01-07-2014 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de lançamento do Programa Brasil de Todas as Telas
Palácio do Planalto, 1º de julho de 2014
Primeiro, eu queria cumprimentar aqui o Cauã Reymond, que está apresentando essa cerimônia. Obrigada, Cauã. Não é todo dia que a gente tem um Cauã aqui no Palácio do Planalto. O Temer que me desculpe, mas o Cauã agora ficou no protocolo em primeiro lugar.
Vice-presidente Temer, é um prazer ter o senhor aqui também.
Queria cumprimentar aqui os ministros: Marta Suplicy, da Cultura; Aloizio Mercadante, da Casa Civil. Em nome deles, cumprimento os demais ministros presentes na cerimônia.
Queria cumprimentar os governadores de estado: Agnelo Queiroz, do Distrito Federal; Cid Gomes, do Ceará; João Lyra, de Pernambuco; Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte.
Queria cumprimentar também o senador José Pimentel, líder do governo no Congresso Nacional.
Cumprimentar o Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine.
Queria cumprimentar os deputados federais: Alice Portugal, presidente da Comissão de Cultura na Câmara dos Deputados; a deputada Benedita da Silva, o deputado Jorge Bittar, relator da lei da TV paga. Queria cumprimentar o José Guimarães, a Luciana Santos, a deputada Marinha Raupp, o deputado Nilton Lima, o deputado Paulo Ferreira, o deputado Pedro Eugênio.
Meu querido ex-governador do Ceará, Ciro Gomes.
Queria cumprimentar o senhor Hamilton Pereira da Silva, secretário de cultura do Distrito Federal. Ao cumprimentar o Hamilton, eu cumprimento todos os secretários estaduais de Cultura presentes nesta cerimônia.
Queria cumprimentar o senhor Luiz Cláudio Costa, presidente da Rede Record.
O senhor Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão - Abert,
Queria cumprimentar o cineasta Roberto Moreira,
Queria cumprimentar o senhor Eli Jorge Lins de Lima, presidente do sindicato das empresas exibidoras de audiovisual de São Paulo, a quem eu agradeço a homenagem.
Quero dirigir um cumprimento especial às atrizes, aos atores, aos produtores, às produtoras de audiovisual, entre tantos aqui presentes.
O Cauã eu já falei,
Então, cumprimento o Gracindo Junior, o Luciano Szafir,
Queria cumprimentar a Luci Barreto e o Luiz Carlos Barreto,
Queria cumprimentar a Maria Paula,
Queria cumprimentar a Mel Lisboa, Milhem Cortaz, a Tzuka Yamazaki, e todos os demais que o meu protocolo não registrou. Me desculpem, protocolo é assim, Luiz Cláudio.
Senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Eu queria dizer primeiro que quando a gente vive uma cerimônia como esta, a alma fica mais leve. A cultura permite isso, permite que a gente perceba como a vida é diversa, e como ela permite que nós sejamos capazes de criar cultura e, como espectadores ou consumidores de livros, de filmes, de curtas, de televisão, enfim, de todas as telas, que a gente sinta uma imensa alegria no coração. Por isso, estou muito feliz de estar aqui.
Quero dizer que criatividade, diversidade, pluralidade, são as maravilhosas características da nossa cultura. Nossos escritores e escritoras, atores e atrizes, cantores, cantoras, produtores audiovisuais, produtores culturais, cineastas, criadores em geral, nos emocionam sempre e de uma forma muito profunda. O que seria de nós sem a cultura? Não seríamos humanos.
O Brasil de Todas as Telas é parte do nosso esforço para fazer justiça a essa imensa criatividade do nosso país e transformá-la ainda mais na base de uma pujante indústria cultural nacional. Com esse programa, nós vamos fortalecer nossa indústria audiovisual, ofertando recursos, criando melhores e mais adequadas condições para a produção audiovisual em nosso país.
Esse fundo, e nós estamos falando aí de R$ 1,2 bilhão, é, sem dúvida, o maior programa de apoio à produção audiovisual já implementado no Brasil. É o maior programa, pelo volume de recursos, mas, sobretudo, pelo conjunto de iniciativas envolvidas, que abrange a cadeia, os elos da cadeia produtiva, desde o roteiro, a criação do roteiro, até a ampliação e a modernização do parque exibidor, passando pela produção e difusão e pelo incentivo à pesquisa. Um programa com um tamanho compatível com o talento, com a criatividade e de nossos produtores audiovisuais.
Várias iniciativas, nos últimos anos, vêm permitindo que nós criemos um ambiente, um meio ambiente mais favorável ao desenvolvimento da nossa indústria audiovisual. Queria me referir à lei da TV paga, o marco regulatório do setor, sancionada no meu governo, que permitiu criar uma nova dinâmica, mas, sobretudo, uma grande demanda para a produção e exibição de conteúdos produzidos no Brasil.
Como ministra-chefe da Casa Civil durante o governo do presidente Lula, eu acompanhei todo o debate e o longo processo de tramitação dessa legislação que eu tive a honra de sancionar em 2011. Essa demanda que foi criada por essa lei é uma demanda qualificada para a produção nacional, o que mostra e demonstra como a experiência de outros países que possuem legislações semelhantes pode transformar também o Brasil - e eu acho que esse é um objetivo fundamental para todos nós - num grande polo produtor de audiovisual.
Outro elemento importante nesse novo cenário é o crescimento da demanda por bens e serviços culturais no Brasil, que se somam a essa demanda, criando esse meio ambiente muito propício que nós vivemos hoje. Todos aqui já cansaram de me ouvir falar dos 42 milhões de brasileiros que foram para a classe média, dos 36 milhões que nós tiramos da miséria, do crescimento de 71% real do poder de compra do salário mínimo nos últimos 11 anos, ou da ampliação 52% da renda familiar média dos brasileiros ou 106% de aumento da renda real, aliás, de renda real em 106% dos 20% mais pobres. Esses números são equivalentes, por exemplo, os 42 milhões equivalem a uma Argentina e um Uruguai, uma Argentina somada a um Uruguai, que foi colocado como cidadãos consumidores. E cidadão consumidor ele não quer saber só da renda, do salário, da parte material, ele quer usufruir de todos os benefícios da civilização, dos quais a cultura é o ápice.
Assim sendo, esses números, primeiro, dessa iniciativa importante da lei da TV paga, depois dessa expansão do mercado consumidor brasileiro, mostram a inclusão social e mostram que inclusão social tem de ser acompanhada de inclusão cultural, para que nós tenhamos cidadãos mais conscientes, cidadãos respeitados na sua integralidade. E isso é muito importante, porque quando a gente fala de futuro no nosso país, um país de 201 milhões de habitantes, nós temos de olhar e ver que esses cidadãos consumidores, eles exigirão de nós cada vez mais qualidade em todos os serviços que prestarmos. Inclusive serão cidadãos críticos em relação às políticas públicas, às políticas culturais, serão mais exigentes. Isso é muito bom para nós todos, muito bom para nós todos porque eu tenho visto, eu geralmente não posso ir numa sala de cinema, porque sento eu e uma parte da segurança atrás de mim, o que é extremamente desagradável para as demais pessoas que estão ali, porque tem muita segurança atrás de mim.
E, então, eu recorro ao que é possível, então também aqui faço uma solicitação: se vocês puderem mandar para a presidenta os vídeos, eu teria um agradecimento profundo. Algumas vezes, também, eu posso dizer a vocês que eu acompanho e fico muito interessada em ver como é importante essa lei da TV paga, porque eu vejo uma qualidade de pequenos, de minisséries, de séries, tanto de comédia quanto de suspense, mas muitas séries, dramas. E eu quero dizer o seguinte: faz pelo menos quatro anos que eu fui duas vezes ao cinema, mas eu assisto filme sempre que eu posso. E fico até… eu gosto muito de livro, empata, para mim empata. O livro ganha, eu ainda sou de uma geração que conseguia imaginar o que podia com a leitura, o livro ganha, ganha, vamos dizer, por uma cabeça pequena, mas ganha. Mas o cinema, eu acho que ele tem um grande apelo para toda a juventude. Cinema é algo que consegue levar-nos para... o cinema em geral, eu estou chamando de cinema longa-metragem, média-metragem, curta-metragem, eu estou chamando de cinema essa fantástica criação com imagem e ele tem essa capacidade. Então, eu fico muito feliz de estar aqui podendo viabilizar uma maior sustentabilidade para a área do audiovisual, em especial com esse Brasil de Todas as Telas.
Quero dizer que nós ampliamos essa demanda, primeiro através da própria renda, depois eu acho que o Vale Cultura também vai dar um grande impulso, na medida que ele se desenvolva e que progressivamente se estenda para parcelas da população. Eu creio que hoje é um dia histórico, um dia de festa para a indústria audiovisual do país. Convido a todos os produtores audiovisuais brasileiros e brasileiras a participarem desse programa, a transformar seu talento e criatividade em mais produção cultural para o usufruto de nossa população.
Eu quero também dizer que o Sistema Nacional de Cultura é algo que nós temos de colocar em prática, ele está dando os seus primeiros passos, seus primeiros passos para o reconhecimento de algo que é muito importante. A diversidade da cultura brasileira, ela se dá numa cidade, mas ela também tem um conteúdo regional muito forte. Tem certos filmes que trazem a marca de suas regiões e tem certas obras que trazem essa marca. Isso não significa regionalismo, porque no regionalismo, muitas vezes, se encontra a maior universalidade. Eu me refiro aqui a um autor que eu tenho… que eu acredito que aparentemente seria, talvez, o maior dos regionalistas, mas foi capaz de dizer que “o sertão é o mundo”. Me refiro ao grande Guimarães Rosa.
Acho que além do Vale Cultura, ser capaz de ampliar e aumentar os Pontos de Cultura para estimular a cidadania cultural, também é algo muito importante. Eu acredito que o Ponto de Cultura Indígena no Acre é um exemplo disso. Ponto de Cultura Indígena no Acre, confirmando esse potencial que é essa parceria que hoje nós fazemos com regiões do Brasil tem de força e de potencial.
Eu sou da época também dos cinemas. Eu passei a minha infância e a minha juventude, em Belo Horizonte, assistindo todo domingo, em torno, começava ao meio-dia, mas você podia chegar às duas, no Cine Pathé, assisti muito filme no Cine Pathé, em Belo Horizonte, ali na Savassi. E a Savassi, naquela época, não era a Savassi de hoje. A gente sabe o que significa uma sala escura de cinema para quem já frequentou sistematicamente essa sala, e viveu a intensa e fantástica experiência de esperar até pelo Flash Gordon, como eu esperava. Sou velha, gente, esperar para ver o Flash Gordon. Mas eu quero dizer que talvez uma das grandes iniciativas seja essa capacidade nossa de reconstruir salas de cinemas adequadas para a projeção audiovisual, que podem se espalhar por este país, e novamente, porque não é… é claro que a gente pode pegar um DVD. É claro que nós podemos usufruir de várias formas, através da televisão também, mas também é claro que o cinema, numa sala escura, tem a mesma atratividade - e aqui eu encerro - que um campo de futebol. Você ver uma partida da Copa do Mundo num campo de futebol é algo excepcional. Você pode vê-la na televisão, numa fan fest, também é muito bom, mas uma partida de futebol num estádio é algo que é equivalente a assistir um filme na sala escura.
Tenho certeza que vocês farão por onde avançarmos ainda mais e transformarmos o Brasil num grande polo de produção audiovisual. Competência, capacidade de produção, histórias e um país diversificado desses nós temos. E cultura é essa capacidade de transformar o que é nosso em universal.
Muito obrigada.
Ouça a íntegra (19min39s) do discurso da Presidenta Dilma Rousseff