Discurso do Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante abertura do 32° Congresso Nacional da Abrasel - Brasília/DF
Brasília/DF, 25 de agosto de 2020
Passa a palavra para ele, não tem problema o protocolo não. Ele, se quiser falar depois, ele fala.
Prezados Paulo Solmucci,
Paulo Nonaka,
Senhora Rosana Oliveira,
Meu companheiro do Senado, Eduardo Gomes,
Ministros Marcelo Álvaro, Rogério Marinho,
E senhor Paco Britto, vice-governador,
Obrigado pelo convite, me sinto muito honrado em estar aqui. Estou fazendo aquilo que é a minha obrigação. Sempre tenho falado para os meus ministros que nós temos que nos antecipar a problemas e não esperar acontecer para, depois, tomar uma providência.
O Paulo, aqui, quem o apresentou para mim foi o Rogério Marinho, e deu boas referências, acredite. E, numa conversa rápida, ali, fomos conversar com o Paulo Guedes. E eu sempre aprendi, desde cedo, antes de tomar uma decisão, elogiar ou criticar, se colocar no lugar daquela pessoa. Então, me coloquei no seu lugar e senti sinceridade no que você falava e tínhamos que buscar solução. Afinal de contas, todos nós estamos no mesmo barco. E, se a economia vai mal, pode ter certeza que o Brasil todo vai mal.
No ano passado, estávamos praticamente voando na economia, começando a decolar na economia, até que apareceu esse tal desse vírus aí, que foi potencializado pela grande parte da mídia, e ela levou um pânico junto à população. Eu confesso: eu vi governador sendo pressionado pela população, que o estado vizinho havia fechado tudo e ele não havia fechado nada ainda.
Então, com esse pânico todo da população, acredito que alguns governadores foram além do necessário para aquele momento, porque o objetivo de achatar a curva não é evitar que eu, ou o Paulo, ou algum dos senhores, pegasse o vírus. Era evitar que pegasse o vírus quase que de forma simultânea. Todos nós pegaríamos. E onde eu falei: não adianta correr, nós temos que enfrentar, pôxa.
Eu não sei que geração é a nossa, não é? Não a nossa, porque eu estou com 65, essa mais jovem que está aí, que não enfrenta os problemas. É igual numa guerra: se você ficar dentro da toca, tu vai morrer, você vai ter que atirar. E nós tínhamos que enfrentar o vírus.
Bem, veio a decisão do Supremo onde, para mim, Chefe do Executivo, cabia basicamente recursos e meios para estados e municípios enfrentarem a tal da pandemia.
Comecei a estudar a questão da pandemia, conversei com norte-americanos, junto com o FDA americano, que estava lá usando a cloroquina, comecei a estudar. Por quê? Por que na China quase ninguém morreu, não é? Se bem que nós sabemos que os números de lá, muitas vezes, não refletem a realidade. Mas se levasse em conta o tamanho da China, com 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, mesmo escondendo alguns números, alguma coisa apareceria, porque teria que ser uma morte de alguns milhões de pessoas, rapidamente. Fui ver na África: Por que na África basicamente quase ninguém morre lá? Não temos notícia.
E eu apostei na hidroxicloroquina. Apostei mas, obviamente, com médicos do meu lado, com pessoas que não estavam preocupadas com a sua biografia, a preocupação era em salvar vidas. E, logicamente, eu comecei a pregar isso no Brasil, a dar exemplo, e comecei a andar no meio do povo. Olha eu sou general, pô, eu tenho que estar no meio da tropa. Eu não posso ficar numa redoma de vidro, vendo o povo lá atrás, enfrentando um problema, e eu não sentindo esse problema do lado deles.
Fui muito criticado por isso. Falava constantemente, desde março, como agora a OMS também reconhece, através do seu diretor-geral, dizendo que vida e economia não podem ser dissociados. Parabéns. Cinco meses depois de uma pessoa que é militar, não tem nada a ver com a medicina, já havia falado. Também assisti, há pouco, ele falar que mesmo vindo a vacina, nós teremos que aprender a conviver com a covid-19. É óbvio. Essas coisas, quando vem, você não tem como erradicar, pelo que parece, de forma definitiva, com todos os meios que a medicina se apresenta para nós.
Mas, uma coisa é certa, e o senhor sabe disso: a falta de emprego leva à depressão e leva a morte. E o efeito colateral dessas medidas de “fechem tudo”, de forma quase que irracional, por parte de alguns chefes de Executivo, tem levado a isso.
Há pouco, estive numa cidade mineira - você eu acho que não estava comigo, não - e fui num posto da Polícia Rodoviária Federal. E lá, a superintendente me disse que o número de mortes na pista, de suicídios, havia sido multiplicado por três. Logicamente que não podia me dizer a causa do suicídio, mas, simplesmente, que multiplicou-se por três. Com toda a certeza, a depressão. Um chefe de família, quando perde o seu emprego, tem filhos, tem esposa, ou a esposa tem marido, tem emprego e perdeu, e vê que não tem nem como ir catar latinha na rua porque os informais foram os primeiros a serem atingidos, em torno de 40 mil, milhões de informais, segundo a OIT, perderam, na América do Sul, 80% do seu poder aquisitivo.
E vamos lá. Então, nós tínhamos, vendo tudo isso, com a presença do Paulo, buscar o xará dele, o Paulo Guedes, e buscar alternativa para o isso. Foi quando apareceu, então, aquela primeira Medida Provisória para atender aí a todos da sociedade, entre eles aqui o pessoal de bares e restaurantes.
E dizer uma coisa para os senhores: o meu primeiro emprego, sem carteira assinada, obviamente, tinha 10 anos de idade. Foi no bar do seu Ricardo, em Sete Barras, Vale do Ribeira. Eu estudava de manhã e à tarde, lá para as duas da tarde, ia até umas 6, 7 da noite, tinha pouca gente no bar, a galera que gosta de uma birita, chega um pouquinho mais tarde e eu trabalhava ali com ele, que meu pai me botou lá. E bons tempos, onde o menor podia trabalhar. Hoje ele pode fazer tudo menos trabalhar. Inclusive cheirar um paralelepipedo de crack, sem problema nenhum.
Bem, dizer aos senhores, então: o governo fez sua parte, inspirado aqui pelo Paulo, pelo Rogério, algo bastante útil. Acredito que nós tenhamos evitado aí a perda de muitos empregos. Apresentou-se o Auxílio Emergencial por três meses, já prorrogamos por mais dois. Acaba esse mês e nós pretendemos prorrogar, pretendemos até final do ano, não com esse valor que está aí, que pode até ser pouco para quem recebe, mas é muito para quem paga. Quem paga somos todos nós e não é dinheiro que o governo tem, isso vem de endividamento.
Então, nós estamos negociando. Hoje teve mais uma reunião com a equipe econômica. Eu acho que o Carlos da Costa não estava lá, estava não, tinha outro colega teu lá. E demos mais um passo no tocante a isso daí. Porque acreditamos, nós acreditamos que teremos mais um endividamento, não na ordem de 50 bilhões por mês, como é esse Auxílio Emergencial, no momento de 600 reais, mas vai diminuir um pouco esse valor, para ver se a economia pega. Nós temos que pegar, a economia tem que pegar.
E aqui eu louvo aí a determinação, o empenho e dedicação, dos senhores em buscar meios para que não se feche, de forma definitiva, o setor de vocês. Segmento que, na ordem de 30% perdeu e é duro realmente fechar estabelecimentos comerciais, está certo? E nós vamos continuar fazendo o possível, tudo que estiver ao nosso alcance, com essa maravilhosa equipe econômica que temos aqui. Estava lá, Carlos, o Valderi, teu colega lá nessa reunião. Bem como, o Bianco. Está aí o Bianco? Fala Bianco, tudo bem?
Outras coisas foram discutidas e, logicamente, não batemos o martelo ainda. A gente espera que até sexta feira já esteja quase tudo já definido, para nós darmos mais uma ajuda, que é obrigação nossa. Não é favor não, é obrigação nossa ajudar o Brasil a sair da crise que ainda temos.
E venhamos, então, a voltar à normalidade. O mês de julho, agora, o Caged disse que entre demitidos e admitidos tivemos um saldo de 130 mil, isso é muito bom, em parte impulsionado pelo Auxílio Emergencial, sabemos disso, mas, por outro lado, dinheiro demais no mercado, papel demais, todo papel que nós tínhamos foi colocado no mercado, por isso que criou-se a nota de 200 reais, que alguns ficam falando aí coisas, não tem nada a ver, os duzentos reais é porque não temos mais papel, mas papel demais no mercado leva à inflação, isso aí é o pior mal que pode existir.
E nós estamos investindo, sim, mais em criação de empregos, que esse emprego é o melhor projeto social que podemos ter. Se bem que reconhecemos, também, que a nossa mão de obra em parte não tem uma boa formação e a dificuldade de emprego é muito grande. Mas nós devemos perseguir esse objetivo, contando com vocês, sabemos que não é fácil a situação de vocês, está certo? Mas contando com vocês para que nós venhamos, então, a conseguir, o mais rápido possível, a normalidade, porque isso interessa a todos nós e todos nós somos patriotas, somos brasileiros. Hoje aí lembramos Caxias, está certo? Ele também disse uma frase bacana: “Os que forem brasileiros, sigam-me”. E vamos conseguir sair dessa situação.
E acredito, pelo que eu tenho ouvido, que entre o mundo todo, nós podemos até não ser o primeiro, mas somos um dos primeiros países que melhor enfrentou essa crise que agora estamos vendo, apesar dos 115 mil mortos, a gente vê muito vídeo, a gente vê na internet, que chega de pessoas sérias, dizendo que: “Olha, meu pai, meu avô, não morreu de covid foi outro assunto, mas botaram o covid lá”. eu não sei qual a intenção de se fazer isso ou poderia até saber, mas não quero comentar aqui para evitar polêmica.
Nós lamentamos as 115 mil mortes bem como outras, milhares de mortes por outras causas que existem no Brasil.
Mas meus senhores, minhas senhoras, muito obrigado pela oportunidade, obrigado pelo convite.
Foi Deus que me colocou aqui por dois momentos, pela minha vida em Juiz de Fora em setembro do ano retrasado e bem como a eleição, onde parece que não tínhamos nada para ganhar e acabou acontecendo.
Eu costumo dizer uma coisa, eu posso, eu tenho certeza de uma coisa, entre os demais candidatos com chance eu era diferente para o bem ou para o mal, era diferente e acabei chegando.
Agora imaginem se o outro que concorreu comigo no segundo turno caso tivesse chegado? Caso então ele chegando, tivesse um comportamento semelhante aos governadores do seu partido como é que o Brasil não estaria hoje em dia?
Então eu agradeço a Deus pelo momento e por essa missão de estar a frente aí da República conduzindo os destinos do nosso querido Brasil.
Muito obrigado a todos.