Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de inauguração da HT Micron - São Leopoldo/RS
São Leopoldo-RS, 07 de junho de 2014
Eu queria iniciar aqui cumprimentando o nosso governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, Cumprimentar o ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra,
Cumprimentar o prefeito de São Leopoldo, e senhora, Anibal Moacir da Silva
Cumprimentar o nosso querido presidente da HT Micron e senhora, Ana Celina Felizzola e o Ricardo Felizzola
Cumprimentar o senhor Chang Choi, presidente do Conselho da HT Micron, e a senhora MoonSook Oh.
Cumprimentar o embaixador da Coréia, Bon-woo Koo
Cumprimentar o padre Marcelo Aquino, reitor da Unisinos,
Cumprimentar o senhor José Fortunati, prefeito de Porto Alegre, e a primeira-dama Regina Becker.
Cumprimentar os ministros de estado: Henrique Paim, da Educação; Clélio Campolina Diniz, da Ciência e Tecnologia; Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário; e Gilberto Occhi, das Cidades.
Cumprimentar os deputados federais: Ronaldo Zulke e Henrique Fontana.
Cumprimentar o ex-prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi
Cumprimentar o presidente estadual da CUT, Claudir Nespolo,
Cumprimentar o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Jorge Ademar Correia,
Cumprimentar o presidente Jorge Gerdau, presidente do Conselho da Gerdau,
Cumprimentar o presidente do sistema Fiergs, Heitor Müller,
O presidente do Conselho de Administração da RBS, Nelson Sirotsky,
O presidente do Grupo Sinos, Mário Gusmão,
Cumprimentar as senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Senhoras e senhores, antes eu queria saudar aqui os estudantes que o Padre Marcelo Aquino, reitor da Unisinos, tanto se orgulha e eu também me orgulho, os estudantes do Ciências Sem Fronteiras aqui da Unisinos. Então, saúdo vocês. Depois a gente tira junto uma boa foto.
Eu fico muito feliz de estar aqui no Rio Grande do Sul, aqui nesse projeto, que hoje é uma realidade e que o morador que me antecedeu disse que é uma comemoração da boa parceria. De fato, aqui nós temos a boa parceria. A boa parceria que é essa que se comemora hoje entre, de um lado, uma empresa brasileira e de outro uma empresa coreana: a HT Micron reflete essa parceria. E tem também aqui a parceria que envolve os distintos níveis de governo, como é o caso da União, do estado e do município. Eu acredito que esse projeto, essa fábrica, esse empreendimento, ele é bastante significativo. Nada mais, nada menos que 9,2 mil metros quadrados, aqui, dentro da universidade, refletindo outra parceria; a parceria entre empresa e universidade.
Nós sabemos que para ter um projeto de inovação consistente é necessário que haja esta relação, principalmente quando se trata de área de inovação, entre empresas privadas, geradores de tecnologia - muitas vezes internacionais -, institutos tecnológicos e científicos de universidades e todos os incentivos que é possível se construir através de políticas de governo.
Eu, enquanto ministra-chefe da Casa Civil, estive envolvida numa discussão muito forte dentro do governo, que envolvia a Ceitec, naquela época a discussão a respeito da internalização, no Brasil, da cadeia de semicondutores. E uma das exigências era o número de doutores e de mestres para se criar o ambiente necessário para a incorporação e transferência de tecnologia.
Acredito que esse é o processo que encontra aqui, na HT Micron, um momento de grande realização. Sempre as coisas ocorrem num processo. Mas aqui nós temos o exemplo do que é possível fazer quando se encontra um empreendedor, quando se encontra um empreendedor que vai ser o suporte nacional da organização desse processo. Eu quero cumprimentar o Felizzola e o Gerbase. Os dois são aquele ingrediente sem o qual os projetos não ocorrem. Sempre é necessário que haja um polo, um polo que atraia, que garanta e que assegure que o processo tenha continuidade. Isso ocorre em todas as áreas que nós tivemos sucesso na transferência de tecnologia. Ocorreu no caso da Embraer, ocorreu no caso de todos os processos de prospecção e exploração de petróleo em águas profundas e ocorre aqui, no caso, da indústria de semicondutores.
Eu acredito que aqui se gerará vantagens competitivas para outras cadeias produtivas que utilizam circuitos integrados. Aqui, nós podemos, de fato, estar internalizando uma parte significativa da cadeia produtiva de semicondutores. Por isso, a joint venture entre o grupo gaúcho Parit e a empresa sul-coreana Hana Micron, para criar a HT Micron e implantar esta unidade fabril, aqui em São Leopoldo, deve ser saudada, como deve ser saudada a Unisinos e o reitor da Unisinos, o padre Marcelo Aquino. Aqui na Unisinos, uma universidade que alguns dos ministros têm a honra de ter cursado, né, Padre Marcelo? O ministro Rossetto e se eu não me engano, o ministro Paim, o da Educação e do Desenvolvimento Agrário, aqui nós temos um exemplo especial, no caso do Rio Grande do Sul, que são as universidades comunitárias. E agora, né, Padre Marcelo, nós temos a garantia do Proies, e como isso, as melhorias das condições para essa universidade.
Mas, eu acredito que a transferência de tecnologia vai ser um marco para a indústria brasileira e vai propiciar o desenvolvimento de novos produtos e processos, a formação de pesquisadores e de trabalhadores. E aqui, eu queria dizer para os senhores que, nesse processo, nós estamos imensamente empenhados. Cada vez mais, a educação no Brasil vai ter um papel estratégico. De um lado, para assegurar a permanência, a perenidade, a garantia que não se volta atrás no fantástico processo de desconcentração da renda ocorrido no nosso país nos últimos 11 anos. Esse processo que elevou para as classes médias uma população equivalente à da Argentina, ou um pouco mais até que a da Argentina, 42 milhões de pessoas ascenderam à classe média e 36 milhões de pessoas foram retiradas da miséria, da pobreza extrema. Para assegurar esse processo só há um caminho: o caminho da educação. Para tornar este processo irreversível só tem um caminho: o caminho da educação. E isso significa que cada vez mais nós precisaremos também nos dedicar ao outro processo simultâneo que a educação permite, que é a formação educacional de cientistas, de pesquisadores, de técnicos, para que nós possamos entrar em definitivo na economia do conhecimento e tratar a questão da inovação como a questão central do nosso país. Por isso, eu acredito que este fato hoje mostra claramente a importância do Ciência Sem Fronteiras. E aqui eu queria destacar, agradecer e cumprimentar mais uma vez o Padre Marcelo, porque a Unisinos se destaca com 217 bolsas concedidas no Ciência Sem Fronteiras, em 17 países, sendo que a Coréia do Sul e os Estados Unidos e o Reino Unido são onde se localizam as universidades mais procuradas.
Queria também me referir a algumas parcerias decisivas que tiveram a presença do governo federal, me refiro ao financiamento do BNDES para a construção da fábrica. E aqui eu queria cumprimentar uma pessoa, queria cumprimentar o Glauco Arbix, presidente da Finep, por favor, Glauco, você queira se levantar. Os recursos da Finep, a nossa agência de inovação, ao apoiar os projetos de encapsulamento e testes de semicondutores também foram um apoio que nós demos para realizar esse sonho do Felizzola e do senhor Choi.
Além disso, os benefícios do Padis, e o Padis é um programa que desonera de tributos os equipamentos e os aparelhos aqui utilizados, enfim, que simplesmente elimina os tributos desses equipamentos e desses aparelhos. Tudo isso é um orgulho para nós e eu acredito que, nós, e eu acredito que nós, os governos, o governo federal e o governo do estado com o Badesul e toda a secretaria de Desenvolvimento e Ciência e Tecnologia, cumprimos o nosso papel. O nosso papel e o nosso compromisso, o compromisso com o que nós consideramos fundamental para o futuro do Brasil que é garantir as melhores condições para o investimento produtivo privado na inovação tecnológica garantindo e assegurando a competitividade da nossa indústria. Garantindo e assegurando que nós continuaremos na trilha da criação de empregos, de empregos cada vez mais qualificados e, ao mesmo tempo, continuando e aumentando e ampliando a nossa capacidade de gerar renda para as famílias brasileiras. Acredito que aqui no Sul do país, aqui em São Leopoldo, se constitui um eixo muito importante na indústria de semicondutores.
Além de São Leopoldo, cidades como Porto Alegre, Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Florianópolis, em Santa Catarina, e Pinhais, no Paraná, estão colocando essa região do Brasil com imenso destaque no mapa nacional. Como uma alusão ao Vale do Silício, eu escutei aqui pessoas chamando a região de vale do Sul-lício, num infame trocadilho, mas trocadilho serve para a gente não esquecer que aqui nós podemos, de fato, estar estruturando um Vale do Silício brasileiro. Nós reconhecemos que no Rio Grande do Sul foi a implantação do Ceitec, uma fábrica pública de semicondutores que desencadeou um processo extremamente virtuoso. E agora a chegada da HT Micron coloca este processo numa outra dimensão e num novo patamar. Quero dizer para vocês que eu tenho certeza que nós teremos aqui um processo extremamente rico e diversificado. E, por isso, quero também dizer que nós vamos continuar apoiando a cooperação do Brasil com a Coreia, a cooperação entre instituições de ensino e de pesquisa, e o setor privado. O ministro da Ciência e Tecnologia tem uma preocupação centrada justamente nesse caráter empreendedor da inovação, no caso da relação entre centros de pesquisa e indústria.
Por isso, eu acredito que iniciativas como a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, a Embrapii, que já iniciou as suas atividades, terá papel de destaque no fomento à cooperação entre empresas e instituições de pesquisa.
Além disso, o Inova Empresa, que em apenas um ano lançou 12 editais para os quais se inscreveram mais de 2600 empresas, contando com a participação de 223 instituições de ciência e tecnologia. Portanto, junto com o BNDES, junto com a Finep, que contrataram R$ 16 bilhões em planos de inovação e outros 23,4 bilhões em contratação. São iniciativas estratégicas como essa que mudam a dimensão e o patamar das políticas de apoio à inovação no Brasil. E a experiência da HT Micron e da Unisinos mostra que este é o caminho para darmos um salto tecnológico necessário para que entremos na economia do conhecimento, para que levemos maior competitividade à nossa indústria e a continuidade do nosso desenvolvimento sempre sustentando na distribuição de renda, e neste processo de inclusão social que tem por objetivo transformar a nossa população, a nossa população trabalhadora, em técnicos; a nossa população, em cientistas, pesquisadores, universitários, eu repito, em técnicos, porque, hoje, por exemplo, eu assisti dentro da HT Micron essa convivência de engenheiros com técnicos de alto nível.
Queria dizer que este é o nosso caminho. Muito obrigada.
Ouça a íntegra do discurso (19min15s) da presidenta Dilma