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Segunda participação da Presidenta da República, Dilma Rousseff, no Forum CEO das Américas

Cartagena das Índias-Colômbia, 14 de abril de 2012

 

O modelo que eu acredito, que é o modelo adequado, é o modelo de parceria, mas de diálogo entre iguais. Eu acredito que, no passado, as relações assimétricas entre o Norte e o Sul foram responsáveis por processos muito negativos em nossos países. Mesmo que nós não possamos e não devamos voltar atrás e nos impregnar de padrões e raciocínios do passado, é importante que se diga que, durante um período muito grande, no caso dos últimos anos, durante 20 anos, a América Latina viveu em recessão, desemprego, ampliação da desigualdade e, o que é pior, a ausência da perspectiva de crescimento.

Esse processo recente que ocorreu na América Latina é um processo de afirmação da importância da sua população. Hoje quando você, ali, me disse que o Brasil tinha de ser cumprimentado por ser o sexto, pelo sexto Produto Interno Bruto do mundo, eu te disse que eu acreditava que esse é um bom cumprimento. Mas um governante e um país e seus empresários têm de responder uma pergunta: para quem? Para quem nós temos o sexto PIB do mundo? Tem que ser para a população brasileira. E aí eu concordo tanto com o que disse o presidente Obama como o que disse o presidente Santos a respeito de empregos e, sobretudo, a respeito de distribuição de renda. No Brasil, não basta só a gente criar empregos. Nós temos, além de criar empregos, crescer a ponto de ter condições de distribuir renda.

Por isso, eu acredito que o crescimento virtuoso é, aliás, o relacionamento virtuoso é o relacionamento que respeita a soberania dos países e mais, que olha o desenvolvimento recíproco como sendo um elemento crucial. E nós temos condições de ter esse desenvolvimento.

Eu queria enfatizar a educação. Queria enfatizar o fato de que a educação de qualidade se constitui no grande objetivo dos nossos governos latino-americanos. Porque isso significa a capacidade dos nossos países de serem, de fato, independentes, de serem capazes de agregar valor, de gerar ciência, de gerar tecnologia, de gerar inovação. Nós não podemos nos contentar, apesar de ser muito importante, de sermos produtores de matérias-primas, alimentos e energia em bruto. Nós temos de ter a ambição de sermos países que nesse Século XXI se relacionam com os demais países dentro de uma visão que esse Século XXI é o século do conhecimento. Esse Século XXI é o século em que o principal desafio é que nós sejamos capazes de criar sociedades em que as nossas populações tenham acesso, talvez, ao que é a, eu diria assim, o maior e o melhor produto do crescimento equilibrado de um país, que é garantir oportunidade para todos e, sobretudo, garantir educação.

Se nós não formos capazes de assegurar educação, capacitação da mão de obra, uma indústria capaz de agregar valor, de ser competitiva e, sobretudo, de ser produtiva, em termos de que tem uma produtividade elevada, nós não geraremos as condições de nos transformarmos em nações desenvolvidas. O Brasil quer se transformar em nação desenvolvida e, para isso, não basta o PIB crescer a 6%. Daí porque nós temos de ter processos integradores, daí porque é importante a relação Norte-Sul, daí porque uma relação mais equilibrada entre os países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento é uma ação que vai beneficiar a todos. Porque vocês imaginam esse continente com 700, mais de 700, quase 1 bilhão de pessoas, o que seria esse continente com pessoas capazes sendo de produzir, de consumir, mas, sobretudo, pessoas educadas, com condições de agregar valor.

Eu vejo nessa parceria entre nós uma parceria necessariamente entre iguais. Ninguém produz ciência, produz conhecimento, produz educação de qualidade entre pessoas ou entre países que um é superior ao outro. Nós todos temos experiência disso. Nós somos países coloniais, todos, incluindo o próprio Estados Unidos, que teve uma campanha de independência e teve de ir à guerra civil defendendo a sua soberania. Todos nós sabemos que não há diálogo entre pessoas e entre países desiguais. Só há diálogo efetivo, só há troca efetiva, e só há cooperação efetiva se nós nos colocarmos como sendo países que dependem uns dos outros para tornar esse mundo mais próspero.

E aí tem uma coisa importante, que a gente tem sempre de destacar. Esse é um país que viveu 140, aliás, esse continente viveu 140 anos em paz. Nós não temos, recentemente, estágios de conflito, de guerra, de diferença religiosa. E isso cria as condições institucionais para que nós prossigamos no rumo da prosperidade. E eu concordo, e acho aqui, louvo o presidente Obama pela iniciativa do governo aberto. Acho que é fundamental para os nossos países a prática da transparência, a prática do monitoramento, do controle, da verificação. Não só para o ambiente de negócios, mas, sobretudo, para que a gente garanta serviços públicos de qualidade para nossas populações. Para que a gente possa dar educação de qualidade, nós teremos de ter também um padrão de meritocracia nas nossas atividades como Estados e governos, um padrão de eficiência, um padrão de respeito ao cidadão. Eu acho uma excelente iniciativa essa que o presidente Obama teve no que se refere ao governo aberto e da qual o Brasil é co-presidente.

ouça a íntegra do discurso (07min15s) da Presidenta Dilma