25-11-2011 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de inauguração das novas instalações do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into)
Rio de Janeiro-RJ, 25 de novembro de 2011
Bom dia a todos.
Eu queria iniciar dizendo que na disputa entre o Sérgio Cabral e o Eduardo Paes, o Sérgio está ligeiramente à frente, porque utilizou o “nunca antes na história” deste hemisfério e, necessariamente, ele fez isso porque é um dever nosso reconhecer que nós estamos aqui no Into porque também o nosso querido presidente Lula se empenhou para que este Hospital fosse transformado numa... tivesse uma construção e equipamentos à altura da sua competência.
Então, eu queria cumprimentar o Sérgio Cabral, nosso querido parceiro, governador e amigo pelo fato de ter reconhecido a importância do nosso presidente Lula e, sem dúvida, ele está nos escutando, Sérgio, porque ele comenta todos os atos de que nós participamos.
Queria cumprimentar também o querido Luiz Fernando Pezão, vice-governador do Rio,
O Eduardo Paes,
E queria também saudar o Alexandre Padilha, ministro da Saúde, que tem tido um desempenho significativo nessa área de Saúde, como continuidade de vários outros ministros da Saúde e, que eu acredito, fará diferença nessa área.
Queria também cumprimentar o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,
A ministra Helena Chagas, da Comunicação Social,
Queria cumprimentar o nosso querido senador Marcelo Crivella,
Os deputados federais: a Benedita da Silva, o Filipe Pereira, o Washington Reis,
Queria também cumprimentar os deputados estaduais aqui presentes: a Inês Pandeló, o Zaqueu Teixeira, o Rosemberg Reis,
Queria cumprimentar uma pessoa que eu conheci a partir das minhas vindas aqui, com o presidente Lula, para inaugurar coisas com o Sérgio Cabral, e também lançar programas, e o Lobão estava muito preocupado porque ele estava dizendo que do jeito que a coisa estava indo, o Maranhão ficaria muito prejudicado porque tudo isso era para o Sérgio. E também queria dizer que o Sérgio Cortes, que eu conheci nessas ocasiões, ele é, de fato, um excelente – mas um excelente mesmo – secretário de Saúde, que é um exemplo para o Brasil e que mostra como o nosso país tem evoluído no que se refere a homens e mulheres qualificados para a gestão pública.
Queria também cumprimentar o doutor Geraldo Motta, diretor-geral do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad,
Queria também cumprimentar o Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz,
O Maurício Chacur, presidente do Investe Rio,
Cumprimentar todos os funcionários deste Hospital, tanto os médicos, como as enfermeiras, como os funcionários administrativos,
Queria cumprimentar aqui os jornalistas, os fotógrafos e os cinegrafistas,
E, no final, eu queria desejar também, a todos nós, muito sucesso em todos os eventos esportivos e, nesse caso, eu gostaria de homenagear os atletas olímpicos aqui presentes: Bruno Martins, Bruno Crespo, Felipe Almeida e Juan Silva,
É muito sintomático que estejamos aqui no prédio de um dos jornais, de fato, que foram nacionais. O Jornal do Brasil foi um jornal nacional, ele não era um jornal só lido no Rio de Janeiro. Ele era lido, certamente, em muitos outros estados. Eu sou mineira, eu lia o Jornal do Brasil. Era esse o jornal que nós líamos sistematicamente e, além de ele ser uma referência da história da imprensa brasileira, ele deixa para nós, também, a possibilidade dessa transformação em criar aqui um centro de referência na área de traumatologia e ortopedia. E isso é muito importante para um país como o nosso. Eu acredito que talvez seja uma das prioridades do povo brasileiro saúde de qualidade. Principalmente pelo fato – que nós temos sempre de lembrar – que hoje, quando 40 milhões de brasileiros chegaram à classe média, a exigência na qualidade do serviço público passa a ser uma exigência democrática.
Vou me explicar: o Brasil é um país muito desigual. Até um determinado momento, o serviço público brasileiro na área de Saúde era um serviço que, principalmente, as pessoas de menor renda usufruíam; apesar de necessariamente o SUS suportar, também, as exigências na área da alta complexidade e sustentar, também, o tratamento das altas esferas – mas não no dia-a-dia. Nas altas esferas de renda.
Nós, atualmente, vivemos um outro momento. O Brasil mudou. E mudou por alguns aspectos em que as exigências, no que se refere à qualidade do serviço público, passaram a ser muito fortes, muito decisivas, porque dizem respeito a uma parte da população que conseguiu chegar à classe média e que agora utiliza esses serviços e quer um grau de eficiência deles, porque eles passam a ser – para o dia a dia dessas pessoas – a grande alternativa de saúde.
E nós sabemos que o serviço público de Saúde no Brasil tinha áreas de excepcional excelência que, agora, se tornaram, e cada vez mais se tornam, pelo fato de que o Brasil possui mais recursos, tanto na área pública quanto na área privada, mas, sobretudo na estrutura do Sistema Único de Saúde, se tornam cada vez mais exigentes, cada vez mais capazes de fornecer um serviço de qualidade.
Eu acho que aqui nós estamos diante de um dos momentos consagradores, porque aqui nós temos uma instituição de excelência, criada pelo esforço de funcionários dedicados, que têm uma qualidade de atendimento que torna este Instituto um padrão e um parâmetro para o Brasil, e mostra, sobretudo, que nós podemos, nós temos todas as condições de sempre buscar alcançar esse padrão de excelência.
Hoje nós precisamos ter melhores práticas e estendê-las para todas as áreas. Centro de referência é isso: é a possibilidade de difundir melhores práticas, de garantir que a população de todos os rincões deste país possa ter a uma Medicina de qualidade.
Daí porque o Into, para nós, é muito importante em alguns programas que o governo considera estratégicos. No programa Viver sem Limite, em que nós construímos um plano nacional de atendimento às pessoas com deficiência, o Into é estratégico; no programa SOS Emergência, que parte da constatação da necessidade de transformar os nossos prontos-socorros em centros de atendimento de qualidade, o Into é, sem sombra de dúvida, essencial. O Into também é... como hospital, servirá de base para o programa Melhor em Casa, que é o atendimento de saúde na casa do paciente. Tudo isso caracteriza, eu acho, um momento especial da saúde pública no Brasil.
Nós somos um dos poucos países – ou talvez o único – com população acima de cem milhões que pretende e que busca e que constituiu saúde pública universal de qualidade. Esses três itens, eles são extremamente desafiadores. Universal porque nós somos um país com um número de habitantes extremamente expressivo e que torna o nosso país um dos países mais ricos do mundo. Não só por causa que temos petróleo ou que temos recursos energéticos ou porque somos potência... uma potência agrícola, uma potência energética, porque temos uma indústria bastante diversificada ou uma agricultura de excelência, mas porque, sobretudo, somos um país continental com uma população extremamente expressiva. Nenhum país que tenha 190 milhões de habitantes pode considerar a possibilidade daqueles processos de desenvolvimento que se caracterizavam por se destinar só a uma parcela da sociedade.
O nosso país se transformou e é respeitado internacionalmente porque incorporou na cidadania, no consumo, no trabalho, milhões de brasileiros, aproximando o nosso potencial dos 190 milhões, que é o que nós temos de incorporar, e isso cria a necessidade de um processo de prestação de serviços universal que seja também um processo de qualidade.
Fazer isso é o desafio que, eu acredito que aqui no Rio de Janeiro, nós temos dado grandes passos. E aí eu tenho de reconhecer a importância do governador Sérgio Cabral e do Pezão como parceiros do governo federal na área de saúde. Tenho de reconhecer também essa força, que é o nosso prefeito Eduardo Paes, porque nós estamos mostrando aqui que é possível fazer.
O Into – e esta realização – é um momento muito importante. Nós mostramos que é possível construir um hospital público de elevada qualidade junto, obviamente, com o Instituto Nacional do Câncer, junto com outras instituições. Mas o que nós queremos é que elas sejam a característica da instituição pública brasileira. Nós queremos que isso sirva de referência não só na área de traumatologia e ortopedia, mas mostre que é possível uma gestão dos recursos de saúde capaz de garantir e assegurar essa palavrinha que se chama “qualidade” do serviço público.
E os senhores sabem que nós estamos num momento muito delicado, internacionalmente. É certo que a Europa ficará, um tempo bastante expressivo, em crise. Essa crise europeia não acaba nem em um ano e, possivelmente, nem em dois [anos]. A própria diretora do Fundo Monetário Internacional falou de uma década perdida para a Europa. Eu não chego a tanto, mas acho que nós temos de ter consciência disso. Nós temos de ter consciência de que também os Estados Unidos não estão numa situação muito favorável.
Mas, ao mesmo tempo, temos de ter consciência do seguinte: sempre se falava que crise é também oportunidade. Crise também é oportunidade, e o Brasil está hoje diante de várias oportunidades. E aí eu queria cumprimentar o Sautec. Eu vou cumprimentar o Sautec não é por que ele vai ajudar a produzir mais medicamentos. Não vou cumprimentar o Sautec porque ele está ligado a esta instituição. Eu vou cumprimentar o Sautec porque eu acredito que um dos saltos para o Brasil é inovação, ciência e tecnologia. O Sautec nos coloca em outro momento da história, da nossa história. Qual é esse momento? É que o Brasil vai ter de dar o salto da educação, da inovação e da criação e incorporação de tecnologia.
Então, eu saúdo o processo de constituição, aqui, de uma inteligência nessa área, porque faz parte do que nós temos de fazer, o que é o nosso desafio nesta década. É fazer com que aqui no Brasil nós possamos gerar, cada vez mais, empregos de qualidade, empregos que usem o conhecimento e difundam essa capacidade de conhecer, através dos produtos que o Brasil hoje importa, importa gerando empregos no exterior.
E, portanto, então, nesse momento de crise, o que nós temos de fazer diante da crise não é nos atemorizar, parar de consumir, parar de produzir. Ao contrário, o que nós temos de fazer diante da crise que afeta o mundo é avançar, e avançar significa melhorar a qualidade de serviço público do Brasil, garantir que o setor privado continue investindo e que os trabalhadores e o povo brasileiro – e toda a população brasileira – continuem consumindo. Mas, sobretudo, nós temos de avançar naqueles passos que modificarão o Brasil. Um deles é, sem sombra de dúvida, apostar na absorção, inclusive na inovação. Mesmo quando a gente transfere tecnologia, mesmo aí você tem de inovar, você pode ser capaz de inovar. E isso vai, de áreas tão díspares, como a área da saúde, passando, por exemplo, pela área do petróleo. Nós queremos produzir, no Brasil, todos os produtos que a nossa Petrobras vai demandar, nos próximos anos.
Para vocês terem uma ideia... e aqui eu falo porque uma parte disso estará, necessariamente, sediada aqui, até 2020, a Petrobras vai comprar, mais ou menos, 67 sondas. Considerando que cada sonda custa aproximadamente R$ 1 bilhão, nós temos, então, uma demanda muito forte, que explica por que, mesmo hoje, mesmo nesse momento de crise internacional, nós sejamos um país com uma das menores taxas de desemprego. Nós temos, hoje, 5,8% de taxa de desemprego no Brasil diante, por exemplo, de uma Espanha que, entre os seus jovens, chega a ter 45% e tem taxa média de 20, 22[%].
Então, nós temos uma oportunidade aqui, hoje, com o governador Sérgio Cabral, o ministro Padilha e com o prefeito Eduardo Paes, mas com todos vocês – com cada um dos aqui presentes –, nós estamos dando mais um passo para que o nosso país – não é que não seja atingido pela crise, é mais do que isso – transforme esse momento de crise num momento de construção do futuro e da oportunidade de cada um de nós, mas, sobretudo, da oportunidade do Brasil, porque chegar à quinta potência, hoje, está ficando cada dia mais claro que isso está logo ali. Mas nós não queremos ser uma quinta potência. Nós queremos ser um país sem pobreza, um país de classe média e com serviços de qualidade.
Ouça a íntegra do discurso (20min18s) da Presidenta Dilma
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