25-04-2014 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de formatura do Pronatec - Belém/PA
Belém-PA, 25 de abril de 2014
Boa tarde, boa tarde a todos os formandos. E em especial às formandas. Queria dizer para vocês que hoje é um dia de vocês. É um dia em que nós todos aqui, que não somos formandos nem formandas, devemos prestar homenagem ao esforço, à dedicação e ao empenho de vocês nesse curso que vocês concluíram. Eu tenho imenso orgulho desse programa. E eu faço questão de ir nas formaturas por esse Brasil afora. Daí porque, mesmo tendo estado aqui há menos de um mês, eu estou aqui para participar desta formatura com cada uma e com cada um de vocês.
Queria cumprimentar o orador da turma, Marcílio Rosas Guimarães, que mostrou todo seu esforço, seu empenho e, hoje, ele é um microempreendedor individual com a sua firma lá, fornecendo seus serviços. Aqui, nós estamos dando oportunidade, para trabalhadores e trabalhadoras, homens, mulheres, jovens, pessoas de todas as idades. Adultos, pessoas mais da minha idade, mas é para todo mundo. Mas também estamos dando para aqueles que querem ter seu negócio. Daí porque eu cumprimento o Marcílio Rosas Guimarães.
E cumprimento também o Ney Carvalho da Silva que fez o juramento, e sempre que eu escuto o juramento eu me comovo. Eu me comovo porque ele mostra a força, a determinação também, das pessoas com servir sua família, sua comunidade, seu país, com ética profissional e com empenho.
Queria dirigir um cumprimento especialíssimo aos professores. Aos professores. Aos professores porque os professores, junto com vocês, são as pessoas que fazem o Pronatec ser um programa vencedor. Por isso, vamos dar uma baita salva de palma para os professores.
Da mesma forma, eu quero saudar aqueles que dão o suporte, o carinho, que estão hoje morrendo de orgulho, que são os familiares. Parabéns aos familiares que os apoiaram, que deram incentivo e que hoje estão cheios de orgulho pelo que vocês conquistaram.
Aí, eu vou chamar aqui por grupos. Porque esse evento é fruto de uma parceria, uma parceria muito bem-sucedida entre os Institutos Federais de Educação e também as Universidades Federais, e o Sistema S: Senai, Senac, Senar, Senat. E, quero dizer que é bom a gente saudar a cada um dos nossos parceiros. Vou começar pelo Instituto Federal do Pará, o pessoal de camiseta branca aí. Agora, eu vou chamar o pessoal de camiseta azul Royal, do Senai. Agora, eu vou chamar o Senac lá no meio, atrás. Agora, eu vou chamar o Senar de camiseta branca, aqui na frente. Eu vou chamar Senat, de camiseta azul, lá no fundo. Vou chamar também o pessoal da Escola de Teatro e Música da Universidade Federal do Pará. O pessoal agora da Secretaria de Educação do Pará, camiseta banca, bem lá no fundo. Bom, agora, todo mundo homenageia a si mesmo, palmas, para vocês.
Mas eu estou muito feliz de estar aqui, queria cumprimentar o vice-governador do Pará, Elenilson Cunha Pontes,
Queria cumprimentar aqui dois ex-governadores do Pará: o senador Jader Barbalho e a senadora Ana Júlia. Senador e senadora.
Queria cumprimentar e Zenaldo Coutinho, prefeito de Belém,
Saudar os ministros que me acompanham aqui: ministro Henrique Paim, da Educação; César Borges, do Transporte; Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário; Thomas Traumann, da Comunicação Social; Antônio Henrique, ministro dos Portos.
Cumprimentar aqui os deputados federais, Beto Faro, Cláudio Puty, Elcione Barbalho, José Priante, Lúcio Vale, Miriquinho Batista e Zé Geraldo.
Cumprimentar o secretário nacional de Educação Profissional e Tecnológica Aléssio de Barros, e agradecer a ele pelo empenho,
Cumprimentar o Anivaldo Vale, secretário executivo do Ministério dos Transportes,
Os deputados estaduais, José Maria, Milton Zimmer, Parsifal Pontes, Valdir Ganzer.
Cumprimentar José Seixas Lourenço, secretário de educação do Pará.
Cumprimentar a Rosimary Salame secretaria de educação de Belém,
Cumprimentar o senhor Elias Santiago presidente das Associações de Municípios do estado do Pará.
Agora, quero cumprimentar, de forma muito especial, nossos parceiros do Pronatec, aqui no Pará. O professor Horacio Schneider, reitor em exercício da Universidade Federal do Pará. O professor Cláudio Rocha, reitor substituto do Instituto Federal do Pará. O senhor Walter Cardoso, superintendente do Senar. O senhor Mário Martins Júnior, diretor do Senat. Representando a Federação do Comércio e conselheiro do Senac, o senhor Álvaro Cordoval de Carvalho.
Queria cumprimentar os senhores e senhoras jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Como eu estava dizendo para vocês, essa é uma homenagem a vocês. Uma homenagem que representa, também, um momento na vida de vocês. O orador dessa turma do Pronatec disse uma coisa que eu queria iniciar minha fala me referindo a ela, ele disse: “A formatura aqui é só um começo”. E ele tem toda a razão, é só um começo. É um começo de uma vida profissional, ou é um começo de uma melhoraria na vida profissional, ou é o começo de numa pequena, um pequeno negócio que você abre. Mas eu quero dizer outra coisa para vocês, é um começo também, porque eu tenho certeza que vocês irão buscar outros cursos.
Hoje, nós chegamos com vocês – vocês estão dentro disso –, dos 6 milhões e 800 mil formados pelo Pronatec. Seis milhões e oitocentos mil. De 8 milhões que nós vamos ter de formar, e temos todas as condições, eu acho que até vai ser um pouco antes do fim do ano, nós vamos chegar à nossa meta.
Mas eu quero dizer para vocês que vai ter o Pronatec, esse Pronatec é o primeiro, vai ter o Pronatec 2.0, que é o próximo, então nós vamos ter sempre oportunidades abertas para pessoas como vocês, que correm atrás, que se esforçam que, como disse, também, o nosso representante de todas as turmas, muitas vezes abre mão do lazer, de ficar com a família, faz um esforço no seu trabalho para fazer o curso. Daí, eu quero dizer para vocês, porque que fazer um curso de capacitação, ter um curso no ensino técnico é importante para o Brasil. Na verdade, nós nunca tivemos, no Brasil, um grande programa de ensino técnico de nível médio e, muito menos, de capacitação técnica e profissional, como é o caso do curso da maioria dos presentes. E isso é uma falha na estrutura educacional do Brasil, porque nenhum país do mundo chegou a se transformar numa nação desenvolvida, rica, sem estudantes técnicos, sem estudantes que se capacitassem profissionalmente para exercer uma profissão e, portanto, sem técnicos, não há como um país se transformar num país desenvolvido. Primeiro, por quê? Porque só com o que vocês aprendem, com o que os professores de vocês passaram de conhecimento, com o treino que vocês têm, nós seremos capazes de produzir produtos cada vez melhores, produzir produtos cada vez mais de maior qualidade e de menor custo. Isso é a chamada produtividade de um país.
Mas não é só isso não. Nós precisamos de um país que tenha muitos, milhares e milhões de técnicos. Porque o nosso trabalho tem que ser cada vez mais valorizado e render cada vez mais para as pessoas que exercem o trabalho. Estou falando de salários mais elevados, estou falando de melhores oportunidades. Com isso, todo o Brasil ganha. Por que todo o Brasil ganha? Porque quem ganha mais também vai ter uma vida melhor, vai demandar mais serviços, e a economia vai produzir mais. Então, quando vocês ganham, o Brasil inteiro ganha.
Esse é um programa que é bom para vocês. Como está no juramento, é bom para vocês, é bom para a família de vocês, é bom para a comunidade de vocês e é bom para o Brasil. Daí, gente, daí o que nós fizemos? Nós pensamos o seguinte: um programa deste, "ah! tem de ter a melhor qualidade", ele tem de ser da melhor qualidade. E aí nós procuramos instituições de ensino ultraqualificadas. Quais são as instituições que dão melhor, melhor capacitação profissional e capacitação técnica de nível médio? Primeiro, as... eu vou falar primeiro dos institutos federais, eu não estou fazendo uma hierárquica, nem falando da ordem de importância, porque aqui todos dão a sua contribuição em pé de igualdade, mas eu vou falar dos institutos federais, por quê? Porque nós criamos instituições federais e interiorizamos elas, instituições federais, Institutos Federais de Educação Tecnológica, para dar essas capacitações, porque a gente acha que no ensino técnico, o governo federal tem de botar dinheiro, tem de botar recursos.
Bom, aí, nós interiorizamos esses institutos pelo Brasil inteiro. Mas não podia ficar só nisso. Quem mais dá capacitação, técnica, e profissional de boa qualidade? O sistema S dá. Aí, fizemos um casamento. Sistema S e Instituto Federal. Fizemos, trouxemos para o casamento também, em alguns lugares, escolas estaduais de nível técnico, trouxemos para o casamento Universidades Federais. Mas eu diria assim, o esqueleto, a base, a sustentação desse programa é essa parceria. Aí, tem uma segunda coisa que o governo fez, que é o seguinte: as pessoas não podem ser discriminadas, todo mundo neste país tem de ter direito à qualificação profissional e ao ensino técnico.
Daí, o curso não pode ser pago, porque se ele for pago, você já cria aí uma seleção, vai ter gente que não vai ter condição de pagar o curso, então o Governo Federal separou R$ 14 bilhões para colocar nesse curso, no Pronatec, para garantir acesso igual a todos àqueles que quisessem se formar. E mais, juntou qualidade do curso com acesso, tinha de ter mais uma terceira coisa, os cursos têm de ser variados, de acordo com a vontade dos alunos e de acordo com as necessidades de cada região e de cada setor.
Aqui, nós vimos um torneiro mecânico, nós vimos uma maquiadora, nós vimos uma diversidade imensa, imensa, de cursos que apareceram aqui. Então, eu digo para vocês, essa diversidade, ela é fundamental. E nós todos, nós, vocês, todos nós, o sistema S, as universidades, os institutos, as escolas estaduais, todo mundo está aprendendo com uma coisa: nós estamos aprendendo como é que tem de ser feito ensino técnico e profissionalizante no Brasil, de forma a atender toda a demanda de jovens, e aí eu falo com muito orgulho, viu meninas, meninas, nós somos 52% dos cursos do Pronatec, são mulheres, mulheres. E eu quero dizer para vocês que isso me dá muito orgulho, porque mostra um grande empenho, um grande empenho dessa parcela fundamental da população brasileira, e a outra não pode reclamar, porque essa parcela é mãe da outra parcela, mãe da parcela masculina. Mãe ou mulher, ou esposa, ou namorada, ou irmã, ou tia, ou prima. E quando uma cresce, a outra cresce junto.
Bom, mas eu estava falando para vocês o porquê que nós fizemos isso. Eu acho que o Brasil precisa do Pronatec para seguir avançando. Quando perguntam para mim: "presidenta, como é que a senhora vê o futuro?" Eu acho que uma das mais importantes, das mais importantes portas do futuro, vou até usar outra palavra, fundamento do futuro, pilar do futuro, é a educação. Educação da creche à pós-graduação. Porque nós precisamos de todos os brasileiros com igualdade de oportunidades. Eu sou diferente dela que é diferente dele que é diferente do senhor ali atrás, cada um de nós é de um jeito. Ah, mas tem uma coisa, nós todos temos direito à mesma oportunidade, como cidadãos de uma nação que quer ser uma nação rica e soberana. Essas mesmas oportunidades, aonde a gente tem? Na educação, tem que ser na educação. O brasileirinho e a brasileirinha pequenininhos têm de ter acesso à creche de alta qualidade, sem olhar o sobrenome, a classe social ou a renda dele. Isso é condição para a gente influir na desigualdade, e por aí vai. Daí porque o mais amplo acesso ao ensino técnico e profissionalizante.
Eu tenho certeza de uma coisa. Eu tenho certeza que o nosso país é um país cheio de oportunidades. Primeiro, pelas nossas riquezas. Nós somos um país, e aqui está a prova, o Pará é a prova disso: nós temos minérios, nós temos uma agricultura desenvolvida; nós, é fato, precisamos de maior infraestrutura; nós temos petróleo, enfim, esse de fato é um país abençoado por Deus. Como dizia a música, abençoado por Deus e bonito por natureza, mas o maior patrimônio deste país é os 201 milhões de brasileiros e de brasileiras. Nada, nada se compara a esse patrimônio, nada.
E nós, nem a melhor tecnologia, nem a maior quantidade de petróleo, nem a maior descoberta mineral, nem a maior produção de grãos, tudo isso, para ter sentido e valor precisa de estar acompanhado pela valorização dos 201 milhões. E aqui, nesse momento, eu, como Presidenta da República, gostaria de entregar a cada um de vocês, a cada uma de vocês, pessoalmente, o diploma. Gostaria, e vocês se sintam, quando pegarem o diploma, que foi entregue pela Presidenta da República. Porque esse é o reconhecimento do país, do valor que nós damos a esse diploma. E por isso, eu iniciei dizendo da importância do ensino técnico.
E falei para vocês que o governo federal, até 2005 estava proibido de fazer escolas técnicas. Isso era na época do governo do presidente Lula. Aí, o que o presidente Lula fez? Mandou para o Congresso uma lei que modificava isso, que permitia que a gente fizesse escola técnica. E da vez do presidente Lula até agora, nós nos empenhamos em uma rede de escolas técnicas federais. Aliás, eu disse aqui, quando eu entreguei o diploma para o soldador. Falei para ele: “Você sabia qual... tem uma pessoa no Brasil que teve dois diplomas, um era de soldador, você sabe do que era o outro?” Ele disse para mim: “Não”. Eu falei: “De Presidente da República”, porque foi os dois diplomas que o Lula teve.
Mas aqui no Pará, até 2002, existiam sete escolas técnicas federais. No governo do Lula, nós implantamos seis novos campus de Institutos Federais de Educação Profissional e Tecnológica. No meu governo, eu implantei mais seis. Seis com seis são doze. Então, no período do Lula, do meu e do Lula, soma os seis deles e seis meu, dá doze, dos quais três já estão funcionando. Uma em Nova Marabá, outra em Óbidos e Vigia. E mais outros três vão começar a funcionar agora no segundo semestre, que é em Ananindeua, em Cametá, em Paraopebas. Nós sabemos que isso é importante. Nós temos uma parceria forte com o sistema S. Nós, inclusive, asseguramos ao sistema S as condições para expandir o número de oportunidades para a população que quer se formar.
E aí, eu queria dizer para vocês uma coisa... Uma outra coisa que a educação permite a gente, é que a gente vai aumentando, melhorando os sonhos da gente. Porque você sabe que se você não sonhar, se você não falar “eu quero isso”, também não vai ter como conseguir. Primeiro, tem que sonhar e tem que sonhar alto. Melhorar o sonho é justamente perceber, cada vez mais, por onde é que você cresce, por onde é que estão suas oportunidades.
E aí, eu vou concluir dizendo uma coisa para vocês: todos nós aqui temos muito orgulho de sermos brasileiros. Nós nos comovemos. Daqui a pouco vamos ter a Copa do Mundo e nós vamos torcer, torcer e torcer, para a gente ganhar o hexa. Mas somos brasileiros todos os dias, nós compartilhamos a vida nesse imenso país, nós temos essa imensa qualidade que é a nossa diversidade de origem, nós somos essa mistura de índio com branco e com negro, nós somos isso, nós temos essa alegria, nós temos essa paixão. E, ao contrário do que se dizia antes, nós temos essa imensa capacidade de trabalho que todo mundo que vem de fora e implanta uma empresa aqui reconhece, a qualidade do trabalho, do trabalhador brasileiro. E temos muitos empreendedores criativos, que fazem seu pequeno e médio negócio.
Agora, para o Brasil ser do tamanho que pode, importa os sonhos de cada um de vocês e de cada uma. Por isso, a educação também é importante, porque ela ajuda o sonho da gente a alargar e a crescer. Ajuda os sonhos serem ousados e ajuda a gente sempre a achar que tudo o que a gente conquista é só um começo. E é assim que tem que ser na vida. Tudo tem de ser só um começo. Nunca a gente pode estar satisfeito.
Por isso, nesse dia de hoje, eu desejo para vocês um caminho cheio de oportunidades. E prometo que, como Presidenta, faremos tudo para que caminho de fato seja cheio de oportunidades. Um beijo em cada um e em cada uma.
Ouça a íntegra(29min25s) do discurso da Presidenta Dilma Rousseff