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18-07-2013 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de inauguração das estações Chico da Silva e José de Alencar da linha sul do metrô de Fortaleza

 

Fortaleza-CE, 18 de julho de 2013


Bom dia a todos. Acho que já é quase boa tarde, mas está ali no bom dia, ainda.
Queria cumprimentar o governador do Ceará, o meu querido Cid Gomes,
O vice-governador do Ceará, Domingos Filho,
O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio,
Os ministros que me acompanham aqui, hoje: o ministro das Cidades, que é paraibano, Aguinaldo Ribeiro; o ministro Fernando Bezerra Coelho, que é pernambucano, da Integração; o ministro da Secretaria dos Portos, Leônidas Cristino; e a ministra Tereza Campello, porque hoje nós vamos numa grande formatura do Pronatec, às 2 e meia da tarde.
Queria cumprimentar os senadores Inácio Arruda e José Pimentel,
Cumprimentar os deputados federais Antonio Balhmann, o deputado Chico Lopes, o deputado Edson Silva, a deputada Gorete Pereira, o deputado Ilário Marques, o deputado José Guimarães.
Cumprimentar o secretário estadual dos Recursos Hídricos, César Pinheiro,
O diretor-presidente da Companhia de Trens Urbanos, Francisco Carlos Colombo,
O diretor-presidente do Metrofor, Rômulo dos Santos,
Queria cumprimentar as senhoras e os senhores jornalistas, os fotógrafos e os cinegrafistas.
Senhoras e senhores,
Esses dois eventos que nós participamos aqui, hoje, esse primeiro, que trata da mobilidade urbana, da construção da linha sul do metrô de Fortaleza, e também o outro evento, que é o do Cinturão das Águas, eles mostram muito bem qual é a política do governo federal, e como nós pretendemos atuar para viabilizar, tornar disponível, cada vez mais, direitos sociais para a população: primeiro, o direito ao transporte e, segundo, o sagrado direito às águas.
No caso da inauguração dessa estação Chico da Silva e José de Alencar, nós estamos numa cerimônia muito especial, não é só aqui, no Ceará, em Fortaleza, é no Brasil. Porque nós sabemos que o Brasil, na década de 80 para a década de 90, tinha de ter começado a fazer metrô. Por quê? Porque nós tivemos uma urbanização muito rápida, então era necessário que se fizesse metrôs, principalmente naquelas cidades com grande concentração urbana, que hoje algumas têm 20 milhões, outras têm 10 a 12 milhões, outras têm 9 milhões de habitantes.
Fazer metrô com essa grande concentração urbana é algo muito mais difícil. Por isso, naquela época a gente tinha de ter começado a fazer metrô. E a pergunta que vocês podem me fazer é a seguinte: “Mas vem cá, por que não começamos?” Naquele momento, uma das avaliações é que metrô era coisa de rico – vejam vocês bem: metrô era coisa de rico –, um país pobre como o Brasil não devia fazer metrô. Como se fosse possível um país em acelerada urbanização, concentrando cada vez mais a população em grandes centros urbanos, prescindisse de metrô. E aí, muitas vezes o metrô começava e não concluía, muitas vezes se planejava e o metrô não aparecia. Por quê? Porque a prioridade não era essa, não era essa. E o Brasil também, naquele momento, passava por grandes dificuldades que, muitas vezes, se esquece. O Brasil, vira e mexe, quebrava, porque não tinha dinheiro para enfrentar crises econômicas.
Bom, hoje nós estamos aqui, completando a linha sul do metrô de Fortaleza, esse metrô vai servir 350 mil pessoas todos os dias, 18 estações, 24 quilômetros de trilho. Por que nós estamos aqui? Porque nós temos uma parceria entre o governo federal e o governo do estado do Ceará. Esta parceria envolve várias coisas. Antes de qualquer coisa, ela envolve vontade política, a determinação e essa teimosia de fazer, sim, transporte coletivo urbano para a população brasileira. Por que tem de ser numa parceria? Porque tem de juntar os recursos do estado com os recursos do governo federal, para viabilizar essa parceria, e, também, para completar os modais, ou seja, colocar BRTs e outros equipamentos, é necessária a parceria com a prefeitura.
Mas a parceria entre o governo federal e o governo do estado, com base nessa determinação – e aí eu digo para vocês que, de fato, o governador Cid tem essa capacidade e essa determinação de insistir e fazer. Ele falou dos shields, não é? Estava lá o ministro Aguinaldo dizendo: “Já que o nosso querido Ariano Suassuna está aqui de noite fazendo uma aula-show, vamos traduzir o shield para “tatuzão”, que é mais facilmente compreendido por todos nós, porque a máquina entra que nem um tatu, ela cava e depois reveste”. Mas vocês vejam que aí, na vontade política está isso, a determinação de arranjar soluções, porque consegue fazer o metrô sem criar uma turbulência dentro das cidades.
Mas voltando para isso: essa parceria, também, ela envolve planejamento, envolve recursos. Nós vamos investir, e estamos investindo aqui, no Ceará, em parceria com o governo, em quatro composições de trens elétricos, construindo duas linhas de metrô, essa linha sul, que está pronta, e a linha leste, que começa, nós acreditamos – não é governador? –, até setembro. Está em construção um VLT, que é o de Parangaba-Mucuripe. Está em construção, também, três BRTs: Dedé Brasil, Alberto Craveiro e Paulino Rocha.
Eu queria lembrar que o VLT tem uma outra característica muito importante: ele é produzido aqui. Eu acho esse um fator a gente sublinhar várias vezes, sublinhemos várias vezes, porque mostra a capacidade aqui, do Ceará, de produzir VLT, para aqui, para o Ceará, e para todo o Brasil, o que mostra também que mobilidade urbana se faz dando importância à produção, à tecnologia gerada aqui e produzida aqui, no Brasil.
Mas eu queria dizer para vocês que isso é extremamente importante. O censo de 2010 mostrou uma coisa importantíssima: mostrou que não só nós temos um grande crescimento urbano naquelas regiões, no Sudeste – já se sabia –, mas que há um imenso crescimento nas cidades médias, as cidades entre 200 mil e 2 a 3 milhões de habitantes. E acho que essas cidades, elas podem e devem ter um tratamento, agora e urgente, no sentido de assegurar que a gente tenha condições de fazer mais por elas do que em 1990 e em 1997 fizeram pelas cidades do Sudeste, que hoje são mais populosas. Nós temos de fazer por essas cidades também, pelas grandes cidades brasileiras. Mas podemos resolver de uma forma equilibrada e harmoniosa a questão da mobilidade urbana. E aí eu saúdo esse planejamento feito aqui, no Ceará. Porque esse planejamento não é feito nem para um governador, nem para as empresas, ele tem de ser feito para as pessoas que moram aqui.
Ao longo desse tempo, eu tenho conversado muito sobre essa questão da mobilidade urbana. O que acontece nas cidades brasileiras? Por vários motivos, as populações mais pobres são expulsas para a periferia, e elas trabalham geralmente nos bairros mais centrais, ou em algumas regiões, por isso passam um tempo imenso das suas vidas para ir ao trabalho ou para estudar numa faculdade, num colégio, numa escola profissional, passam muito tempo, muito tempo mesmo, dentro de um ônibus, dentro de um transporte coletivo.
Quando se faz um projeto como este, o que nós estamos fazendo é dando condições e qualidade de trabalho, qualidade de trabalho, eu não estou falando só de transporte, qualidade de trabalho, porque a pessoa terá melhores condições para enfrentar um dia de trabalho e para, ao voltar, ter mais acesso ao seu lazer, ao seu descanso.
Por isso, eu considero muito importante essa obra aqui. E por isso, desde o início do meu governo... Porque eu não sei se vocês sabem que o governo federal não investia em mobilidade urbana. No último período do governo Lula fez investimentos e agora no meu governo. Mas antes de nós, poucos investimentos foram feitos no Brasil na área de transporte coletivo. Por quê? Era convencionado, no Brasil, que o transporte coletivo era das prefeituras e do estado, e que o governo federal não tinha de pôr dinheiro. Nós não concordamos com isso, achamos que este é um problema dos brasileiros e, portanto, é um problema do governo federal também.
É por isso, é por isso que nós colocamos R$ 89 bilhões para os programas de mobilidade urbana do Brasil, que estão em andamento em 192, aliás, com 192 obras e 100 municípios, 100 cidades de médio e grande porte. Esses R$ 89 bilhões, eles têm por objetivo fazer metrô, VLTs, os BRTs e os corredores de ônibus. E isso, para nós, é um elemento fundamental porque, além do valor da passagem, um instrumento fundamental de melhorar a qualidade do transporte, e não só aqueles que usam o transporte urbano, o transporte coletivo urbano, mas todos os que trafegam numa cidade, é melhorar as condições de transporte. E aí, se não tiver transporte subterrâneo, através do metrô, ou elevado, através do metrô, ou se não fizer arranjos que permitam a integração de modais, não há solução para o problema nem do trânsito, nem da qualidade de vida da população brasileira.
Assim, nós estamos fazendo uma nova seleção. Nos cinco pactos que nós acertamos com os governadores e os prefeitos, colocamos o pacto pela mobilidade urbana, e nesse pacto estamos colocando R$ 50 bilhões. Já tivemos uma primeira reunião com o governador Cid e com o nosso prefeito, aqui presente... Eu sei Roberto Cláudio, eu sei como é que você chama, ele se apresentou agora para mim. Eu já encontrei ele pelo menos umas dez vezes, por aí.
Bom, o Roberto Cláudio e o Cid estiveram lá no Ministério da ministra Miriam e levantaram várias possibilidades, elas estão sendo analisadas, mas nós temos certeza de uma delas. E eu até aproveito e aviso aqui, para vocês – aliás, é uma proposta sua: que é essa linha que liga esta estação de Chico da Silva à Caucaia, a Chico da Silva à Caucaia, que é a Linha Oeste. As outras nós estamos, inclusive, analisando, e achamos que isso muda, de fato – o governador tem toda razão – muda completamente o cenário do transporte urbano.
E o que é bom nisso? É provar que é possível. O que o governador Cid Gomes está fazendo e transformando aqui, Fortaleza, numa espécie de vitrine? É mostrar que é possível ter uma rede de transporte integrado, integrada também com a maior cidade, depois de Fortaleza, que é Caucaia, onde nós estamos fazendo, também, várias obras de mobilidade, e mostrar que isso tem de ser feito, deve ser feito, que os dirigentes dos outros municípios médios podem fazê-lo de forma rápida e eficiente.
Eu queria falar para vocês também sobre essa questão do Cinturão das Águas. Eu... E hoje foi assinada aqui uma ordem de serviço que dá início ao Cinturão das Águas. Esse início dessa obra, ela faz parte de um conjunto também de investimentos que nós viemos fazendo, em parceria com o governo do estado do Ceará. Hoje nós estamos aqui, completando um trecho importante.
O ministro disse, o meu ministro Fernando disse o seguinte: as águas vão rolar. As águas, de fato, vão rolar, aqui no Ceará e em todo o Nordeste. E aqui eu queria destacar que também há uma grande capacidade de planejamento nessa proposição desse Cinturão das Águas, que tem por objetivo envolver todo o Ceará e dar segurança hídrica para todos os moradores aqui deste estado.
Dar segurança hídrica para os moradores é um dos grandes desafios que todos aqueles que se interessam e que amam o Nordeste têm obrigação de fazer, que é a segurança hídrica, talvez a mais importante segurança que se tenha em relação à vida. Porque água é vida. Dar acesso à água é dar condições para a vida florescer, para a vida florescer não só porque nós bebemos, mas para a vida florescer porque em todas as atividades do ser humano é necessário água, não é só nas atividades de dessedentação humana e animal, mas é também nas atividades produtivas. É necessário para a produção de alimentos, é necessário para atividades industriais, é importante a questão da segurança hídrica. Resolver a questão da segurança hídrica também requer vontade política. E eu tenho certeza que a integração do São Francisco, ali em Jati, com o Cinturão das Águas, vai mudar a qualidade da segurança hídrica aqui no estado.
Para nós que queremos que aqui no Nordeste se conviva com a seca, principalmente na região do semiárido, e conviver com a seca significa ser capaz de impedir que os efeitos perversos dela atuem sobre a sua atividade produtiva e sobre a vida de cada um dos nordestinos que vivem no semiárido.
Eu fico feliz quando eu escuto que a garantia de segurança hídrica de todo o povo de Fortaleza tem a contribuição do governo federal. É uma honra e dignifica o fato de eu ser presidenta da República. É algo que valoriza, para mim, a minha atividade. Mas eu acredito que tem uma grande conquista nesse projeto do Cinturão das Águas: é olhar no horizonte e saber que até 2042 o Ceará tem segurança hídrica. Ou seja, nós estamos plantando para nós mesmos e plantando para o futuro deste estado. Isso também é um grande exemplo da capacidade de planejamento e execução. O Brasil precisa, cada vez mais, de gente capaz de planejar, de executar e de fazer.
Se a gente for olhar essas manifestações de junho, nós vamos ver que elas foram feitas por quê? Por que elas foram feitas? Por causa do seguinte: uma característica do ser humano nos distingue e nos transforma em capazes de fazer, de sair da idade do bronze e colocar um voo na lua. Qual é essa característica? É querer mais, é cada vez querer mais, como aquele pessoal que você tentava e tentava. Pode tentar o que for porque mais... Aliás, democracia exige sempre mais democracia. Direitos sociais conquistados vão também ensejar mais direitos sociais a serem conquistados. Tudo que nós formos capazes de conquistar vai abrir o caminho para a gente querer sempre mais. É isso que distingue a capacidade que nós temos, de entender e, mais do que entender, nós temos de canalizar e resolver.
Por isso, eu fico muito feliz. E um único número, para mim, dá a dimensão da importância dessa obra do Cinturão das Águas: ela vai atender 95% da demanda por abastecimento humano, industrial e turístico e, repito, até 2040. Esse número é um número extraordinário. Os 5% restantes, nós faremos por onde também, porque o nosso objetivo é assegurar que haja uma solução estruturante para a questão da segurança hídrica no semiárido, assim como nós ousamos fazer um ato muito importante, que é o do Plano Safra do Semiárido.
Vocês vejam que ironia com o passado. Nós estamos dizendo o seguinte: queremos fazer e construir as condições para uma safra efetiva, produtiva, eficiente, no semiárido. Ao invés de tratar o semiárido como algo que nós precisamos de passar remédio, não, nós sabemos que é possível construir as condições para que o semiárido produza, as condições para a sua própria segurança produtiva e pode muito bem dar um exemplo também para o Brasil.
O nordestino, já dizia um grande escritor brasileiro, é, antes de tudo, um forte. O cearense é, antes de tudo, um forte. O brasileiro é, antes de tudo, um forte. E nós sabemos que se tem países que vencem o inverno mais rigoroso, porque a cada ano ele se repete e mata tudo e todos, não tem alimentação, não tem produção, mas eles têm formas de conservar a produção. Nós ainda não precisamos, não precisamos garantir que toda a produção seja armazenada, nós temos condição que, mesmo na maior seca, se tivermos segurança hídrica, conseguiremos plantar. E é isso que eu digo para vocês hoje: nós vamos e nós podemos.
Esses dois atos são muito importantes, porque eles são uma prova de que juntos todos nós, nós podemos transformar para melhor as condições de vida da população brasileira. Principalmente porque também estamos aqui, hoje, numa estação especial. Aqui, eu estou na José de Alencar.
E aí a gente tem de terminar fazendo uma saudação a esse que foi um grande artista, um grande escritor, um grande romancista, um dos maiores romancistas que tratou sobre a questão da relação entre os povos indígenas – e aqui nós homenageamos os nossos representantes dos povos indígenas – e a população, uma parte da população que cria este país. E eu queria dizer para vocês que isso é importante, pelo seguinte: porque este país tem de ser capaz também de dar valor e homenagear àqueles que fizeram muito por ele. E um romancista faz muito pelo Brasil, um artista faz muito pelo Brasil. E eu não podia deixar de lembrar que eu vim de uma outra estação, a Chico da Silva, que representa outro artista cearense.
Então, eu queria cumprimentar também o governador, pelo fato de ele ter dado nomes tão precisos e corretos para estações do metrô. Eles, além de trazer para nós o alimento da alma, permitem que a gente tenha uma vida melhor.
Muito obrigada. Espero que tudo aqui saia pelo melhor.

 

Ouça a íntegra (26min17s) do discurso da Presidenta Dilma