13-12-2011 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, após cerimônia de entrega de equipamentos para estradas vicinais (PAC 2) e de lançamento da Rede Brasil Rural - Porto Alegre/RS
Porto Alegre-RS, 13 de dezembro de 2011
Presidenta: Então, vocês fazem umas duas perguntas para mim, porque depois eu vou botar para explicar a obra direitinho, da ponte, o Paulo Sérgio, o ministro Paulo Sérgio, e o general do Dnit, o general Fraxe, está bom?
Jornalista: Boa tarde, Presidenta.
Presidenta: Você está boa, querida?
Jornalista: Estou bem.
Presidenta: Tudo.
Jornalista: O que significa, para a senhora, cumprir essa promessa de campanha, que foi a construção da ponte que a senhora se comprometeu, lá na campanha eleitoral, e agora está cumprindo? Em quanto tempo essa obra deve se tornar realidade?
Presidenta: Olha, nós começamos liberando hoje o direito do Dnit investir porque vai ser uma obra pública de 900 milhões. Nós pretendemos licitar diretamente o projeto executivo. Não queremos que haja, assim, nenhum problema, daqueles que dá quando você licita o básico e quando você vai fazer a obra, o preço é outro, o risco é outro, o processo de engenharia é outro. Então, nós vamos fazer uma licitação. Acreditamos... Uma licitação de um projeto executivo diretamente.
Nós já temos um estudo de viabilidade técnica e econômica, porque nós contratamos esse estudo para saber, por exemplo, como ele vai explicar qual é o traçado, como é que faz e como é que vai ocorrer a ponte, que aí eu gostaria mesmo que eles explicassem, e pretendemos lançar a licitação em janeiro.
Esse projeto executivo, no Brasil, demora em média um ano e três meses, um ano e meio. A partir daí, nós licitamos a obra, e acreditamos que ela leva, pela complexidade dela, por ser ponte, geralmente, obra de arte desse tamanho e tendo de passar em cima de água, ela levará em torno de uns dois anos e meio a três. É o que nós supomos.
Jornalista: Presidenta, a senhora vai concluir (incompreensível)?
Presidenta: Concluí, concluí. Ela perguntou.
Jornalista: E como é que a senhora se sentia ao (incompreensível)...
Presidenta: Ah como é que eu sentia. Olha, eu me sinto muito bem, porque eu não estou cumprindo uma promessa de campanha só, sem considerar a importância da obra. Eu estou cumprindo uma promessa de campanha que tem consistência.
Aliás, eu queria destacar que não foi só... isso não partiu só do governo federal. Eu estive aqui, inclusive num debate contigo, e essa foi uma das questões – dez questões que foram levantadas naquela circunstância – que colocava essa ponte do rio Guaíba como um dos problemas importantes do estado. Eu considero que é, sim, um problema importante do estado. Você veja só: nós fizemos ali embaixo... ali embaixo, desculpa. Ali em Rio Grande, porque você sempre olha um... tem na cabeça, mapa. Nós fizemos ali, no Porto do Rio Grande, nós construímos um polo naval. Necessariamente, um polo naval vai atrair navipeças no entorno. Necessariamente, vai ter um escoamento maior ainda do que já tem no Porto do Rio Grande, um dos portos deste país que tem um movimento de commodities imenso. Necessariamente, isso vai significar escoamento dessa produção. Passa por onde, pela ponte? Pequenininha e tal, que tem aquele processo mecânico que, agora, nós estamos querendo que se transforme em eletrônico, de levantar e descer? Não pode.
Então, nós consideramos a ponte do rio Guaíba uma obra estruturante no estado. E o governo federal tem de olhar é para obra estruturante. Posso olhar para uma obra que o estado tem condições de fazer sozinho. Não posso olhar para uma obra que um município tem condições de fazer sozinho. Eu tenho de olhar para uma obra mais difícil de ser feita, que exige mais recursos, porque o orçamento que nós fizemos é estimado – 900 é uma estimativa –, pode dar menos como pode dar mais.
Então, é uma obra que apresenta um nível de risco compatível com a União, com o que a União tem de recurso. Hoje é diferente do que era no passado. No passado, a União nem se mexeria para fazer uma obra dessas, porque “não é minha obrigação”. Para nós, é obrigação. Hoje é obrigação. Desde o governo do presidente Lula é obrigação. Nós achamos que as obras que as unidades federadas não têm condição de fazer são obrigação do Estado, da União nacional.
Então, para mim, é muito, muito... eu vou te falar: é um fator de realização, ser capaz de... ser possível isso. Também não me vanglorio, não, porque não sou eu que torno isso possível, apenas. Tem todo um grupo de pessoas que estudou o projeto, tem todo o fato de que o Brasil mudou. Novecentos milhões, no passado, antes de... olha, eu passei por isso, em 2005 era difícil. Nós estávamos comentando hoje: o Brasil investia, contando custeio, 1 bilhão e 700, 1 bilhão e 900 em estrada, quando eu cheguei na Casa Civil, em 2005. Investia isso, ou seja, uma coisa próxima desses 900 milhões.
Então, hoje, o mundo mudou, o Brasil mudou, e a nossa... e é importante que a gente perceba que a nossa é para melhor. O mundo eu não sei, mas nós somos. E eu espero que o mundo mude também para melhor, porque nós precisamos disso.
Jornalista: Presidenta, em relação aos gastos...
Presidenta: Mais uma, hein, gente?
Jornalista: Em relação aos gastos do ministro Pimentel, por que o governo acha que ele não deve prestar esclarecimento no Congresso?
Presidenta: Olha, o governo não acha nada. O governo só acha o seguinte: é estranho que o Ministro preste satisfações, no Congresso, da vida privada, da vida pessoal passada dele. Se ele achar que deve ir, ele pode ir. Se ele achar que não deve ir, ele não vá.
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Agora, do governo é obrigado a ir, sobre assuntos do governo é obrigado a ir.
Jornalista: (incompreensível) o papel, com relação à participação da União no fundo de aposentadoria dos deputados (incompreensível)
Presidenta: Está em negociação. Eu prefiro não te responder porque eu não sei o que foi negociado hoje. Está em processo final de votação...
Jornalista: Presidente, ainda sobre a ponte, quais são os próximos passos agora?
Presidenta: É a licitação do projeto executivo. Passo a palavra para ele.
Jornalista: Presidente, só uma palavrinha (incompreensível).
Jornalista: Presidente, a última, a última.
Presidenta: É a última.
Jornalista: (incompreensível) pouco do Presidente, da recuperação dele?
Presidenta: Posso falar, posso falar porque falei com ele ontem. Ele estava muito feliz porque, de fato, a situação de saúde do Presidente foi, assim, uma... a chamada... sabe a nova positiva que ninguém esperava que fosse tão bom o resultado? Foi isso que foi com o presidente Lula.
Então, posso te dizer o seguinte: nós todos ficamos muito felizes com a notícia. Nós ficamos... nós sabemos que o Presidente tem uma característica, que é fundamental quando você fala em doença: o Presidente é uma pessoa que tem um otimismo fantástico, e é também uma pessoa que tem toda uma trajetória de desafios e que sempre foi capaz de superá-los.
Então, a notícia foi muito boa, porque todos os médicos acham acima da expectativa. Eu não sou médica, não posso explicar para vocês precisamente, mas é essa a importância que eu vejo na questão. E acho também que isso é uma mensagem para todas as pessoas que hoje passam por essa doença: é que ela é derrotável, ela, cada vez mais, é derrotável, ou seja, cada vez mais, você pode superá-la. Eu sou um caso, o presidente Lula é outro, tem tantas outras pessoas, não é?
Mas eu queria, antes de encerrar a minha parte, falar o seguinte: desejo para vocês um Feliz Natal e um próspero Ano Novo. Lembrando sempre que o próspero Ano Novo eu dependo...
Jornalista: (incompreensível) Ministério do Trabalho, Presidente?
Presidenta: Como?
Jornalista: Ministério do Trabalho.
Presidenta: Ah, vocês aguardem. Pode todo mundo aguardar e ficar calmo, não tem...
Jornalista: A senhora já tem candidato a prefeito em Porto Alegre, Presidente?
Presidenta: Olha, minha querida, eu sou uma pessoa que pretendo... estou cada vez mais inclinada a não participar de eleições quando a minha base está envolvida. Eu tenho de ter responsabilidade com o país. Eu posso ter até aqui dentro, mas aqui dentro é uma coisa. Você está falando como Presidenta. Como Presidenta, não.
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Como?
Jornalista: Aniversário.
Presidenta: Eu sou refratária à festa, prefiro ficar quieta. Outro dia perguntaram para mim onde eu ia passar as férias. Eu falei: no meu quarto.
Jornalista: O que a senhora quer ganhar de presente?
Presidenta: Eu?
Jornalista: É, de aniversário.
Presidenta: Se puderem, me deem um livro.
Ouça a íntegra da entrevista (09min37s) da Presidenta Dilma