Entrevista concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, às rádios FM Diário e Líder FM, de São José do Rio Preto - São José do Rio Preto/SP
São José do Rio Preto-SP, 04 de abril de 2014
Jornalista: Bom dia ouvintes da rádio Líder FM e Grupo Diário de Comunicação. Menos de três anos, Rio Preto recebe a visita da presidenta Dilma Rousseff para, mais uma vez, anunciar investimentos importantes na cidade. É com muito prazer que o departamento de jornalismo da Líder e do Grupo Diário conversam agora com a presidenta Dilma, que nos concede entrevista ao vivo aqui, do aeroporto municipal. Bom dia, Presidente, é um prazer tê-la em nossos microfones.
Presidenta: Bom dia, Rafael Ferrari. Bom dia, rádio Líder FM. Bom dia ouvintes aqui de São José do Rio Preto. É um prazer estar aqui, viu, gente? Bom dia, Alexandre Gama. Bom dia, rádio FM Diário. Bom dia, mais uma vez, São José do Rio Preto.
Jornalista: O prazer é todo nosso, Presidenta. Presidenta, a senhora esteve aqui em 2011, na cidade, para inaugurar, na ocasião, 2.491 casas no Nova Esperança. Desta vez são 2.508 casas nos loteamentos Lealdade e Amizade, ambos no distrito de Talhado. Ao todo, o governo federal liberou aqui em Rio Preto, para estes empreendimentos R$ 173 milhões pelo programa Minha Casa, Minha Vida. O atual prefeito diz que a cidade tem um déficit de 10 mil moradias. No atual governo, que ele já está no segundo mandato, ele conseguiu construir mais ou menos de 6 mil a 6.500 moradias, ele pretende zerar esse déficit. A senhora assegura que é possível isso nesse seu mandato? Ainda há possibilidade de mais moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida, presidenta?
Presidenta: Primeiro, Rafael, esse programa é um programa do governo federal. O governo federal até agora tem, aqui, com essa entrega de hoje, de 2.500 moradias, nos parques residenciais Lealdade e Amizade, aliás, duas palavras belíssimas, não é, fundamentais na vida, nós chegamos a um total entregue, a partir de hoje, de 12.600 moradias. O que está acontecendo? Já está acontecendo porque a Caixa é que administra esse programa e nós subsidiamos o programa, o governo federal.
Nós temos mais 9.300 moradias – talvez o prefeito não saiba porque é um programa, de fato, que é federal – contratadas, e estão em diferentes fases já. Então, para você ter uma ideia, quando a gente encerrar esse período, nós teremos 21.900 moradias aqui – e eu tenho muito orgulho disso – aqui, só em São José do Rio Preto. Isso significa, fazendo uma conta simples, multiplicando por 4, vamos supor que em cada moradia tenha 4 pessoas, 87 mil pessoas. O que eu calculo, dá mais ou menos 1/5 da população aqui de São José.
Nós vamos fazer o Minha Casa, Minha Vida 3, o governo federal fará o Minha Casa, Minha Vida 3, mas nós agora estamos entregando a Minha Casa, Minha Vida 2, que é o que eu prometi no meu período de governo. Nós temos um compromisso de entregar 2 milhões e 750 mil de moradias. É o maior programa federal de habitação feito no país. Esses 2 milhões 750 mil estão na seguinte situação: nós já entregamos 1 milhão e 700 mil moradias, e está em construção, em fases variadas, inclusive essas 9 mil que estão em construção aqui, mais 1 milhão e 600 mil moradias, totalizando, portanto, 2 milhões e 300 mil. Nós temos a construir até o final do ano 450 mil. Eu te asseguro que São José é, sem dúvida nenhuma, uma das cidades, um dos municípios mais bem contemplados do Minha Casa, Minha Vida.
Jornalista: Presidente, bom dia. Em dezembro do ano passado um acidente envolvendo um trem de carga matou 8 pessoas aqui em Rio Preto. Na ocasião, órgãos federais como a ANTT prometeram agilidade no processo de conclusão de um contorno ferroviário. Mas, recentemente, o DNIT rescindiu o contrato para a elaboração do projeto executivo dessa obra. Com a interligação da Norte-Sul com o ramal de Rio Preto, a expectativa é que se quadruplique o número de comboios de carga pesada. Qual a possibilidade desse contorno sair ainda no seu governo? E ele pode ser incluído no PAC?
Presidenta: Primeiro, eu vou começar pelo fim da pergunta. Ele vai ser incluído no PAC. Por que o DNIT cancelou o contrato? Porque nós tínhamos... e tínhamos uma visão do que tinha de fazer do contorno, um contorno pequeno. Diante do fato da chegada da Norte-Sul, olhando o todo, o que nós vimos? Que não dava para fazer contorno pequeno coisíssima nenhuma. Que o contorno, de fato, tinha de ter 40 km. E tinha de incluir Rio Preto, Cedrau e Mirasol, os três; Rio Preto, Cedrau e Mirasol. Portanto, é um contorno um pouco mais complexo, agora, ele é importantíssimo porque é uma solução que não é parcial, é uma solução definitiva. Nós vamos incluí-lo no PAC porque certamente ele será um contorno caro, e portanto ele é um contorno necessário aqui para a região. Então, esse dois... essas duas razões, necessário e importante para a região, para as pessoas e para toda a população para impedir, justamente, o que você disse, esses acidentes com mortes, nós vamos incluí-lo no PAC. É importante saber que ele exige um grande volume de sondagens e exige um levantamento topográfico muito preciso. Daí porque o DNIT cancela aquele, porque poderia editar, nós pensamos em editar o contrato, mas não dava porque o custo vai ser maior.
Então, eu quero te dizer o seguinte: concluído no meu governo que acaba em 2014, é impossível. Agora, eu te asseguro que eu deixo ele engrenadinho, engrenadinho em dois tipos de engrenagens: um, o contrato do projeto feito, e dois, ele no PAC 3.
Jornalista: Aí a senhora conclui no segundo mandato?
Presidenta: Se eu tiver segundo mandato, se você votar em mim, Alexandre, nós vamos concluir. Agora, não é isso que nós estamos discutindo, nós estamos discutindo que é possível dado a situação presente. O que eu estou sendo muito correta no sentido de dizer honestamente é que uma obra de ferrovia, ela não acaba até 2014. Não faz isso. Agora, o contrato, nós já tomamos a decisão.
Jornalista: Já está no PAC?
Presidenta: Não. No PAC 3 que ele vai estar.... não tem como botar no PAC 2...
Jornalista: ...quando lança o PAC 3, presidenta?
Presidenta: Lá por agosto, eu acredito.
Jornalista: Estamos conversando ao vivo com a presidenta Dilma Rousseff, que fala aqui do Aeroporto Municipal de Rio Preto e dá mais detalhes desta visita aqui à cidade. Presidenta, no dia 24 do mês passado, o DNIT realizou licitação que definiu a empresa responsável pela duplicação dos 18 km da BR-153, que corta o perímetro urbano de Rio Preto. Quando a senhora esteve na cidade, em 2011, afirmou que a obra sairia ainda em seu governo. Por ser ano eleitoral, existe o temor de que políticos aqui da região utilizem este anúncio para obter dividendos políticos. A senhora assume então, novamente, presidenta, o compromisso de agilizar esse início das obras, orçadas em mais ou menos, aí, R$ 186 milhões?
Presidenta: Olha, eu queria te dizer uma coisa, Rafael. Obviamente que em processo eleitoral você tem várias coisas que não são corretas, mas o que importa é o seguinte: por que esse projeto é importante? Porque ele é importante para a região, não é? A duplicação da 153 é importantíssima, principalmente porque ela passa pelo perímetro urbano de Rio Preto. E aí nós incluímos também essa obra na carteira do PAC, ela já está... ela não é igual à ferrovia, a ferrovia vai para o PAC 3, essa obra é do PAC 2, é 186, está completamente estabelecido.
O DNIT espera homologar o resultado da licitação no início maio, assinar contrato com a empresa vencedora no início de junho. E isto significa que nós temos claramente a possibilidade de, em 3 meses, porque ele foi licitado no regime RDC, então, em 3 meses vão fazer a obra, aliás, vão fazer o projeto, e imediatamente começa a obra, o que é uma vantagem, porque diminui os tempos. Geralmente, um projeto leva mais de 1 ano no Brasil. Então, eu tenho uma expectativa que as obras iniciem ainda este ano e têm prazo de conclusão em 2 anos. Eu tenho certeza que essa é uma obra fundamental.
Jornalista: A senhora se empenhará ainda mais, não é, presidenta?
Presidenta: Eu quero te dizer o seguinte: olha, é um compromisso, quando entra no PAC é porque... Por que é difícil entrar no PAC? Sabe por quê? Porque entrou no PAC é compromisso não é só meu, é compromisso meu, do ministro dos Transportes, de todo o governo, e o recurso, em hipótese alguma, deixa de faltar, para a obra.
Jornalista: A senhora acredita que, por ser ano eleitoral, possa comprometer o andamento, a agilidade?
Presidenta: Não, não.
Jornalista: Não tem essa possibilidade?
Presidenta: Não tem essa relação. Até porque o governo federal considera que o melhor processo eleitoral para ele é continuar governando de forma bastante efetiva e eficaz. Você há de convir que o que nos interessa, pelo menos a mim, até o dia 31 de dezembro de 2014, é entregar o que é que o meu governo prometeu, e fazer todo o possível inclusive para antecipar.
Jornalista: Presidenta, eu gostaria que a senhora fizesse, para os nossos ouvintes, um balanço dos investimentos do governo federal em Rio Preto e na nossa região.
Presidenta: Pois não. Eu quero te falar o seguinte: primeiro, eu queria começar pelo Minha Casa, Minha Vida. O Minha Casa, Minha Vida, aqui em São José, é aquilo que eu te disse, 12 mil e 600, hoje nós chegamos e 21,9 mil famílias nós atingimos. Quero falar também do Pronatec. O Pronatec, hoje nós temos aqui... São José do Rio tem um bom desempenho do Pronatec. Nós temos 12 mil matrículas em São José. Em termos de município, é uma quantidade significativa, significa que tem 12 mil pessoas, homens, mulheres, jovens, adultos que estão cursando um curso de capacitação profissional, e com isso, melhorando suas condições de entrar no mercado de trabalho. Então, é algo que eu gosto muito de frisar. Aqui tem 6,7 mil bolsas do Prouni distribuídas para jovens, que de outra forma não conseguiriam fazer um curso numa universidade privada. Tem 3,9 mil, quase 4 mil, contratos dos financiamentos educacionais do governo. Que é aquele que seu curso, por exemplo, foi de 4 anos, você multiplica quatro vezes três, doze, mais um, treze, e a pessoa tem 13 anos para pagar depois de concluído o curso. Ciência Sem Fronteiras é interessante, o Ciência Sem Fronteiras é extremamente disputado. Aqui tem 114 bolsas, ou seja, tem 114 pessoas que tiveram oportunidade de cursar uma das melhores universidades do mundo, com o governo pagando integralmente o curso, pagando integralmente a estadia e dando recurso, também, para a formação na língua em questão – se for inglês, inglês, se for francês, francês. Outra coisa que para mim é muito significativa é o Mais Médicos. Aqui pediram 5 médicos, agora em abril chegam 5 médicos. Nós temos 25 postos de saúde funcionando, que para nós é muito importante, e temos mais Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs. Aqui há duas coisas que eu queria destacar: um, investimento aqui em São José do Rio Preto de R$ 714 milhões, sendo que em infraestrutura urbana R$ 504 milhões. Eu duvido que algum governo federal, ou estadual...
Jornalista: Mobilidade urbana, não é presidenta?
Presidenta: Eu vou primeiro falar de mobilidade urbana. Mobilidade urbana é de R$ 201 milhões para implantação de corredores, terminais, bicicletário e ciclofaixa. Pavimentação, tem R$ 7,9 milhões, para pavimentação e qualificação do polo de desenvolvimento econômico social Santa Clara. Urbanização de assentamentos precários, R$ 1,4 milhão. Residencial Jardim das Oliveiras 1 e elaboração do plano local de habitação, que nós também financiamos. Saneamento, R$ 92 milhões para saneamento, sistema de esgotamento sanitário. Águas, tem R$ 38 milhões para a ampliação da ETA Palácio das Águas e elaboração de projetos de ampliação do sistema adutor, eu acredito, Rio Grande.
Jornalista: É a capacitação de água no Rio Grande...
Presidenta: A prevenção em área de risco, R$ 163 milhões, para a canalização e drenagem de drenagem de dois trechos do Rio Preto e drenagem urbana sustentável nas bacias do córrego Borá e Canela.
Jornalista: São as obras anti-enchente, prevenções.
Presidenta: Anti-enchente. Além disso, a rodovia, que vai ser R$ 180 milhões, não está 186, está 180, e o aeroporto que é R$ 18,7 milhões. Então, você tem um total significativo de R$ 714 milhões.
Jornalista: A senhora falou de educação. Existe uma demanda por um campus de uma universidade federal em São José do Rio Preto. Existe essa possibilidade?
Presidenta: Olha, todas as possibilidades sobre localização, tanto de campus de universidade federal quanto de institutos federais de educação, eles começam agora a estar em avaliação. Então, eu não tenho como te afirmar qual é a possibilidade disso, até porque eu não vou fazer... falar aqui, vai ficar muito feio se falo aqui que há, e depois não há. Agora, sempre a gente sempre olha...
Jornalista: É debate que sempre surge, não é, presidenta?
Presidenta: É, e a gente sempre olha com muita importância, vou te dizer por quê. Uma reivindicação dessas, ela mostra o interesse da região. E o que nós queremos com universidade e instituto federal? Nós queremos interiorizar. Por que nós queremos interiorizar? Porque levar... É muito mais fácil para um estudante...
Jornalista: Descentralizar o sistema, não é, presidenta?
Presidenta: É lógico. E isso que nós temos feito, tanto com as escolas técnicas, que é o Instituto Federal Tecnológico, quanto dos campus, nós espalhamos campus por esse Brasil afora. Agora, tem de ser por partes, não é, gente? Tem de ser aos poucos. Nós não conseguimos colocar uma faculdade ou uma universidade em cada município. Agora, será olhado com grande cuidado.
Jornalista: Nós vamos despedir, não é, Alexandre, agradecemos o Grupo Líder de Comunicação e o Grupo Diário de Comunicação, dois veículos importantes de comunicação em Rio Preto, agradecem, então, a sua presença e o carinho dado pela senhora até nós, os microfones, de vir aos nossos microfones falar informações importantes a todos os nossos ouvintes. Muito obrigada, presidenta, que a senhora possa vir mais vezes a Rio Preto, e trazer sempre esses anúncios importantes de desenvolvimento para toda a população. Muito obrigado.
Presidenta: Agradeço, viu, Rafael Ferrari? Agradeço aos ouvintes da rádio Líder. Queria agradecer também ao Alexandre Gama, que ele me deu, aqui, um especial do Diário da região...
Jornalista: Exato, 50 anos do golpe, não é?
Presidenta: Cinquenta anos do golpe. Eu conheci uma das pessoas aqui, é minha amiga. Duas pessoas, tanto a Maria Luíza Locateli Garcia Beloque quanto a Lesli Denise Garcia Beloque.
Jornalista: A senhora, então, tem uma parte da história da senhora também, através dessas personagens?
Presidenta: Tem.
Jornalista: Já está escrito na nossa história aqui, presidenta.
Presidenta: É, e as pessoas quando convivem muito conhecem as famílias. Eu nunca vi a dona Augusta, que é mãe da Lu, mas eu conheço a dona Augusta intimamente, pelo tanto que ela falava da dona Augusta para mim.
Jornalista: A senhora gosta da cidade, pelo visto, não é, presidenta?
Presidenta: Bastante.
Jornalista: Segunda vez, em menos de três anos, não é?
Presidenta: Gosto muito. Gosto muito da região.
Jornalista: Presidente, muito obrigado, heim?
Presidenta: Muito obrigado a vocês.
Jornalista: Agradecemos, então, aos ouvintes e encerramos aqui essa entrevista especial, exclusiva, com a presidenta Dilma Rousseff, e você continua agora com a programação normal, tanto da rádio Líder FM como da rádio Diário FM. Obrigado a todos.
Ouça a íntegra da entrevista (17min42s) da Presidenta Dilma