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22-10-2013 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, após cerimônia de sanção da Lei que institui o Programa Mais Médicos

22 de outubro de 2013

Presidenta: Eu acho, querida, que há uma certa incompreensão sobre, primeiro, o tamanho dessa reserva. E, mais, é visível, eu disse no meu pronunciamento e repito todas aquelas considerações: o modelo de partilha, ele tem um mérito, esse mérito eu acho que não foi muito avaliado, que é o fato da parte importante, significativa, das receitas produzidas pelo petróleo do campo de Libra ficarão com o governo federal. E que, portanto, isso demonstra o grau de atratividade do campo de Libra. Se 75% de toda a receita é do governo federal, dos estados e municípios, e o restante, no caso, 10%, é da Petrobras, que entrou com 40%, porque é 40% de 25 – 40% de 25 é 10. Então o que fica claro é que há uma incompreensão sobre o que é Libra. Primeiro.

Segundo, o consórcio que ganhou é um consórcio sólido, com grandes empresas, que, interessante, não têm preconceitos entre elas. As grandes empresas de petróleo não têm preconceito, como muitas vezes é externado aqui no Brasil, com empresas chinesas, até porque as empresas chinesas são umas das maiores do mundo, controlam os fluxos comerciais, têm parcerias sólidas com a Shell em outros países. Então é um consórcio de grandes empresas, que tem a capacidade de explorar o pré-sal, de ter os recursos necessários para essa exploração, não só os financeiros, mas os tecnológicos. A Petrobras é, sem sombra de dúvida, junto com a Shell, a grande empresa do mundo com especialização em águas profundas. A Shell também é.

Então, eu não tenho nada a dizer sobre essa outra parte, porque eu acho que o leilão é um sucesso, o Brasil deu um grande passo ao mudar o padrão, 85% da riqueza fica no Brasil. Nós, ao mesmo tempo, sem nenhuma outra consideração, conseguimos o maior consórcio de empresas do mundo para explorar o pré-sal. Estou bastante satisfeita.


Jornalista: O modelo precisa de ajustes?


Presidenta: Eu não vejo onde esse modelo precisa de ajustes. Sabe por quê? Porque aqueles que são contra o conteúdo local querem transferir a riqueza do pré-sal por outra forma para o exterior. De que forma? Nós vamos fazer aqui um parque naval, aliás, ele está já muito avançado; nós vamos ter indústrias fornecedoras fornecendo; nós vamos ter prestadores de serviços. Todas as empresas do mundo podem vir aqui participar, sem problema nenhum. Não tem por que modificar conteúdo nacional; não tem por que modificar o papel da PPSA, a PPSA controla o custo do óleo; não tem por que tirar os 30% da Petrobras.

Então, aqueles que querem mudar isso mostrem as suas faces e defendam. Não atribuam ao governo o interesse em modificar qualquer coisa. O governo está satisfeito com o modelo de partilha. E essa história que eu fico, assim, intrigada, muitas vezes eu acordo de manhã, olho eles e pergunto a mim mesma: quem será essa fonte do Planalto? Quem será essa fonte do governo? É uma coisa que me intriga, viu, gente? Um dia desses... Não, eu pergunto para os meus botões e esses botões são, assim, muito ignorantes, não conseguem me responder.

Então, eu quero dizer o seguinte: o governo está satisfeito com o resultado do leilão, acha o consórcio sólido, está satisfeito com o que lhe cabe da receita, está satisfeito com a destinação dessa riqueza, dessa alquimia que nós conseguimos, porque nós transformamos e vamos transformar petróleo em educação, petróleo em saúde. Nós vamos transformar petróleo em desenvolvimento da indústria naval, da indústria de fornecedores e dos prestadores de serviços, toda aquela indústria que gira em torno da exploração de um campo.

E vocês imaginem o seguinte: nesses 35 anos, um campo vai gerar mais de R$ 1 trilhão. Isso significa, vocês dividam isso, porque não vai ser linear, vai ser concentrado, quanto mais, mais esse processo se desenvolver, mais recursos, mais reais, bilhões de reais, nós teremos. Por isso, eu quero dizer para vocês: eu não sei, eu não sei. Eu, inclusive não entendia muito as notícias, na antevéspera, na longa antevéspera do leilão. Nunca entendi muito as notícias e de onde saíam aquelas deduções. Lamento. Se o pessoal quer ficar surpreso com a obviedade que é – este é um dos maiores leilões de petróleo do mundo – pois fiquem. Agora, não atribuam a mim a interrogação. Muito obrigada.

Ouça na íntegra a entrevista (06min22s) da Presidenta Dilma Rousseff

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Assunto(s): Governo federal