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Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de entrega do Prêmio Finep de Inovação 2012

Transcrição do Áudio

 

Palácio do Planalto, 19 de dezembro de 2012


Queria cumprimentar todos os agraciados com o Prêmio Finep Inovação 2012, tanto as empresas como as pessoas. Nos dois casos é muito importante para o Brasil este prêmio porque ele destaca, divulga e deixa claro a existência no Brasil de um movimento que impulsiona a inovação.

Queria cumprimentar aqui os ministros de Estado Marco Antonio Raupp, da Ciência, Tecnologia e Inovação; José Elito Siqueira, do Gabinete de Segurança Institucional; e o presidente da Finep, Glauco Arbix.

Cumprimentar o senador Eduardo Suplicy,

O deputado Valtenir Pereira,

O nosso presidente do CNPq, Glaucius Oliva,

O presidente do Sebrae, o Luiz Eduardo Barretto,

O presidente da Empresa de Correios, Wagner Pinheiro,

Os senhores e senhoras representantes do meio acadêmico da comunidade científica aqui presentes,

Queria cumprimentar também os jornalistas, as jornalistas, os fotógrafos e cinegrafistas.

 

Sem sombra de dúvida, para um país como o Brasil, a inovação é um fator básico para o desenvolvimento do nosso país. Transformar conhecimento em invenção e transformar invenção em aplicação prática, no processo produtivo, é requisito para uma produção competitiva com custo menor, maior qualidade, e é também requisito, para um país como o nosso, assegurar um grau mais elevado de bem-estar à sua população, de oportunidades e, sobretudo, melhorar e dar um salto no sentido da qualidade do trabalho, do emprego no Brasil.

A receita, muitas vezes, pode parecer fácil quando a gente a descreve assim, mas o processo de inovação requer condições muito específicas, principalmente a dedicação, o empenho, a criatividade, mas requer muito suor, exige investimentos continuados em educação. Um país que tem a população que nós temos, 190 milhões de brasileiros e brasileiras, este país precisa de ter a sua população educada com qualidade. Quanto mais educação, mais será a capacidade da ciência proliferar, da tecnologia ser instigada e da invenção nascer. É muito importante essa massa, chamada massa crítica, de um número grande de brasileiros e de brasileiras que sabem e têm acesso ao conhecimento.

Por isso, eu enfatizo muito a questão da educação no nosso país, tanto para a produção científica como no apoio a empresas inovadoras, e também para a gente ter uma saída sustentável para os contingentes de brasileiros e brasileiras que ainda vivem em situação de pobreza extrema e estão passando para superar essa fase. Requer universidades, centros de pesquisa, pesquisadores atuantes, empresários que atuem junto com os pesquisadores, uma universidade que se ligue ao setor produtivo e, sobretudo, dissemine conhecimento e o transforme em tecnologia. É fundamental a produção de ciência, mas a produção de ciência, a clara produção de ciência, de tecnologia e de inovação.

Eu acredito também que nós precisamos da educação básica no nosso país. Precisamos de educar as nossas crianças na idade certa. Precisamos de ter creches e ensino em tempo integral, porque é um contínuo temporal inovar. Inovar faz parte de um processo em que um povo absorve esse grande desafio, que é saber o valor do conhecimento e o aplica a todas as esferas, sem preconceito, sabendo que as parcerias são necessárias, que a ligação entre as empresas e as universidades são imprescindíveis.

Inovar também é aumentar a competitividade da nossa economia, é garantir condições para que nós cresçamos de forma sustentável e de forma a nos posicionar para nos tornarmos uma nação do tamanho que podemos.

Por isso, nós temos dado tanta importância à inovação no Brasil, tanto no âmbito das ações de governo, tanto no âmbito da sociedade. A gente vê a preocupação dos empresários com a questão de uma empresa inovadora na interlocução com a sociedade, com o meio acadêmico e científico. Essa prioridade também está clara na nossa política industrial, o Plano Brasil Maior. Justifica também a ampliação, em 2013, do orçamento da Finep, nossa agência de financiamento em inovação.

É a razão dos fortes investimentos que temos feito para expandir o ensino superior, seja criando mais vagas nas universidades federais, seja por meio do ProUni, seja por meio do financiamento do Fies, o nosso programa de financiamento ao ensino. Está ali no coração, no cerne do Ciência sem Fronteiras, e está no fato de que nós sabemos que o Brasil perdeu décadas e que a nossa engenharia precisa de ser atualizada, que a nossa química, a nossa física, a nossa matemática e a nossa biologia, a ciência da computação, todas as tecnologias da... também da informação, e as ciências médicas, entre outras, mas, sobretudo, as ciências exatas.

O Ciência sem Fronteiras é ciência e ele foi feito para que nós ampliemos a nossa massa crítica, a nossa massa crítica levando os nossos alunos a estudarem nas melhores universidades do mundo. Também é uma parceria do governo com o setor privado. Nós chegamos a 101 [mil] bolsas até 2014. Este ano, o Ciência sem Fronteiras mal completa um ano de vida, tendo em vista o tempo escolar no exterior, e nós conseguimos já levar 20 mil alunos, e temos certeza que conseguiremos chegar a esses 101 mil alunos brasileiros no exterior, pesquisadores no Brasil e pesquisadores no exterior.

Nós acreditamos que o Estado brasileiro tem o dever de incentivar a inovação. Nós acreditamos e agimos nessa direção. O Prêmio Finep é um momento muito importante para o governo. É o momento em que celebramos alguns dos melhores resultados práticos da inventividade dos pesquisadores, dos cientistas, dos empreendedores – pequenas, médias e grandes empresas – e das instituições do nosso país.

Este prêmio permite que a gente reafirme essa importância que atribuímos à inovação, e celebramos e valorizamos, com este prêmio, algumas das melhores ideias postas em prática no país a partir de ações individuais e coletivas nascidas do talento de brasileiros de todas as partes do território nacional.

Um bom exemplo do que estou dizendo está no plástico verde, cem por cento reciclável, inventado e produzido pela Braskem e que tem tudo a ver com o desenvolvimento de uma cadeia que não fique só no biocombustível ou no etanol, na sua primeira geração, mas que crie também uma variante de uma petroquímica, uma... na verdade, uma bioquímica renovável. Está também, sem dúvida, na caneta de leitura. Essa caneta de leitura que também traduz texto escrito, desenvolvida pela Pentop para facilitar a vida dos deficientes, ou melhor, das pessoas com deficiência visual. Está também num novo aparelho de análises clínicas para detectar contaminação das pessoas por metais pesados, inventado pelo Marcos Aurélio Corrêa Machado. No uso da energia solar para captar e distribuir água às populações ribeirinhas e pobres do Amazonas, desenvolvido pelo Instituto Mamirauá.

Está em todos os ramos aqui apresentados. Eu não vou citar todos, mas está em cada um deles. E algumas dessas importantes invenções, tipicamente brasileiras – meus amigos e minhas amigas – mudaram o ambiente de negócio e colocaram o Brasil numa posição de liderança. Basta lembrar do etanol e de todo o fato de que o etanol levou à criação do carro flex fuel, e que o carro flex fuel hoje é uma realidade em nosso país e mostra o nosso compromisso com uma matriz de combustíveis renovável. Está também na prospecção de petróleo em águas profundas. Está no orgulho que nós temos quando chegamos ao exterior – estamos aqui também no Brasil – e sabemos que nós temos uma grande diferença no que se refere a commodities. Somos grandes produtores agrícolas porque aplicamos tecnologia e inovação na nossa agricultura. Mas aí nos orgulhamos também porque somos um país que tem uma grande empresa produtora de aviões que torna o Brasil uma referência nessa área, e que mostra que a trajetória da Embraer, premiada deste ano na categoria Grandes Empresas, é exemplar. É exemplar também pela sua história, ligada a um instituto tecnológico da Aeronáutica, que não só produziu a Embraer, mas é interessante porque também através do ITA nós chegamos à energia eólica, tanto às nossas pás quanto aos nossos geradores.

E no encadeamento entre a formação de recursos humanos, pesquisa acadêmica, inovação, institutos e empresas. Essa é uma relação que tem de ser uma relação, eu vou chamar de umbilical, porque dela depende a vida da inovação. Conhecimento e tecnologia, é esse conhecimento, ciência e tecnologia aplicados é igual a inovação, e essa inovação produtiva, ela leva a produtos cada vez mais sofisticados. Daí a nossa Embraer premiada este ano.

Eu cito esses casos por dois motivos. Primeiro, pelo orgulho que nós temos de ter deles, mas depois porque, sobretudo, eles são exemplos que nós podemos, que nós podemos ter, de fato, um país com padrão de inovação que torne as nossas empresas referências internacionais. As nossas indústrias, o nosso setor de serviços, enfim, todas as empresas deste país têm essa possibilidade de se tornar referências internacionais.

O meu compromisso, o compromisso do meu governo, dos ministérios e, sobretudo, do MCTI e da Finep, porque eu acho que a Finep representa um grande avanço neste país, que é o financiamento direto a empresas, que é... e acredito que junto com o BNDES – BNDES-Finep – levarão um grande incentivo a essa que... esse que é o nosso desafio, expandir a inovação em todos os níveis. Países que são países jovens como o nosso e que têm desafios seculares a enfrentar, e que são pressionados por demandas simultâneas, como é essa da agregação de valor, de produzir ciência, de produzir tecnologia e inovação e, ao mesmo tempo, ter de enfrentar o fato de que nós temos de tirar milhões de pessoas da pobreza, tem de entender que a ponte entre essas duas questões está dada pela educação e a educação é a base da produção, em grande escala, de tecnologia e de inovação.

É isso que faz com que nós tenhamos atribuído importância fundamental a este prêmio de hoje porque ele também tem um efeito importante para o Brasil. Ele mostra que existem diferenciadas e diferenciados setores que produzem, que inventam, que criam e que isso é possível para o Brasil.

Eu fiquei muito impressionada pelo fato, e até comentei com o ministro: Olha, a região Norte está bombando hoje. Em especial sem deixar de considerar todos os outros estados da Federação, eu queria mencionar aqui o Pará, pelo fato de que vários prêmios foram dados ao Pará em um número muito significativo. Eu chamo a atenção para o Pará, como chamo a atenção para toda a região Norte porque eu acredito que o Brasil inteiro – no Centro-Oeste, no Nordeste, principalmente nesses estados –, ele hoje tem imensa capacidade de criar, de inovar e de produzir crescimento econômico de qualidade no nosso país.

Nós precisamos de resolver também essa questão da distribuição desigual, que foi uma característica do país. O desenvolvimento se concentrava no Sudeste, no Sul, e este fato é um fato animador. Nós vamos continuar produzindo ciência, tecnologia e inovação no Sudeste e no Sul do país, mas nós também vamos ter o Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste participantes desse processo, porque esse é o processo pelo qual eu tenho certeza que nós vamos chegar a esse momento, que é um momento especial, em que o Brasil dá um salto. Eu estou certa que por tudo que nós fizemos este ano, o Brasil vai ter um crescimento sistemático nos próximos anos, sistemático e sustentável.

Nós estamos tratando dos principais gargalos do país, depois de ter feito um processo que tirou milhões da pobreza. Quarenta milhões foram para a classe média nos últimos dez anos. Nós pretendemos, até 2014, superar a pobreza extrema. Com um programa que se chama Brasil Carinhoso tiramos... estamos, neste ano de 2012, tirando 16 milhões e 400 mil pessoas da extrema pobreza, e pretendemos, até 2014, nos aproximar do limite que é... pode até remanescer alguém, mas esse alguém nós vamos achar através do método Busca Ativa.

Mas junto com isso, junto com isso este país tem de crescer, e tem de crescer e precisa dos empresários, dos inovadores. Tem de crescer de uma certa forma, por isso que é tão importante desdar os nós, resolver os gargalos e levar o país a crescer. Reduzir juros, dar uma redução dos nossos impostos, permitir que o Brasil tenha um câmbio mais competitivo, reduzir as tarifas de energia elétrica, fazer programas na área de infraestrutura em parceria com o setor privado – rodovias, ferrovias, portos, aeroportos.

Tudo isso só tem sentido se nós mudarmos o patamar do desenvolvimento brasileiro e, para isso, só tem... eu vou dizer tem duas palavras, e elas são irmãs siamesas: educação, ciência, tecnologia e inovação. Então, educação e inovação, posto que a ciência e a tecnologia são condições prévias para inovar. Então, educação e inovação, eu acredito que são as marcas deste momento que nós estamos passando. Sem desdar esse gargalo nós não daremos o salto, porque esse gargalo que diz respeito à valorização, à valorização dos 190 milhões de brasileiros e brasileiras que moram e vivem neste país e que nós queremos que tenham uma vida plena.

Muito obrigada.

 

 

 

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