Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, em Washington/EUA
Washington/EUA, 19 de março de 2019
Presidente: Muitas portas foram abertas. Alguns acordos assinados, muitas sinalizações positivas, porque temos muita coisa em comum. E na conversa reservada, é muita informalidade e acredito que o Brasil selou um momento de grandes coisas para nossa pátria.
Jornalista: Mais importante é o apoio ao OCDE? A entrada para OCDE?
Presidente: OCDE já é um desejo de algum tempo da classe empresarial e produtiva brasileira. Então, ele realmente diz que estão prontos para nos apoiar e fazer que o Brasil mude de patamar na economia.
Jornalista: Em relação exatamente à OCDE eu queria fazer uma pergunta sobre pesos e medidas. O Brasil oferece, vai trabalhar para oferecer uma base de foguetes em Alcântara. O Brasil permite que os americanos a partir daqui a 90 dias entrem no Brasil sem visto. Sim, o presidente Trump disse que apoia a entrada do Brasil na OCDE. Porém, o Departamento de Comércio disse que isso depende se o Brasil mudar de status na OMC. Ou seja, o senhor está oferecendo muita coisa e está recebendo talvez algo…
Presidente: A base de Alcântara, para nós até o momento, está sendo ociosa ou pior está sendo deficitária. A entrada deles ajuda que de modo nós possamos aí catapultar o Centro de Lançamento de Alcântara. É vantajoso para nós. Há quanto tempo nós estamos parados lá? A questão quilombola praticamente foi resolvida essa semana, né? Que tinham ampliado a área sem ninguém saber.
Jornalista: De que forma , presidente, foi resolvida?
Presidente: O nosso pessoal foi para lá. Conversando com autoridades locais, conversando com a comunidade. A comunidade tem a perder com aquela extensa área, porque nós queremos lá, conversando com os nossos ministros, entre especial Marcos Pontes, que é um astronauta, nós vamos oferecer mercado trabalho para os quilombolas. Todo mundo tem a lucrar nessa questão aí, do Centro de Lançamento de Alcântara.
Jornalista: Mas em relação à OMC…
Presidente: Ao visto você quer falar também...
Jornalista: Ao visto….
Presidente: Ao visto, olha só, a gente não vê nenhum americano indo para o Brasil, para ganhar estabilidade via CLT, buscar emprego lá. O contrário para cá existe mesmo havendo qualquer garantia na CLT. Então, há uma diferença. Agora alguém tem que estender o braço em primeiro lugar, entendeu? Estender as mãos em primeiro lugar e fomos nós. Creio que nós podemos ganhar muito na questão do turismo. Se bem que eu sei que a questão do turismo está muito voltada com a questão da segurança também.
Jornalista: Incompreensível
Presidente: A OMC. Nada com profundidade foi tratada. A ministra da Agricultura Tereza Cristina, falou na questão da carne de porco, na carne de gado, na questão também do etanol de milho, que está entrando, entra no Brasil com a taxa de 25%, tem eles querem baixar isso daí. A questão do açúcar. O açúcar aqui é de beterraba, o nosso é de cana. Então, o Trump nos disse que podemos fazer uma conta de chegada nessas questões. E a questão da OMC , no meu entender é questão de tempo.
Jornalista: Presidente, sobre a Venezuela. O senhor sentiu o povo do governo brasileiro (...)
Jornalista: (inaudível) sobre a Venezuela ou o governo brasileiro topa intervir até que ponto?
Presidente: Nós conversamos particularmente essa questão, eu, ele, dois intérpretes, o dele e o meu, e a convite dele, que não ia entrar mais ninguém, o meu filho Eduardo Bolsonaro. Então essas pessoas tomaram conhecimento do que nós tratamos com mais profundidade na questão da Venezuela. A certeza, nós queremos resolver a situação, porque o Brasil está sendo prejudicado e não nos interessa, nem a nós nem a eles que o país se perpetue nessa situação que se encontra a Venezuela.
Jornalista: Diplomacia ou intervenção militar presidente? (inaudível) E sobre a OTAN? O Brasil não descarta essa possibilidade de apoiar?
Presidente: Diplomacia em primeiro lugar, até às últimas consequências. Trump repetiu que todas as hipóteses estão na mesa. O que ele conversou comigo, reservadamente, me desculpa mas eu não poderia conversar com vocês.
Jornalista: Presidente e sobre a OTAN?
Presidente: A OTAN, o grande aliado esse OTAN. Existe aceno positivo de ambas as partes. Isso aí vai ser aprofundado nas próximas semanas e...
Jornalista: Precisa passar pelo Congresso Americano?
Presidente: Temos a ganhar, não, acho que não preciso passar pelo congresso brasileiro, se não me engano, está certo? E nós temos a ganhar na questão de parcerias no tocante a material de defesa, energia entre outras questões.
Jornalista: Qual foi a reação do presidente Trump quando o senhor convidou o presidente a ir ao Brasil?
Presidente: Olha, ele sabe da responsabilidade do governo americano, envolvido nas questões nacionais e no mundo todo, o teu tempo é extremamente valioso. Fizemos o convite. Obviamente se ele for será motivo de satisfação para mim com toda certeza e para grande parte do povo brasileiro.
Jornalista: Presidente, agora uma outra dúvida, ontem na entrevista da Fox o senhor falou que boa parte de pessoas que acabam vindo para cá não tem boas intenções. Do que o senhor falava?
Presidente: Foi um equívoco meu. A boa parte tem boas intenções, a menor parte não. É um equívoco da minha parte, peço desculpas aí. Agora tem muita gente está de forma ilegal aqui e isso é uma questão de política interna deles, não é nossa. Eu também gostaria que no Brasil só tivesse estrangeiros legalizados e não de forma ilegal como existe muita gente nessa situação no Brasil. Me desculpa mais uma vez, o equívoco, o ato falho que cometi no dia de ontem.
Jornalista: (inaudível) Presidente o senhor falou em parcerias com relação ao combate ao narcotráfico, combate ao tráfico de pessoas e de drogas e ao crime organizado. De que forma seria essa parceria?
Presidente: Estive na CIA ontem, conversamos muita coisa e isso tá na parte do ministro Sérgio Moro, a tratativa nesse sentido, comungar, interagir com as informações que nós temos. Tem gente, realmente, sei lá, terrorista no Brasil, dissimulada lá dentro, mas existe e se por ventura viermos a descobrir onde estão, no primeiro momento nós faremos tudo para expulsar essas pessoas de lá.
Jornalista: Presidente tem alguma decepção para senhor nessa viagem, alguma coisa que aconteceu, ou não aconteceu, que o senhor esperava?
Presidente: Olha nenhuma decepção, muito pelo contrário, a minha sinalização positiva ao Trump ocorria desde por ocasião das primárias, quando passei a conhecê-lo. Outras declarações no Brasil também vinham nesse sentido. Eu comecei na verdade a pré campanha minha logo depois das eleições de 2014, vim aos Estados Unidos dois anos depois, comecei a conversar com autoridades do terceiro escalão do governo, sabia que não tinha como chegar mais a acima um pouco, mas obviamente foi chegando no governo qual meu sentimento em relação ao Estados Unidos. Isso foi levado em conta aqui, até o gesto do Trump, ao convidar o meu filho que tem amizade com um dos filhos dele, a participar da reunião no Salão Oval, aquela reunião reservada, porque não dizer, secreta.
Jornalista: Dos temas que o senhor discutiu com ele, qual que o senhor destaca como mais importante para o Brasil, na sua visão?
Presidente: A situação em que se encontra o Brasil, todos temas são importantes. Pegamos uma nação completamente destruída pela questão econômica, ética, moral e temos muita coisa em comum. O que ele defende, em grande parte, eu defendia antes das primárias até. E afinal de contas, eu não sou tudo aquilo que falam a meu respeito. Se fosse, não me elegeria nem a vereador no Brasil.
Jornalista: E a China?
Presidente: A China é o nosso principal parceiro, todos sabem que no segundo semestre, vou fazer uma visita à China, vou me preparar muito para esta questão. A China é importante para nós, mas o Brasil deixa de fazer comércio com o mundo todo levando-se em conta o viés ideológico. É o novo Brasil que se apresenta para o mundo.
Jornalista: Presidente, os militares de baixa patente argumentam que a reforma previdência privilegia os generais.
Presidente: Olha, não procede a informação, tenho conversado com a defesa, com os comandantes militares. A nossa intenção é realmente fazer com que possíveis benefícios e sacrifícios sejam divididos entre todos. A figura do “sargento mor” está praticamente descartada, e aquela tabela de permanência ela entrando em vigor, quem ganha o adicional de inatividade deixa de ganhar, ou vice e versa. Então não há prejuízo para os praças, basicamente tirando dessa proposta a figura do “sargento mor”.
Jornalista: Presidente (inaudível) A visita a CIA, deixou como agenda secreta inicialmente?
Presidente: Não foi secreta, foi acertada no domingo com o meu filho que estava aqui, e já estava previsto o Moro participar lá, não tem nada de secreta. Entramos pela porta da frente.
Jornalista: E aquelas duas horinhas que a gente não sabe onde o senhor estava? Onde o senhor foi passear?
Presidente: Eu apenas entrei em um shopping aqui, e acho que fiquei não mais que uma hora lá dentro e saí fora.
Jornalista: E comprou o que presidente? Comprou o que? O que o senhor comprou?
Presidente: Comprei só um ou dois calções, uma camisa, mais nada. Isso aqui eu ganhei de um general lá que administra o cemitério de Arlington, porque ele é paraquedista, e (inaudível) a mesma coisa que eu, descobriu que eu era e me homenageou com isso aqui e eu estou muito feliz e muito orgulhoso.
Jornalista: Presidente houve momento de descontração alguma brincadeira…
Presidente: Brincadeira entre presidentes, ainda mais com o Trump, eu não vou levar a público. Houve momentos de descontração, gargalhadas, temos muita coisa em comum, temos cinco filhos, por exemplo, então temos também alguns problemas em comum. A única brincadeira que eu fiz com ele é que o chamei de jovem e falei para a tradutora, cuidado com o que você vai falar agora, porque que eu estou achando ele jovem, porque nós temos a idade da mulher que amamos só isso e mais nada, tá ok? Muito obrigado pessoal.
Jornalista: Muito obrigado presidente.