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10-08-2013 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de início de operação do Aeromóvel

 

Porto Alegre-RS, 10 de agosto de 2013

 

Bom dia a todos aqui presentes. Eu vou quebrar o protocolo e iniciar saudando o criador do Aeromóvel, o senhor Oskar Coester. Um país sempre vai precisar reconhecer, saudar e engrandecer os seus heróis, porque os nossos heróis modernos são aqueles que mostram uma crença muito forte no país e que, a partir dessa crença, às vezes por 30 anos, se empenham em buscar, em perseguir e em realizar um sonho feito com base no conhecimento científico e numa visão de país em desenvolvimento, de um país que tem a capacidade de realização. Então, eu saúdo o nosso Oskar Coester, criador do Aeromóvel.

Cumprimento também o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro,

O nosso prefeito de Porto Alegre, José Fortunati,

Os ministros de Estado que me acompanham aqui, nesse dia de hoje: ministro Aguinaldo Ribeiro, das Cidades; ministro Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário; e ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos.

Cumprimento o deputado federal Fernando Marroni, o Henrique Fontana, o Marco Maia, o Paulo Ferreira, o Renato Molling, o Ronaldo Zulke.

Cumprimento também o ex-deputado, meu companheiro de algumas caminhadas, o Aguinaldo Streck, aqui presente... O Adroaldo Streck aqui presente. Desculpe, eu confundi o seu nome com o do ministro.

Cumprimento o presidente do Trensurb, Humberto Kasper,

Cumprimento também o Carlos Alberto da Silva Souza, superintendente regional sul da Infraero,

Cumprimento os senhores jornalistas, os senhores fotógrafos e os senhores cinegrafistas... Obrigada. Sempre saúdo vocês, não é?

Eu queria dizer para vocês que, para mim, tem um significado muito especial participar dessa cerimônia do Aeromóvel. Primeiro porque para quem morou durante mais de 30 anos aqui em Porto Alegre, não de forma a deixar de perceber que compunha o horizonte da minha cidade um Aeromóvel, e que ele sempre me intrigou, sempre acendeu todas as esperanças que nós temos, ao ver a possibilidade de um empreendimento não usual, não comum, revolucionário. Porque conviver com o Aeromóvel, ali em frente do Parobé e sabendo que se tratava de uma tecnologia diferenciada, despertou, ao longo desse tempo, um certo parentesco, eu acho, entre os moradores de Porto Alegre e o Aeromóvel. O Aeromóvel é um pouco de cada um de nós, e ele tem aquela familiaridade que as coisas com as quais você convive durante muito tempo despertam em uma pessoa.

Então, quando eu chego aqui, hoje, e participo da inauguração desse projeto, que leva e vai transportar concretamente milhares de pessoas do aeroporto para a estação do Trensurb, e da estação do Trensurb para o aeroporto, eu vejo que hoje eu participo da inauguração de um símbolo que está sendo implantado, um símbolo do espírito inovador, da capacidade de gerar tecnologia, de criar os meios para vencer novos desafios, e de mostrar que nós somos, sim, capazes de gerar tecnologia nova, de inovar.

Recentemente, eu não sei se os senhores viram, mas a contabilidade do PIB americano, quando se trata de investimento, foi ampliada. Ampliada não só para máquinas e equipamentos, não só para a construção pesada, não só para a utilização de toda a estrutura digitalizada e informatizada, mas foi ampliada para incorporar inovação. É tão importante a inovação num país que hoje a inovação se estrutura como um dos elementos principais do investimento.

E o que nós estamos vendo aqui é, justamente, a concretização de um projeto que é um projeto, primeiro, de conhecimento científico, é um projeto de solução tecnológica, é um projeto empresarial. A empresa Ttrans, que também deve ser saudada hoje, e todas as empresas que participam desse arranjo, se reuniram e se articularam com um cientista inovador. E, de fato, o ministro Aguinaldo tem razão: mostraram um projeto concreto, na área de mobilidade urbana e, mais do que isso, um projeto – e vocês me permitam ler –, um projeto de tecnologia limpa, com motores elétricos e sem emissão de poluentes gasosos; um projeto com estruturas elevadas, estruturas extremamente limpas, com design moderno e sem poluição visual, uma tecnologia de construção e operação 100% nacional; veículos leves, com capacidade para 150 a 300 passageiros; baixo consumo de energia, 50 Kw por hora de operação; sistema modular que permite construção rápida, limpa e com possibilidade de expansão.

Eu li algumas das características desse projeto. E fico muito feliz pela nossa parceria, a nossa participação, a participação do governo federal nesse arranjo a partir da Trensurb, assegura também uma coisa muito importante, que é o efeito de representação para o conjunto das cidades médias e grandes do nosso país, e mostra que é possível concretamente, porque está aqui, em Porto Alegre, realizado, concretizado, algo que até então parecia um sonho. Não só concretizado, mas quando se utiliza o Aeromóvel – e eu acabei de utilizar o Aeromóvel, eu queria dizer para os brasileiros e para as brasileiras de todos os demais estados, eu utilizei – e, de fato, é silencioso, rápido, com uma economia, em um momento em que nós sabemos que essa é uma preocupação internacional, que é a questão da geração de gases de Efeito Estufa, que aumentam a temperatura. Esse é, de fato, um transporte que tem todas as características da sustentabilidade.

Então, como uma mercadora ambulante, eu quero dizer para o país que nós temos aqui, no Rio Grande do Sul, uma alternativa de transporte público coletivo, de transporte de massa, de alta qualidade. Ela vai ser testada agora, de forma assistida, por três meses, como todo transporte inicialmente faz, não é específico nem característico do nosso Aeromóvel, mas você vê isso em metrôs, em VLTs, em todos os sistemas de transportes, o período inicial é, obviamente, assistido.

Quero dizer aos senhores, então, e às senhoras, quero dizer a todos os brasileiros, que hoje é um dia muito especial, porque nós mostramos que além de outras áreas, o Coester mesmo citou aqui esse casamento entre o ITA e o CTA, que gerou a Embraer, gerou também, não é, Coester?, toda uma certa capacidade que o Brasil tem, na área de eólica, de energia eólica. É derivado, ali, daquela região e também do CTA e do ITA, por exemplo, as melhores pás, foram feitas por egressos do ITA, as melhores pás dos geradores eólicos. E eu acredito que nós estamos diante de uma proposta bastante revolucionária, nessa área.

Sem sombra de dúvida, quando se tem uma oportunidade dessas, é muito importante que o governo federal, o governo do estado, a prefeitura, as empresas e a comunidade, a comunidade científica se unam, no sentido de tentar viabilizar, de forma bastante robusta, um projeto como este.

Eu queria dizer a vocês que nós temos todo interesse em construir e viabilizar projetos de mobilidade urbana no transporte público. Concordo em gênero e número com o prefeito Fortunati. O Brasil teve uma fase, e ainda esta fase diz respeito à nossa própria melhoria de renda, em que o transporte privado ocupou um papel muito importante no imaginário das pessoas. A variação de renda no Brasil, a melhoria de renda, significava o acesso ao transporte individual, à família querer um carro.

Acho que isso não tem nada demais, desde que todos os agentes públicos se preocupem com o transporte coletivo público, o transporte de massa. Por quê? O transporte público é um transporte para todas as classes sociais, e é um transporte que tem por objetivo viabilizar os espaços urbanos, sem o que, sem um transporte público, nós não teremos algo que não seja crise urbana nas cidades. Porque o transporte é a base através da qual as pessoas vão para o trabalho, as pessoas vão para as escolas, as pessoas vão para o lazer. Enfim, não pode ser o transporte privado que estruture a vida  em um espaço urbano.

Por isso, o governo federal se preocupou desde o início, desde 2011, nós viemos com um programa que foi o Programa Mobilidade Urbana. Neste programa, nós priorizamos nas cidades, nos chamados centros, grandes centros, que ainda não são megalópoles, como é o caso, por exemplo, de São Paulo, com 11 milhões, do Rio, com oito, e de Belo Horizonte, da Grande Belo Horizonte, pelo menos, com mais de cinco. São estruturas ainda que nós podemos ter uma influência muito virtuosa.

Nos anos 80, nos anos 70, final de 70 e início de 80, e até uma parte dos 90 era considerado que o Brasil não tinha renda suficiente para investir em metrô. O metrô foi considerado uma alternativa incompatível com a renda do país, o que é uma verdadeira sandice, porque é impossível cidades com a proporção populacional que nós temos, sem metrô. É impossível, não é consistente.

Por isso que o governo federal investiu em metrôs desde 2011. Nós fizemos primeiro uma parceria aqui em Porto Alegre, com o prefeito Fortunati, no projeto de metrô que nos foi apresentado naquela ocasião, fizemos também com Curitiba, com Belo Horizonte, fizemos com Brasília, com Salvador, com Fortaleza, com o Ceará, além dos investimentos que tradicionalmente o governo federal fez, no Rio e em São Paulo.

Nós, agora, voltamos a nos preocupar mais uma vez com essa questão. Esses R$ 89 bilhões que nós colocamos nesses projetos de metrô, nos projetos de VLT, nos projetos de BRT e nesse projeto do Aeromóvel, agora serão completados com mais R$ 50 bilhões. Desses R$ 50 bilhões nós estamos em discussão, com o prefeito Fortunati, a complementação do metrô de Porto Alegre, e também foi apresentado, via o Estado, outros projetos. Um deles, que eu achei muito importante e queria destacar, é com Canoas, e usa justamente o Aeromóvel. E o prefeito me mostrou um projeto muito interessante, porque ele contempla duas coisas: a mobilidade urbana e também um forte conteúdo social, porque ele irá transportar, tanto de Guajubira, como de Matias Velho, vai transportar, segundo o prefeito, 150 mil pessoas em 12 quilômetros de Aeromóvel, na fase um e na fase dois, e terá ainda uma fase três, que será a conexão com o avião, mas não será neste projeto, nessa etapa, primeiro vocês farão a um e a dois.

Pois muito bem, eu considero que, com esse investimento, nós vamos mostrar uma coisa importantíssima: que o Aeromóvel é uma ótima solução para justamente algo que é fundamental quando se trata de mobilidade urbana, que é a gente fazer as conexões entre todos os modais, ele é estratégico para isso, para essas conexões entre os modais.

E há algo que nós temos sistematicamente nos preocupado, porque a conexão entre os modais é que é a alma da coisa. Não é só fazer o metrô aqui, o BRT ali, o VLT lá, é articular todo o sistema urbano de transporte, de tal forma que cada um de nós saiba que é possível ir muito mais rápido de um lugar a outro do que pegando o seu próprio carro ou utilizando o carro de alguém. Ou seja, a articulação entre os modais é que dá ao sistema público de transporte aquilo que é a atração dele no resto do mundo: é mais rápido de chegar, mais seguro de chegar. E o carro privado fica para os dias, para os momentos de lazer e não aquele uso sistemático que tem hoje, ainda, no nosso país. Então, eu estou muito feliz de estar aqui.

Queria também completar dizendo que nós temos tido aqui, com o estado e com a prefeitura, e com as prefeituras – não é? Prefeito Fortunati, me referi agora ao Jairo Jorge – com as prefeituras, eu acho que uma amostra de relação extremamente republicana.

E eu não podia deixar e terminar sem falar sobre o nosso Mercado Público de Porto Alegre, que também é outra coisa que nós convivemos e que faz parte da vida de cada um de nós, que moraram e que hoje moram ainda no Rio Grande do Sul. Logo depois do evento com o Mercado Público, com o incêndio no Mercado Público, o prefeito Fortunati e o governo federal, através da minha pessoa, nós nos comunicamos. E eu quero dizer para vocês que eu assumi, de forma imediata, o compromisso de ajudar a reconstruir todos os efeitos desse incêndio, e não só isso, mas eu tenho certeza que cada morador do Rio Grande do Sul – não precisa ser só de Porto Alegre – tem uma especial ligação com o Mercado Público. Por isso, essa é uma reconstrução também que aponta no sentido da nossa sensibilidade pessoal de cada um daqueles que moram aqui.

Mas eu queria dizer que o Mercado Público também é um dado do patrimônio histórico aqui do Rio Grande do Sul. E por isso nós iremos usar os recursos do PAC Cidades Históricas para essa reconstrução. Nós iremos destinar, como o prefeito sabe, R$ 19,5 milhões para essa reconstrução. Tenho certeza que nós vamos trabalhar rápido, não é, prefeito Fortunati? Todos nós, para devolvermos à cidade de Porto Alegre e ao estado do Rio Grande do Sul esse patrimônio.

Finalmente, eu não podia deixar de concluir sem reafirmar, aqui, o papel do Coester. Acho que o Brasil precisa reconhecer que nós temos pessoas que são capazes de lutar uma vida inteira por algo que consideram fundamental. E essa capacidade é uma capacidade que tem de servir de exemplo para os nossos jovens, porque valores, um deles é, de fato, essa determinação de vida. E aí, Coester, eu queria pedir uma salva de palmas para você.

 

Ouça a íntegra (22min20s) do discurso da Presidenta Dilma.

 

 

 

 

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