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22-12-2015 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de entrada em operação da 2ª Estação de Bombeamento-EBV-2, do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco-PISF - Floresta/PE

Floresta-PE, 22 de dezembro de 2015

 

Eu queria começar cumprimentando aqui os trabalhadores responsáveis pela construção dessa obra. Um abraço a vocês, que tornaram possível essa obra, que é fundamental para Pernambuco, para o Ceará, para a Paraíba, para a Bahia, enfim, para todo o Nordeste.

Eu começo cumprimentando os governadores. O governador Paulo Câmara, de Pernambuco; o governador Camilo Santana, do Ceará; o governador Ricardo Coutinho, da Paraíba,

A senhora Rorró Maniçoba, prefeita de Floresta, e o senhor Dario Novaes Ferraz.

Cumprimento também os ministros de Estado que me acompanham: o ministro Gilberto Occhi, da Integração Nacional;o ministro Marcelo Castro, da Saúde, e o ministro das Cidades, Gilberto Kassab.

Cumprimentar aqui o nosso senador por Pernambuco, Humberto Costa,

Queria cumprimentar também os deputados federais: Adail Carneiro, Arnon Bezerra, Fernando Monteiro e Kaio Maniçoba.

Cumprimentar os deputados estaduais: Jeová Campos, Odacy Amorim, Rodrigo Novaes.

Queria dirigir também um cumprimento aos senhores prefeitos aqui presentes: o prefeito, Adauto da Silva, de Ibimirim; o prefeito Domingos Leite, de São José de Piranhas; o prefeito Genivaldo Menezes, de Águas Belas; o prefeito José Gerson, de Tacaratu; o prefeito Luciano Duque, de Serra Talhada; o prefeito Luiz Carlos, de Custódia; o prefeito Padre Jorge, de Ati; o prefeito Romero Guimarães, de São José do Egito.

Queria cumprimentar o secretário nacional do PAC, Maurício Muniz,

Cumprimentar o Oswaldo Garcia, secretário de Infraestutura Hídrica do Ministério de Integração Nacional,

Queria cumprimentar o Antônio Alves, secretário de Saúde Indígena,

Cumprimentar o presidente da Câmara dos Vereadores de Floresta, o Murilo de Almeida,

Cumprimentar os secretários estaduais: Nilton Mota, de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco; Lúcio Ferreira Gomes, das Cidades, do Ceará; João Azevedo Lins Filho, da Infraestrutura e dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia da Paraíba.

Cumprimentar o senhor Roberto Tavares, diretor-presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento,  a Compesa,

Os representantes das contrutoras: Ubirajara Amorim Filho, da SA Paulista; Nuno Lourinha, da Somag.

Cumprimentar o José Maurício Filho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolândia,

Queria cumprimentar os representantes das comunidades indígenas, conselheiro tribal Manoel Ferreira; quilombolas, Maria José de Souza; vilas produtivas, Mônica Rodrigues dos Santos.

Queria cumprimentar o coordenador estadual do MST, Jaime Amorim,

Dirijo um cumprimento especial às senhoras e aos senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas aqui presentes,

Olha, ao acionar - porque vocês viram que nós acionamos esta segunda estação de bombeamento do Eixo Leste -, eu vi a água do São Francisco passar pelas comportas e entrar no canal. E essa água, captada lá em Itaparica, que já encheu o reservatório de Areias, em 62 dias a contar de hoje terá enchido mais dois reservatórios, o reservatório de Braúnas e de Mandantes. Mais dois reservatórios estarão reservando a água do São Francisco, para que nós possamos construir 34 quilômetros de canais, com água fluindo e três reservatórios cheios no sertão de Pernambuco. Isso é o inicio, porque mais reservatórios virão, mais estações de bombeamento virão até que a água, por fim, chegue a todos esses estados desse Eixo Leste e do Eixo Norte.

Tantas transformações, elas podem ser resumidas, elas devem ser resumidas em uma única frase: a integração do São Francisco avança e não há nada que pare essa interligação. A cada dia que passa, a água, que é um bem fundamental para a vida de cada um de nós, porque nós somos fundamentalmente água, vai avançar, vai avançar pelos canais. Ela vai avançar pelos canais e vai transformar para sempre a paisagem e a vida das pessoas no semiárido nordestino, no semiárido aqui de Pernambuco, no Ceará, da Paraíba e de todo o Nordeste.

Há quatro meses, no dia 21 de agosto deste ano, eu estive em Cabrobó, a quase 100 quilômetros daqui, para inaugurar uma estação de bombeamento, uma estação de bombeamento como essa. Essa é maior, mas uma estação tão importante como essa, que pega a água cá embaixo e eleva a água para correr pelo canal. E, quando eu estive lá, eu pude perceber nos olhos das pessoas, ao verem a água correndo, a alegria diante dessa maravilha da engenharia e o fato de que essas pessoas, principalmente os operários responsáveis pela obra, sabem do orgulho de se fazer parte disso.

Todos nós, aqui presentes, mesmo aqueles que não trabalharam diretamente na obra, somos parte disso. Porque a integração do São Francisco é uma realidade muito importante para o Brasil. Eu considero que, no meu período de governo, é a obra mais prioritária, do ponto de vista do efeito que ela terá na vida de milhões de moradores aqui do semiárido. Ela, ela que está ficando, a cada dia que passa, com nosso esforço, com o esforço de vocês, uma realidade, ela é uma mostra da capacidade que nós temos, quando focamos naquilo que é importante, nos juntamos, de conseguir efeitos significativos e transformarmos a nossa condição de vida,

São quase 80 quilômetros de canais já com água ou prestes a receber a água, como é o caso desse canal que nós abrimos aqui hoje e que vai encher os próximos reservatórios. São 11 aquedutos, dois túneis prontos, dez mil trabalhadores em ação. Aliás, estamos no momento de maior mobilização de trabalhadores desde o inicio da obra. Estamos também tomando providências para que as comunidades que moram na beira, ou perto do canal, em áreas próximas ao canal,  sejam beneficiadas. Nós não vamos permitir, nem o governo federal, nem os senhores governadores que aqui assinaram os convênios conosco, nós não vamos permitir a repetição de histórias tristes que existiam, de famílias e famílias sem acesso à água, embora  vivendo às margens de adutoras ou barragens. Não. Nós queremos que a água chegue nas torneiras de todas as comunidades, das grandes e das pequenas, dos quilombolas, dos indígenas, dos assentados da reforma agrária, das populações rurais e urbanas. Tanto aqui em Pernambuco, quanto na Bahia, quanto no Ceará, quanto na Paraíba, a água do São Francisco vai chegar, sim, e vai beneficiar a população que vive ao longo dos canais.

Nós sabemos que há muitos anos, há séculos, as estiagens, castigam aqui o semiárido. Nós não temos ainda, os homens, as mulheres, não conquistaram ainda a tecnologia capaz de controlar o clima. Nós nao controlamos nem a chuva, nem a falta de chuva. Mas nós podemos, porque nós já controlamos, criar as condições para que a população  tenha uma convivência digna e sustentável com a seca.

A interligação do São Francisco é essa tecnologia. A interligação do São Francisco vai permitir que a gente conviva com a seca e que gente seja capaz, aí sim, não de acabar com ela, mas de controlar as condições em que ela aparece e afeta a vida das pessoas no semiárido, a vida de populações enormes, fundamentais para a prosperidade do nosso País.

Hoje, em todos os estados do Nordeste há obras que nós chamamos de estruturantes, que vão se somar à integração do São Francisco, para garantir segurança hídrica. Quero dizer para vocês: são adutoras, canais, barragens, enfim, estações de tratamento, rede de abastecimento de água, além daquilo que eu muito me orgulho, que são as cisternas: 1 milhão e 200 mil cisternas que nós construímos por todo semiárido afora, em parceria… Eu nunca deixo de citar, quando eu falo em cisterna, a ASA, não deixo de citar,porque foi uma parceria com uma organização não-governamental muito importante para nós.

Nós sabemos que investir em segurança hídrica no Nordeste é parte integrante de um processo de enfrentar algo muito grave no Brasil, que é a desigualdade regional.  A desigualdade regional, ela tem um impacto muito forte quando a gente olha o que a infraestrutura faz, o que o acesso à água produz. Então, diminuir a desigualdade no nosso País passa, sim, por enfrentar o problema da água,  do acesso à água, da garantia da água a todas as populações. Porque um governo deve ser medido por isso. Nós, cada um de nós aqui,  é diferente do outro. Eu sou diferente do Humberto, sou diferente do Marcelo Castro, sou diferente de cada um deles, primeiro porque eu sou mulher. Mas eles, que são homens, também são diferentes entre si. Mas todos nós temos de ter oportunidades iguais. E aqui, no Nordeste, oportunidade igual significa também acesso à água.

Daí porque eu fico muito feliz de estar aqui hoje. Nós estamos preocupados, sim. Como o governador falou, nós achamos que vamos enfrentar o quinto ano da seca, aliás, já estamos enfrentando o quinto ano de seca. E só não tivemos aquelas cenas terríveis que eram os assaltos a supermercados e às feiras porque criamos uma rede social de proteção, criamos as cisternas, temos milhares de carros-pipa, controlados pelo Exército,  levando água. Mas isso é emergência. O canal, este canal de interligação, todas essas estações de bombeamento, todos os aquedutos, são a solução que a gente chama de estruturante. Por isso, eu fico muito feliz de estar aqui dando mais um passo.

E quero dizer para vocês: com a dificuldade que for, nós não deixaremos de concluir essa obra no ano que vem. Até porque esse País é grande o suficiente para, ao mesmo tempo que faz equilíbrio fiscal, equilíbrio nas contas do governo, investir em obras como essa, e investir também em outras.

Eu estive hoje lá em Camaçari. Lá em Camaçari, em todo o Brasil, aqui, aqui em Pernambuco, na Bahia, em vários lugares, nós temos inaugurado  sistematicamente moradias, lares do Minha Casa Minha Vida, que é outro programa que também nós não vamos parar de jeito nenhum.

Aqui em Pernambuco, 126 municípios, se eu não me engano, governador, estão em situação de emergência reconhecida. O governo federal tem aqui 1.158 carros-pipa distribuindo água, sob coordenação do Exército, em parceria com os carros-pipa do estado. Nós recuperamos aqui 330 poços, fizemos várias cisternas, temos 112 mil agricultores familiares recebendo Garantia-Safra. Tudo isso, eu cito esses números justamente para sublinhar, para enfatizar, para dizer que nós não deixamos também de ter ações emergenciais, porque ninguém que está com dificuldade de acesso à água pode esperar, a sede não espera, a falta de água para alimentar, para dessedentar as criações, não espera.

Por isso nós combinamos duas ações, uma de emergência e outra, que é essa que é essa que nós nos orgulhamos muito. Eu quero dizer para vocês que, enquanto houver necessidade, o governo federal vai estar presente e vai auxiliar os nordestinos a superar mais essa seca. Nordestinos de quaisquer estados afetados pela seca. Nós vamos priorizar a obra do São Francisco.

Quero também dizer para vocês que hoje dez mil pessoas trabalham nas várias frentes de obra, ao longo dos 477 km do projeto de integração do São Francisco. E que nós manteremos essa atividade, garantiremos o fluxo dessa obra e concluiremos essa obra. De tal sorte que nós teremos um enfrentamento dos nossos problemas e uma convivência adequada com a seca.

Eu gostaria de finalizar dizendo para vocês que nós vivemos num País democrático. Um País democrático e, quero dizer para vocês, com um governo que tem um compromisso. O meu compromisso é vencer a crise, continuar garantindo trabalho, emprego de qualidade e renda para a população brasileira. Nada vai me demover desse caminho. Eu tenho orgulho de ter um patrimônio só: meu nome e o meu passado e o meu presente.

E quero dizer para vocês que sou daquele tipo muito característico aqui do Nordeste. A gente pode dar até uma envergadinha, mas não quebra não. Por isso, vocês podem ter certeza que nós vislumbramos, nesse ano de 2016, a chegada de tempos melhores. Aqui nós estamos vendo uma coisa interessante: primeiro, a água, muitas vezes, no Brasil, é transformada em energia. Aqui, nesse lugar que nós estamos, a energia está se transformando em água, ao tirar a água lá de baixo, do São Francisco, e elevar cá em cima.

A mesma coisa será no Brasil. Nós tiramos as forças do povo brasileiro para elevar esse País às alturas de desenvolvimento. E, com segurança hídrica, vocês podem ter certeza, a prosperidade vai vicejar nessa terra, vai crescer nessa terra. Essa terra que… eu até perguntei hoje para o governador: governador, o mandacaru é a arvore mais simbólica aqui do semiárido? Ele me disse que era. Então, eu quero dizer para vocês: eu sempre olho para o mandacaru e acho muito  bonito o fato de que uma flor tão bonita viceja no meio de espinhos. Ou seja, se os espinhos são a crise, a flor do mandacaru vai vicejar com a água aqui do São Francisco.

Eu desejo para  vocês um Feliz Natal. Desejo para suas famílias um Feliz Natal. Desejo para todos nós um Ano Novo cheio de prosperidade. E que Deus nos proteja na nossa caminhada e na de vocês.

Muito obrigada.

 

 Ouça a íntegra (22min06s) do discurso da Presidenta Dilma Rousseff