Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, após encontro com a Delegação Brasileira nos Jogos Sul-Americanos - Viña del Mar/Chile
Viña del Mar-Chile, 11 de março de 2014
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Presidenta: Olha aqui, eu vou te falar uma coisa: o PMDB só me dá alegrias.
Jornalista: ... daqui para frente vai ter mais alegrias, inclusive...
Presidenta: Posso falar uma coisa? Daqui para frente... esse é um ano muito especial. Primeiro, porque nós temos a Copa. E eu tenho a convicção que ela vai ser uma Copa fantástica. Segundo, porque nós temos essa preparação para os Jogos Olímpicos. Eles estão me dizendo que ganharam até hoje... nós somos o primeiro lugar, nós ganhamos 37 medalhas. O próximo atrás de nós ganhou 17, que é a Argentina. E veja você que eu estou falando de medalhas de ouro. E uma ótima notícia para nós, viu, meninas: as mulheres tiveram um desempenho excepcional e fantástico.
Jornalista: Falar em mulher, a senhora se encontra hoje com a alma gêmea da senhora que é a presidenta Bachelet, uma mulher novamente no poder no Chile ...
Presidenta: Olha, eu acho que é um momento especial. Veja que esse continente é um continente que está dando passos expressivos no sentido de se afirmar. E aqui nós temos a eleição, e agora a posse da Michelle Bachelet pela segunda vez. A Michelle Bachelet, ela teve um excepcional governo no seu primeiro mandato, foi diretora-executiva da ONU Mulher. Eu acho que a ONU Mulher é um momento fantástico para nós mulheres. E é o reconhecimento que esse século – eu sempre digo isso – esse século é do Brasil e esse século é das mulheres. Eu acho que, aqui no Chile, também é o século das mulheres. E para nós é um momento assim de muito orgulho estar aqui vendo mais uma vez uma das líderes mais importantes da América Latina assumir a direção de um país como o Chile. O Chile tem todo um significado para o Brasil. Primeiro porque durante algum tempo ele foi o porto seguro para muitos brasileiros e brasileiras que durante a ditadura aqui se asilaram e encontraram proteção. Depois pelo que o Chile tem de relação com o Brasil. Eu acho que essa relação é uma relação que nós vamos querer ampliar, é um processo de relacionamento que significa não só investimentos diretos de empresas brasileiras aqui, mas de empresas chilenas lá no Brasil. E também é o grande processo de integração regional. Porque a integração regional, ela serve para várias coisas, mas, sobretudo, para construir um ambiente de desenvolvimento, de inclusão social e de democracia nos nossos países.
Jornalista: E é isso que se espera agora com a nova presidente na medida em que ela tem como desafio a redução das desigualdades sociais e inclusão dessas classes mais baixas ...
Presidenta: Tem toda razão. Eu acho que esse é o desafio dela e o de cada um de nós: presidentas e presidentes dessa região. Porque é uma região que historicamente teve um grau de desigualdade muito grande – ainda tem. Então, enfrentar isso, por exemplo, no Brasil... eu tenho, por exemplo, um orgulho muito grande com o que eu chamo da construção do caminho de oportunidades para os jovens, que é você, primeiro, através do Enem, poder fazer aquele vestibular. Você faz um vestibular, na verdade, que significa 115 vestibulares. Eu fico pensando na nossa época. Todas nós aqui fizemos algum dia vestibular e sabíamos que era para um lugar só que se tinha de ir lá presencialmente e fazer sua prova. Hoje, entra-se na internet e através da internet você tem acesso, com a sua nota do Enem, a todas as universidades públicas gratuitas. Caso não tenha sucesso nessa parte passa-se para o Prouni, caso não se tenha sucesso no Prouni, se obtém o financiamento do Fies, para pagar em três vezes o tempo do seu curso mais um ano, ou seja, se for quatro anos o seu curso, você vai pagar em treze anos. No fim, você tem agora o Sisutec. O que é o Sisutec? Você faz um concurso para o curso tecnológico. E se nada disso der certo você pode fazer um curso técnico especializado de um ano e meio a dois que te forma em técnico de alto nível no Pronatec. Então, esse caminho das oportunidades criou um conjunto de opções para os nossos jovens, homens e mulheres, aqui...
Jornalista: ... o Maduro cancelou a viagem dele para cá. O que a senhora espera da reunião da Unasul?
Presidenta: Olha, o que vai acontecer... já estava previsto isso, até porque nós estamos em um momento de posse, então os presidentes não vão se reunir. Mas os presidentes mandataram os seus ministros de Relações Exteriores para amanhã fazer uma reunião, criaram uma comissão que pode ser, inclusive, todos os países de região, representantes de todos os países da região, e fazer a interlocução pela construção de um ambiente de acordo, de consenso, de estabilidade lá na Venezuela. É isso que vai acontecer... o fato de não vir um ou outro presidente não vai interromper esse processo, porque serão os chanceleres e não os presidentes. Até por uma questão simples: é um momento de posse, nós estamos comemorando a posse dela. Então, é mais correto que sejam os chanceleres a fazer.
Jornalista: ... manutenção da ordem democrática na Venezuela...
Presidenta: Sempre nós vamos procurar manutenção da ordem democrática. Vocês vejam que quando foi o caso do presidente Lugo, houve um momento de stress, esse momento de stress hoje foi superado com a perfeita inclusão do Paraguai com o novo presidente eleito democraticamente, presidente Cartes, que, inclusive será, necessariamente, pelo rodízio, o próximo presidente do Mercosul.
Jornalista: Quando isso vai acontecer?
Presidenta: Gente, agora eu tenho de ir. Eu tenho de ir, vocês não vão querer que eu faça o papel feio de chegar atrasada na posse dela.
Jornalista: Presidenta, obrigado.
Presidenta: Beijos para vocês. E olha, torça por eles viu, dá uma forcinha lá para eles, dá um espaço. É o orgulho nosso eles terem 37 medalhas de ouro, 37 medalhas de ouro. Estamos batendo todos os recordes. Lembrando bem: o próximo tem 17.
Ouça a íntegra da entrevista (06min49s) da Presidenta Dilma