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30-09-2013 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante almoço em homenagem ao Presidente da República do Paraguai, Horacio Cartes - Brasília/DF

Palácio Itamaraty, 30 de setembro de 2013

 

Boa tarde a todos.

Queria, mais uma vez, cumprimentar o presidente Horacio Cartes, e dizer do nosso imenso prazer em recebê-lo.

Cumprimentar o Michel Temer, vice-presidente da República,

O ministro Ricardo Lewandowski, presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal,

O senador Jorge Viana, vice-presidente do Senado,

O deputado Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados,

O senador Sarney, ex-presidente da República,

Queria cumprimentar também os senhores ministros, as senhoras ministras, e os integrantes das delegações que nos honram com sua presença. Os integrantes da delegação do Paraguai e do Brasil.

Queria também cumprimentar os senhores e as senhoras chefes de missão diplomática acreditados junto ao meu governo.

Queria cumprimentar o deputado Nelson Pelegrino, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados,

Senhoras e senhores,

 

Eu, mais uma vez, reitero as boas-vindas ao presidente Cartes e à sua delegação, nessa sua primeira visita oficial ao Brasil. Aqui nós encontramos, mais uma vez, para nos confraternizarmos, fazer essa confraternização tão amiga entre paraguaios e brasileiros. Sua presença entre nós, presidente, acompanhado dessa expressiva delegação e da delegação empresarial, reflete a amizade e o entendimento que animam as relações entre o Brasil e o Paraguai.

Nós vivemos em uma América do Sul consciente do lugar que hoje ela ocupa, nesse mundo globalizado. Nós sabemos, presidente, que a prosperidade dos nossos países depende da nossa capacidade de articular uma integração entre eles – integração econômica, integração cultural, integração no sentido de uma cooperação intensa.

Antes de tudo, nós acreditamos que as relações cooperativas são aquelas que fundam o multilateralismo. O Brasil tem clareza da importância da Unasul, do Mercosul, e das relações bilaterais entre os países da América Latina. Nós sabemos que essas relações são relações que importam para a construção do crescimento e do desenvolvimento dos nossos países. A integração é, de fato, o caminho mais seguro, tanto para enfrentar os momentos de prosperidade quanto para enfrentar os momentos de crise. Ela permite que nós viabilizemos, de forma mais produtiva e eficaz, as nossas aspirações e os nossos projetos, por meio da combinação das nossas riquezas, por meio da combinação da capacidade diferenciada das nossas economias, das nossas economias, mas também por meio da integração das nossas cadeias produtivas.

Eu fiquei muito feliz, e falei isso na entrevista coletiva, de saber que a linha de transmissão que permite levar energia de Itaipu até Assunção está pronta, agora, em outubro e será definitivamente colocada para comercialização em novembro. Por que eu fiquei muito feliz? Porque isso é condição, a energia elétrica é condição para o desenvolvimento de regiões. Nós sabemos disso porque aqui no Brasil também tivemos momentos de deficiência na questão energética e sabemos o preço que pagamos por isso. Por isso estou satisfeitíssima do resultado das nossas relações ser tão produtivo.

Quero dizer também que a criatividade de cada um dos povos, a engenhosidade e a capacidade de enfrentar desafios é algo que em uma relação de cooperação nós construímos para todo o país, para toda a nação. Para o Brasil, as relações bilaterais com o Paraguai, elas se dão nesse contexto de relações multilaterais com todos os países do hemisfério através da Unasul, com todos os países que estão abaixo do Rio Grande, como é o caso da Celac, e também com um estreitamento das relações entre os diferentes povos e nações.

Eu faço votos que o Paraguai, em breve, volte a ocupar plenamente o espaço que lhe cabe nesse concerto de nações. Eu sei do empenho pessoal do presidente e quero dizer que o governo brasileiro está integralmente ao lado do Paraguai no sentido de uma integração mais rápida.

Senhor presidente,

Muito me honra também que no nosso primeiro encontro o senhor tenha se referido ao seu compromisso com o combate à pobreza, a erradicação da pobreza, a diminuição das desigualdades nos nossos países como fator de cooperação, e o Brasil reitera, mais uma vez, que vai procurar, de forma sistemática, colocar à disposição do senhor toda a tecnologia que nós aprendemos na construção do Bolsa Família e do Programa Brasil sem Miséria para que o senhor tenha sucesso também, se nós pudermos dar a menor contribuição que seja. Eu sei que o esforço maior é do senhor, mas há esse importante elo entre nós que é o seu programa Criando Oportunidades. Esse programa Criando Oportunidades mostra como há uma convergência de compromissos entre Brasil e Paraguai.

Eu quero dizer que o nosso comércio bilateral também tem sido muito expressivo, e nos primeiros meses, oito meses deste ano, o nosso intercâmbio registrou um crescimento exterior a 20%. Tenho notado também, com grande satisfação, que as empresas brasileiras estão extremamente interessadas em investir no Paraguai, e olham para o Paraguai com a certeza de que o Paraguai passa por um momento especial, de grande possibilidades e, sobretudo, já efetivando um crescimento sistemático, ao longo dos anos. Nós precisamos reduzir as nossas assimetrias econômicas. Por isso, o papel das empresas, da integração de cadeias produtivas, dos investimentos diretos nos países e do aumento do comércio são instrumentos essenciais.

Agora, nós temos um grande patrimônio em comum, e esse patrimônio em comum é humano, são as pessoas, são aquelas pessoas que representam o nosso país no Paraguai, mas que também já são paraguaias, os chamados “brasiguaios”. Lá no Paraguai nós temos a terceira maior, o que é muito importante, o terceiro maior contingente populacional.

Essa mesma dimensão humana está presente em nossas fronteiras. As fronteiras são regiões vivas, são regiões dinâmicas, são onde as coisas estão acontecendo, não só, óbvio, nas fronteiras, mas no interior dos nossos países. Mas eu queria destacar as fronteiras, porque nós devemos um processo de desenvolvimento mais integrado a elas.

Há muitas décadas, senhor presidente, eu queria inclusive citar que o maior escritor brasileiro, talvez o maior escritor brasileiro do século XX, João Guimarães Rosa, que era chefe da Divisão de Fronteiras do Ministério das Relações Exteriores, escreveu, em prosa simples e objetiva, algo que me parece muito atual sobre as fronteiras e sobre o nosso relacionamento. Eu cito ao senhor, senhor presidente, assim: “O Brasil está, como sempre esteve, disposto a promover, em conjunto com o Paraguai, os planos necessários à utilização prática, não só do enorme potencial energético do Salto de Sete Quedas, como de todas as possibilidades que oferecem à agricultura e à navegação as águas do Paraná. De tal sorte, que esse grande rio, ao invés de oferecer aos dois países razões de litígio ou desavenças, seja, entre eles, um elo de união”. E aí, eu acrescento, senhor presidente: Paraná, rio da união. E tenho certeza que o senhor compartilha essa visão comigo, uma vez que nós temos, entre nós, um elenco de possibilidades, um horizonte de desafios e que nós temos hoje instrumentos, principalmente temos a vontade política de estabelecer essa união.

Para celebrar essa união, senhor presidente, eu quero propor ao senhor um brinde à amizade, um brinde à cooperação, um brinde ao respeito, um brinde à nossa relação Brasil-Paraguai, ao que ela já realizou, mas, sobretudo, ao que nós ainda podemos realizar, para alcançar de benefício para os nossos povos. Senhor presidente, um brinde.

 

Ouça a íntegra (11min29s) do discurso da Presidenta Dilma