17-02-2011 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na abertura do seminário de implantação dos Centros Regionais de Referência em Crack e Outras Drogas
Palácio do Planalto, 17 de fevereiro de 2011
Eu queria cumprimentar todos os presentes, e iniciar cumprimentando os ministros de Estado: ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça; ministro Fernando Haddad, da Educação; ministro Alexandre Padilha, da Saúde,
Cumprimentar também o nosso querido presidente da Andifes, Edward Madureira, em nome de quem eu cumprimento todos os reitores e as reitoras aqui presentes,
Cumprimentar também a secretária nacional Antidrogas, a Paulina, que eu tenho muito orgulho de ter convidado para integrar o governo,
Ao cumprimentá-la, eu queria estender o cumprimento a todos os funcionários específicos da área de drogas aqui presentes,
Cumprimentar todos os professores e professoras,
E, dizer que eu agradeço profundamente a presença de vocês, mas eu agradeço, sobretudo, o engajamento de vocês nessa luta, que é uma luta fundamental no Brasil. Acredito que o tamanho da luta requer também pessoas muito capacitadas para enfrentar o problema. E, sem dúvida, nós temos um quadro extremamente preocupante no que se refere à questão da droga, da criminalidade, da violência e a nossa juventude.
Esse é um quadro que nenhum de nós aqui – tanto nós, do governo, como todos aqueles que integram governos estaduais ou municipais, mas também os senhores professores, as senhoras professoras, integrantes da sociedade civil – pode se tornar indiferente a ele. O meu governo vai dar um combate sistemático à questão do crack. Eu tenho um compromisso com o povo do meu país, de levar uma luta sem quartel ao crack, principalmente porque, devido a características da nossa juventude, nós sabemos que essa é uma droga que tem uma capacidade de propagação muito elevada. Primeiro, por ser barata; segundo, por ser extremamente danosa; e, terceiro, pelo fato de que ela contribui para uma desagregação da personalidade, mas também dos vínculos sociais. E isso, para um país como o nosso, ter sua juventude vulnerabilizada pela droga é algo que compromete o próprio sentido de nação que nós devemos ter. Daí porque eu fico muito feliz pelo fato de os senhores estarem integrando a linha de frente desse combate. Nós precisamos formar profissionais. Nós sabemos que essa é uma droga que ela também apresenta o desafio de não ter – e não é só no Brasil –, não ter, no plano mundial, um acervo de conhecimentos e um acúmulo de metodologias para o tratamento. Isso faz com que a iniciativa dos Centros Regionais de Referência seja uma iniciativa pioneira, e a participação dos senhores, estratégica, para o país e para a nossa juventude.
Eu estava aqui, há pouco, comentando com o ministro Fernando Haddad a importância cada vez maior que a universidade federal, a universidade estadual, a universidade municipal adquirem na sociedade brasileira. A valorização que, no governo do presidente Lula, foi dada às universidades federais, eu acho que contribui também para essa devolução que eu acho que os senhores podem fazer com [para] a sociedade brasileira. Não só nessa área, em várias áreas. Mas, nessa área, especificamente, eu acho importantíssimo que sejam 46 instituições com 49 projetos, que dão início à capacitação de mais de 14 mil profissionais que vão atuar nessa área.
Nós sabemos que, nesses três eixos, a que o Ministro se referiu... o Ministro da Justiça, o Ministro da Saúde, que é o eixo da prevenção, através do qual nós precisamos impedir que mais pessoas, mais crianças, mais jovens sejam vítimas do crack – o eixo da assistência, do apoio, do tratamento, do carinho –, em que nós temos de intervir para que elas tenham tratamento, e aí, sem sombra de dúvida, é necessário o tratamento especializado, sim, para o crack. É necessário comunidade terapêutica, clínica especializada, enfermaria especializada em hospital geral, mas também são necessárias políticas de inserção, de reinserção. E, acho que é fundamental a gente perceber que tudo isso também passa por um processo de combate ao crime organizado, através do controle de fronteiras, da... eu diria, o reforço ainda maior da Polícia Federal no combate à criminalidade e às drogas. No combate sem quartel às drogas, tanto na entrada delas, que se dá nas fronteiras do Brasil, quanto também na distribuição... nas estruturas de distribuição ligadas ao crime organizado.
E aí, eu acredito que vocês estão num lugar privilegiado, que é o lugar que estrutura as condições de enfrentamento da droga. Compreendê-la, entender os seus mecanismos, ser capaz de incorporar todas as variáveis dos diferentes saberes a esse projeto vai ser uma das armas mais fortes que nós vamos ter nesse enfrentamento. Junto com a Polícia Federal nas áreas de fronteira, com o próprio Exército, com as Forças Armadas, o saber talvez seja uma das condições privilegiadas através das quais nós podemos decifrar as drogas, porque aí junta com o seu... Você fez um desafio, não é? Eu acho que tem outro aqui, outro desafio que é o “decifra-me ou devoro-te”, e aqui nós vamos... nós vamos... nós, vocês aí, no caso, são os decifradores. Espero que vocês decifrem para que a gente possa, em termos sociais, devorar esse processo, metabolizar, expelir e controlá-lo na nossa sociedade.
Fico muito feliz de receber vocês aqui. Acho que as universidades federais do Brasil, elas têm esse papel nesse programa, que foi até lançado pelo presidente Lula no ano passado, e que nós vamos continuar a aprofundar e fazer avançar ainda mais.
Mas, eu queria aproveitar o momento também para reiterar meu compromisso com a continuidade da valorização do ensino superior no Brasil, sobretudo a valorização dos professores e das professoras do nosso país. Eu tenho perfeita clareza da importância estratégica para o Brasil, para a formação da nossa própria alma como nação, dos senhores e das senhoras aqui presentes.
Por isso, mais uma vez eu agradeço e quero dizer que esse é um momento, assim, que eu tenho muito prazer de ser Presidenta do Brasil.
Obrigada.
Ouça a íntegra do discurso ( 09min07s) da Presidenta Dilma.
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