Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, após declaração à imprensa - Santiago/Chile
Santiago/Chile, 23 de março de 2019
Jornalista: Primeiro, sobre a questão do Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, disse que o senhor deveria se preocupar mais com a reforma da Previdência do que com redes sociais? Como que o senhor vê esse tipo de declaração?
Presidente: Olha, as redes sociais é a imprensa livre que eu tenho, com todo respeito, algumas exceções no meio de vocês. Agora, a bola está com ele, não está comigo. Eu já fiz a minha parte, entreguei e o compromisso dele regimental é despachar e o projeto andar dentro da Câmara. Nada mais. Nada falei contra Rodrigo Maia. Muito pelo contrário, estou achando que está havendo um tremendo mal-entendido.
Jornalista: Ele ainda falou hoje, que o Brasil não aguentaria um dia de guerra com a Venezuela.
Presidente: Mas, ele está desprestigiando as Forças Armadas dessa maneira? Ele falou isso mesmo?
Jornalista: Falou.
Presidente: Desprestigiando as Forças Armadas? Nós não queremos guerra com ninguém. Em algum momento eu falei em guerra? Não falei. Ele está completamente desinformado. Eu lamento. Eu até perdoo Rodrigo Maia pela situação pessoal que está vivendo.
Jornalista: Um dia importante …
Presidente: O Brasil está acima dos meus interesses e dos dele. O Brasil em primeiro lugar.
Jornalista: Acordos importante com o presidente Piñera?
Presidente: Sim, pode falar o Piñera à vontade. Muitos acordos. Muitas coisas estavam adormecidas, voltamos a discutir e as medidas vão ser complementadas rapidamente pelo nosso país. Excelente a passagem por aqui.
Jornalista: Presidente Bolsonaro, essas duas viagens, qual é o balanço que o senhor faz dos Estados Unidos e agora o Chile?
Presidente: Foi muito positiva, o próximo agora é Israel. Aqui foi excepcional. Eu conheço o Piñera antes dele me conhecer. Sempre o admirei. O Chile, assim como o Paraguai, Argentina, Colômbia, Brasil estão tomando novos rumos na política. O rumo que estava havendo no passado nós conduzia a uma situação bastante complicada onde os finalmente seria a perda da liberdade como acontece atualmente em nossa querida Venezuela.
Jornalista: O senhor falou sobre a COP-25 durante o discurso, que virá até ao Chile novamente.
Presidente: Eu não confirmei que viria. Vou ver, se caso possível estarei presente. Mas estarei muito bem representado pelo nosso ministro do Meio Ambiente.
Jornalista: Presidente, sobre Previdência. Me perdoa se posso voltar nesse assunto. Lá em Brasília, enquanto o senhor está aqui, a polêmica segue em relação à articulação, em relação ao presidente da Câmara. Ele chegou a dizer hoje, que em relação às declarações do senhor, que ele está convencido da necessidade da reforma. Falta o senhor se convencer.
Presidente: Olha, fizemos a nossa parte. Encaminhamos a proposta para o Parlamento. A bola agora está com o Parlamento. Eles vão com toda certeza aperfeiçoar porque nós não somos perfeitos e bola para frente. Agora, me desculpa Délis, o que que é articulação? O que que é articulação? O que que está faltando eu fazer? Eu pergunto para vocês. O que foi feito no passado? Eu não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes, pode ter certeza nisso. Nós todos temos que pensar, desculpa Piñera, lá no Brasil, pensar no nosso País. Fortalecer o nosso País. Não são todos, mas alguns não estou acostumados com a nova forma de fazer política. A anterior, deu errado e olha onde estão os ex presidentes? Eu não quero ir para lá. Até que eu não irei para lá com esses mesmos erros, jamais. O Brasil é maior que todos nós. O Rodrigo Maia - nunca o critiquei. Nas mídias sociais, eu não o critiquei. Nada disso aconteceu. Não sei porque ele de repente está se comportando dessa forma um tanto quanto agressiva no tocante a minha pessoa.
Jornalista: O senhor ouviu ele falando que seria melhor que o senhor largasse o twitter e começasse a fazer essa articulação pessoalmente, assim que voltasse ao Brasil?
Presidente: O twitter eu uso 20 minutos por dia, não mais do que isso. E através do twitter, muito coisa a gente consegue chegar a uma quantidade enorme de pessoas, que pese em parte, vocês da imprensa estarem bem intencionados. O twitter é um mecanismo, que eu acho que todos nós deveríamos se preocupar com twitter, eu ainda estou no facebook.
Jornalista: O que que está por trás dessas críticas do presidente da Câmara ao senhor? O senhor tem ideia?
Presidente: Olha, não quero fazer pré julgamento de nada. Você sabe que a temperatura está um pouco alto lá no Senado. Ou melhor, um pouco alta no Senado. Acho que você é uma pessoa inteligente, eu não vou entrar nessa disputa. Somos independentes. Não serei levado para um campo de batalha diferente do meu. Eu respondo pelos meus atos no Executivo. O Legislativo são eles. O Judiciário é o Dias Toffoli. Assim, toca o barco. Isso chama-se democracia. Não queiram me arrastar para um campo de batalha que não é o meu.