Discurso do Presidente da República, Jair Bolsonaro, no Culto Cívico em Celebração dos 111 Anos da Assembleia de Deus no Brasil, em Belém (PA)
Belém/PA, 17 de junho de 2022.
Obrigada a Deus pela minha segunda vida e pela missão de estar à frente do Executivo Federal.
Em ambiente como esse, prefiro muito mais ouvir do que falar, mas já que o nosso comandante aqui, Samuel Câmara, assim me autorizou, me permita falar alguns poucos minutos a todos vocês.
Sou cristão, e digo-lhes que é muito bom estar entre aqueles que tem Deus no coração. Creio que todos nós temos uma missão nessa terra e devemos cumprí-la da melhor maneira possível.
Jamais podia esperar ser o Presidente da República. Creio que o destino traçado e por Ele, me fez chegar até aqui.
A minha vida daria para compor um livro de muitas coisas inexplicáveis, até mesmo meu nome. Minha mãe católica, com problemas durante a gestação, e tendo em vista eu ter contrariado diagnóstico daquela época, eu nasci bem e ela resolveu me botar o nome de Messias. Obviamente, isso foi pela fé dela, já o meu pai, amante de futebol, e tinha um grande crack naquela época, Jair Rosa Pinto, ele botou Jair.
E assim eu nasci, o total 7 filhos. Todos, muito bem educados, todos chegaram à escola já alfabetizados. Uma época diferente, de muito respeito, em especial, para os pais, para com os mais velhos, e também para a conta os professores da época que ela é.
Tive também frustrações da minha vida. Eu tentei ser sargento da aeronáutica, não tive sucesso. Mas isso, esse obstáculo, esse insucesso me fez preparar, mais ainda, para o próximo concurso. Entrei no exército brasileiro; 15 anos depois, me elegi vereador do Rio de Janeiro; 2 anos depois, deputado federal; fiquei por 28 anos dentro da Câmara, e lá, em um dado momento, apesar de ser um deputado do baixo clero, eu apareci muito no final de 2010, juntamente, com o que nós chamamos lá, a bancada evangélica, que como os seres humanos, os parlamentares podem ter as suas falhas, mas no somatório, algo de muito, mas muito positivo, existe naquele Congresso.
Enfrentamos 2010 coisas terríveis, que queriam, naquele momento, por projetos, por emendas à Constituição, por decreto fazer com que aquilo que é muito sagrado a todos nós, fosse modificado. Tivemos lá um tal de PNDH-3, um decreto de 2009, onde o que mais saltava aos olhos, entre 180 itens, era a desconstrução da heteronormatividade, ou seja, um casal não era mais um homem ou uma mulher, eram 2 seres humanos. Nós aqui sabemos como tratar essas questões, mas temos o direito do lado de cá, fazer valer os nossos valores.
Tivemos também um tal de PL 122/2006, onde queriam botar na cadeia padres ou pastores que, porventura, se negassem a realizar um casamento entre 2 pessoas, independente do seu sexo. Foi uma batalha terrível. Estive à frente dessa batalha, principalmente, aquela onde começou a história da ideologia de gênero. Querer ensinar para os nossos filhos de 5 e 6 anos de idade que ele poderiam definir o seu sexo mais à frente, dizer que ele não nasceu menino nem nasceu menina. Qual o objetivo disso tudo, a não ser desgastar os valores familiares. Apareci neste momento, juntamente com alguns parlamentares evangélicos e com o tempo, outros se somaram, fomos vitoriosos, o parlamento não aprovou essas propostas, a marca ficou e eu comecei a me interessar mais ainda, com o que acontecia naquela casa.
Chegou 2014, tivemos uma reeleição de uma presidente, e naquele mesmo ano de 2014, eu pensei em casa: temos que mudar o Brasil! Mas mudar como? Quem sou eu? Um parlamentar, repito, do baixo clero, um parlamentar que não se engajava, não era muito benquisto dentro do partido. Mas algo tinha que ser feito, e eu resolvi, então, sozinho, porque se eu contasse para alguém, iam debochar de mim, resolvi dizer que seria candidato. Eu digo a vocês, seria provando.
Tem um vídeo meu, de novembro de 2014, na academia militar das agulhas negras, onde, no momento fortuito, fora da formatura, eu encontrei com aproximadamente 500 jovens cadetes que seriam declarados aspirantes naquele dia. Passei, no meio deles, e resolvi dirigir a palavra, e falei com eles que seria candidato à presidente, que poderia morrer ao longo do caminho, mas tinha um desafio pela frente. Isso está em vídeo.
Eu comecei a andar pelo Brasil, 2018, depois de perambular na maioria das vezes, sozinho pelo Brasil. Como uma passagem minha e Manacapuru, estado do Amazonas. No Porto, umas 200 pessoas me esperavam. Eu olhei para a cara delas e pensei comigo mesmo: o que eu estou fazendo aqui? Eles olharam para minha cara, com toda a certeza pensaram: que bicho é esse?
Aconteceu esse momento lá, como em dezenas de outros momentos em aeroportos, em palestras. Ao longo desse tempo todo, eu usei uma passagem bíblica, João 8:32. A verdade realmente dói pessoal, mas ela nos liberta. Como é difícil a gente falar a verdade muitas vezes, e ouvir passivamente a verdade. Mas eu falei comigo mesmo, se não é para chegar lá e ter independência, é melhor que não chegue.
Fomos crescendo. Chegou um dia quase fatídico, 06 de setembro de 2018, crescendo bastante, vindo do nada, como se fosse algo que apareceu no horizonte, tentaram me matar. Uma facada, se perguntarmos para os médicos de Juiz de Fora e depois de São Paulo que me atenderam, são praticamente unânimes, por milagre a minha sobrevivência.
Entendo eu que, realmente, um milagre aconteceu. Eu lembro que depois da facada, alguns minutos depois dentro da Santa Casa de Juiz de Fora, eu ouvi apenas alguém falar: abre agora. E dormi naquele momento. Nada mais, obviamente, lembrava. Acordei no dia seguinte, entrando num avião pequeno, UTI, indo para São Paulo. Eu vi a morte do meu lado. Creio eu, que se não tivesse mais acordado, a gente não sabe para onde é que se teria ido.
Quando você fala em vida, nós podemos às vezes pensar e matutar: Dá onde viemos? Agora, para onde nós iremos? Acredito, que o currículo para a vida eterna é vida que cada um leva aqui na terra.
Me elegi, então, presidente da República. Formamos um Ministério nunca visto ao longo de pelo menos 40 anos. Pessoas técnicas, competentes. Ali tinha gente de toda a região, regiões do Brasil, e também, obviamente, cristãos, pastores, pessoas competentes que queriam ajudar a mudar o seu país. Não foi fácil essa escolha, porque os interesses de sempre, se faziam presente.
Peguei um Brasil numa situação séria econômica, moral e ética. Conseguimos dar um novo direcionamento, consegui uma excepcional pessoa para ser ministra da mulher, direitos humanos e família, pastora Damares. Deu realmente uma outra dinâmica nessas questões. Veja o nome de quem a antecedeu. Começamos a mudar nesses quesitos.
Obviamente, também, um trabalho muito discreto, e hoje em dia reconhecido por muita gente é a minha esposa, Michelle, que rapidamente, aprendeu a linguagem de libras para poder melhor se interar com pessoas com deficiência, mas além dos surdos-mudos, ela atende pessoas com deficiência de maneira geral. Não ajuda a mim apenas, ajuda a minorar o sofrimento de muita gente pelo Brasil.
Entramos 2020. Lamentavelmente uma pandemia se abateu sobre todo mundo. O slogan usado no mundo todo foi: Fica em casa, a economia a gente vê depois. Talvez eu tenha sido o único chefe de estado do mundo contrário a isso.
Sempre disse que deveríamos trabalhar, cuidar dos idosos e das pessoas com comorbidade, porque o vírus não iria embora. Hoje, ao reconhecimento de que eu estava certo, mas 2020 foi um ano difícil para muita gente. Muita gente perdendo emprego, perdendo renda, e tínhamos uma catástrofe se aproximando. Rapidamente, criamos o Auxílio Emergencial. Por mês, nós gastávamos dinheiro de vocês, 50 bilhões de reais, mas vencemos 2020, não foi fácil.
Entrou 2021. Entrou a pandemia também. Criamos programas para salvar empregos, enviamos recursos para estados e municípios, para poderem vencer a possível perda de arrecadação. Fizemos o possível e praticamente um impossível, fizemos a nossa parte. Isso não é virtude de um chefe de estado, é obrigação.
Entramos, 2022. Fui na Rússia conversar com o presidente Putin, continuidade do fornecimento de fertilizantes para o nosso Brasil, porque há poucos meses a Senhora presidente da Organização Mundial da Saúde disse para o mundo todo que sem o Brasil o mundo passa fome.
Fomos também conversar com outro lado do mundo. O presidente americano, há 2 semanas, o opositor no momento, ao chefe de outro estado numa guerra da Ucrânia que traz consequências danosas para o mundo todo como o aumento do preço dos combustíveis, e lá, o Biden, tratamos os mais variados assuntos, assim como tratei no mundo árabe. Assim foi quando fui em Israel, também por 3 vezes, ao longo da minha vida. Um país exemplo para todos nós. Nós amamos Israel.
Eu fiz aqui até o momento, praticamente, um testemunho, mas qual é a minha ligação com vocês? Vocês sabem que hoje em dia, nós temos a nossa liberdade ameaçada. Creio que não seja por acaso, Samuel Campos, o hino da Independência hoje apresentado aqui. Além de me fazer voltar o tempo, mais de 50 anos, porque cantava isso na escola, como esse hino é atual e necessário. Com todo o respeito a quem pensa diferente, nós podemos divergir. Não vamos brigar por isso.
Eu entendo que a algo mais importante que a própria vida, é a nossa liberdade. Porque o homem ou a mulher sem liberdade, não vive. Muitos queriam que num passado recente eu tomasse certas posições, mas estava na minha cabeça uma outra passagem bíblica, que eu interpretava da minha maneira e, obviamente, para o bem. É aquela que diz: Por falta de conhecimento, meu povo pereceu.
Hoje, eu entendo que todos já sabem por que lutamos. O que eu faço na presidência da República. Já sabem o papel da Câmara dos Deputados, do Senado, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União e, também, do Supremo Tribunal Federal.
Vocês sabem quem porventura se eleger presidente esse ano, ou se reeleger, o ano que vem escolhe mais 2 ministros para o Supremo Tribunal Federal. Vocês sabem quem são os 2 que eu indiquei. Um foi um compromisso assumido lá em 2017, de indicar para o Supremo Tribunal Federal um terrivelmente evangélico. O André Mendonça tem suas falhas como ser humano. Chegou, obviamente, indicado por nós, aprovado na sabatina do Senado, que não foi fácil.
Os senhores sabem muito bem que levou 4 meses para que a sabatina fosse realizada, porque, obviamente, o sistema queria outro nome, achando que eu poderia desonrar o meu compromisso, e botar alguém lá que interessasse a uma outra parcela da sociedade, e não aos cristãos ou aos evangélicos. Creio que hoje, depois de alguns meses lá dentro, está bom termos um ministro com M maiúsculo, o André Mendonça. Já conhece o que acontece naquele ambiente, já conhece cada um deles; já sabe, por exemplo, quem é favorável ao aborto, a liberação das drogas ou não. Não se esqueçam, quando se fala em aborto, a Colômbia aprovou o aborto via sua Suprema Corte e não via Parlamento. Então, quem se eleger presidente ou se reeleger, bota 2 ano que vem. Já se muda a história do Supremo Tribunal Federal. Nós queremos que cada poder seja forte, mas que saiba respeitar os demais poderes, em especial, o nosso povo, da onde vem o nosso poder.
Nós sabemos que temos problemas hoje em dia, muita gente sofrendo aqui com a inflação que se faz presente no mundo todo. São questões materiais? Sim. Temos necessidades? Sim. Devemos buscar alternativa? Sim. Mas entendo é uma questão que acontece no mundo todo, se fosse só no Brasil, eu seria, obviamente, o principal responsável, mas tem uma outra coisa, -indo para o encerramento-, as questões imateriais, as questões que têm a ver com a nossa fé, com o nosso sentimento, com a nossa religião. E nós bem sabemos que, hoje, a política no Brasil está polarizada. De um lado, tem aquele que quer defender o aborto. Do outro, quem é contra. Do lado de lá, aquele que quer a ideologia de gênero. Do lado de cá, aquele que quer preservar a inocência das crianças em sala de aula. Do outro lado, aquele que quer a liberação das drogas. Do lado de cá, quem é contra a liberação das drogas. Do lado de lá, aquele que quer desgastar os valores familiares. Do lado de cá, quem quer preservar os valores familiares. E assim nós podemos fazer comparações, e a decisão final cabe a cada um de vocês.
Nós temos que conversar primeiro na nossa família, falar com os nossos filhos menores. Os filhos menores têm que ouvir os pais, os avós, porque cada um de nós é extremamente importante para o futuro da nossa nação.
Nós somos escravos das nossas decisões.
Temos aqui na América do sul, exemplo para não serem seguidos. Já estive em Roraima várias vezes. Já fiz contato com venezuelanos fugindo do seu país, fugindo da fome, da miséria e da violência. E olha que a Venezuela é o país que tem a maior reserva de petróleo do mundo. Como pode um povo, em cima de uma terra riquíssima, estar passando fome, fugindo para o país vizinho? É o discurso fácil, de que eu chegando lá, vou dar a todos bonança, vou dar a todos prosperidade, se esquecendo que o primeiro responsável para que você tenha uma vida feliz, é você mesmo.
O trabalho de um chefe do executivo é não atrapalhar a vida de vocês. É não querer impor a vontade de uma minoria para a maioria. É respeitar a liberdade de cada um, o nosso bem maior, enquanto estivermos aqui na terra.
Assim sendo, por favor, somos escravos das nossas decisões. Temos exemplos na América do Sul que não queremos para nós. É esse dia que se aproxima, faltam poucos meses, é extremamente importante para cada um de nós.
Indo para o encerramento. Isso serve para todos nós, mas em especial, para mim. Não é fácil decidir, por isso eu peço sempre a Deus, mais que sabedoria, coragem para decidir e força para resistir.
Encerro aqui, com mais uma passagem bíblica que serve para todos nós, mas creio, muito mais para mim, dado a posição que ocupo. É aquela que diz: Nada temeis. Nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna.
Obrigado meu Deus, mais uma vez pela minha vida e pela missão.
Obrigado, Samuel Câmara por essa oportunidade para me dirigir ao povo de Deus. Tenho certeza, a exemplo do hino da independência, tocado agora há pouco aqui, cada um fará valer o seu valor, cada um fará todo o possível para a sua pátria, de modo que nós possamos dizer para os nossos filhos e netos: Eu lutei por você.
Muito obrigado a todos os senhores.