12-04-2011 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de abertura do Diálogo de Alto Nível Brasil-China em Ciência, Tecnologia e Inovação
Pequim-China, 12 de abril de 2011
Eu queria saudar o senhor Wang Gang, vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, e ministro da Ciência e Tecnologia da República Popular da China,
Saudar o embaixador da República Popular da China no Brasil, Qiu Xiaoqi,
Saudar os senhores ministros que me acompanham nesta visita à República Popular da China, aqui presentes: Antonio Patriota, das Relações Exteriores; Edison Lobão, de Minas e Energia; Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia,
Queria também saudar o governador do estado da Bahia, Jaques Wagner,
O embaixador do Brasil em Pequim, Clodoaldo Hugueney,
Queria saudar também o senhor Cao Jianlin, vice-ministro da Ciência e Tecnologia da República Popular da China,
O senhor (incompreensível), diretor-geral do Departamento de Cooperação Internacional do Ministério de Ciência e Tecnologia da República Popular da China,
Queria também cumprimentar os membros da delegação, aqui presentes, dr. Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Universidade Federal do Rio de Janeiro-Coppe; o senhor João Carlos Saad, aqui, presidente do Grupo Bandeirantes; o senhor Jacob Palis Junior, presidente da Academia Brasileira de Ciências; o senhor Virgílio Almeida, secretário de Política de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia; o senhor Ronaldo Mota, secretário de Política de Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia; o senhor Pedro Arraes, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; o senhor Gilberto Câmara, presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; o senhor Adalberto Fazzio, coordenador de Nanotecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia,
Eu, de fato, tenho grande satisfação e interesse em participar da abertura deste evento binacional sobre ciência, tecnologia e inovação.
Aqui discutiremos – em uma perspectiva de médio e longo prazo – os fundamentos do progresso e do bem-estar no século XXI, baseados na promoção do conhecimento humano e que têm como objetivos básicos a garantia, entre outras questões, da segurança energética e alimentar do mundo.
A China e o Brasil são dois grandes países, com expressivas economias e crescente atuação internacional. Nossas relações são sólidas e alcançamos, de uma certa forma, a maturidade. No entanto, o Brasil, e tenho certeza a China, quer inaugurar uma nova etapa nessas relações, um salto de qualidade no modelo de cooperação que tivemos até agora.
Mais que parceiros comerciais, queremos ser parceiros também na pesquisa científica e tecnológica, na inovação e na criação de produtos com tecnologias verdadeiramente binacionais.
Convergimos em inúmeros aspectos. Convergiremos, mais ainda, se tivermos uma coordenação efetiva em ciência e tecnologia, como é o caso da Cosban. Também acredito que é necessário que essas relações tenham esse respaldo institucional, para que se dê expressão máxima ao caráter estratégico das nossas relações.
Nós não partimos do zero. Lembremos o pioneirismo do Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres, o CBERS. Iniciado em 1989, esse projeto, ambicioso para dois países em desenvolvimento, foi emblemático do que a China e o Brasil foram capazes de produzirem juntos. Queremos dar continuidade à cooperação espacial com a China, expandindo e atualizando esse Programa para além de 2014. Já lançamos três satélites, cujas imagens disponíveis, de forma gratuita, beneficiaram os países africanos para aplicação em meio ambiente e agricultura. Devemos acelerar o lançamento do quarto satélite e incorporar ações nas áreas de clima espacial, aplicação de dados de satélites meteorológicos e observação da terra.
No setor aeronáutico, buscamos ampliar a cooperação entre a Embraer e a Avic para a produção de jatos executivos da China. Essa parceria abrirá oportunidades de cooperação empresarial em setores de alta tecnologia.Outras iniciativas serão traduzidas em acordos concretos na área de ciência, tecnologia e inovação, ainda no decorrer desta visita.
No campo da biotecnologia, inauguramos o Laboratório Virtual, Labex, projeto entre a Academia de Ciências Agrárias da China [CAAS] e a Embrapa, o qual promoverá pesquisas conjuntas em biotecnologia e genética de plantas para aumentar a produtividade agrícola em nossos países.
É certo que o Brasil é um dos grandes países produtores de alimentos do mundo. É certo também que não contamos só com os recursos naturais . É certo que a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias deu um grande estímulo ao aumento da nossa produtividade e esse estímulo se traduziu na nossa competitividade internacional na área agrícola. Tenho certeza de que nessa área grandes perspectivas podem estreitar as nossas relações com a China.
Formalizaremos ainda os entendimentos para a criação de um centro conjunto de nanotecnologia, a ser implementado ainda em 2011.Assinaremos acordo sobre desenvolvimento da tecnologia e os múltiplos usos do bambu, trazendo importantes benefícios socioeconômicos.
Em dezembro passado, inauguramos o Centro Brasil-China de Tecnologias Inovadoras para Mudança Climática e Novas Fontes de Energia, associando a Universidade de Tsinghua e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Coppe.
Senhoras e Senhores,
O setor empresarial tem muito a ganhar com a pesquisa e o desenvolvimento entre parceiros capacitados, ligados por fortes laços comerciais, financeiros e políticos.
Temos amplas possibilidades a explorar no campo da inovação, nas áreas da tecnologia da informação, da biotecnologia, da educação, da cadeia de petróleo, gás e dos combustíveis renováveis.
O Brasil deseja aprofundar seu diálogo com a China estabelecendo um programa de fomento de parcerias entre universidades e centros de pesquisa, identificando áreas de interesse e promovendo redes de informações.
O amadurecimento do intercâmbio trará enormes benefícios mútuos, especialmente na medida em que incorpore produtos intermediários, tecnologia, know-how e bens de capital, contribuindo para o aprimoramento das cadeias produtivas tanto do Brasil quanto da China; contribuindo também para a geração de renda, emprego e desenvolvimento conjunto, combate das desigualdades sociais e regionais em nossos países.
Devemos estimular a diversificação dos investimentos recíprocos nos setores de alta tecnologia sob a forma de parcerias entre empresas brasileiras e chinesas.
Reiteramos que essa parceria exige não só transferência de tecnologia, mas também mecanismos conjuntos de inovação tecnológica que permitam a criação de produtos verdadeiramente binacionais.
Caras senhoras e senhores,
O Brasil é um país que tem, na área das energias renováveis, uma grande conquista e uma grande capacidade. A nossa matriz elétrica tem 85% de fontes renováveis e a nossa matriz de combustível, somada à matriz elétrica, é uma das mais limpas do país, representando 45% de energias limpas.
Nós tivemos uma ação conjunta na reunião de Copenhague, afirmando que os países emergentes tinham responsabilidades comuns com os países desenvolvidos, mas diferenciadas, na medida em que os países desenvolvidos tiveram uma contribuição maior com a mudança do clima. Hoje o Brasil e a China se dispuseram a fazer expressivas reduções na emissão de gases de efeito estufa. As nossas... entre 36 a 39% de redução desses gases até 2020.
Reduzimos de forma determinada o nosso desmatamento. Sabemos que a questão das energias renováveis é uma questão também de resposta tecnológica inovadora aos desafios do uso da energia e da importância da energia para o desenvolvimento do mundo.
Nós temos um comprometimento com uma estratégia de desenvolvimento de biocombustíveis, apostando na linha de pesquisas de combustíveis de segunda e terceira... de biocombustíveis de segunda e terceira geração na área de biocombustíveis.
Temos também a certeza de que é fundamental para os países tanto a segurança alimentar quanto a segurança energética. Por isso, um dos grandes desafios do Brasil é a exploração do pré-sal em águas profundas, o que vai exigir, da nossa parte, um grande desenvolvimento científico e tecnológico para explorar esse recurso nas zonas de grande profundidade, com grande pressão e altas e baixas temperaturas.
Tenho certeza de que o mundo precisa encaminhar-se para um desenvolvimento sustentável. O Brasil não sairá dessa trilha. No entanto, sabemos também que os recursos do petróleo são muito importantes ainda no desenvolvimento internacional. Daí, a importância, para o Brasil e para a China, de parcerias nas tecnologias de extração de petróleo em águas profundas e também na produção e desenvolvimento de tecnologias de refino e de produção de petroquímicos.
Caras senhoras e senhores,
O futuro da cooperação sino-brasileira é auspicioso. Com o início deste diálogo aproximamos parceiros públicos e privados de nossos países, incentivando-os também a abraçarem essa causa, sempre vitoriosa, da ciência, da tecnologia e da inovação.
A China tem civilização e cultura milenares e deu ao mundo número significativo de descobertas e invenções ao longo dos séculos; demonstrou também ser possível renovar sem perder o sentido das tradições. Constatamos com otimismo a ênfase dada no 12º Plano Quinquenal às áreas de ciência, tecnologia e inovação, e nos congratulamos com isso.
Por seu lado, o Brasil atravessa o melhor momento de sua história com uma economia pujante, um povo criativo e confiante e uma sociedade democrática. Fizemos, estamos fazendo e faremos todos os esforços possíveis para transformar o Brasil em um país, em uma nação e em uma sociedade desenvolvida mais justa, mais igual e também capaz de se basear em processos inovadores.
Estou segura, portanto, de que o futuro da cooperação entre o Brasil e a China em ciência, tecnologia e inovação será assinalado por grandes realizações e grandes contribuições mútuas ao desenvolvimento dos nossos países e dos nossos povos.
Muito obrigada.
Ouça a íntegra do discurso (15min13s) da Presidenta Dilma.
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