Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, na saída do Hotel King David - Tel Aviv/Israel
Tel Aviv/Israel, 03 de abril de 2019
Jornalista: Pensando também na articulação política para a reforma da previdência
Presidente: Antecipar é a poucas horas
Jornalista :É pouquinho
Presidente: Tem nada a ver. A previsão era chegar na quinta-feira às seis da manhã, chegando às seis, sete, oito é a mesma coisa, não dá para conversar com ninguém esse horário.
Missão cumprida aqui, tenho audiência marcada a partir de oito e meia na quinta-feira.
Jornalista: Quem é o primeiro?
Presidente: Não tenho ideia. Eu tenho que enfrentar. É mas eu conheço a maioria dos parlamentares e não tenho problema de dialogar com eles não.
Jornalista: E qual que é o foco agora? Dialogar?
Presidente: É a previdência, nós vamos jogar pesado na Previdência porque ela é um marco não é? Se der certo a gente tem tudo para fazer o Brasil decolar.
Jornalista: E presidente, qual vai ser a estratégia do senhor?
Presidente: O parlamento é soberano para fazer os polimentos, tirar alguma coisa é soberano está certo? Gostaríamos que passasse como chegou mas nós sabemos que vai ter mudança não existe projeto sem mudança é coisa rara de acontecer isso aí ainda mais um projeto tão amplo como esse que é da reforma da previdência.
Jornalista: O governo já tinha sinalizado que está disposto a conversar e abrir mão de alguns pontos como BPC e aposentadoria rural. A capitalização seria a mesma coisa presidente?
Presidente: Não é questão de abrir mão. O deputado que eu fui durante vinte e oito anos na ponta da linha sabe aonde o calo dele aperta, e ele questiona o seu líder e chega no Rodrigo Maia, que “olha essa questão aqui se não tirar a gente vota contra” o projeto como um todo. a gente diz que a boa Previdência é aquela que passa.
Jornalista: E qual ponto de vista o senhor acha que mais …...
Presidente: Não, não, não vou entrar em detalhes aqui. Quem vai bater o pênalti agora é a Câmara dos Deputados e depois o Senado.
Jornalista: Presidente, o Ministério da Economia está preparando um pacote para impulsionar emprego, produtividade….
Presidente: Sim a Medida Provisória. Não vou entrar em detalhe está na Casa Civil, fiz uma leitura diagonal, correndo demais, uma diagonal rápida. Pelas pessoas da economia que conversaram comigo tem tema ali que eu não entendo, me desculpem, é melhor falar isso do que fazer besteira não é? Tem tudo, pelo que tudo indica, para tirar o estado de cima do empreendedor.
Jornalista: Sessenta, noventa ou cento e oitenta dias?
Presidente: Não tenho detalhes aqui. Não deu tempo de ver aqui essas questões. Eu me preparo para o dia seguinte, eu vou ter folga no avião agora para tomar conhecimento do que está acontecendo no Brasil.
Jornalista: Presidente, está chegando perto dos cem dias e o senhor estipulou uma série de metas como o senhor acha, qual o balanço que o senhor faz até esse momento?
Presidente: Pelo o que eu vi, mais de 90% vai ser atendido e o restante, 10%, vai ser parcialmente atendido. Eu sempre fui contra essa questão de meta porque aquele 1% que não atende vocês vão lá e atiram de ponto cinquenta em cima da gente, tá ok?
Jornalista: Se acertar os sete tiros aí complica, não é?
Presidente: Pode acertar. Os meus planejamentos todos deram certo, tanto é que eu saí do zero e sou presidente. Se bem que eu estou rindo aqui mas estou envelhecendo mais rápido. A barra é pesada, ok?
Jornalista: Presidente o senhor está tentando formar uma base não é, no Congresso, para votar essa reforma da Previdência. O senhor sempre citou a questão municipalista de ajudar o parlamentar junto ao seu município. Qual vai ser a estratégia do governo para tentar conseguir formar essa base, sendo que hoje só tem o PSL?
Presidente: Olha só, eu acho que o PSL também é um partido em formação, reconheço. Nós temos por exemplo a bancada ruralista, que foi quem indicou a Teresa Cristina, o pessoal que defende a saúde, indicou o Mandetta. A gente espera nos momentos difíceis contar com o maior número possível de parlamentares dessa área. Que hoje em dia você não vê deputado reclamando do ministro da Agricultura. Antigamente, quando ele tinha problema, ele procurava o ministro, não é do partido dele, ele não tinha prioridade. Ou então, tinha uma última prioridade para ser atendido, isso acabou. A gente espera isso deles. A questão técnica vem dele também. E não somos contra botar parlamentares como ministros, tanto é que tem três ou quatro aí. Não tem problema, então é por aí. O parlamentar sente melhor a temperatura de dentro da Câmara.
Quando você fala municipalista, qual a ideia do Paulo Guedes, que eu concordo? É o pacto federativo. Em vez de nós votarmos o orçamento para fazer uma ponte no município, por exemplo de Glicério, onde eu nasci, manda o dinheiro para o prefeito. Quem sabe, não é, quando o dinheiro chegar lá, ele não faça a ponte, faça uma outra obra qualquer, que seja mais interessante para o município.
Jornalista: E o senhor está disposto nessa volta a conversar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Havia essa possibilidade de uma reunião?
Presidente: Já estava. Pelo que eu fiquei sabendo, o Dória estava preparando um jantar para sexta-feira agora. Que eu falei para a minha assessoria que para mim está barra pesada. Estou com 64 anos, não dá para ter uma batida dessa não. Complica, de repente eu estou aí com problema de saúde. Se for uma reunião em Brasília, estou disposto a conversar. Vou até na casa do Maia, sem problema nenhum. Até converso particularmente com ele, sem problema nenhum. Somos do Rio.
Jornalista: Então o jantar (...)
Presidente: Para mim complica, questões de saúde para mim, muito vôo. A outra semana nós temos várias saídas aqui para dentro, lá para dentro do Brasil. Eu sou paraquedista e sei do desgaste que é subir, saltar.
Jornalista: Presidente, o senhor também citou da possibilidade de fazer visitas a países árabes. Tem uma ideia mais ou menos de qual país (...)
Presidente: Não. Eu fui convidado por vários países. Teve gente, sheik dos Emirados Árabes nos visitando. Nós não estamos Brasil, eu, a minha situação, de procurar encrenca com ninguém. Eu quero é solução, e todos aqueles que puderem fazer negócio com conosco, da minha parte, vai ter todo o carinho e consideração. Mas tem que respeitar o Estado de Israel. Porque não tem que respeitar o Estado de Israel? Aqui o povo é soberano. Tem o primeiro ministro, que junto ao seu parlamento, toma decisões. E uma vez tomada a decisão, eu vou reclamar para o lado de lá? Não vou.
Respeito o povo palestino, não posso concordar com grupos terroristas, aí complica. Se não estaria contra a minha biografia, que combatia esse pessoal da esquerdalha desde 70, quando era garoto no Vale do Ribeira, o grupo do Lamarca.
Jornalista: Presidente, o senhor teve uma relação muito próxima com o primeiro ministro, Netanyahu, ficou claro. Vai ter uma eleição em breve e a imprensa israelense, disse que o primeiro ministro, usou a sua visita para a campanha dele. O senhor se sentiu em algum momento usado?
Presidente: De jeito nenhum, sou maior de idade. Já estou sexagenário. Eu tenho uma grande afinidade com ele. Paraquedista como eu, da tropa unida, é capitão também. Se bem que aqui todo mundo tem uma passagem militar. Até o nosso embaixador, deles lá, é um coronel. Não tem nada a ver. Antes, durante e depois. O meu compromisso é com Israel. Nós sabemos o Netanyahu é passageiro, daqui a pouco muda. Eu também sou passageiro do Brasil, graças a Deus. Imagina ficar o tempo todo com esse abacaxi. Abacaxi não, com essa quantidade de problemas nas costas, está certo? A gente vai tocando o barco.
Jornalista: (...) de se identificar demais com um governo.
Presidente: Sempre tem uma coisa. Se eu não venho, estaria contra o Netanyahu. Se venho, estou a favor. Eu desejo boa sorte a ele enquanto esteja a frente aqui desse povo maravilhoso, que é o israelense.
Jornalista: Presidente, o senhor não podia então esperar a eleição?
Presidente: Agora a gente vai ficar no namoro aqui, que é o caso. Obrigado pessoal.
Jornalista: Obrigado, presidente.