Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, acompanhado de Ministros de Estado -Brasília/DF
Brasília/DF, 01 de agosto de 2019
Presidente: Boa tarde a vocês, muito obrigado pela presença. Esse Brasil é de todos nós e nós temos uma tremenda responsabilidade com seu futuro, e ele passa pelo nosso governo. E quando se fala em questões ambientais tem uma repercussão enorme fora do Brasil. Nós temos uma área também muito grande, a Região Amazônica, cobiçada pelo mundo todo, por suas riquezas minerais, pela sua biodiversidade, água doce, grandes espaços vazios, muita coisa a ser descoberta ainda. Temos também incidência de petróleo, como urucum e outras riquezas. Temos também os nossos irmãos índios, alguns até isolados, que devem receber, por parte do Estado todo carinho e consideração e ser tratados como seres humanos e não como apenas pessoas pré-históricas, que têm que viver confinado num canto ou no outro.
O general Heleno sabe do que o índio precisa e está pronto a ser questionado por vocês também. O Ernesto pode falar das repercussões de notícias que são colocadas perante vocês que, ao não condizer com a verdade, nos causam transtornos em assinarmos acordos com outros países. E o Ricardo Salles é o nosso ministro do Meio Ambiente, que deve ser a pessoa mais questionada por todos aqui.
Tenho certeza que com a verdade, com João 8:32, o Brasil, o mundo, o ser humano, tem muito a ganhar. Então, com a palavra o Ricardo Salles.
[Fala do Ministro Ricardo Salles]
[Fala do Ministro Heleno]
Jornalista Lisandra Paraguassu, Reuters: Boa tarde ministro, presidente. Eu queria, primeiro, entender uma coisa: se o que vocês estão dizendo é que não é que o desmatamento não tenha ocorrido e sim que ele ocorreu ao longo de um tempo, ele não aconteceu todo no governo do presidente Bolsonaro, ele vem acontecendo desde o governo passado.
E eu queria também entender o que vai ser feito com o equipamento do Deter. Se o equipamento do Deter não consegue detectar com a precisão que vocês esperam, ele vai continuar sendo usado? Vocês vão mexer nesse equipamento? O senhor falou, há um tempo atrás, de contratar outros satélites. O que que vai ser feito para melhorar isso, então?
Ministro Ricardo Salles: Bom, como nós temos defendido, essa questão do desmatamento, para nós, ela é apolítica. Portanto, não se trata de alocar os números de desmatamento no governo, neste ou em outros, simplesmente dizer que isso não aconteceu em junho de 2019 e que, portanto, o percentual do salto de 88% que foi alardeado, está equivocado. Isso deveria ter sido computado ao longo do tempo, na medida em que foi acontecendo, e a fragilidade do sistema não permitiu.
O que nós queremos a partir disso, dessa constatação, é manter o sistema do Deter, ajudando a equipe, ajudando o Inpe para que tenha cada vez melhores serviços. E uma forma de nós ajudarmos nesse sentido é complementar aquelas informações que são oriundas do sistema do Deter, dos satélites que ali fornecem a imagem também com essas outras imagens de alta resolução, que fornecem o detalhamento, inclusive, dos polígonos, de um dia para o outro, e que permitem que a equipe de fiscalização faça um planejamento e ações diretamente ligadas àquelas informações que foram detectadas. Portanto, é uma cumulatividade de equipamentos e tecnologias que, juntas, irão nos proporcionar melhores condições de trabalho.
Jornalista Daniel Gullino, Jornal O Globo: Boa tarde presidente, ministros. Ministro, eu queria entender duas coisas. Primeiro, saber por que o ministro Marcos Pontes não veio, se o Inpe é vinculado à Pasta dele. E queria entender um pouco esse novo modelo. É uma tecnologia que vai ser contratada, vocês já estão estudando, tem uma data, de onde seria? Se puder dar mais detalhes do novo modelo.
Ministro: O ministro Marcos e eu nos falamos muito, de ontem para hoje, nos encontramos na reunião, temos trocado mensagens e posicionamentos a cada instante, e não é necessário que estejamos todos aqui, uma vez que essas apresentações e essas informações são de consenso nosso enquanto governo.
Com relação às informações da contratação propriamente dita, ela será aberta, o processo licitatório, lá no Ibama, para que essas imagens de alta resolução possam ser contratadas e aplicadas no mais curto espaço de tempo possível, para que a gente tenha, finalmente, informações mais apropriadas para orientar o nosso trabalho de fiscalização, comando e controle.
Presidente: Permite complementar aqui? Eu não quero afirmar, mas uma notícia como essa, que não condiz com a verdade, tem um estrago muito grande na imagem do Brasil. Parece que tem gente interessada, que não é a imprensa, que o dado saiu lá de dentro, de órgãos nossos. Essa é que é a preocupação grande que nós temos.
Eu acho até que aprofundando os estudos, ver se por acaso essas pessoas divulgaram de má-fé esses informes para prejudicar o governo atual bem como desgastar a imagem do Brasil, porque nós estamos dando um salto, sim, no tocante de um novo relacionamento com o mundo, na base exatamente de uma palavrinha chamada “confiança”.
Jornalista Fábio Murakawa, jornal Valor Econômico: Boa tarde presidente, ministros. Eu queria se o diretor do Inpe, o Ricardo Galvão, se ele esteve presente nessa reunião de ontem, que vocês avaliaram os dados, juntamente com o ministro Marcos Pontes, se ele deu alguma posição sobre isso. E se ele vai participar de futuras decisões sobre esse novo modelo. Ou se a postura vai ser isolá-lo, dada a insatisfação do presidente, do governo, com a divulgação desses dados que ele fez. Obrigado.
Ministro: Bom, estava lá presente a maior autoridade do ministério, que é o ministro, com o seu corpo técnico, diversos, três funcionários do Inpe, dentre eles o seu vice, que prestaram todas as informações, fizeram suas ponderações e que alinharam as suas visões com as nossas. É claro que aqueles que compareceram pelo Inpe têm uma visão própria do técnico que pertence à instituição, a qual nós respeitamos sempre. E é justamente por isso que o trabalho é conjunto. Daqui para frente, reciprocamente, ajudarmos o Inpe, a nós, Ibama, e nós Ibama ajudarmos ao Inpe, para termos justamente as melhores condições e melhores tecnologias daqui para frente.
Com relação à outra pergunta, não é objeto nosso aqui, da apresentação que foi feita e, portanto, será deliberado na forma e no tempo que for necessário.
Jornalista Márcia Lorenzatto, SBT: Boa tarde presidente, boa tarde ministro. Se a área desmatada não é de 88%, o senhor tem condição de estimar qual é a percentagem?
MInistro: Justamente essa informação de mensurar percentual de mês para mês que o Deter explica que não se deve fazer. Por quê? Porque a complexidade dos 3.250 alertas de desmatamento não produzem a informação com a acurácia e com a precisão necessária para se afirmar, seja um percentual ou outro. Trata-se de uma postura inconsequente você atribuir um percentual como esse, diante de tantas fragilidades como essas que nós encontramos e que o Deter, a equipe, sabe disso. Tanto que há expressa menção, no site do Inpe, no campo determinado ao Deter, de que o Deter não se presta à mensuração de áreas de desmatamento, portanto, também não se presta à estipulação de percentuais e, tampouco, percentuais comparativos. Com isso não se quer desqualificar números ou distorcer análises. Simplesmente dar ao tempo certo, que é o Prodes que faz esse trabalho, a função de atribuir o percentual. E neste meio tempo, o máximo de empenho nosso em ter a melhor tecnologia, melhor informação, e agir da maneira adequada que os nossos recursos orçamentários, de pessoal e de planejamento permitir.
Presidente: Você levando em conta o desmatado mês a mês, você teria que abater isso. O desmatamento, no final, é abaixo disso também, porque não foi, aí, levado-se em conta a áreas superpostas, bem como a recuperação vegetal. Quando alguém desmata e deixa de utilizar aquele material, seja por que for, é natural a capacidade regenerativa da floresta. Não se levou em conta isso daí também. Então, o grande problema que nós temos é o número. Se em junho for 88%, o impacto que está dando para todos que têm preocupação nessa área, que fazem negócios conosco, é muito grande. Acho que mesmo se passar agora julho para 85, diminuiu, mas está enorme ainda.
Então, os números, no meu entender, eles foram, aí, espancados, com o objetivo, pelo que parece, de atingir o nome do Brasil e o governo. Porque qualquer uma pessoa leiga, leiga... Até está lá, um simples cidadão, que quando vê que a conta de luz dele dobrou de preço de um mês para outro ele: “Olha, tem alguma coisa errada. Está tendo aqui energia que está saindo, que está sendo perdida, o vizinho talvez tenha botado um gato aqui na minha fiação, alguma coisa está acontecendo de errado”.
É um número, no meu entender, tão grande e tão preocupante, que ele devia levar diretamente esse número para o ministro e discutir o assunto antes da sua divulgação. Não queremos abafar nem deixar de divulgar absolutamente nada, mas, no meu entendimento, não houve a responsabilidade necessária para divulgar um número como esse, porque o estrago praticamente já está feito, fora do Brasil.
Jornalista Rodolfo Costa, Correio Braziliense: Boa tarde. Ministro, primeiramente uma pergunta aqui para o senhor. Eu queria saber: o Brasil, ele é referência global em monitoramento do desmatamento na Amazônia. Minha dúvida é se o governo não teme derrubar a credibilidade do Inpe ao colocar em dúvida os dados do órgão.
E uma pergunta para o senhor presidente: queria saber, o senhor comentou que há um desejo do governo de ver se as pessoas divulgaram de má-fé os informes para prejudicar o governo. O senhor sugeriu que faltou confiança. Eu queria saber se vai haver mudanças na diretoria do Inpe, por gentileza.
Presidente: Se quebrar a confiança vai ser demitido sumariamente. Se for possível, se não tiver mandato. Não tem desculpa para nenhum ato, por parte de quem quer que seja, que seja subordinado ao governo, não interessa que seja ministro ou o mais humilde servidor, divulgar um dado como esse, desse peso, de importância para o nosso Brasil.
Então, a questão da… perdeu a confiança, isso aí, no meu entender, é uma pena capital, a gente não convive, nem na vida particular nossa nós convivemos com pessoas com as quais nós perdemos… viemos a perder a confiança. Agora, temos muita responsabilidade em realmente identificar se houve ou não má-fé por parte dessa pessoa.
Ministro: Bom, respondendo a pergunta: nós entendemos que não, não fragiliza a credibilidade do órgão, ao contrário, são medidas para dar ainda mais condições de trabalho, reconhecendo, portanto, o importante papel que cumpre. E nós temos a necessidade de agregar recursos, tanto tecnológicos quanto financeiros, para que se desempenhe essa função da maneira mais adequada possível e melhorando sempre.
Jornalista Danielle Brandt, Jornal Folha de São Paulo: Oi, boa tarde. Então, são algumas dúvidas, na verdade, que a gente tem. Primeiro, saber quanto que foi, então, esse desmatamento de junho. Então, assim, é possível apontar que houve um crescimento? Vocês falaram que o percentual não teria sido de 88, mas quando que teria sido? E, depois, para saber um pouco como que funcionaria esse sistema do TerraClass junto com o Deter, não é? Porque eu entendo que são metodologias diferentes. Então, como seria possível que eles hoje coexistissem?
Ministro: Bom, primeiro, como eu disse há pouco, a nossa preocupação não é aqui trabalhar para criar número, seja o número qual for. É simplesmente dizer que o número, da forma como foi apresentado, e a análise como foi feita não está correta. Nós estamos permitindo que o Prodes, vamos deixar que o Prodes cumpra o seu papel, que ele sim, no momento adequado, já fechou a janela de análise, vai mensurar o desmatamento e vai divulgar.
Fica claro, através do que nós apresentamos aqui, que temos um instrumento a mais de verificação, de auditamento desses números, desses polígonos e, portanto, sempre que for necessário nós faremos uma rechecagem como essa, a fim de fornecer mais dados, para ter uma couraça de informação maior.
Com relação à convivência entre o sistema Prodes, Deter e TerraClass, eles funcionam, ou devem funcionar, de maneira harmônica, porque têm objetivos diferentes, são contados, do ponto de vista do tempo, de maneira diferente. O Prodes é anualizado, o Deter faz a análise recorrente para fins de alerta e não de mensuração, e o TerraClass, por outro lado, mostra qual é a destinação que houve sobre áreas desmatadas que foram identificadas pelo Prodes. O TerraClass, portanto, trabalha em outra régua de tempo. Enquanto o Prodes faz a análise anual, o TerraClass vem com análises retroativas de dois anos - deveria estar fazendo, agora está interrompido -, dois anos para trás, para verificar justamente o que que houve, qual foi a destinação dada a áreas identificadas como desmatamento do Prodes. Por isso que ele foi feito de dois em dois anos, até o ano de 2014. Infelizmente nós não temos essas destinações de áreas regeneradas ou destinadas para 2016, [20]18, e pretendemos ter para [20]20.
Jornalista: Desculpa, só uma dúvida, ministro. O senhor falou do Prodes, que é anual. A minha dúvida é: essa divulgação de dados, então, não será mais quinzenal ou mensal, como vinha dos alertas até agora? Será somente anual?
Ministro: Não, não. Não há alteração de divulgação de informação. O que é preciso, Gustavo, é analisar essas informações com responsabilidade e não manipular datas, recortes temporais e informações de várias naturezas para criar um percentual mais sensacionalista que há. Precisa ter muita responsabilidade no manuseio dessas informações.
Jornalista: Bom, ministro, então, o Deter, ele sempre foi um sistema que serviu como a primeira linha de alerta, não é? Ele foi criado para isso. A partir dele foi feita, sempre, uma primeira estimativa e eram desenhadas também as fiscalizações do Ibama. Então, eu quero perguntar um pouco sobre isso. O senhor falou que o Prodes vai dar aquela coisa anual, mas ele ainda não está pronto, então é isso que a gente tem para trabalhar. Então, se nós estamos desqualificando esses dados do Deter, se o senhor está dizendo que eles não são confiáveis ou têm erros e tal, mas que o desmatamento está aumentando, ele aponta uma tendência, eu queria, então, que o senhor falasse um pouquinho sobre o que o senhor acha que está acontecendo na Amazônia neste momento. Os especialistas estão dizendo que os índices estão mostrando uma forte aceleração no desmatamento na Amazônia, inclusive neste mês de julho, nesses 212% que o senhor citou no começo da entrevista. Então, o que está acontecendo na Amazônia, se o desmatamento está aumentando ou não? O senhor acha que pode aumentar nos próximos meses, agosto, setembro, quando tradicionalmente o desmatamento aumenta na Amazônia e por quê? Também queria saber como é que está acontecendo a fiscalização do Ibama. Então, assim, o Deter sempre alimentou, gerou alertas que eram seguidos pelo Ibama. Assim foi combatido o desmatamento no Brasil e assim foi reduzido os índices de desmatamento. Então, eu queria saber quantas fiscalizações do Ibama foram feitas, em quantas áreas, quantas multas, autuações foram feitas, com base nos últimos meses?
Ministro: Muito bem. Primeiro, nós continuaremos utilizando o Deter para nos orientar para o trabalho de fiscalização. Não há a menor afirmação da nossa parte de desconsiderar essa informação. A nossa ideia, como eu já disse, é melhorar ainda mais e, portanto, ter a destinação dos recursos humanos, operacionais e também financeiros, para que a fiscalização traga melhor resultado.
O Prodes deve… Fechou agora a sua análise e deve fazer todos os ajustes que é natural, todo ano faz, demora dois meses depois do fechamento, em média, para chegar no número final anualizado. E esse número final anualizado será o considerado por nós, inclusive, se for necessário, também no campo daquelas informações está à disposição esse instrumento de verificação de polígonos, sejam aqueles que não foram incluídos na temporalidade adequada ou se houve, eventualmente, sobreposição ou não. Não estou dizendo que houve, nem que não houve. No momento adequado vamos verificar se é necessário usar esse tipo de rechecagem nos dados.
Foi muito importante a reunião de ontem, inclusive, Vladimir, porque foi demonstrado a nós, pela equipe do Inpe que lá estava, como é que funciona a análise de cada polígono, dentro do sistema de análise de desmatamento do Deter. Isso nos permite, portanto, auditar esses polígonos um a um, sabe-se quem foi, nesse caso é o Bolsista do CNPq que fez a análise, sabe-se quando fez, que dia ele iniciou, que dia ele terminou, enfim, tem a informação perfeita. Então, isso permite um auditamento e, se for necessário, a gente faz, para ajudar na melhor… no robustecimento dessas informações.
Com relação à fiscalização propriamente dita, o Ibama tem feito muitas operações. Inclusive recentemente deflagrou a maior operação concomitante de áreas de desmatamento no País. Agora, o que está acontecendo é a consequência natural de quando você nega o desenvolvimento econômico para uma determinada região, faz de conta que ninguém vive na floresta, de que não há pleitos de manejo florestal, de que não há projetos de exploração minerária. E ao negar completamente essa realidade, a consequência prática é de que a população, as pessoas que estão ali, no dia a dia, que vivem na floresta e que precisam sustentar as suas famílias, os seus filhos, acabam sendo jogadas na ilegalidade.
O que nós precisamos fazer com isso são duas ações paralelas, concomitantes e igualmente importantes. De um lado, fiscalização contra ilegalidades, e este é o governo que combate todas as ilegalidades, inclusive essa, governo que é exemplo no combate à ilegalidade e às coisas erradas. Mas, em paralelo, nós precisamos verificar quais são as questões que precisam ser tratadas, de maneira séria, madura, para evitar colocar na ilegalidade situações, operações, projetos que não deveriam estar na ilegalidade. E estão sendo jogados na ilegalidade por uma atuação irresponsável daqueles que querem o congelamento absoluto daquele território à revelia da existência de pessoas que ali vive há muitas gerações. Eu digo novamente: mais de 20 milhões de pessoas vivem ali. E nós não podemos desconsiderar a existência dessas pessoas e fazer de conta que não há a necessidade de dar o dinamismo dinâmico necessário para que eles tenham uma vida digna, numa região tão rica mas com tantos miseráveis.
Jornalista Thiago Nolasco, TV Record: Presidente, ministros, boa tarde a todos. Eu queria repercutir um artigo da revista britânica The Economist, que publicou na capa uma foto da floresta amazônica em destruição e atribuiu isso ao governo. E, além disso, fala para o mundo adotar medidas como boicote a produtos brasileiros. Queria saber como que o governo vê esse tipo de reação, de publicações estrangeiras.
Ministro: Bom, nós temos um plano de comunicação para levar essas informações aos diversos países nos quais há dúvidas sobre essas questões, ou há falsas afirmações sobre essas questões de desmatamento e de ausência de controle, enfim, questões como essa que você colocou há pouco. Infelizmente alimenta essa indústria de matérias sensacionalistas, que não se refere especificamente a essa matéria do Economist, mas a várias outras que têm sido colocadas em vários meios de comunicação diariamente, alimentam essa indústria do sensacionalismo diversos brasileiros que nos parece não ser muito brasileiros, porque militam contra o seu País, na divulgação e na instigação desse movimento internacional contra coisas que não estão necessariamente acontecendo no volume, ou na intensidade, ou na forma como estão falsamente propagando no exterior.
Há problemas a serem tratados, problemas que não são de agora. Todos os que acompanham sabem que o desmatamento vem aumentando desde 2012, o que mostra que essa política focada em comando e controle não é suficiente nem adequada. É preciso encontrar soluções que sejam duradouras no tempo, que sejam sustentáveis, do ponto de vista ambiental mas, também, do ponto de vista econômico e social, e que tragam uma resposta definitiva para a população que lá vive, dentro do País que tem autonomia e soberania, que é o Brasil, sobre a totalidade da nossa Amazônia. Obrigado.
Presidente: Permite complementar aí? O mundo está partindo para oito, se não me engano, 8 bilhões de habitantes, se não me engano. É isso mesmo? É, 8 bilhões. Está previsto alcançar lá, aproximadamente, 2025. A gente cresce, o mundo cresce 70 milhões de habitantes por ano. Você pode abrir mão de muita coisa na tua vida, do teu paletó, tua gravata, teu sapato, cinema, até do carro, mas da comida não. Há uma guerra econômica em jogo. Temos países que parte da sua economia é muito parecida com a nossa, não é? Eu digo parte como, por exemplo, os Estados Unidos, a Austrália. E essa briga existe.
Vocês sabem que tudo quanto é meio tem as pessoas que agem com sinceridade e outras não. E os órgãos de comunicação não são diferentes. Temos algumas revistas aqui, no Brasil, completamente desacreditadas, servem apenas para se fazer piada sobre elas. E lá fora não foge disso. São bilhões, na questão comercial, que está em jogo aí fora. E nós vamos sofrer, como nós temos um potencial grande ainda para entrar no agronegócio, vamos sofrer todo tipo de ataque.
Constantemente eu estou com uma autoridade de fora do Brasil. A fama do Brasil e a minha é péssima lá fora ainda, tendo em vista os rótulos que foram colocados em mim. E esses rótulos têm que ser aos poucos combatidos na forma da verdade. Esses números que foram apresentados agora aqui, completa irresponsabilidade, completa.
Até eu costumo dizer, se esses números todos fossem verdadeiros a Amazônia já teria sido devastada três vezes, ao longo dos últimos 20 anos. É isso que temos que combater. O próprio Itamaraty, nós sabemos que também existe gente de má-fé lá, como existe em todas as instituições, e o Itamaraty tem um projeto de fazer com que esses representantes nossos que estão lá fora combatam exatamente isso daí. Agora, se querem derrubar o governo… Não é derrubar, não é caçar um impeachment, não. Se querem desgastar o governo porque outro grupo quer voltar em 2023, então tudo bem, vamos assim dizer. Não é essa a forma de você fazer a política, mas isso daí, o preço vai ser pago por todos nós.
Nós estamos numa fase ímpar. Acabei de ter acesso a uma empresa espanhola, que fez um contrato o ano passado para esse ano, no Brasil, com uma condicionante - foi assinado em meados de outubro: que o contrato não valeria se não fosse eu eleito presidente da República, tendo em vista o quadro dos candidatos que estavam ali e a política, caso não fosse eu, seria muito parecida, a continuar no Brasil.
Os dados que a gente vê na economia aí, a menor taxa Selic da história, os nossos… o que nós estamos anunciando: energia barata, liberdade econômica. Vamos inaugurar, agora, uma verdadeira fazenda, em Sobradinho, de energia solar, em cima de placas fotovoltaicas. Teve agora, também, hoje, empresário falando comigo, que ele, ao detectar que eu tenho o sonho de transformar a Baía de Angra numa Cancún, ele disse que fornece energia, por coincidência, também por placa fotovoltaica, para todo empreendimento que porventura for feito na região.
Um grande país também entrou em contato conosco, tem poucas semanas, que está pronto para esse projeto da Baía de Angra, construir portos de forma não tradicional, construir prédios e infraestrutura em toda a região da Baía de Angra. Nós podemos nos aproximar de Cancún, eu não tenho os dados aqui, exatos, mas na casa de 12 bilhões de dólares por ano se fatura em Cancún com o turismo, e isso pode vir para cá.
O ministro do Turismo acabou de acertar com uma empresa espanhola voos, não só os que vão de Madrid para Lima, que passariam então a fazer uma escala em Manaus, um tempo um pouco mais demorado. Bem como voos da mesma empresa que, inclusive, eu devo estar, acho que dia 22 de agosto, se não me engano, eu vou estar na região da tríplice fronteira, onde novos voos virão da Europa para fazer turismo na região de Foz do Iguaçu. Acertado, nesse grande pacote aí, seis mil casas que tratam de turismo na Europa, vender, mostrar as maravilhas do Brasil, não só no tocante a essa questão de Foz do Iguaçu, bem outras no Brasil. Carecemos de infraestrutura, e isso está vindo de graça para nós, aqui, sem custo nenhum por parte do Brasil.
Como ontem, assinamos o contrato de concessão da Ferrovia Norte-Sul com empresas, com empresas que não são empreiteiras, são empreendedores, custo zero para o Brasil ligar , ali, lá o Nordeste, Porto de Itaqui, Maranhão, passando por Tocantins, entra em Goiás e entra em São Paulo, morrendo no Porto de Santos. São quatro regiões do Brasil, uma empresa investindo, custo zero para nós. Vai baratear o transporte, evita o número de acidentes, diminui o número do consumo de óleo diesel. O transporte em grande quantidade, vem com um trem com dois andares, assistimos tudo isso lá.
Então, tem uma infinidade de investimentos de fora e dentro do Brasil, estão prontos para chegar para cá. Agora, essas medidas, me desculpe… Tá certo, se um dia eu errar, eu peço desculpas, se ninguém quiser desculpar, tudo bem, corte minha cabeça. Agora, não podemos ser irresponsáveis.
Não quero fazer mau juízo do presidente lá, do Inpe, mas está muito estranho. Muitas vezes, entre um capitão, um coronel, um general e um soldado cometer o mesmo deslize, a responsabilidade é muito maior do general, dada a sua experiência. Então, essas pessoas que estão na frente desses órgãos, lamento que alguns tenham um mandato, não sei se no caso do Inpe tem mandato ou não, a gente não pode tomar uma decisão mais drástica, no tocante a isso daí porque o estrago é muito grande. E eu não quero inferir, começar a falar de possíveis ligações com isso, com aquilo, questões pessoais, só vou acusar alguém se tiver certeza, no tocante a isso daí. Mas é muito estranho o que aconteceu, num momento em que o Brasil, aqui, já dá sinais claros de recuperar a sua economia. Interessa a todos vocês. Você mesmo, da imprensa de papel, tem caído o número de pessoas que compram jornais. Por quê? A economia não anda. Entre comprar um jornal e um pão, o cara vai comprar o pão, não compra o jornal.
Então, todos nós devemos nos preocupar com isso e divulgar o quê? Divulgar não, vocês pegarem a informação, não têm responsabilidade no tocante a isso daí, mas a pessoa que passou uma informação aí, no mínimo duvidosa, a vocês, tem que ser responsabilizada, sim, porque o Brasil não tem mais espaço para grupos fazerem política defendendo os próprios interesses.
Então, o Brasil mudou. Eu quero agradecer aqui, parece que acabaram as perguntas, ao Ricardo Salles pela explanação. Ele vai continuar trabalhando nesse sentido. Há interesse de todos nós conter o desmatamento, mas temos que entender que pressões existem e interesses, como lá atrás tinha a guerra fria, tem a guerra econômica hoje em dia. Você vê Estados Unidos e China numa queda de braço aí.
E o Brasil tem duzentos e poucos milhões de habitantes que dependem de nós. Devemos diminuir o… Pretendemos, logicamente, diminuir o número de desempregados, diminuir a violência e tantas coisas outras, mas devemos ter a verdade acima de tudo para atingir esse objetivo