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11-08-2011 - Discurso da Presidenta Dilma Rousseff após início da terraplanagem da Cia. Siderúrgica e inauguração da correia transportadora de minério do Complexo Industrial do Pecém, e inauguração do Terminal de Múltiplo Uso

O empreendimento promoverá a criação de 23 mil empregos diretos e indiretos na primeira fase da obra, com prioridade para contratação de mão de obra local e regional, contribuindo para o aumento do poder de compra e aquecimento da economia na região

 

São Gonçalo do Amarante-CE, 11 de agosto de 2011

 

Boa tarde a todos.

Queria cumprimentar, aqui, todos os brasileiros e as brasileiras, os cearenses e as cearenses aqui presentes, e também nossos parceiros coreanos.

Mas inicio a minha saudação cumprimentando este jovem governador do Nordeste, responsável pela criação do que nós podemos chamar um novo Nordeste e, portanto, um Nordeste que vai de fato ser liderança, no Brasil, de um processo de transformação das desigualdades regionais que o nosso país, infelizmente, acumulou ao longo de séculos. Senhor governador Cid Gomes, é um prazer estar aqui no Ceará.

Queria cumprimentar também o embaixador Kyong Lim Choi, da República da Coreia, no Brasil. E seguramente, senhor Embaixador, a Coreia tem sido um país que desenvolveu, com o Brasil, vínculos especiais e uma relação de parceria estratégica.

Queria cumprimentar uma pessoa muito especial, ex-governador do Ceará, meu amigo Ciro Gomes. Mas a melhor qualidade dele não é ser meu amigo. É ser essa pessoa guerreira, incansável, defensor dos interesses do Nordeste, do Ceará e do povo brasileiro.

Queria cumprimentar também os ministros Edison Lobão, de Minas e Energia; Fernando Bezerra, da Integração Nacional; e Leônidas Cristino, da Secretaria de Portos, e dizer que eu fico muito feliz de ter no meu Ministério, em áreas estratégicas para o país, líderes, agentes políticos, gestores competentes originários desta região do país. Por isso, eu achei muito bem colocado, pelo nosso governador Cid Gomes, essa ênfase no Lobão, que vem do Maranhão; no Fernando, que vem de Pernambuco; e no Leônidas Cristino, que vem aqui do Ceará.

Queria cumprimentar também os nossos senadores aqui do Ceará, que muito têm ajudado o governo federal a construir os caminhos do nosso país com projetos não só desenvolvimentistas, mas com aspecto também de construção da inclusão social: senador Eunício Oliveira, senador José Pimentel e senador Inácio Arruda.

Queria também cumprimentar os deputados federais Antonio Balhmann, Ariosto Holanda, Artur Bruno, Chico Lopes, Domingos Neto, Gorete Pereira, João Ananias, José Airton, José Guimarães e Raimundo Gomes.

Cumprimento o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Roberto Cláudio,

O nosso querido vice-governador do estado do Ceará, Domingos Filho,

O presidente do Conselho de Administração da Companhia Siderúrgica do Pecém, senhor Aristides Corbellini,

Dirijo um cumprimento especial ao presidente da Vale, senhor Murilo Ferreira, que assumiu o compromisso de criar valor, de ajudar criar agregação de valor ao minério que a Vale extrai e produz, deixando uma parte no Brasil e exportando outra. Senhor Murilo Ferreira, presidente da Vale, eu quero dirigir a você um cumprimento especial por esta cerimônia realizada aqui hoje.

Um reconhecimento ao presidente da Siderúrgica Don Kuk, senhor Sae Wook Chang que, de fato, tem sido - e eu testemunhei ao longo dos anos - um parceiro que jamais desistiu. Portanto, agradeço a ele pela determinação e pelo sistemático compromisso aqui com esta siderúrgica.

Queria também cumprimentar o presidente executivo da Posko, senhor Ki Hong Park, que vai dar sua contribuição, também estratégica, na medida que é uma siderúrgica das melhores e das maiores do mundo.

Queria cumprimentar também o secretário Adail Fontenele, da Infraestrutura do governo do Ceará, em nome de quem eu cumprimento os demais integrantes do governo Cid Gomes.

Queria cumprimentar o prefeito de Caucaia, Washington Góis,

O prefeito de São Gonçalo do Amarante, Walter Júnior.

E, ao cumprimentar a prefeita Eliane Brasileiro... Eliene Brasileiro - me desculpe, Eliene -, presidente da Associação dos Prefeitos do Ceará, eu cumprimento todas as prefeitas e prefeitos aqui presentes.

Dirigir um cumprimento aos senhores da imprensa: senhores jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos.

 

Para mim, é com muita alegria que eu venho mais uma vez ao Nordeste - a minha primeira vez como presidente, aqui ao Ceará - participar do início deste projeto estratégico para a região, estratégico para o Nordeste e estratégico para a região, que é esta siderúrgica e todos os equipamentos logísticos e de suporte que ela exige.

Isso porque este Complexo Industrial e Portuário do Pecém, ele é, na verdade, um grande desafio dos habitantes deste estado, um desafio contra uma ideia muito forte que prevaleceu no Brasil, de que o Nordeste não podia ter siderúrgica, de que o Nordeste não podia ter indústria pesada, de que o Nordeste tinha de se conformar em ser o que era.

É muito difícil lutar contra a inércia, mas o que nós vemos hoje aqui é a vitória contra a inércia tradicionalista, contra o pensamento do atraso, que não só prendia o Nordeste, mas, ao fazer isso, prendia o Brasil todo numa armadilha de submissão a um pensamento que não olhava para a questão regional do país.

Por isso, nós estamos aqui hoje comemorando uma postura que é responsável pelo fato de que neste momento o governo do Ceará... e aí eu queria cumprimentar - em nome de todos aqueles que deram a sua contribuição para chegarmos aqui - cumprimentar o governador Cid Gomes, porque é necessária uma liderança política para que isso aconteça.

Eu tenho certeza de que nós estamos construindo um novo Nordeste. Nós estamos construindo um novo Nordeste desde o governo do presidente Lula, quando alguns projetos foram esboçados, outros foram iniciados e outros foram concluídos. Nós temos aqui neste Complexo algumas obras que se destacam.

Eu visitei hoje a esteira transportadora, e quero dizer para vocês que tem aspectos dessa esteira transportadora que têm de ser realçados e que devem ser, por nós, parabenizados. Primeiro, o fato de que essa esteira utiliza uma tecnologia moderna e inovadora. Segundo, que essa tecnologia foi incorporada por uma empresa integralmente nacional, que está construindo uma proposta nova, uma proposta nova de transporte de minério, por exemplo.

E aí nós temos aqui, junto com esta siderúrgica, a demonstração de que a siderúrgica não cria só agregação de valor ao minério. Ela cria oportunidades, as mais variadas. Este país é um país que reconstruiu sua indústria naval. Para a gente lembrar bem, fomos a segunda indústria naval nos anos 80 e, naquela época, nós tínhamos uma expertise maior do que a de muitos países.

Hoje, ou melhor dizendo, em 2003, quando nós voltamos a investir em estaleiros, os antigos estaleiros brasileiros só tinham a grama crescendo. Hoje, na medida em que nós decidimos, também por determinação, reconstruir a indústria naval, estaleiros estão sendo criados em todos os cantos do país, inclusive aqui no Nordeste mais estaleiros serão necessários.

Esta indústria siderúrgica aqui criada, ela é uma indústria que vai fazer uma composição com todo um processo industrial que vai se instalar aqui nesta região, levando emprego e renda a milhares e milhares de trabalhadores, e levando riqueza a milhões de nordestinos: cearenses, pernambucanos e maranhenses, para falar de alguns dos estados.

Eu acredito que junto com a refinaria Premium que está sendo iniciada... Porque é importante sinalizar que isso não é uma benesse que se dá ao Nordeste, é uma necessidade do país que se tenha mais duas refinarias. E é uma necessidade porque o nosso país, que vai ser um grande produtor de petróleo, não pode ser um exportador de óleo bruto, tem de ser um exportador de produtos com valor agregado. E as refinarias são essenciais para isso.

Nós temos vários projetos ocorrendo no Nordeste. Nós temos uma política dirigida ao Nordeste, que é uma política que vai tirar da pobreza extrema os 16 milhões de brasileiros que ainda vivem nessa condição. Nós somos capazes, por nossa vontade política de, simultaneamente, tratar de refinarias e da extrema pobreza. Temos obrigação de fazer isso.

Não podemos permitir, um segundo sequer, que se esqueça que nós somos o que somos hoje porque mudamos o modelo de desenvolvimento. Não aceitamos que era preciso, primeiro, deixar o bolo engordando para depois distribuí-lo. Descobrimos que um novo modelo não só era possível, mas era ele que transformaria o Brasil no que ele é hoje e no que ele será, cada vez maior amanhã.

Quando nós olhamos e vemos que, de 2003 a maio de 2011, 39,5 milhões de brasileiros foram para a classe média, isso significa que foi uma “Argentina” elevada à classe média no Brasil, uma “Argentina” de consumidores brasileiros, de trabalhadores brasileiros, de microempreendedores brasileiros, de empresários, de novos pequenos empresários.

Nós temos de perceber que essa é a nossa grande defesa, enquanto país, para essas turbulências que continuam no mercado internacional. Nós queremos parceiros que venham de países como a Coreia, nós queremos estabelecer com eles uma aliança forte, uma aliança forte seja para exportar, seja para produzir para o nosso mercado.

Mas diante dessas turbulências, que são ainda rescaldo da crise de 2008 e 2009, onde a desregulamentação do sistema financeiro internacional levou a processos especulativos, a processos de endividamento das pessoas, e nos últimos anos, em vez de resgatar as pessoas, se resgatou o sistema financeiro. Com isso, o mundo não saiu da crise. Nós saímos. Nós fomos os últimos a entrar e os primeiros a sair. Graças à política desenvolvida no governo do presidente Lula, nós saímos da crise.

Eu quero dizer para vocês - porque isso é muito importante - que hoje nós estamos mais fortes para enfrentar a crise. Nós não vamos enfrentar a crise com recessão. Não! Nós vamos enfrentar a crise com mais projetos como este Complexo Industrial siderúrgico, como obras como este Porto do Pecém. Eu olho ali e vejo aquele navio de GNL, que permite a importação de gás. Nós vamos enfrentar a crise gerando emprego, assegurando renda e defendendo o mercado interno.

Hoje nós estamos mais fortes para enfrentar essa crise. Quando a crise começou, em 2008, nós tínhamos algo como [US$] 200, 210, 220 [bilhões] - eu não tenho certeza do número exato, mas era esse montante - de reservas internacionais. Hoje nós estamos chegando a US$ 350 bilhões. Temos 60% a mais.

Nós tínhamos... Quando o crédito secou, vocês se lembram, nem a Petrobras nem a Vale conseguiam tomar dinheiro no exterior, em 2008, final de 2008 e 2009. O Brasil teve recursos para fornecer crédito para todas as suas empresas. Hoje nós temos muito mais do que tínhamos em 2008. Naquela época, era algo como R$ 220 bilhões em depósitos compulsórios. Hoje nós temos R$ 420 bilhões de depósitos compulsórios.

Eu estou citando esses números para dar uma ideia para vocês: que nós somos um país capaz de ter uma atitude muito proativa diante da crise. Nós não só nos defendemos, nós somos capazes de criar, na crise, as verdadeiras oportunidades que levarão nosso país mais à frente.

Eu queria lembrar para vocês que esse programa tão importante, como foi o Minha Casa, Minha Vida, e que o Governador estava me falando aqui que agora, na segunda fase, quando nós vamos construir 2 milhões de moradias, aqui vai haver um programa dos maiores do Brasil, com a construção de 9 mil, 9 mil moradias! É uma cidade sendo construída dentro desse programa Minha Casa, Minha Vida.

Sabe como é que foi feito esse programa? Esse programa que é permanente, que nós jamais abandonaremos, ele surgiu para enfrentar a crise em 2008 e 2009. E é assim que nós vamos continuar enfrentando a crise: gerando mais riqueza, gerando mais oportunidades e, sobretudo, defendendo os nossos postos de emprego e de trabalho. Porque é aí que está a grande arma contra ela: está no fato de que a nossa população, ela é capaz de - ao ser dada a ela oportunidades - ela é capaz de criar, de fato, todos os instrumentos de defesa do país, que é gerar emprego, gerar renda, aproveitar as nossas riquezas, como estamos fazendo aqui nesta siderúrgica, ao lançar este início deste processo de construção da siderúrgica do Ceará.

E aí eu queria dizer para vocês uma certeza que eu tenho. A minha certeza é que esse modelo que nós escolhemos, esse caminho que nós escolhemos, ele não é só um caminho generoso, moralmente correto, ético. Ele é isso, mas ele é também um enorme instrumento econômico para a riqueza do nosso país, incorporar os nossos milhões e milhões de brasileiros. Transformar os 190 milhões de brasileiros em cidadãos é a única garantia que nosso país tem de ser um país soberano e sujeito de seu próprio destino.

Eu queria dizer para os senhores que junto com isso tem uma questão essencial. Nós temos de preservar a nossa indústria, as nossas siderúrgicas, temos de preservá-las, porque nós não queremos ser o que muitos países se transformaram, e que hoje ficam perplexos diante do fato de que não geram emprego. Não geram emprego porque uma parte da sua indústria, a parte principal da sua indústria saiu de dentro do país e eles viraram países prestadores de serviço. Nós não seremos um país prestador de serviço, nós seremos um país que preserva sua indústria, que cria as suas siderúrgicas, que investe nas suas refinarias, que cria, que cria mercados diferenciados para os seus produtos, e um país que também aposta na educação.

Aqui neste projeto está tudo isso sintetizado, porque tem, perto desse projeto a capacitação da mão de obra, a transformação cada vez maior dos nossos trabalhadores em trabalhadores cada vez mais capacitados, com as suas profissões ainda mais elaboradas. E, por isso eu quero dizer para vocês, com muita certeza: nós, no Brasil, somos capazes, e aí eu não estou falado o governo, eu estou falando: nós somos capazes porque o nosso destino está nas mãos do povo brasileiro.

Muito obrigada.

Ouça a íntegra do discurso (23min14s) da Presidenta Dilma.

 

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