Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, após cerimônia de entrega de 920 unidades habitacionais do Condomínio Solar da Princesa 3 e 4, do Programa Minha Casa Minha Vida - Feira de Santana/BA
Feira de Santana-BA, 25 de fevereiro de 2015
Jornalista: Presidente, ao que a senhora seu deu a… ao rebaixamento da Petrobras, essa informação?
Presidenta: Olha, eu acho que é uma falta de conhecimento direito do que está acontecendo na Petrobras. Agora, eu não tenho dúvida que a Petrobras vai ser uma empresa com grande capacidade de se recuperar disso, sem grandes consequências. Agora eu queria falar mesmo…
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Não, não acredito. Mas eu queria falar sobre o programa que eu vim fazer aqui.
Jornalista: Só mais uma coisa, sobre essa avaliação redutiva da Petrobras, como a senhora avalia isso?
Presidenta: Acabei de responder isso... em todo caso, torno a responder
Jornalista: A senhora acha correto... (incompreensível)
Presidenta: Eu acho que o governo sempre vai tentar evitar o rebaixamento, isso é absolutamente natural. Nós só lamentamos que não tenha tido correspondência por parte da agência. Mas eu acho que isso está superado.
Jornalista: Mas o aumento dos combustíveis, a senhora acha que vai desgastar mais o governo, presidenta? Está havendo cartel nesse caso dos combustíveis?
Presidenta: Eu estou achando que tem algum problema porque não tem aumento previsto de combustível.
Jornalista: O governo avalia abaixar o preço do diesel como querem os caminhoneiros?
Presidenta: Não, o governo não tem como baixar o preço do diesel. É interessante essa história de combustível. Nós passamos o ano de 2013 e 2014 sobre um conjunto de críticas dizendo que o governo e a Petrobras tinham de elevar o preço da gasolina e do diesel. Aí, de repente, agora… não elevamos, passamos todo o período de R$ 100 a 120… aliás, de U$$ 100 a 120 o barril, tanto do brent quanto do WTI, sem mexer, significativamente, nos preços dos combustíveis. Agora também não mexemos, o que fizemos foi recompor a Cide, isso nós fizemos, recompor a Cide. E não elevamos uma vírgula o preço dos combustíveis, nem abaixamos porque agora, a política sempre é melhor em relação a combustível quando ela é estável. O que não é possível é submeter o país aos altos e baixos da política de petróleo, se voltar a subir também nós não estamos pretendendo mexer no preço agora, ele tem oscilações, vocês podem ver se vocês acompanharem o mercado. Agora eu queria falar sobre o Minha Casa, Minha Vida...
Jornalista: Incompreensível.
Presidenta: Não… Eu vou falar sobre Minha Casa, Minha Vida. Eu vim aqui e eu acredito que é muito importante que as pessoas percebam que o Minha Casa, Minha Vida, ele vai continuar. Ele é um programa que deu acesso, talvez um dos maiores programas habitacionais do mundo. Muitas vezes aparecem notícias nos jornais: tem um defeito aqui, tem outro defeito ali. Todo programa social tem defeito, todo programa. Todo programa social precisa de correção, sempre e sistematicamente.
Como se faz um programa… Nós já chegamos a contratar 3 milhões 750 mil moradias, nós já chegamos a esse contrato e agora vamos abrir mais 3 milhões. Serão 6 milhões 750 mil moradias. Em cada um dos programas, nós viemos melhorando a qualidade deles, aperfeiçoando, olhando como as casas aumentam, como a qualidade dos materiais é melhor. Nós, progressivamente, vamos fazendo alterações. Por que eu insisto nisso? Porque isso se faz em todas as áreas. Durante a campanha eleitoral nós retiramos 1 milhão e 200 ou 300 mil famílias, em torno disso, do Bolsa Família. Por quê? Porque as pessoas tinham ultrapassado a renda mínima. Elas não… ou aumentaram seu emprego e sua renda, e, portanto, elas não se caracterizavam mais como pessoas do Bolsa Família. Então, é fundamental que um governo faça isso. É fundamental que sempre ele foque no programa. Por quê? O que não está certo é quando você faz um programa e pessoas que não são beneficiárias legítimas recebam os benefícios. Então, eu falo isso porque isso é sempre necessário no governo. Então, o que nós temos feito? Medidas corretivas. Temos, sim, medidas corretivas. Pensão por morte: nós não podemos deixar que uma pessoa, por mais que eu seja a favor do amor, viu gente? Eu sou a favor do amor em qualquer idade, acho que todo mundo tem direito até um minuto antes da inexorável morte, de procurar ser feliz. É algo que nos diferencia como seres humanos. Então, eu não estou falando isso sem considerar que tem casos que são absolutamente justificáveis. Mas, como tem vários casos desse tipo... uma senhora de 78 anos se casa com um menino de 21. Ele não tem porque receber durante a vida toda uma pensão. Não existe país no mundo que faça isso. Não existe, isso não existe. A mesma coisa é quando se trata de qualquer ganho - como esse que eu dei exemplo, do Bolsa Família - que não é justificável. Então, fazer essas correções são absolutamente necessárias. Mas nós temos também de fazer ajustes. Ajustes que são conjunturais, momentâneos, que dizem respeito à melhoria das condições de crescimento do país. Os ajustes são… Nós fizemos, por exemplo, várias vantagens tributárias, reduzimos a Cide, por exemplo. Eu não sei se vocês sabem que existia a Cide e nós retiramos a Cide quando a parte dura da crise começou. Quando a parte dura da crise começou, nós baixamos a Cide para poder ter um enfrentamento da crise. Agora nós achamos que é hora de voltar com a Cide. É interessante porque quando nós baixamos a Cide, recebemos críticas; aí, nós voltamos com a Cide, nós tornamos a receber críticas. A mesma coisa com impostos. Nós fizemos uma série de medidas, algumas que vão ser permanentes, ou seja, a estrutura da tributação vai ser permanente. Outras que vão flutuar conforme a conjuntura.
Então, o que nós estamos fazendo é o seguinte: preparando o Brasil para um novo ciclo de crescimento. O nosso compromisso é um só: é emprego, é salário e é renda para as pessoas. Agora, dentro desse compromisso tem algumas coisas que são estratégicas. Eu vou dizer para vocês: uma… no meu discurso de posse, no segundo mandato, eu disse que o Brasil ia ser uma pátria educadora. Eu quero dizer para vocês que o Brasil será uma pátria educadora. O foco desses quatro anos, em termos de política social, além de manter as que nós temos e que fizemos com êxito, eu acho que o Minha Casa, Minha Vida, é um programa exitoso. Acho que o Bolsa Família é um programa exitoso. O Mais Médicos foi um programa exitoso, inclusive, é uma coisa fantástica ver que desta, agora, os médicos brasileiros são uma parte expressiva do Mais Médicos, progressivamente você vê os médicos brasileiros assumindo papel de destaque no Mais Médicos.
Então, o que eu queria dizer para vocês é isso. Eu estou aqui e acho essa cerimônia simbólica porque você olha quantas mulheres daqui a uma semana… duas semanas. Não, uma semana; essa e mais a outra, vem o Dia Internacional da Mulher, dia 08 de março. Quantas mulheres hoje são mães solteiras, com filhos pequenos, sem a estrutura integral de um lar. Por que tem de ter pátria educadora? Porque uma parte a escola tem de complementar. Uma parte disso a escola brasileira vai ter de complementar e ela não é só para as pessoas mais pobres. Para o meu filho, aliás, eu não tenho filho, mas eu tenho neto, neto e filho, como eles dizem, com assistência técnica, porque o pai e a mãe cuidam, mas um neto ou uma criança de classe média, uma criança de classe mais pobre no Brasil, ela tem de ter uma perspectiva sistemática de educação de qualidade. Esse será um outro programa que nós vamos lançar e será muito importante.
Jornalista: Aqui a senhora falou sobre seu compromisso com o povo pobre desse país…
Presidenta: Nós temos.
Jornalista: Aqui, na Bahia, a cesta básica aumentou em janeiro em relação ao mês dezembro, 11,71%, um aumento que foi maior, por exemplo, do que São Paulo. Como a senhora...
Presidenta: Isso sempre acontece. Você sabe que ao longo do tempo...
Jornalista: Os economistas dizem que é culpa também do clima e da inflação. Como a senhora pretende controlar esse problema?
Presidenta: Olha, eu vou dizer para você uma coisa: a variação da cesta básica eu acompanho há muito tempo. Então, você tem grandes oscilações da cesta básica, tem momentos em que o estado tem um aumento maior, aliás, um estado não, uma cidade, porque ela é medida em cidades, uma cidade tem um aumento maior do que a outra cidade. Isso depende muito. Se você tem um momento de seca, você tem um efeito direto nos preços dos alimentos. Cesta básica é alimento. E cesta básica, preço de alimento com seca e tudo influencia a inflação. A inflação é efeito da cesta básica, é efeito do aumento de preços. No Brasil nós temos dois fatores extremamente problemáticos, nós estamos passando por isso, uma conjuntura extremamente problemática. Uma é a seca. E a seca, hoje, não é só Nordeste. Aliás, se a gente for olhar, o Nordeste tem toda uma tecnologia de convívio com a seca que os outros estados da federação não têm; você tem hoje seca no Sudeste, esta é grave. Isto afeta, o problema da água afetará tanto o custo dos produtos alimentícios, como o custo dos produtos em geral por conta da energia elétrica.
Jornalistas: incompreensível.
Presidenta: Só uma coisinha: eu geralmente não espero nada, eu não espero nada. Eu só analiso.
Ouça a íntegra da entrevista (11min42s) da Presidenta Dilma