08-02-2012 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, após visita às obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco - Floresta/PE
Floresta-PE, 08 de fevereiro de 2012
Presidenta Dilma: …o ministro reconstruiu todas as condições para a obra poder deslanchar sem problema. Qual era o maior problema? É justamente a falta de projetos executivos. Então, o ministro renegociou contratos, reequilibrou esses contratos e agora nós temos uma clara perspectiva de fazer com que essa obra entre em regime de cruzeiro. Fazer com essa obra não tenha nenhum problema de continuidade. Ela é uma obra estratégica para o país. Vocês olhem e veem que ela é também uma obra desafiadora. Eles estavam mostrando para mim que ali da estação elevatória até ali, nós temos quase 70 metros de elevação para poder, novamente, garantir que a água desça e chegue até a próxima necessidade de estação elevatória. Mas, basicamente, o que eu estou fazendo aqui é o seguinte: essa é uma obra prioritária para o governo, prioritária para o Brasil, dentro do Ministério da Integração é uma obra que nós daremos, assim, integral apoio. E mais: agora nós queremos resultado. Nós negociamos, resolvemos os problemas técnicos que haviam e agora nós queremos resultado. E isso será cobrado. Eu cobro do ministro, o ministro cobra de todos os funcionários do Ministério da Integração e nós todos vamos cobrar daqueles que estão executando em parceria conosco as obras. As empresas privadas e o Exército.
Jornalista: Que recado a senhora vai dar para os consórcios?
Presidenta Dilma: O recado que eu vou dar para os consórcios é o seguinte. Nós não atrasamos pagamento, nós sempre pagamos, nós escutamos os pleitos, aqueles que nós consideramos que eram tecnicamente justificados o ministro aceitou, fez um processo de renegociação que é quase uma reengenharia. E a partir de agora, nós queremos, nós vamos cobrar metas, resultados e resultados concretos. Eu pretendo sistematicamente, a partir de agora, olhar detalhadamente os prazos. Nós queremos que cumpra os prazos. Eu pretendo que isso seja feito. Estava combinando com o ministro, nós teremos uma supervisão praticamente mensal. Eu tornarei a voltar aqui este ano ainda, nós vamos cobrar as metas, nós aceitamos as negociações, agora nós queremos que a parte também dos consórcios seja feita. Nós queremos prazo para entrega de obra.
Jornalista: Isso não vem acontecendo, não é?
Presidenta: Olha, tem vários motivos, mas eu posso te dizer de forma muito sintética que em parte não vinha acontecendo, não. E daqui para frente todas as obras, não só aqui na interligação das bacias, mas em todo o governo, nós monitoramos o governo através de mecanismos, agora, online. Nós queremos obra controlada. Nós não queremos saber que não deu certo no final do ano. Nós queremos no processo, onde está havendo algum problema, nós queremos saber antes. Porque isso permitirá que a gente faça a nossa parte. Resolva o que disser respeito ao governo. E permitirá também que a gente cobre dos consórcios. Nós vamos ter de trabalhar com eficiência. Isso implica da nossa parte e dos consórcios.
Jornalista: Presidente, a senhora está preocupada com essa questão das greves dos policiais da Bahia?
Presidenta: Minha querida, eu te disse que não ia fazer nenhum comentário fora. Sabe o que é, vocês vão entender o meu ponto de vista. Eu venho lá de Brasília. Eu não vim aqui fazer nenhuma cerimônia, eu vim trabalhar. Então, se eu pegar e desviar qualquer assunto desta pauta de hoje, que é a interligação da Bacia do São Francisco, a garantia de água para a população dos principais estados do nordeste e é um início, porque daqui para frente isso vai gerar uma porção de outras interligações. Se eu desviar disso, eu perco o sentido dessa viagem. É uma viagem exaustiva, é uma viagem de trabalho. Daqui para frente, não só eu, que sou Presidenta venho visitar a obra, mas ministros, todos os ministros vão visitar a obra, o Gepac vai fazer o controle in loco e é isso que nós queremos. Eu e o ministro estamos aqui hoje juntos, inclusive, com representantes da Casa Civil, do Planejamento e da própria Fazenda, da Fazenda não, só da Casa Civil e do Planejamento, nós estamos aqui justamente para sinalizar uma coisa. Para o Brasil é importante o investimento público. Nós vamos tirar o investimento público do papel. Não há, daqui para frente, justificativa nenhuma para que esses investimentos não saiam. O Brasil precisa, este ano, não só porque essa obra em si é importante, mas porque nós sabemos que, para o país crescer, para melhorar as condições de vida da população, tem certas obras que são estruturantes, são prioritárias. Essa é uma obra estruturante e prioritária para o Nordeste. Então, eu tenho de dizer para vocês que é por isso que eu vou concentrar. Se no final da minha viagem vocês quiserem me perguntar sobre outros assuntos, eu respondo. Mas, ao longo dela, nós aqui vamos aguentar um sol, como disse o governador, faltando meio grau para queimar, para pegar fogo. Mas nós vamos enfrentar o meio grau para pegar fogo porque nós queremos que essa obra tenha um ritmo e um andamento compatível com o que nós temos o compromisso de entregar. É água para todos, água para o Brasil, água para o Nordeste.
Jornalista: Os projetos estão assegurados, novos projetos mais aprimorados e os recursos para pagar em dia o consórcio?
Presidenta: Todos. Nós nunca deixamos de pagar em dia. Nunca houve nenhum problema de recurso. Há muito tempo que o governo federal não atrasa pagamento há muito tempo. Que eu me lembre, durante o governo do presidente Lula, não houve uma vez. E do meu governo, eu posso te assegurar que não houve. Nós não atrasamos pagamento. O dinheiro dessa obra é absolutamente, como diziam no passado, ele não pode ser mexido. Não vou falar imexível, não.
Jornalista: Já tem um novo prazo para essa obra, Presidenta?
Presidenta: Tem. O novo ministro, inclusive, vai estar trabalhando por um método muito mais, eu acho, eficiente. Ele trabalha por meta. Nossa meta, nós queremos que a água vá chegando, que as pessoas vão vendo a água chegar. Porque, senão, essa obra, fica difícil para as pessoas perceberem qual o benefício. O benefício é esse: é levar água na casa, é garantir que tenha água para, segurança, não, eu queria falar o seguinte, para dar água para os animais, óbvio, primeiro para a população, mas, para animais, para ter como o Nordeste ter um processo de crescimento que é preciso água. Água é condição essencial da vida, do crescimento e do desenvolvimento. É essencial.
Jornalista: E tem previsão para os consórcios voltarem a trabalhar?
Presidenta: O ministro está, e eu até dou a palavra para ele, que ele sabe explicar isso muito melhor que eu.
Ministro Fernando Bezerra: Nós estamos hoje aqui assinalando com a visita da Presidenta a remobilização de todos os dois eixos. O Eixo Leste e o Eixo Norte. Nós vamos estar aqui com 13 lotes com frentes de serviços abertas. Os contratos que a presidenta se referiu que foram negociados e aditados abrem a perspectiva de faturamento no valor de R$ 2,4 bilhões. Portanto, as ordens de serviços já foram emitidas a partir do mês de outubro e até o final de fevereiro, nós estaremos dando as últimas ordens de serviços em relação aos lotes 9, 10 e 13. Portanto, a partir de março, nós teremos 13 lotes remobilizados e com serviços sendo executados.
Jornalista: Então, não há perigo de nova mudança no prazo de entrega dos dois eixos?
Ministro Fernando Bezerra: No cronograma, está mantido o que foi negociado com a presidenta em agosto do ano passado. E nós vamos a partir da contratação dos saldos remanescentes, que vamos licitar a partir de fevereiro até junho no valor de R$ 1,9 bilhão, a partir de junho, a gente vai ver se é possível a gente antecipar algum dos prazos que foram acertados.
residenta: Gente, agradeço, viu.