Discurso do Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante recepção aos Atletas Medalhistas dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 - Palácio do Planalto
Palácio do Planalto, 16 de agosto de 2019
Em 1982, quando eu era tenente do Exército, e o Brasil também, cursamos a Escola de Educação Física do Exército. E lá começamos uma grande amizade. E, logicamente, pelo seu empenho, sua dedicação na escola - se bem que eu fui o 01 -, ele veio trabalhar conosco aqui, agora.
Mas, prezados atletas, me identifico, em parte, com vocês. Eu lembro os idos de 1968, ninguém era nascido aqui, talvez até nem o pai de vocês era nascido ainda. E tinha uma competição entre municípios do Vale do Ribeira, a minha cidade era Eldorado Paulista. E um professor resolveu pegar a molecada - o biotipo aqui, do garoto mais magrinho, não é? - para dar umas corridas na praça.
E eu ali, eu nunca tinha corrido na praça, jogava minha pelada, pescava no rio, andava de canoa, com o varejão - vê se alguém lembra o que é isso aí - e eu destaquei de forma excepcional. E ali, eu acabei me descobrindo que tinha esse dom para isso.
Entrei no Exército Brasileiro. E dado a meu condicionamento, integrei a equipe de pentatlo militar das Forças Armadas, e por quatro anos estive lá. A vida não era fácil. Horas, dezenas de horas, centenas, ralando, se empenhando para, lá na frente, em poucos segundos, ou poucos minutos, você botar em prática tudo aquilo que você treinou lá atrás. E entrava também a questão psicológica, tão importante quanto o preparo físico.
Mas o momento de uma medalha é inesquecível. Isso é para sempre. E é um símbolo que você, ao botar lá na parede da tua casa, nos momentos difíceis podem vocês olhar para aquilo e falar: “Olha o que eu ralei para conseguir aquilo. Não terei obstáculo que seja impossível para atingir o meu objetivo”.
Olha a própria situação minha. Sem televisão, sem partido político, sendo massacrado pela mídia, facada, sozinho praticamente, vencemos esse obstáculo e aqui chegamos para mudar, de fato, o Brasil. Não é fácil a minha vida. Até vale a pena contar uma passagem há pouco aqui, não é? Um cara se encontrou comigo durante a campanha, depois apareceu aqui. “Lembra, ô presidente, lá atrás o senhor me disse que em 2019 estaria na praia ou aqui na Presidência?” Eu falei: “É, dei azar”. Está certo?
Por mais que possam falar de seja lá o que for de benesses, quando você quer fazer a coisa bem feita não é fácil você vencer obstáculos, vencer acusações as mais torpes possíveis, que eu sofri, ao longo desse tempo todo. Mas, em chegando aqui, nós estamos colocando uma nova dinâmica na política nunca vista na história do Brasil. É a gente buscar fazer o que prometeu durante a campanha.
É parecido com a vida de vocês. Ao chegar ali, na hora H, ver aquele povão todo na - já passei por isso -, ver aquele povão todo na arquibancada e você ser submetido, aos olhos de todos, e botar em prática aquilo que você aprendeu, e sabendo da responsabilidade. Porque em algumas competições eu já fracassei também, e é triste. Mas sempre teremos uma segunda chance.
Aqui, no nosso governo, com a equipe que nós temos, o Osmar Terra… Até pela brincadeira que eu tive com ele, você vê que tem um clima saudável entre nós. Quando ele recebeu, aqui, o uniforme dele, eu falei: “Olha, atleta de sumô”.
O Brasil, meu colega também, o nosso vice-presidente da República, meu contemporâneo de Academia Militar das Agulhas Negras. Eu estarei lá amanhã, se Deus quiser, um evento de entrega de espadins. Depois, à tarde, indo para a noite, estarei em Barretos. Vou montar um cavalo e dar duas voltas no picadeiro. Vou ser vaiado ou aplaudido? Não sei, eu estou com a consciência tranquila. É vocês entrando na quadra para fazer o que tem que fazer. Vai ser aplaudido ou vaiado? Você estará com a tua consciência tranquila.
Um pouquinho mais à esquerda, ali, o nosso vice-presidente. Depois, uma pessoa que é símbolo para nós aqui, no Planalto, o general Augusto Heleno, ex-comandante do Comando Militar da Amazônia.
Garotada, eu estou muito mais para lá do que vocês. Eu, mais uns 10, 20 anos, aí, eu estou partindo. Depois o Brasil cai na mão de vocês. O povo lá de fora está preocupado na nossa floresta ou na nossa soberania e riquezas minerais? Mudou o Brasil, está sob nova direção. Não tem prazer maior do que você ter altivez para defender aquilo que acha que está certo.
Mais para lá um pouquinho. Do Emanuel eu não vou falar não, porque eu vi ele nas areias ralando, ali, sempre vibrei com ele. Agora, o outro da direita, eu já passei momentos terríveis com ele. Eu não aguentava ver o “Washington Coração de Leão” entrar em campo pelo Atlético Paranaense contra o porco, o meu Palmeiras. E raras vezes que ele não fez não gol no meu time, mas é um símbolo… Depois você foi para o fluminense ali… Mas é uma pessoa também que passou por um problema na sua vida, não é? Eu não sei o que foi mais grave: o coração aí ou a facada aqui. Mas sobrevivemos, tá? Não é fácil, não foi fácil também o que você passou e venceu esse momento e está aqui, agora, dando um pouco mais de si para fazer o povo brasileiro se orgulhar de momentos como esses que vocês nos proporcionaram agora em Lima, no Peru.
Então, meu muito obrigado a todos vocês. Meus parabéns. Estamos trabalhando aqui para ver se de concreto nós possamos oferecer algo mais para quem está nas Forças Armadas. Vocês já sabem o que eu quero dizer, eu não quero dar falsas esperanças a vocês. Mas não basta apenas palavras. O que a gente puder fazer por vocês, do coração, a gente faz. Porque eu me sinto, nesse momento, como se fosse cada um de vocês.
Então, meu muito obrigado a vocês por ter proporcionado esse momento de rara felicidade junto ao nosso sofrido povo brasileiro.
Deus abençoe o Brasil. Muito obrigado a todos.