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14-10-2013 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de inauguração da fábrica de transformadores de corrente e de potencial da Balteau S/A - Itajubá/MG

Itajubá-MG, 14 de outubro de 2013

 

Eu queria começar cumprimentado o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia.

Cumprimentando os ministros de estado mineiros que me acompanham hoje: Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e Antonio Andrade, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Queria cumprimentar o senhor vice-governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho.

Cumprimentar o nosso querido Robson Andrade, presidente do Grupo Orteng, e a senhora Cristiana Parisi de Andrade.

Queria cumprimentar o senhor Ricardo Vinhas, presidente do Grupo Balteau, e senhora Marina Vinhas.

Cumprimentar o senhor Rodrigo Imar Martins Riera, prefeito de Itajubá, por intermédio de quem cumprimento todos os prefeitos da região. E, prefeito, não se acanhe, a prática é essa. Depois da inauguração tem de ser sempre um pleito. É assim mesmo, viu prefeito.

Cumprimento os deputados federais: Domingos Sávio, Geraldo Tadeu, Odair Cunha.

Cumprimento o vereador Robson Vaz, presidente da Câmara Municipal de Itajubá.

Senhoras e senhores empresários e industriais aqui presentes.

Meus caros Luciana Vieira Lima, cantora, com uma voz muito bonita; Marcelo Nébias e Vito Duarte, integrante do trio Vila Rica.

Senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.

Senhoras e senhores.

Essa nova planta da Balteau, ela evidencia o desafio que reside nessa nova etapa de desenvolvimento da indústria brasileira. Uma etapa baseada na produção de inovações e na incorporação dessas inovações aos processos produtivos e aos produtos. Essa fase tem uma âncora que é investir em educação, no desenvolvimento científico e tecnológico e, a partir daí, gerar inovação.

Aqui nós vamos produzir transformadores de alta tensão com potência de até 550 kV desenvolvidos em um projeto apoiado pela Finep (Agência Brasileira da Inovação), financiado pelo BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais). A Finep, nossa agência de inovação, tem por objetivo, justamente isso, dar suporte e apoio ao desenvolvimento de produtos e de processos. Expressamos aqui, também, um princípio e um compromisso: o da parceria entre o setor produtivo e os diferentes níveis de governo, para acelerar o desenvolvimento tecnológico e a inovação em nosso país. Essa parceria, ela permite que nós ampliemos a produtividade da nossa indústria, da nossa agricultura, do setor de serviços e, assim fazendo, nos capacitarmos para ter maior competitividade, especialmente, no nosso caso hoje, da nossa indústria e da nossa economia.

A Balteau mostra hoje que tem uma aposta desafiadora que é, com esse investimento, ter uma inserção ainda maior no mercado internacional. E isso foi o que o presidente Robson nos mostrou ao evidenciar a quantidade de países que já demandam os produtos da Balteau. Sabemos que, com a incorporação de inovações nos processos produtivos, nós vamos obter maior solidez do nosso crescimento. Um dos maiores fatores de aumento de produtividade está justamente nesse aspecto.

Uma vez que se trata de investimento de uma empresa de capital 100% nacional, para nós é um imenso prazer estar aqui hoje. Principalmente porque sabemos, não só da demanda do país nas diferentes áreas de transmissão, distribuição e geração, mas também na capacidade que a Balteau tem hoje de exportação, como já evidenciamos. Nenhum empresário investe se não tiver confiança de que terá retorno de seu investimento, se não acreditar que a demanda por seus produtos será crescente. Essa planta industrial expressa, portanto, a confiança da Balteau na continuidade do crescimento da indústria e da economia do nosso país.

E, neste caso, não se trata de uma aposta. Empresas como a Balteau, que produzem equipamentos para o setor de energia, dispõem hoje de bases objetivas para projetar sua demanda, porque nós retomamos o planejamento da expansão da oferta de energia no Brasil. Nada melhor para uma indústria que dispor de um horizonte de 10 a 20 anos para as necessidades de investimento no setor no qual ela fornece os produtos.

Senhoras e senhores, ser parceiro da indústria nacional no seu desenvolvimento e na sua expansão é um dos grandes objetivos do meu governo. Temos cuidado da solidez macroeconômica e mobilizado instrumentos para estimular a produção industrial e fomentar o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Tudo com o objetivo de elevar a competitividade da nossa indústria para que ela prossiga crescendo, gerando empregos e gerando renda.

Quero lembrar mais uma vez, que pelo 10º ano consecutivo, a inflação vai fechar o ano dentro da meta. Nosso compromisso com o rigor fiscal não se alterou, como mostra o fato de termos transitado pela mais grave crise da história desde [19]29, com as nossas metas de endividamento sob rígido controle. Hoje, a nossa dívida líquida do setor público sobre o PIB é uma das menores do mundo. Elevamos os nossos níveis de reserva internacional para US$ 376 bilhões. Defendemos e praticamos uma política de flexibilidade cambial, o que tem nos permitido também fazer face a esse novo momento em que o mundo transita para uma modificação das políticas monetárias, notadamente da política monetária americana. Isso nos permite procurar sempre dar, dentro da variabilidade cambal, maior estabilidade ao país.

Nós temos esse compromisso com a robustez econômica, mas também desenvolvemos, paralelamente a esse cuidado, toda uma política de redução de custos para a indústria. Reduzimos o custo da energia e desoneramos a folha de pagamentos, dois importantes fatores a impactar o custo de todos os segmentos econômicos, a saber, o custo do trabalho e o custo da energia elétrica. Com o plano Brasil Maior nós ampliamos nossas linhas de financiamento ao setor industrial, especificamente ao investimento produtivo. Em todas as medidas que adotamos, no âmbito de nossa política industrial, considero especialmente a política de sustentação do investimento e as novas legislações de conteúdo nacional e de compras públicas, que estão nos permitindo fazer do tamanho e do dinamismo do nosso mercado interno um diferencial em favor de nosso crescimento. Aqui em Itajubá temos uma experiência de como esse tipo de política pode ser importante.

Com o Plano Inova Empresa, que lançamos no início deste ano, estamos mobilizando – e o fazemos pela primeira vez no Brasil – [R$] 32,5 bilhões para fomentar a inovação. Lançamos editais para projetos inovadores nas áreas de pecuária, energia elétrica, petróleo e gás, complexo da saúde, complexo aeroespacial e defesa, tecnologia da informação. Nesses seis setores, os projetos montam a R$ 19 bilhões. Queremos que parcerias como a firmada entre a Finep e Balteau se tornem cada vez mais comuns e cada vez mais bem-sucedidas. Os resultados que obtivemos com os primeiros editais que lançamos são muito promissores e confirmam a disposição do setor privado em investir, e em investir em inovação.

Não poderia deixar de falar de um dos programas que mais me orgulho, o Pronatec. O maior programa de formação profissional que o Brasil já teve. E esse programa é uma parceria bem-sucedida entre o governo e o setor privado. Estamos investindo juntos e estamos procurando capacitar profissionalmente os nossos trabalhadores e a nossa juventude. O governo federal está investindo R$ 14 bilhões para oferecer, até 2014, a oito milhões de jovens e trabalhadores a oportunidade de fazer um curso técnico ou de qualificação profissional. Junto com o Sistema S, com as escolas técnicas federais e com as escolas técnicas estaduais, já oferecemos cursos a 4,6 milhões de jovens e trabalhadores em 3.200 municípios do Brasil, aqui em Itajubá, inclusive. Todos nós sabemos como é importante a boa formação profissional dos trabalhadores.

E aqui eu faço um reconhecimento: nós fazemos parceria com todos os diferentes organismos do Sistema S, o Senai, o Senac, o Senat e o Senar. Mas, eu quero reconhecer a decisiva atuação do presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, nosso anfitrião aqui hoje. O presidente da CNI não só participa como o representante da CNI, mas participa também por desenvolver os centros tecnológicos, por desenvolver os laboratórios, por ser parceiro nesse que é um dos programas mais ousados. Quando nós lançamos esse programa, e aí o Robson sabe disso, muitas pessoas disseram que nós não íamos conseguir formar esse número de pessoas, inclusive dentro do governo, e nós hoje estamos conseguindo.

As três características desse programa que fazem com que ele seja um sucesso são necessárias de ser mencionadas. A primeira, o fato de o Brasil, de os brasileiros pegarem as oportunidades com as duas mãos, verdadeiramente agarrarem as oportunidades. Segundo, o fato de eles fazerem isso porque reconhecem a qualidade dos cursos. Os cursos dados são o que há de melhor disponível no Brasil. E, terceiro, a variedade dos cursos. Os cursos são adaptados às diferentes demandas das diferentes regiões do Brasil, adaptados às demandas dos diferentes setores nos quais a mão de obra passa a ser uma necessidade diferenciada, principalmente num quadro de desemprego bastante baixo como é o nosso, de 5,3% agora em agosto.

Nós consideramos que é obrigação do governo criar as melhores condições para o investimento produtivo. Produzir e inovar são tarefas dos empresários brasileiros e nós temos certeza que todos os brasileiros sabem do esforço dos nossos empresários nessa direção. Sabemos também que é papel do governo dar suporte para essas iniciativas.

Meus amigos e minhas amigas, há poucas décadas atrás, nenhum mineiro, por mais otimista que fosse, imaginaria que o sul de nosso estado abrigaria um grande polo industrial. Em especial um polo industrial em que a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a inovação teriam tamanha importância.

O sul de Minas mostra que com os instrumentos adequados, com as iniciativas dos empresários, com investimento em educação, a Unifei está fazendo 100 anos e é, sem duvida nenhuma, uma das universidades federais de qualidade no nosso país, com o estímulo à inovação.

Portanto, com a criação de ambiente propício aqui no sul de Minas, o Brasil dá mais um passo e entra em uma nova fase do seu desenvolvimento. Nessa fase, a competitividade da nossa economia vai se basear cada vez mais no conhecimento e, portanto, na educação. O grande esforço que o país tem que fazer na área de educação tem que ser uma realidade para cada um de nós. Mais que uma realidade, um compromisso inegociável.

Nós precisamos, da creche até a pós-graduação, dar um salto de qualidade que a nossa educação precisa. Estou muito feliz pela aprovação da destinação dos royalties, da parte dos royalties do governo federal, e de 50% do fundo social do pré-sal para a educação.

Nós sabemos que os recursos do petróleo são finitos e que aplicá-los em educação é uma forma de torná-los perenes. A conquista de um país na área de educação é uma conquista do futuro. No Brasil nós precisamos de creches de qualidade por todas as razões apontadas pela neurociência quando se trata de perceber que a capacidade de desenvolvimento de uma criança é decisiva nos primeiros anos da infância. Precisamos alfabetizar os brasileiros na idade certa. Não é possível admitir que as crianças brasileiras com dez anos não dominem o português, a matemática, de forma simples. Mas nós achamos que não é aos dez anos, é aos oito. Portanto, alfabetizar na idade certa é garantir também um processo de formação das capacidades dos nossos jovens e das nossas crianças, e aí nós teremos que investir em educação em tempo integral. Hoje, 50 mil escolas no Brasil têm educação em tempo integral. Mas, sabemos também que a nossa educação em tempo integral tem que buscar, cada vez mais, aperfeiçoamento em ciências, matemática e português, e uma língua estrangeira, principalmente usando o segundo período para maior reforço.

De outro lado, vem o ensino técnico, que nós sabemos e falamos. O acesso a universidade de cada vez maior qualidade e a expansão do Ciência sem Fronteiras, garantindo que brasileiros e brasileiras tenham acesso às instituições  mais qualificadas do mundo em ciências exatas, em engenharia, matemática, biologia, ciências médicas, ciência da computação, química, física, enfim, ciências exatas. É esse o caminho da economia do conhecimento. Ele passa por uma grande via, que é a via da educação de qualidade. E um dos gastos fundamentais da educação há de ser a melhoria da remuneração e da formação dos nossos professores. Esse é um caminho que nós teremos que trilhar.

Ele, aqui em Itajubá, mostra como experiências que criam esse ambiente são bem-sucedidas. Por isso, aos trabalhadores da Balteau e a todos aqueles aqui dessa comunidade, da comunidade de Itajubá, que colocaram esse projeto de pé, aos empresários e a todos, parabéns. Aos prefeitos, que tornaram isso possível.

Agora, para finalizar, mãos à obra, pois o Brasil conta com o trabalho de vocês.

Obrigada.


Ouça a íntegra (20min43s) do discurso da Presidenta Dilma