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Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro à TV Record -São Paulo/SP

São Paulo/SP, 13 de fevereiro de 2019

Jornalista: Desde o atentado a faca que sofreu em setembro do ano passado em Juiz de Fora, o então candidato, hoje presidente da República, Jair Bolsonaro, já passou por três delicadas cirurgias. No total foram cerca de 40 dias de internação, só nesta última intervenção foram 7 horas de operação e no total 17 dias internado. Ainda aqui no hospital, prestes a receber alta, o presidente me recebe para uma entrevista. Obrigado por nos receber, presidente.

 

Presidente: Obrigado a você, Eduardo.

 

Jornalista: Vamos começar falando sobre a sua saúde. Qual foi a parte mais difícil da recuperação dessa terceira e última cirurgia, presidente?

 

Presidente: Foi exatamente a recuperação. Porque a cirurgia em sendo realizada em 7 horas, eu tive efeito, não é? Sob efeito anestésico tempo todo. E foi muito invasiva, o dr. Antônio Luiz Macêdo, que me operou, falou que não se lembra de ter encontrado intestino com mais aderência do que o meu. Então uma coisa… é um trabalho de arte por parte do Hospital Alberto Einstein e do dr. Macêdo.

 

Jornalista: E o senhor teve febre também, teve complicações difíceis?

 

Presidente: No meio do caminho consegui adquirir uma pneumonia. Isso atrasou e muito a minha recuperação, mas graças a Deus estamos prontos para voltar ao batente de Brasília.

 

Jornalista: O senhor vai sair do hospital daqui a pouco, sem que seu governo tenha conseguido ainda a unidade, consenso em torno de uma proposta para reforma da Previdência. O senhor já me disse algumas vezes que a proposta boa é aquela que passa no Congresso. Em relação à idade mínima, há possibilidade de algum consenso político?

 

Presidente: É lógico que haverá consenso, não é? Na tarde de amanhã eu estarei batendo o martelo na reforma que foi encaminhada ao Parlamento. A grande dúvida na idade foi se passariam para 62 ou 65 os homens, não é? E para mulher 57 ou 60. Isso será decidido amanhã.

 

Jornalista: Mas é uma transição, portanto, até o final do seu mandato, subindo gradualmente essa idade?

 

Presidente: Se for 62 e 57, haverá transição, obviamente. Por outro lado também, mas por outro lado seria até 2030, 2032, aproximadamente.

 

Jornalista: Se dependesse do senhor, seria idade mínima de 57 para mulheres, 62 para homens?

 

Presidente: Eu já estaria adiantando e eu vou conversar com a equipe econômica amanhã. Eu gostaria de não fazer reforma nenhuma da Previdência, mas seremos obrigados a fazê-la, porque caso contrário, o Brasil quebrará em 2022 ou 2023.

 

Jornalista: O senhor também já disse que todo mundo precisa abrir mão de alguma coisa para essa reforma. Em relação aos militares, servidores públicos, bombeiros, policiais?

 

Presidente: Pode ter certeza o que for colocado para os militares das Forças Armadas será também para os policiais estaduais, para os bombeiros e com toda certeza para os policiais civis. Será muito parecido a nossa proposta, que você chegará na Câmara no segundo tempo. Até porque para nós não depende de proposta de emenda à Constituição. É um simples projeto de lei.

 

Jornalista: Bate o martelo amanhã?

 

Presidente: Amanhã está a data final. Vamos bater o martelo amanhã sim, se Deus quiser.

 

Jornalista: Ainda sobre Segurança Pública, nós tivemos hoje a transferência de um dos principais líderes de facção criminosa do País. Como é que o governo Federal acompanhou isso?

 

Presidente: Primeiro deixar bem claro, Eduardo, que é uma ação do Ministério Público do estado de São Paulo pedindo a transferência. A liminar foi concedida e hoje a partir das 6 da manhã, começou efetivamente essa operação. Obviamente, no tocante à União, ao governo Federal, nós acompanhamos, não é? O ministro Sergio Moro, que é o nosso, além de ministro da Justiça, é também o ministro da Segurança, tem tratado desse assunto de forma excepcional.

 

Jornalista: Qual a necessidade dessa transferência na sua opinião?

 

Presidente: Olha, o que se alega é cortar as vias de comunicações desses com os que estão aqui fora.

 

Jornalista: Brumadinho, presidente. O seu governo vai continuar apenas contabilizando as vítimas fatais dessa tragédia ou é possível fazer alguma coisa a curto prazo para que tragédias assim não se repitam?

 

Presidente: Houve uma pronta resposta por parte do governo Federal. No mesmo dia tínhamos três ministros lá. No dia seguinte nós fomos na região, oferecendo todo apoio ao governo do estado de Minas Gerais. O nosso ministro de Minas e Energia, Almirante Bento, já está tomando providências juntamente com outros ministros, para que as mais de mil barragens que existem no Brasil possam realmente ter um plano seguro para que não haja mais esse tipo de desastre.

 

Jornalista: As polícias Federal e agora também a Civil abriram um inquérito para investigar uma suposta candidata laranja do seu partido, PSL, que teria recebido 400 mil reais do fundo partidário, isso há 3 dias apenas da eleição. O senhor sabia disso?

 

Presidente: Bem, primeiramente isso foi no final de setembro do ano passado, essa…, eu tava em casa em convalescença. Desde 6 de setembro e estou baixado em hospital. Mesmo que não tivesse, não tenho como acompanhar tudo isso aí. Agora, já determinei à polícia Federal que abra inquérito, investigue esse caso.

 

Jornalista: E não foi apenas um caso de 400 mil, houve um outro caso de mais de 270 mil. Apesar de não ser o presidente do partido, o senhor é a principal liderança do PSL. Que recomendação o senhor dá ao partido nesse caso?

 

Presidente: O partido só tem que ter consciência. Não são todos, mas a minoria do partido que está aí nesse tipo de operação que nós não podemos concordar com isso daí. Quer ver, Eduardo? O ano passado eu poderia ter gasto até 400 mil reais da minha verba de gabinete. Gastei menos de 200 mil. O ano retrasado a mesma coisa, então da minha parte não tem problema nenhum. Agora, houve qualquer coisa errada, conforme compromisso assumido com Sergio Moro, logo depois das minhas eleições. Ele tem carta branca para apurar qualquer tipo de crime sobre corrupção e lavagem de dinheiro. Isso está no meio e o Sergio Moro já tomou as providências, já determinou que a polícia Federal investigasse esse caso.

 

Jornalista: Mas e quanto ao fato de quem presidiu o partido durante o período eleitoral ser hoje um dos seus ministros?

 

Presidente: Se tiver envolvido, e logicamente responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar aí às suas origens.

 

Jornalista: O senhor chegou a falar com o Bebianno a respeito disso?

 

Presidente: Em nenhum momento conversei com ele.

 

Jornalista: Saiu em parte da imprensa que o senhor teria feito telefonemas de dentro do hospital a respeito desse assunto.

 

Presidente: Mentira. Sabe por que é mentira? Porque eu determinei que a polícia Federal investigasse. Eu poderia ter dado um telefonema para o Sergio Moro, que eu sou chefe dele. Mas jamais farei isso, muito pelo contrário. Determinei ao Sergio Moro que dentro da sua esfera de atribuição, se fosse possível investigar e está sendo investigado. Essa é a resposta que eu dou para todos aqueles que tentam praticar corrupção no Brasil.

 

Jornalista: Qual avaliação que o senhor faz do seu vice, o general Mourão, no período de interinidade em que ele ficou, no curto período que ele ficou no seu lugar na Presidência?

 

Presidente: Olha, o general Mourão foi escolhido por mim para ser vice. É um colega da Academia Militar das Agulhas Negras, é paraquedista. Ele passou com certa, no meu entender, tranquilidade. Que pede alguns momentos, ele dá uma escorregada no tocante à declaração junto à mídia. Até porque, falta-lhe o tato para conversar com vocês.

 

Jornalista: É aquilo que o senhor chama de canelada?

 

Presidente: É, de vez em quando acontece. Eu já dei muita canelada no passado. Vou conversar de novo com Mourão. Nós temos um bom diálogo, um excelente diálogo e pode ter certeza cada vez mais o Mourão estará preparado para em uma eventualidade me substituir.

 

Jornalista: Houve algum desconforto nesse período em relação à classe política ou mesmo entre seus filhos?

 

Presidente: Olha, parte da mídia tenta me jogar contra meus filhos, meus filhos contra mim. Não existe isso. A mesma coisa no tocante ao general Mourão. Até pintou notícia na mídia durante a minha estadia, vamos assim dizer, aqui no Albert Einstein, de que os generais queriam que o Mourão assumisse e eu me afastasse. Isso não houve. Isso não ocorreu. Estamos muito bem, o governo está indo muito bem, graças a Deus, em especial no tocante a esse entendimento entre nós.

 

Jornalista: Presidente, mais uma vez obrigado pela entrevista.

 

Presidente: Obrigado, Eduardo. Satisfações.

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