Discurso do Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante Encontro com Empresários
Buenos Aires-Argentina, 06 de junho de 2019
Boa tarde. É com muito prazer que estou na Argentina. Fui muito bem recebido pelo nosso presidente Macri e estou muito feliz.
A grande pergunta: o que os senhores podem esperar do Brasil? Algo diferente do que acontecia até pouco tempo. Temos uma equipe de ministros que conversam entre si, são competentes, têm a visão de um mercado diferente das amarras ideológicas retrógradas que, além de nos afastar cada vez mais, fazia com que o nosso País não progredisse.
Então, o recado, através dos poucos minutos do nosso Paulo Guedes, ministro da Economia, foi mais do que claro. E ouso dizer que Jorge Faurie, a meu lado, fez um discurso que realmente eu o cumprimentei.
O que os senhores empresários querem? Querem garantia, querem segurança, respeito às leis, às normas, quer o bem do seu país, mas também querem se integrar. O mundo todo está integrado e nós não podemos fugir a essa rotina.
Sempre critiquei, no Brasil, o uso ideológico do Mercosul. Temos agora, juntos, dois países cujos presidentes pensam de forma muito semelhante. Há uma oportunidade ímpar de, realmente, mais do que buscar um ponto de inflexão, buscar realmente novos horizontes para os nossos negócios e, assim sendo, trazer felicidade ao nosso povo.
A gente olha para a Argentina e olha para o Brasil. Nós temos tudo para ser uma grande nação. Obviamente, o Brasil é bem maior que a Argentina, territorialmente falando, mas tem muita riqueza aqui também. E a gente fica pensando, muitas vezes: “por que a gente não vai para frente?” Bem, eu acho que o mês de outubro, agora, será importantíssimo para que a Argentina mostre que eles não querem apenas mudanças lá de trás, querem uma continuidade, em grande parte, do que vem acontecendo ultimamente. Que se vote - pede a Deus, não é? -, que se vote com razão e não com emoção. Que o populismo não fale mais alto do que as reais necessidades que todos têm aqui.
Temos um exemplo triste aqui no nosso continente: a Venezuela. O Brasil esteve muito próximo da Venezuela, acredito eu que a Argentina também. Não podemos cair nessa tentação, porque depois de um certo ponto o retorno é quase impossível. E digo mais: acho que só fui eleito, também, porque tive muito voto, porque o nosso sistema eletrônico é completamente frágil e fraudável. Não podemos esquecer, em 2014, a Unasul, reunido no Equador, entre outras coisas decidiram por uma unidade técnico-eleitoral sul-americana. Certas ideologias descobriram que o caminho do poder é o voto, possivelmente fraudável, por esse sistema que ainda temos lá.
No mais, meus senhores, os senhores têm um ponto de inflexão pela frente e nós, no Brasil, temos três anos e meio para não correr o risco que parece que alguns países correm aqui na América do Sul. E realmente nos consolidarmos e mudarmos o destino da nossa nação.
E eu digo mais, digo para o Paulo Guedes e para os outros ministros: eu confio 100% em cada um deles. Tinha uma visão um pouco diferente do Paulo Guedes. Rapidamente, conversando com ele, me convenceu de que ele estava no caminho certo: abrir a nossa economia; tirar o Estado da vanguarda das decisões, quem deve dirigir a nação é o seu povo; tirar o peso do Estado, diminuindo o seu tamanho, para que aqueles que vivem do trabalho dos outros, se porventura voltem um dia, não possam levar avante as suas ideias e ideologias nefastas.
Não temos e não teremos outra oportunidade de mudarmos o destino das nossas nações. Temos um exemplo claro, como já disse, a Venezuela. E outro que nós ficamos muito perto desse abismo, desse caminho. Verdadeiros milagres salvaram o Brasil: processos políticos internos; descobertas como por acaso, de corrupção, num montante nunca imaginável; a tentativa de execução de um candidato; o milagre de uma eleição sem dinheiro, sem televisão e com quase toda a mídia contra, caluniando o tempo todo. Mas acredito que, mais uma vez, Deus olhou para o Brasil.
E como o Brasil é um país muito importante, pelo seu tamanho, pela sua economia, pela sua riqueza, e em parte a Argentina se beneficia disso, que nós queremos uma Argentina forte, uma Argentina de mãos dadas com o Brasil, bem como com o Paraguai, com o Chile, Peru, Colômbia, se Deus quiser outros países. Para nós, realmente, fazer com que os nossos países estejam no local que eles merecem no cenário mundial.
Propus, agora há pouco, ao presidente Macri, nessa nossa ida ao Japão, por ocasião do G20, que junte esses países, que juntemos esses países da América do Sul e façamos um encontro com líderes importantes, líderes que têm a economia pujante, líderes democráticos, que têm amor pela sua liberdade, para que possamos conversar.
Inicialmente, o Donald Trump, sempre manifestei a minha simpatia por ele. Nessa minha ida última aos Estados Unidos conversamos reservadamente sobre o destino dos nossos países. Fiquei feliz com essa conversa, e creio que em havendo esse encontro nosso, no Japão, essas questões do Brasil eu possa colocar à mesa, juntamente com as questões de outros países, como a Argentina, e nós possamos realmente aprofundar nossas relações bilaterais, ou via grupos, para o bem dos nossos povos.
O destino de nossos países está em nossas mãos. Sei que a grande maioria aqui são empresários. Os senhores são o oxigênio, o combustível do destino de uma nação. E os senhores, o que eu falo para o Brasil, não sei se caberia aqui, eu digo no Brasil: “Senhores empresários, os senhores são os nossos patrões e não o contrário. Os senhores não têm que pedir nada para nós, muitas vezes de forma um tanto quanto educada demais. Os senhores têm que pedir, sim, mas por vezes exigir. Porque, afinal de contas, vocês sobrevivem sem nós, mas nós não sobrevivemos sem vocês”.
Meu muito obrigado a todos. E Deus ilumine e abençoe o Brasil e Brasil e a Argentina.
Ouça a íntegra (09min12s) do discurso do Presidente Jair Bolsonaro.