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Entrevista coletiva concedida pelo Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ministros - Palácio do Planalto

Palácio do Planalto, 18 de março de 2020

 

 

            Boa tarde.  Como anunciamos, nós vamos dar uma breve introdução e, depois, ficamos abertos a algumas perguntas por parte da mídia.

            Por que estamos usando máscaras agora? Além do general Heleno, que teve contatos com alguns aqui, também tivemos positivo agora o teste do ministro das Minas e Energia, o almirante Bento. Então, obviamente, o cuidado nosso tem que ser redobrado.

            Um breve histórico. Isso começou por volta de outubro/novembro do ano passado, na China. Num primeiro momento, ninguém ficou preocupado com isso,  nem no Brasil, nem no mundo. Mas quando adentramos janeiro esse vírus começou a se propagar por vários locais do mundo. E o Brasil teve, efetivamente, uma notícia vultosa sobre o mesmo quando poucas dezenas de brasileiros, que estavam na China, buscaram o governo brasileiro de modo que fossem resgatados. Essa missão foi muito cumprida por parte do governo, bem cumprida, foram resgatados com sucesso, submetidos a quarentena e devolvidos aos lares. A luz amarela do governo surgiu naquele momento.

            Todos os ministros, foi determinado que começassem a se preocupar: o que fazer quando o vírus chegasse ao Brasil? E todos nós sabíamos que ele chegaria. Obviamente, é como conter uma expansão do mesmo de forma abrupta. Não tem vacina para o mesmo. Assim sendo, o que nós deveríamos começar a nos preparar, mesmo sem ter recursos, mesmo sem ter um apelo para que todos os poderes agissem numa mesma direção, começamos a nos preparar. Até que os primeiros casos começaram a aparecer no Brasil.

            Alguns achavam que a gente deveria suspender o carnaval. Tivemos já um exemplo, esses dias, um governador quis impedir os brasileiros de irem à praia. Não só foi um fracasso, bem como aumentou o número de pessoas que foram à praia. Vários eventos aconteceram, nos últimos dias, pré dia 15, inclusive, onde grande concentração de pessoas, as mais altas autoridades do Brasil se fizeram presentes, como no lançamento dessa nova TV, a CNN. Outros eventos ocorreram também.

            No dia 15 eu fui convencido, de forma bastante tranquila, a fazer o pronunciamento na quinta-feira que antecedeu a esse dia, e o fiz. O povo, em grande parte, resolveu, por livre e espontânea vontade, comparecer às ruas. Essa concentração de pessoas, em todo o Brasil, foi abaixo de 1 milhão, ou próximo de 1 milhão. Isso equivale a menos de 20% das concentrações que existem diariamente, por exemplo, no município de São Paulo, por ocasião dos transportes coletivos. Por volta do meio dia do dia 15, vim aqui a esse prédio e cumprimentei os brasileiros que estavam aí fora, em grande parte meus eleitores. Estive ao lado do povo, sabendo dos riscos que eu corria. Mas nunca abandonarei o povo brasileiro, este ao qual eu devo lealdade absoluta.

            Após isso, grande parte da mídia potencializou em cima desse evento, como se fosse o único e tivesse sido programado por mim. Não convoquei ninguém, não existe nenhum áudio, nenhuma imagem minha convocando para o dia 15 de março de 2000 [2020]. Existe, sim, um vídeo eu convocando para o dia 15 de março de 2015, uma manifestação contra a presidente naquele momento, vídeo esse que foi largamente explorado por parte de uma jornalista inconsequente, como se fosse 15 de março de 2020, coincidente, também, em sendo domingo.

            Mas o momento agora, com a realidade posta, com os riscos que parcela da população pode vir a sofrer, nós externamos toda a nossa preocupação, bem como estamos tendo um apoio incondicional por parte da Câmara e do Senado, em todas as medidas que porventura se façam necessárias para que esse problema seja atenuado. Repito, como diz o nosso ministro da Saúde, o qual eu não tenho nenhum problema com ele, diferentemente do que parte da mídia ainda prega, o que nós buscamos é estender, alongar o prazo daqueles que porventura contrairão o vírus, já que não existe vacina para tal. E o objetivo de alongar esse prazo é porque o nosso sistema de saúde não tem condições de acolher uma quantidade considerável de infectados, em especial as pessoas mais idosas ou aquelas pessoas que têm certas deficiências.

            Anunciarei algumas medidas aqui, depois cada ministro usará da palavra rapidamente, para mostrar a todos a preocupação do governo, o seu sentimento humanitário para atenuar essa pequena parcela, entre os infectados, que poderão ter problemas mais graves, pela sua idade ou por sua questão sanitária não muito boa nesse momento. Inclusive, por estarmos de máscara aqui, não apenas o general Heleno deu positivo, bem como mais um ministro nosso deu positivo, o almirante Bento.

            Por parte da economia, o governo já vinha estudando e hoje publicou em Diário Oficial da União extra o estado de calamidade pública. A intenção: garantia da saúde e emprego para a população brasileira.

            Medidas emergenciais: 84 bilhões para a população vulnerável; 60 bilhões para a manutenção de empregos; antecipação das parcelas do 13º salário; reforço no Programa Bolsa Família, integrando mais de 1 milhão dentro do sistema; diferimento, ou seja, atraso para o prazo do recolhimento do Fundo de Garantia, o que equivale ao governo arrecadar menos 30 bilhões de reais; diferimento também, atraso, por parte da União, do Simples Nacional, por três meses; redução para zero das alíquotas dos produtos médicos; desoneração temporária de IPI para produtos de combate ao COVID-19; medidas de apoio, fase final de estudos por parte do Ministério da Economia, no tocante aos trabalhadores autônomos.

            O Banco do Brasil: 24 bilhões para linha de crédito pessoal e 48 bilhões para a linha de crédito de empresas. Infraestrutura: ações emergenciais na aviação civil. Vas explicar o ministro Tarcísio aqui que devemos, de uma forma ou de outra, socorrê-los, porque o desemprego, a quebra das empresas, não nos interessa, o custo seria muito maior para todos nós.

            No tocante à Justiça, além de outras medidas por parte do ministro Sergio Moro: fechamento de fronteiras, em especial aquela que nos traz uma grande preocupação, que é a da Venezuela.

            Por parte das Relações Exteriores: temos gente, no mundo todo, em parte turistas, que querem voltar para o Brasil e têm problemas. O apoio que estamos dando é junto às embaixadas, como, por exemplo, no Peru, temos 1.400 turistas que estão com problema para voltar para cá. Relações Exteriores já conseguiu, por parte do governo do Peru, que aeronaves fretadas possam pousar e decolar com esses brasileiros que lá estão.

            No tocante à Saúde, eu não vou falar porque exige uma gama de informações muito grande que o ministro Mandetta aos poucos vai relatando aqui uma a uma a todos os senhores.

            Então peço agora aos senhores ministros, vou abrir a palavra aqui, primeiramente ao Paulo Guedes para que, num espaço de tempo bastante curto, diga aos senhores e às senhoras as medidas que estão sendo tomadas pela economia.

 

MANIFESTAÇÕES DOS MINISTROS

 

Presidente: Eu quero, mais uma vez, agradecer aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, da PGR, o senhor Aras, do TCU, José Múcio, e do STJ, senhor Noronha, pelo apoio, pela presteza, pela consideração em juntos buscarmos solução para esse problema, que passa a ser um problema de todos nós: a saúde da família brasileira, o emprego de nossos homens e mulheres.

            Queria passar a coordenação agora para a Secom, para as perguntas por parte dos senhores profissionais da imprensa.

 

Jornalista Simone Iglesias, Bloomberg: Boa tarde, presidente. Boa tarde, ministros. São oito mil casos de morte, hoje, no mundo, duas no Brasil, por conta do coronavírus. O senhor vem dizendo, sistematicamente, que há uma histeria, e também falou que se superdimensiona a crise. Eu queria saber se o senhor minimizou isso inicialmente ou se, realmente, há uma preocupação geral, mundial, aí, com o vírus e com o que está acontecendo. Obrigada.

 

Presidente: Esse sentimento de histeria passou a acontecer depois do dia 15 de março. A minha obrigação como chefe de Estado é se antecipar a problemas, levar verdade à população brasileira, mas que essa verdade não ultrapasse o limite do pânico. Como disse o ministro da Saúde agora há pouco, nós passaremos por isso. Já tivemos problemas mais graves no passado que não teve essa comoção toda, ou repercussão toda, por parte da mídia brasileira. O momento agora é de união de todos, é de reflexão e buscar soluções. A verdade está aí. É uma questão grave, mas não podemos entrar no campo da histeria.

            Então, esse sempre foi o meu pensamento, esse sempre foi o meu papel como chefe de Estado: levar paz e tranquilidade a todos, sem deixar de se preocupar, obviamente, com as consequências do que estava se aproximando. Tudo o que fiz foi para levar tranquilidade ao povo brasileiro, enquanto nos preparávamos para o que viria a acontecer.

            E, repito, é grave, é preocupante, mas não chega ao campo da histeria ou de uma comoção nacional. E é dessa forma que nós encararemos essa questão.

 

Jornalista Leandro Magalhães, da CNN Brasil: Muito boa tarde a todos. Boa tarde, ministros, boa tarde, presidente. Presidente, por gentileza, eu gostaria que o senhor pudesse avaliar sobre esse “panelaço” que está previsto para hoje às 8 e meia da noite. Lembrando que ontem houve, também, um “panelaço” em algumas capitais, inclusive aqui em Brasília, na asa norte aqui em Brasília, mas no Recife e em Fortaleza também.

            E uma dúvida sobre a questão do contingenciamento, se vai haver os 40 bilhões do contingenciamento e se esse número pode aumentar, porque vai gastar mais dinheiro. Muito obrigado.

 

Presidente: O da B eu vou deixar para o ministro Paulo Guedes responder. No tocante ao “panelaço”. Parece que é um movimento espontâneo por parte da população. Qualquer movimento por parte da população eu encaro como uma expressão da democracia. Assisti agora há pouco, no jornal da TV Globo, potencializando esse movimento, divulgando esse movimento do “panelaço”. Não só a TV Globo bem como a Veja Online. Mas não vi se os dois órgãos de imprensa, como deve ter mais, com toda certeza, falando que também corre nas mídias sociais um “panelaço”, às 21 horas, favorável ao governo Jair Bolsonaro. Não interessa o que venha a acontecer. Qualquer manifestação popular, nas ruas ou dentro de casa, como o “panelaço”, nós, políticos, devemos entender como uma pura manifestação da democracia. Apenas apelo para a isenção da Globo e da Veja, que também divulguem que haverá, então, um “panelaço” favorável ao governo Jair Bolsonaro, às 21 horas, porque eu não quero pensar que vocês sejam parciais nessa questão.

 

Ministro Paulo Guedes

 

Jornalista Jussara Soares, jornal O Estado de S. Paulo: Boa tarde, presidente. Boa tarde, ministros. Presidente, hoje dois ministros testaram positivo para o coronavírus. Queria saber se, a partir desses resultados, o senhor considera que agiu errado ao ir domingo ao encontro dos manifestantes, uma vez que o senhor também não tinha esses resultados, esse segundo resultado. Obrigada.

 

Presidente: Quando foi domingo, aqui, na rampa desse prédio, não fui à rua, eu não estava infectado. Muito pelo contrário, já tinha um parecer dando como negativo. Outra coisa, senhora Jussara, eu vejo, muitas vezes, jornalistas na frente de batalha, como já vi na Guerra do Iraque, entre outros momentos, Isso é arriscado, mas é o papel de vocês.

            Eu, como chefe do Executivo, o líder maior da nação brasileira, tenho que estar na frente, junto com o meu povo. Não se surpreenda se você me ver, nos próximos dias, entrando no metrô lotado, em São Paulo, entrando numa barcaça, na travessia Rio-Niterói, em horário de pico, ou dentro de um ônibus em Belo Horizonte. Isso, longe de demagogia ou populismo. É uma demonstração que eu estou ao lado do povo na alegria e na tristeza, para comemorar alguma coisa ou para chorar outra. É o exemplo que eu sempre dei, na minha vida, enquanto soldado do Exército Brasileiro. Inclusive eu cheguei aqui era por volta de meio dia, já comprovadamente que eu não tinha problemas e tudo correu na normalidade.

            Acabou de sair um segundo exame nosso aqui, sem problemas também. É um risco que o chefe de Estado deve correr, assim como vocês correm quando estão na linha de frente, numa guerra real, fazendo a sua cobertura. Tenho muito orgulho disso.

E nesse momento, ao contrário do que muitas mídias, em especial a grande mídia, divulgou, em nenhum momento eu usei da palavra para falar contra o Congresso Nacional ou contra o Supremo Tribunal Federal. Muito pelo contrário. Se tiver que falar um dia em público, falarei da importância dessas duas instituições para o destino do nosso País, em especial pelo papel da defesa da democracia que eles exercem. E as possíveis diferenças que possam haver entre um ou outro integrante do Executivo, da minha parte vocês não ouviram, até o momento, nenhuma só crítica minha, ao longo desses últimos 15 meses, a não ser ao vivo, agora, junto à CNN, no último domingo, que eu falei algumas poucas palavras, mas em momento nenhum de agressão ou ofensa a qualquer um desses poderes que nós devemos sempre, cada vez mais, buscar a harmonia, porque é através de nós, de pouquíssimas pessoas, que somos nós, chefes de poderes, que nós, através do nosso entendimento podemos, sim, fazer um grande acordo com o povo brasileiro de modo que esse país,que tem tudo para ser uma grande nação, realmente, um dia, ele venha a ocupar o lugar de destaque que ele merece, no cenário mundial.

No mais, prezada senhora Jussara, muito obrigado pela pergunta. Se um dia estivermos numa batalha, em algum lugar, tenho certeza que você se voluntariará para fazer a cobertura para o glorioso Estado de S. Paulo. Afinal de contas, o Estado de S. Paulo foi o jornal do meu primeiro emprego no Brasil, nos anos 60.

 

Jornalista Délis Ortiz, TV Globo: Boa tarde, Presidente. Eu queria saber - me desculpa se vou incomodá-lo com a pergunta -, o senhor não se arrepende da mensagem tão errada que o senhor deu ao povo, à medida em que, apesar de ter anunciado, sugerido,  que não fossem à manifestação, para rever esse movimento e dar prioridade ao cuidado com a saúde. E, também, não só isso, o senhor repetiu agora, o senhor prestigiou o movimento, foi ao encontro dos manifestantes, se expôs, e isso tudo muito diferente do que as autoridades sanitárias do mundo todo, os presidentes de outros países no mundo todo estão pedindo para fazer exatamente o oposto. Nesse momento, por exemplo, a gente vê todo mundo com máscara. Eu queria entender porque essa imagem agora que posso estar enganada, mas me parece que difere das orientações que o Ministério da Saúde tem dado. Me perdoa a pergunta, mas é a dúvida que temos.

 

Presidente: Obrigado pela pergunta, Délis Ortiz. Eu, a partir do momento que não estou infectado, ao ter contato com quem quer que seja, não estou colocando em risco a vida ou a saúde daquela pessoa. Se você prestar atenção no horário de domingo, quando eu compareci aqui na minha casa, a casa a qual frequento e despacho, que é a Presidência da República, eu não fui ao encontro de movimento nenhum. Muito pelo contrário, me orgulho, o movimento que veio ao meu encontro. É sinal que eles me respeitam, me consideram e me têm, realmente, como líder.

            Não descumpro qualquer orientação sanitária por parte do senhor ministro  da Saúde, a nossa autoridade máxima, no momento, sobre esse caso. Como disse agora há pouco à sua colega Jussara: eu dou o exemplo. Não dirigi minha palavra à população. Meio dia, o movimento já praticamente tinha acabado aqui, em Brasília, fui para frente da rampa para ver aqueles que foram às ruas, em grande parte para dizer que este governo está certo, que esse governo tem uma equipe de ministros nunca sonhada em tempos anteriores, em nossa nação. Ninguém nunca sonhava no Brasil, senhora Délis Ortiz, ter uma equipe competente de ministros como nós temos. E grande parte de vocês, em especial a Globo, não deixa passar a oportunidade para dizer que “o time vai bem, apesar do seu técnico”. Isso é uma maneira que, no meu entender, não considero ser leal, por parte do jornalismo. Se o time ganha, parabéns a todos. Se o time perde, como se vê no futebol, o primeiro a ser demitido, como se vê no futebol, é o técnico. O nosso time está ganhando de goleada. Duvido que quem venha a me suceder um dia, acho muito difícil, consiga montar uma equipe como eu montei e tive a coragem de não aceitar pressões de quem quer que seja.

            Então, se o time está ganhando, vamos fazer justiça, vamos elogiar o seu técnico. E o seu técnico chama-se Jair Bolsonaro. E o que eu mais quero é fazer que no futuro, com essa equipe que está ao meu lado, a gente entregue a quem vier me suceder, um Brasil bem melhor, mas muito melhor daquele que recebi em 2019.

            E digo mais, em qualquer momento que a nação assim o precisar, eu estarei na linha de frente com esse povo, que é o meu exército, que é o exército de todos os democratas no Brasil.

 

Ministro Mandetta

 

Presidente:  Essas pessoas, talvez uma duzentas, à frente aqui, da Presidência, a qual eu tive contato com uma parte considerável dele, também existia muitos jornalistas, muito fotógrafos. Então é uma coisa surreal, realmente, a gente ouvir isso, uma crítica apenas a uma pessoa. Eu espero, como o Jornal Nacional vai fazer a cobertura do panelaço às 8:30, que o Jornal Nacional anuncie que às 21 horas terá um panelaço a favor de Jair Bolsonaro também, está ok? Estou aguardando ansiosamente. Hoje eu vou assistir o globo, coisa que não faço há muito tempo, hoje vou assistir a TV Globo.

 

Jornalista Lisandra Paraguassu, Reuters: Boa tarde, presidente. Boa tarde, ministros. Ministro Mandetta, há um protocolo internacional que a OMS tem pedido, é que todas as pessoas suspeitas sejam testadas, com ou sem indícios de ter o coronavírus. O Brasil está testando apenas as pessoas que estão com sintomas. Eu sei que existe uma falta de exames, mas eu quero saber se o Brasil vai chegar nesse protocolo, que é o protocolo que deu certo, por exemplo, para controlar a epidemia na Coréia.

E eu também queria saber do ministro Tarcísio se as medidas de infraestrutura para as aéreas vão incluir também as concessionárias dos aeroportos, se vai ter alguma medida para as concessionárias, que estão tendo problemas também.

 

Ministro Mandetta

 

Ministro Tarcísio

 

Jornalista Fábio Murakawa, Jornal Valor Econômico: Presidente, boa tarde. O senhor esteve ontem, segundo a agenda oficial do senhor, o senhor esteve ontem, por três vezes, com o ministro Augusto Heleno, que hoje testou positivo para a doença. Então, eu gostaria de saber se o senhor pretende refazer o teste para saber se o senhor tem o coronavírus. E também de saber se, caso existisse uma outra manifestação, se o senhor faria tudo de novo, iria lá e daria a mão para os manifestantes a seu favor. Muito obrigado.

 

Presidente: A jornalista Vera Magalhães, que foi uma mentirosa, sem qualquer compromisso com a verdade, está divulgando que eu farei um movimento dia 31 de março, na frente dos quartéis. Fake News. Esse tipo de profissional não merece respeito por parte de nós aqui, no Brasil. Lamento, a jornalista Vera Magalhães está divulgando um fake news. Ela poderia ser convocada se tivesse uma maioria consciente na CPI de fake news para falar sobre isso daí.

            Já há algum tempo nós abolimos aqui o cumprimento de mãos, na Presidência. Temos usado todas as medidas possíveis para evitar a proliferação do vírus. E toda vez que converso com qualquer ministro, em especial na minha mesa, que é bastante larga, há uma diferença de mais de dois metros nessas conversas. Mas não tem problema nenhum. Eu não sei o prazo mínimo, o Mandetta pode me dizer quando é que eu posso me submeter a um novo exame. Sem problema nenhum posso me submeter ao novo exame, se dá positivo ou não o coronavírus.

 

Ministro Mandetta

 

Presidente: Eu não vou ficar baseando em hipótese. Eu não acho que há clima para ninguém, mesmo voluntariamente, pensar em fazer uma manifestação, não há clima para isso. A realidade vai chegando aos poucos. Nós devemos é evitar algo superdimensionado. No meu entender, inclusive, tem um grupo de direita, para mencionar, que eu não tenho qualquer participação no tocante a eles, já fiquei sabendo que cancelaram esse movimento também. Então isso não existe, essa hipótese, não podemos ficar vivendo em cima disso. Se o carnaval fosse semana que vem, não sei se teríamos meios legais de vetar o carnaval. Eu acho que não, mas se tivesse, com toda certeza, vetaríamos.

 

Jornalista Ingrid Soares, jornal Correio Braziliense: Boa tarde, ministros. Boa tarde, presidente. Eu sei que é um trabalho conjunto, de todos os ministérios, mas eu gostaria de saber qual que é avaliação que o senhor faz do trabalho do ministro Mandetta em relação ao coronavírus, a esse enfrentamento do coronavírus. E também se o senhor acha que superestimou nesse primeiro mês o surto de coronavírus.

 

Ministro Mandetta

 

Presidente: Olha, o primeiro caso detectado no Brasil foi dia 25 de fevereiro. O segundo, dia 29 e, depois, dia 04 de março, mais dois casos. Com toda certeza, a tendência de aparecer mais casos é que, em havendo a informação nesse sentido, algumas pessoas ou mais pessoas continuar procurando os hospitais para serem testados. Esses números, no meu entender, estavam acontecendo já no passado, mas como ninguém procurava... Muita gente - e acho que o Mandetta pode confirmar, que ele é a autoridade nesse sentido - já deve ter tido em dezembro talvez, final de dezembro, começo de janeiro, e como não se sentiu incomodado ou, obviamente, porque era assintomático, não tornou-se público.

Então, não houve superestimar ou subestimar. Sabíamos que ele viria e fazíamos comparações com alguns países do mundo. Acredito que não era uma boa comparação com a Itália. Afinal de contas, a Itália é um país com a população bastante idosa. Como eu comparei a Itália com uma  microrregião no Brasil, que é o bairro de Copacabana, que sempre andava por lá, entregava cartas pessoalmente, durante anos entreguei cartas pessoalmente na região e era comum, em apartamento, ter uma pessoa, ou ele ou ela, viúvo, ou um casal de idosos.

Então o que nós fomos fazendo, ao longo do tempo, aí sim, sobre o trabalho aí, do Ministério da Saúde, é o que poderia acontecer no Brasil, a que ponto poderia se explodir ou não essa questão. Hoje temos informações, por ser um clima mais tropical, estamos aí praticamente no final, ou já acabou aí, o verão, e o vírus não se propaga com essa velocidade em climas quentes como o nosso.

Estamos com o pé no chão, não só colhendo informações, bem como tomando providências, em especial agora, quando a questão começou a aparecer mais no Brasil e tivemos facilidade, o próprio ministro da Economia pode falar, para conseguirmos recurso. Se não tivesse chegado nesse ponto, será que nós teríamos conseguido 5 bilhões com facilidade? Acredito que não, acredito que não. Porque no Brasil parece que existe uma cultura de você não poder se antecipar aos problemas. Não adianta você falar “vai acontecer isso”, tem que acontecer para tomar providência. Infelizmente aconteceu como prevíamos e daí, obviamente, isso não é um erro de qualquer chefe de poder, é uma constatação junto à população brasileira, passamos a ter facilidade, ou não termos mais dificuldade, para conseguirmos os recursos para isso. E tenho certeza que mais recursos virão, que propostas estão sendo apresentadas na Câmara por próprios parlamentares, como a Carla Zambelli apresentou uma proposta nesse sentido, que acredito que mais recursos virão, porque nós temos que evitar, a todo custo, uma evolução abrupta de pessoas infectadas com o vírus.

 

Jornalista Alessandro Saturno, TV Record: Boa tarde, presidente, ministros. Presidente, como última pergunta, ouvi tudo o que foi falado e a gente tem acompanhado muito com frequência todas as informações, eu queria que o senhor deixasse uma mensagem para a nação, a gente tem ouvido muito das pessoas desesperadas para não sair de casa ou não irem ao trabalho, o presidente Donald Trump limitou um limite de dez pessoas, eu queria que o senhor dissesse realmente o que a população pode esperar para os próximos dias. 

Ministro Paulo Guedes, o senhor falou aí dos 150 bi pelos próximos três meses. E a partir dos próximos três meses, de onde virá esse recurso e o que é necessário fazer para que o governo consiga continuar enfrentando a doença? Obrigado.

 

Ministro Paulo Guedes

 

Presidente: O que eu poderia falar para a população brasileira. O problema está aí, está batendo à nossa porta. Teremos dias difíceis, dias duros pela frente. Agora, serão menos difíceis se cada um de vocês se preocupar consigo, com seus parentes e com seus amigos. Somente dessa forma, seguindo os preceitos ditados pelo Ministério da Saúde como, em primeiro lugar, medidas básicas de higiene. Nós podemos alongar a curva da infecção e de modo que nós, Poder Executivo, através de nossos meios, hospitais e demais órgãos de saúde, atender aqueles que necessitarem, e atender com qualidade. Somente dessa maneira, nós podemos não resolver, até porque não existe vacina para a questão do coronavírus, mas podemos atenuar muito, com as medidas tomadas por vocês e da nossa parte atender aqueles que, porventura, infectados, com os meios necessários e adequados em nossos hospitais.

Primeiro, também diria que o pânico não leva a lugar nenhum. Repito que o momento é de grande preocupação, é de gravidade, mas devemos evitar que esse clima chegue a nós, adotando essas medidas. E, mais uma vez, eu agradeço aos poderes da República pela compreensão e pelo apoio que tem nos dado para buscar, não soluções que no momento ainda não existe, mas para atenuar esse grave problema que se aproxima. Está encerrada a presente reunião.

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