentralização das oportunidades em todas as regiões do país. Democratizamos e ampliamos o acesso dos jovens às universidades, o ProUni e o Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies, já beneficiaram 2,4 milhões jovens de famílias de baixa renda, que de outra maneira, provavelmente, não conseguiriam entrar numa universidade. O Enem teve 7,2 milhões de inscritos este ano, e a cada edição se consolida como a forma mais justa e meritocrática de acesos ao ensino superior. O Ciência Sem Fronteiras está oferecendo a jovens graduados de todo o Brasil a oportunidade de estudar no exterior, nas melhores universidades do mundo. O único critério é uma boa nota no Enem. Já concedemos 60 mil bolsas para jovens brasileiros nas melhores universidades de 39 países do mundo. Ao que parece, um dos alunos premiados que não compareceu aqui era beneficiário do Ciência Sem Fronteiras e está estudando lá fora. Estamos estimulando o surgimento de uma geração de mestres, doutores, cientistas, pesquisadores e tecnólogos que serão os protagonistas do salto que queremos e vamos dar no desenvolvimento científico e tecnológico do país e na competitividade de nossa economia.
Com investimentos crescentes em educação da creche à pós-graduação, estamos mudando o Brasil. A decisão histórica de destinar 75% dos royalties do petróleo e 50% do excedente em óleo que o pré-sal, por meio do modelo de partilha consegue arrecadar, para a educação. Tudo isso vai nos permitir fazer ainda mais, pois mais acesso à educação de qualidade é o único caminho para um Brasil cada vez mais desenvolvido.
Parabéns aos nossos jovens cientistas, vocês estão contribuindo para o avanço de nosso país. Parabéns às instituições educacionais que aqui foram premiadas. Muito obrigada aos nossos parceiros e agradeço a todos os presentes por essa cerimônia que é na verdade mais um momento de oportunidade para todos nós construirmos um patrimônio que vamos legar aos nossos netos. Educação de qualidade para uma vida melhor. É isso que nós queremos aqui para todos.
Muito obrigada.
Ouça a íntegra (15min50s) do discurso da Presidenta Dilma