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30-06-2015 - Brinde da presidenta da República, Dilma Rousseff, durante almoço oferecido pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden - Washington/EUA

Washington-EUA, 30 de junho de 2015

 

Senhor Antony Blinken, vice-secretário de Estado,

Senhoras e senhores ministros de Estado, integrantes das delegações aqui  presentes,

Senhoras e senhores fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas,

 

Para mim é uma imensa alegria estar sendo recebida aqui no Departamento de Estado pelo vice-presidente Joe Biden. O vice-presidente Joe Biden tem me honrado com sua amizade, tem me honrado com seus telefonemas. Eu tenho encontrado o vice-presidente em várias oportunidades. E as diversas demonstrações de interesse e de amizade que ele externou pelo meu país, fizeram do senhor, vice-presidente, um amigo muito especial para mim, presidente da República e para o povo do meu país, e muito contribuíram - é um reconhecimento que aqui eu faço - para que essa visita se tornasse possível. Por isso, o senhor esteja certo da minha admiração e da minha estima.

Esta manhã eu mantive uma proveitosa reunião de trabalho com o presidente Obama e com toda a equipe de governo que o acompanhou. Ontem, tivemos um jantar e no nosso jantar o senhor estava presente e tivemos uma excelente conversa.

Os Estados Unidos são parceiros de grande relevo para o Brasil. São parceiros que têm como sua base fundamental a característica de sermos grandes países, democráticos, com um povo que tem uma característica fundamental que é a sua multidiversidade. A sua origem étnica diferenciada, a força também do nosso comércio bilateral e a histórica presença de investimentos norte-americanos no Brasil, dão a base para a nossa relação e também comprovam a confiança de que desfrutam ambos os países junto ao setor privado.

A articulação de nossas economias está sendo complementada pela educação que aproxima nossas sociedades. Com educação de qualidade estamos lançando as bases para uma economia do conhecimento fundamentada na ciência, na tecnologia e na inovação. Os Estados Unidos têm sido o principal destino dos estudantes brasileiros do programa Ciência sem Fronteiras. Muitos estudantes aqui dos Estados Unidos vão ao Brasil. O acordo sobre a educação profissional e tecnológica que assinamos hoje estenderá para o ensino básico e técnico oportunidades de qualificação de docentes, gestão de escolas e desenvolvimento de conteúdos e tecnologias educacionais.

Caro vice-presidente,

Estados Unidos e Brasil são, sem dúvida, sociedades complexas, vibrantes, e cada cidadão brasileiro e cada cidadão americano que se conhecem, viajam e interagem, levam um pouco das nossas vidas para as nossas sociedades. Por isso é muito importante que países com a nossa dimensão tenham, também, a responsabilidade de trabalhar pela paz e pela prosperidade, pela região e pelo mundo afora. O senhor disse há pouco que o senhor acreditava em política local, e que mais do que política local, o senhor acreditava na política pessoal, para que ela pudesse ser universal e global. Por isso eu queria saudá-lo e saudar, também, a coragem com que o presidente Obama e o presidente Raúl Castro decidiram retomar as negociações para estabelecer as relações com Cuba. Principalmente, não só pelo país, mas principalmente pelo fato dessa ser uma grande ação e ter uma imensa repercussão no que se refere às relações dentro da América Latina. Porque a consolidação da democracia na América Latina e no Caribe é, sem dúvida, algo muito importante. Ela tem sido fruto do crescimento econômico e da inclusão social, mas tem sido fruto, sobretudo, de uma opção pela democracia e por estabelecer sólidos princípios democráticos em nossos países que, na sua grande maioria, vieram de ditaduras. Ela será sempre mais efetiva quanto mais respeito tivermos pelo estado de direito mas, sobretudo, quanto mais cooperarmos. Neste hemisfério, senhor vice-presidente, nós podemos construir, também, um  exemplo de paz, cooperação e de parcerias que todos ganharão.

Senhoras e Senhores,

O vice-presidente Biden disse-me, quando nos reunimos em janeiro, que sabia que os Estados Unidos e o Brasil estariam sempre atuando juntos, só que em patamares cada vez mais avançados nos próximos anos. Eu acredito que essa tem de ser e está sendo a característica mais relevante da nossa parceria: a construção de convergências a partir de um debate franco e respeitoso. O Brasil quer seguir construindo com os Estados Unidos uma relação adaptada à ordem multipolar que emerge no século 21, mas uma ordem que só será viável se baseada também no multilateralismo, buscando a formação de consensos e, portanto, uma ordem baseada na cooperação. Sem cooperação nós não teremos uma ordem internacional estável, daí a importante participação do Brasil e dos Estados Unidos buscando essa relação.

Nós hoje cooperamos bilateralmente, nos reunimos no âmbito do G20 e também acredito que, agora, nós temos uma responsabilidade muito grande. E essa responsabilidade é o êxito da Conferência das Partes sobre mudança do clima, a COP 21. Acredito, senhor vice-presidente, que hoje o Brasil e os Estados Unidos deram uma grande contribuição para que essa reunião se transforme em uma reunião efetiva e que alcance metas claras e confiáveis. A declaração conjunta que adotamos é um sinal inequívoco do compromisso alcançado por nós. Acredito que a meta de 20% de fontes renováveis na nossa matriz elétrica, sem a fonte hidráulica, é algo histórico.

Na área de paz e segurança, saudamos as negociações para a resolução do dossiê nuclear iraniano, para as quais a determinação do secretário John Kerry foi fundamental. Por isso, considero minha visita como um momento para celebrarmos a maturidade das relações entre nossos países e, repito, o sucesso deste encontro tem uma dívida histórica com o senhor, vice-presidente Biden, pela sua determinação e sua disposição a sempre dialogar.

Brasil e Estados Unidos, juntos, somando suas capacidades e aprendendo com suas diferenças, podem atuar de forma mais eficaz para encontrar soluções para os grandes desafios do nosso tempo. Como disse o presidente Franklin Roosevelt após a Conferência de Yalta - e eu cito essa passagem lá de trás das relações internacionais, mas no momento em que estava em questão a paz. Cito: “A paz mundial não pode ser obra de um homem, de um partido, de uma nação, não pode ser uma paz de grandes ou de pequenos países; deve ser uma paz fundada em um esforço de cooperação do mundo inteiro”.

É com essa perspectiva que convido o vice-presidente Biden e todos os presentes a brindar pela amizade entre nossos povos e pela renovada parceria entre Estados Unidos e Brasil.

 

Ouça a íntegra(10min33s) do Brinde da Presidenta Dilma