Você está aqui: Página Inicial > Presidência > Ex-Presidentes > Dilma Rousseff > Discursos > Discursos da Presidenta > 24-10-2012 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de abertura do 27º Salão Internacional do Automóvel

24-10-2012 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de abertura do 27º Salão Internacional do Automóvel

 

São Paulo-SP, 24 de outubro de 2012

 

Boa tarde a todos, boa tarde a todas.

Queria cumprimentar o nosso governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin,

Queria cumprimentar os senhores ministros de Estado aqui presentes: Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Agnaldo Ribeiro, das Cidades.

Cumprimentar o embaixador De la Peña, do México,

O nosso prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab,

Queria cumprimentar também o Juan Pablo de Vera, presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado,

Cumprimentar o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, senhor Cledorvino Belini,

Cumprimentar Flávio Padovan, presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores, Abeiva,

Cumprimentar o Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,

Cumprimentar o Paulo Roberto Rodrigues Butori, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes de Veículos... para Veículos Automotores, o Sindipeças,

Cumprimentar o João Guilherme Ometto, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo,

Cumprimentar, com um carinho muito especial, o Emerson Fittipaldi aqui presente, que é nosso parceiro na prevenção de desastres de trânsito, e que nos ajuda nessa, eu acho, nessa tarefa, que é uma tarefa que decorre da expansão, também, do Brasil, que é impedir que jovens e que pessoas de todo o nosso país morram e sejam condenadas a perder toda uma perspectiva de vida por conta de acidentes.

Queria cumprimentar as senhoras e os senhores expositores deste 27º Salão do Automóvel,

Cumprimentar os jornalistas, os fotógrafos e os cinegrafistas aqui presentes.

 

Este Salão Internacional do Automóvel, ele já se tornou um evento, um evento importante, eu acho, para o Brasil, para o governo, para os governos estadual e municipal e para o governo federal, e esperado com ansiedade, como a gente pode ver pelas filas que se formam para entrar.

A 27ª edição, ela ocorre num momento muito especial para a indústria automobilística brasileira. Nós sabemos que o sucesso do Brasil é, também, o sucesso da indústria automobilística. Quando a renda e a ascensão de milhões de brasileiros ao consumo, a ascensão de milhões de brasileiros ao direito ao trabalho, ao crédito, elas criam perspectivas extraordinárias para o próprio mercado automotivo.

Hoje, nós somos o quarto maior mercado global de veículos e os recordes de produção e de venda de automóveis são quebrados ano a ano. A gente diz que a riqueza do nosso país ela é a mais variada possível. Nós temos uma das maiores agriculturas do mundo, nós temos petróleo, nós somos um país com uma população com uma grande unidade étnica, nós somos um país democrático, que respeita contratos, com estabilidade. Temos uma indústria. Não perdemos essa indústria ao longo da década de [19]80 nem a de [19]90.      Podemos, inclusive naquilo que foi desmembrado ou naqueles elos que foram perdidos, nós podemos reconstruir. Ao contrário de muito países, principalmente aqui da América Latina, que perderam das suas empresas, tanto as suas empresas industriais como empresas na área de energia.

Mas tem uma coisa que é a nossa riqueza. Que é o fato de sermos um país com, praticamente, duzentos milhões de habitantes. E um país com duzentos milhões de habitantes tem uma riqueza fantástica. É um país de tamanho grande, porém não grande excessivamente, mas com mercado vigoroso.

Produzir a distribuição de renda nesse país fez a diferença. Tornou esse país um grande mercado interno, com consumidores que, inclusive, têm demanda reprimida, porque muitos deles sonharam ao longo do tempo em ter um automóvel. E quando ascendem à classe média, realizam um dos seus sonhos comprando o seu primeiro automóvel ou o seu segundo automóvel, mas sobretudo do seu automóvel novo, aquele automóvel com o qual ele sempre sonhou; ele ou ela.

Por isso é um cenário totalmente distinto do vivenciado pela indústria automobilística na maioria dos países desenvolvidos, onde os mercados de consumo são maduros, onde a classe média está sendo destruída, notadamente nos países europeus, onde há uma perda brutal de renda.

Nós vivemos uma outra conjuntura. Nós estamos aqui numa conjuntura em que não só o país conseguiu elevar à classe média a 40 milhões de pessoas, mas também onde nós estamos também procurando elevar os outros 16 milhões... tirar da pobreza extrema os outros 16 milhões. Mas também onde nós temos certeza que o desenvolvimento vai trazer riqueza. Nós queremos um país de classe média, nós queremos um país que tenha níveis de renda compatíveis com o seu potencial de riqueza e com toda a sua capacidade. Portanto, queremos também um país com trabalhadores com trabalho de qualidade.

Daí por que eu acredito que o regime automotivo, o novo regime automotivo, o Inovar-Auto, ele é fruto desse novo momento. Nós não podemos achar que o Brasil é uma ilha e que nós não vamos importar. Não é isso que o Inovar-Auto é. Nós vamos continuar importando. Agora, o que nós não vamos fazer é, sobretudo, importar. Este país não é uma montadora só. Este país terá de ser um lugar no qual se gere elos de cadeia produtiva sustentáveis da indústria de autopeças, da produção de motores de transmissão, da produção do que for, complementada pela produção internacional, mas aqui tem de ter essa produção.

Não é possível que a gente ache que o nosso país não possa gerar conhecimento científico e tecnológico na indústria automobilística. Não é possível a gente concordar que haja uma perda de capacidade de geração tanto no que se refere à tecnologia como no que se refere a produtos. Nós queremos gerar tecnologia, porque o nosso país tem um desafio e chama-se o desafio da produção. E produzir vai significar para o nosso país ter uma imensa capacidade de inovar. É por isso que insistimos tanto na questão da formação educacional do nosso país. Por isso, que fazemos um programa como o Ciência sem Fronteiras, que quer formar 100 mil brasileiros e brasileiras no exterior.

Nós não fazemos isso porque achamos que podemos viver comprando de fora, pura e simplesmente. Nós temos de nos integrar às economias mais avançadas do mundo, às economias emergentes, às economias em desenvolvimento e ajudar as economias com baixo nível de desenvolvimento. Mas nós temos, também, de cuidar da nossa indústria.

O Inovar-Auto é isto. É olhar para a indústria automobilística e falar: “Indústria automobilística, nós queremos te apoiar”. É isso. Apoiar a indústria automobilística, a cadeia da indústria automobilística.

E aí eu estou muito feliz de ter estado aqui hoje. Nós sabemos que data de [19]56 o início da indústria, da primeira chegada do setor aqui. Chegaram em São Bernardo. Antes, tinha a fábrica da Vemag, a Romiseta. Mas, eu acredito que nós, hoje, estamos numa nova etapa.

Nós temos no Brasil uma indústria automobilística razoavelmente sofisticada, representada pelas grandes empresas mundiais produtoras de automóvel. O que fica claro é que nós somos um mercado extremamente atraente. Nós somos esse mercado. Nós temos de ter consciência disso.

Quem é um mercado com essa... Uma vez uma ministra da América Latina disse: “o mercado brasileiro é ‘apetecible’”. De fato, é um mercado apetecível. É um mercado significativo, com uma imensa capacidade, eu acho, de gerar oportunidade para todos.

Por isso, eu acredito que o Inovar-Auto ele combina várias coisas. Ele combina essa importância que nós temos de dar para a geração da inovação, num país como o nosso, que apesar de ser um país com grande capacidade de produção de commodities, tem de ser capaz de agregar valor e de produzir inovação na indústria, tem de ser capaz de transformar as suas oportunidades.     Ao mesmo tempo, é um momento em que nós queremos que a qualidade do trabalho, a qualidade do trabalho empregado no Brasil seja... porque você não agrega valor com trabalho de baixa eficiência, de baixa produtividade. Você só agrega valor quando você junta, ao produto, conhecimento humano, além da sua habilidade. Mas é fundamental que nós façamos isso.

Daí por que eu acho que também é um momento especial para os trabalhadores brasileiros. Nós estamos aqui ajuntando e mostrando que é possível essa inter-relação entre sociedade, governo e a iniciativa privada, os empreendedores, que são fundamentais para se transformar este país.

Eu sei que nós também vamos buscar, na nossa indústria, maior segurança para impedir desastres. Vamos buscar maior eficiência, porque somos um país comprometido com a questão do gasto menor da energia, e uma das questões mais cruciais é a matriz de combustíveis em qualquer país do mundo.

E se nós queremos preservar o meio ambiente... e aí é importante os táxis elétricos aqui na cidade de São Paulo, Kassab, como é importante o uso do biodiesel, mas é importante ver que a nossa indústria é uma indústria que, além disso, ela tem uma característica: ela produz carro flex fuel. O que não é flex fuel... hoje eu vi, com uma grande alegria, vários produtos híbridos – qualquer combustível e energia elétrica – e vi também só carro movido a energia elétrica.

Acredito que o Brasil pode e deve dar uma grande contribuição nessa área porque não há nenhum país do mundo que possua uma matriz de combustível renovável como a nossa. Não há um carro no Brasil que não tenha uma parte de etanol. Não há... Nós começamos o zero nosso com 20%, nosso zero é 20%. Então, hoje também eu vi aqui um compromisso com a modernidade, no sentido da sustentabilidade do meio ambiente.

Eu queria dizer para vocês, também, que estou muito feliz porque eu percebo uma clara disposição da indústria, no sentido de solucionar todos os problemas que podem eventualmente decorrer da aplicação e da adoção do Inovar-Auto. Por quê? Porque eu não acho que o Brasil pode abrir mão de produzir aqui o que pode produzir aqui, de forma competitiva, com preço, prazo e qualidade. Nós podemos fazer isso, nós temos condição de, com esses três requisitos – preço, prazo e qualidade – sermos players, aqui no Brasil e lá fora.

Daí porque eu senti, também, uma grande força por parte dos empreendedores, no sentido de procurar não só contemplar o mercado brasileiro, mas criar produtos que eu acredito que, progressivamente, serão produtos atrativos no mercado internacional.

Nós sabemos que as metas que colocamos para o novo regime automotivo, elas são factíveis e realistas. Eu afirmo isso com base em um número que eu acho que é relevante: 19 fabricantes já haviam aderido ao regime, antes mesmo de sua completa regulamentação, em especial aquelas empresas que têm mais de 30 anos, mais de 20 anos no Brasil. E também são muito bem-vindas esse novo ciclo de empresas que estão entrando.

E, por isso, eu queria fazer um anúncio para vocês, antes de encerrar. Eu hoje vim aqui também anunciar que nós vamos prorrogar a redução do IPI até 31 de dezembro de 2012.

Eu agradeço a atenção dos senhores.

 

Ouça a íntegra do discurso (17min14s) da Presidenta Dilma