12-07-2011 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, às rádios Educadora AM 1060 e Onda Sul FM 98,7, de Francisco Beltrão; e à rádio Banda B 550 AM, de Curitiba
Francisco Beltrão-PR, 12 de julho de 2011
Jornalista: Estamos no aeroporto municipal, em entrevista coletiva com a presidenta Dilma Rousseff, já presente em Francisco Beltrão: Luiz Carlos Martins, rádio Banda B, de Curitiba; Larissa Mazaloti, rádio Onda Sul, de Francisco Beltrão; e Claudiney Del Cielo, rádio Educadora, de Francisco Beltrão.
Presidenta, Francisco Beltrão, o sudoeste, o estado do Paraná, a nossa população sente-se honrada com a sua presença. É a primeira vez que um presidente da República vem ao nosso município. Seja bem-vinda e um bom dia!
Presidenta: Olha, eu queria cumprimentar todos os moradores e moradoras aqui de Francisco Beltrão e também do Paraná. E agradecer por esta entrevista, aqui, neste dia ensolarado, nesta manhã tão boa de terça-feira. Então, meu bom dia a todos os ouvintes da rádio Educadora AM, da rádio Banda B e da rádio Onda Sul FM.
Jornalista: Legal. Presidente, Luiz Carlos Martins, da rádio Banda B, Curitiba. É um prazer estar aqui com a senhora e é bom a gente deixar claro que não é uma entrevista aqui. É uma conversa, é um bate-papo, não é? Tanto é que tem água aqui, tem café à vontade. O governador Beto Richa está aqui também.
Agricultura familiar. A gente conversou e pesquisou, o pessoal está feliz com a agricultura familiar, mas eles têm algumas dúvidas. Por exemplo: a burocracia nos bancos. Então, são 16 bilhões para a agricultura familiar. Eles querem ter certeza de que esse dinheiro vai chegar às mãos deles. Segundo: as dívidas, as dívidas. E o terceiro é o preço mínimo dos produtos que eles não têm. Então, algumas questões que eu passo para a senhora neste instante.
Presidenta: Olha, Luiz Carlos, é muito bom que seja uma conversa entre nós porque a gente esclarece melhor, não é? No caso, por exemplo, do preço mínimo, a agricultura familiar, ela não tinha uma política de garantia do preço mínimo. Então, por vários motivos, a agricultura é sujeita a problemas e isso pode provocar perdas grandes para o agricultor quando não se garante o preço mínimo. Então, neste Plano Safra nós estamos destinando R$ 300 milhões, só para a garantia do preço mínimo para a agricultura familiar.
Uma outra questão que é muito importante, na questão da burocracia, é todas as reclamações que a agricultura familiar tem feito quando se trata da circulação dos produtos da agroindústria familiar. Essa agroindústria familiar, ou laticínios, ou alguns produtos derivados do porco, enfim... mel, todos aqueles produtos, eles têm uma dificuldade de circulação. Aí nós fizemos, agora, uma parceria entre o MAPA, o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os fiscais do MAPA vão ter de fazer duas coisas. Está aqui o nosso governador, Beto Richa. A primeira coisa que nós vamos fazer é descentralizar a fiscalização e passar para o estado este processo, para estados que tenham condições de fazer fiscalização. O Paraná, do nosso ponto de vista, é um desses estados. Então, o que aconteceria? O MAPA faria uma espécie de uma auditoria para ver se as condições de fiscalização de problemas, por exemplo, sanitários, estariam em condições. Os agricultores familiares teriam uma fiscalização adaptada às características específicas da nossa agroindústria familiar e, com isso, você teria menos burocracia.
Outra questão: nós construímos, dentro da Caixa Econômica Federal, uma superintendência para tratar exclusivamente do financiamento, dentro do Minha Casa, Minha Vida 2, de reformas ou construção de novas moradias para o agricultor. Por que isso? Porque o agricultor familiar e o agricultor em geral, o mundo rural, têm uma outra característica, uma outra dinâmica, tem problemas específicos que o urbano não tem. Então, nós vamos também garantir que, por exemplo, a posse da terra seja condição suficiente para ele poder receber seu empréstimo. A mesma coisa no Pronaf. Muitas vezes, ele quer um empréstimo para reformar a casa: ele quer acrescentar uma cozinha, quer acrescentar um quarto... Então, nós estamos, neste Plano Safra 2011-2012, tentando reduzir a burocracia ao máximo que, de fato, a burocracia tem impedido que o dinheiro que nós colocamos à disposição chegue à mão do agricultor, que é a quem interessa que chegue. Nós estamos colocando, este ano, mais 16 bilhões. Nós reduzimos juros. Os juros eram de 4[%] no investimento, foram para 2[%]. Nós reduzimos... Nós aumentamos os prazos; nós aumentamos o limite de crédito para o agricultor, que passou para R$ 130 mil.
Enfim, nós criamos uma série de benefícios para o agricultor familiar, sabe, Luiz Carlos, para que ele seja um instrumento fundamental do crescimento produtivo do país. Se a gente tiver essa teia de agricultores familiares que sejam capazes de ter uma renda elevada, de ter uma condição de produção melhor, o Brasil inteiro cresce com o agricultor familiar. E, além disso, eles são responsáveis pela qualidade do alimento que nós temos nas nossas mesas todos os dias.
Jornalista: É verdade.
Jornalista: Presidenta, bom dia.
Presidenta: Bom dia, Larissa.
Jornalista: Seja bem-vinda à programação da Onda Sul FM e aqui a Francisco Beltrão também. É um prazer receber a senhora aqui na nossa cidade.
Aproveitando que a gente estava falando da agricultura, o sudoeste do Paraná, além da agricultura, tem toda uma potência de indústria têxtil, de tecnologia, como é o caso de Pato Branco, Dois Vizinhos, que vão despontando nesse setor. Na sua opinião, como é que pode ser definido o papel do Sudoeste na esfera nacional?
Presidenta: Olha, eu acredito que esta seja uma das regiões mais promissoras do país e, ao mesmo tempo, com um processo de desenvolvimento, que já está ocorrendo. No caso da indústria têxtil, nós estamos muito interessados que o Brasil tenha maior competitividade, no caso da indústria têxtil, principalmente em relação ao mundo asiático, que é quem hoje entra no mercado brasileiro com preços que são quase... são preços mínimos, são preços quase, eu diria assim, abaixo de qualquer política de custo. Nós sabemos, então, que há uma concorrência desleal com os produtos têxteis brasileiros. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ele tem tido todo um cuidado de preparar esse processo de construir... eu não chamo de barreiras porque não barreiras, mas construir uma defesa da nossa competitividade, e isso, cada vez... nesse processo, nós vamos lançar o Programa de Desenvolvimento Produtivo, agora, no final do ano – no final do semestre, me desculpe –, e ele vai se caracterizar por uma redução de impostos, por melhoria nas condições de financiamento, por exigências maiores quanto à qualidade dos produtos que estão sendo importados na área têxtil. Com isso, nós estamos acreditando que uma parte das defesas brasileiras nesta questão vão ser, vamos dizer, colocadas em prática e tornadas realidade.
Além disso, eu queria dizer uma coisa que eu acho muito importante. Uma região que aposta na agroindústria e na agricultura familiar, que aposta na indústria têxtil, por exemplo, mas também que aposta na questão da tecnologia, ela está construindo uma forma de desenvolvimento muito sustentável. A tecnologia, para mim, é hoje o elemento-chave para que o Brasil dê um passo forte em direção a um crescimento sustentável.
Eu vou te dar um programa que nós vamos fazer, que certamente vai beneficiar jovens aqui da região. É o programa de bolsa, bolsa em universidades estrangeiras. Nós elencamos as 30 melhores universidades em vários ramos, seja de ciências exatas, Engenharia, todas as espécies de Engenharia – Química, Física –, e isso eu acredito que vai ser um elemento e um fator muito importante na melhoria da nossa capacidade de inventar, de inovar e de fazer produtos que, de fato, levem uma agregação maior de valor às regiões brasileiras.
Jornalista: Eu gostaria de cumprimentar também o governador Beto Richa, a senadora Gleisi, ministra-chefe da Casa Civil, que está conosco também.
Presidenta, a gente sabe que o tema principal hoje é relacionado à agricultura, mas gostaria aqui de falar um pouco a respeito de infraestrutura, também, para a nossa região. Quando se fala em agricultura, um dos problemas é o escoamento da safra: rodovias em péssimas condições, inclusive algumas federais. O Sudoeste reivindica, por exemplo, um aeroporto regional. Um exemplo: na sua vinda hoje, a senhora teve que ir até Chapecó, para depois se deslocar até Francisco Beltrão. É um projeto audacioso, que necessita de recursos do estado e, principalmente, recursos federais. Enfim, alguns projetos em infraestrutura que a região tem uma carência muito grande. O governo federal pode apoiar, pode ser parceiro para a realização de projetos como esses, Presidenta?
Presidenta: Olha, hoje já existe o Programa Federal de Auxílio a Aeroportos. Esse Programa Federal de Auxílio a Aeroportos, ele é coordenado pela Secretaria de Aviação Civil e, através dele, o aeroporto em questão, ele tem de entrar no plano aeroviário do estado. A partir do momento que ele entra no plano aeroviário do estado, em parceria com o estado – na medida em que o estado encaminha o pleito para essa Secretaria de Aviação Civil –, e em parceria com o governo federal, nós colocamos recursos. Eu concordo contigo. Eu acho que um dos... um país continental como o Brasil, nós vamos ter de ter uma política agressiva de aeroportos regionais. Para isso, é também necessária toda uma política de tarifação diferente, porque um aeroporto, ele não se paga... não é “ele não se paga”, ele não tem usuários necessários se ele não tiver uma forma de atrair as empresas prestadoras de serviços, as empresas de aviação, para fornecer um trecho regular aqui. Não pode ser só para presidente da República descer em Francisco Beltrão. Tem de ser para as pessoas de Francisco Beltrão usufruírem do aeroporto, e aí eu preciso do avião.
Essa é uma discussão que nós estamos tendo porque nós achamos que o Brasil precisa de uma política de subsídio cruzado, no que se refere à aviação regional. A aviação regional, ela não pode ser tratada como a aviação, por exemplo... o aeroporto de São Paulo. Ela não vai dar o mesmo rendimento que o aeroporto de São Paulo. Então, para atrair uma empresa de aviação regional, nós teremos de ter uma política específica para essa empresa poder chegar aqui e levar o usuário do avião.
O governo federal está, primeiro, resolvendo gargalos violentos que tem na estrutura aeroportuária do país, que todo mundo conhece, através de um processo de concessão, em que a Infraero fica com 49% e a empresa que ganhar a licitação vai ficar com 51%. Nós, imediatamente – acredito que até o final deste ano –, teremos uma proposta de aviação civil regional para o Brasil. Agora, é uma proposta que, obviamente, não é possível pensar que nós iremos manter a mesma estrutura. Vai ter de ter alguns voos para garantir que haja fornecimento para o pessoal aqui de Francisco Beltrão e da região, do direito de ir e vir através da aviação. Mas, sem sombra de dúvida, vai ser necessário o subsídio. Não há como sustentar a aviação regional – e isso é uma experiência até internacional – sem subsídio.
Jornalista: Presidenta, fiquei feliz em rever a ministra-chefe da Casa Civil, minha amiga Gleisi, muito feliz. Presidenta, eu estava pensando aqui... quando eu estava vindo para cá, eu falei: eu vou fazer uma pergunta para a presidenta Dilma que muita gente gostaria de fazer. A senhora está feliz?
Presidenta: Olha, esta é uma ótima pergunta, não é, Luiz Carlos, porque muitas vezes aparece que... como sendo... que presidente da República não é um ser humano normal, não é? Você sabe, Luiz Carlos, eu fico muito feliz, sou como qualquer outra pessoa normal, não é? Tem dias de muita felicidade, tanto por conta de que a gente consegue realizar aquilo que a gente se determinou a fazer para o Brasil quando da eleição. Quando eu lancei, por exemplo, o programa Brasil sem Miséria, eu fiquei muito feliz; quando eu lancei o programa nacional de tecnologia e emprego, o Pronatec, que é para criar escola técnica em cada canto do Brasil. Nós estamos chegando lá. Hoje, com esse Programa que nós vamos fazer, a partir de 2011 até 2014, a gente pretende que 52% da população brasileira tenha uma escola técnica no seu município. O pessoal pode falar: “Não, mas aí não é motivo para felicidade”. É, sim. Sabe por que é? Porque não tinha isso. Se tinha 10% de acesso, era muito. A partir do governo Lula é que se acelerou a criação de escola técnica. Eu fico feliz quando eu vejo que o emprego cresce. Agora, eu fico feliz também com o meu neto, viu, Luiz Carlos, que é neto...
Jornalista: Como que é o nome dele?
Presidenta: Ele se chama Gabriel. Porque neto, eu vou te falar uma coisa...
Jornalista: Todo Gabriel é espoleta, hein?
Presidenta: Esse é. Esse, atualmente, começou a engatinhar, então a gente tem... quase destrói as costas de todos os que estão em volta. Agora, também tem dias em que eu fico triste.
Jornalista: Com o que, por exemplo?
Presidenta: Uai, quando as coisas... quando acontece alguma coisa errada no governo, eu fico triste.
Jornalista: É mesmo?
Presidenta: Fico. Todo mundo pode perceber que a gente, num governo, tem muitas dificuldades. Agora, eu acho que hoje o Brasil dá mais motivo de alegria do que de tristeza, quando a gente percebe que o Brasil é outro país. É outro país, e até a gente sente isso quando você vai para o exterior e vê a reação das pessoas ao que é o Brasil. O Brasil hoje é um país... é uma das poucas economias do mundo que está crescendo. Você tem hoje uma crise, na Europa, que está em tudo quanto é jornal, não é? Não é só a Grécia. Agora estão falando que está a Itália, também, ameaçada de ter problemas sérios. Mas não é só isso. Você vê os Estados Unidos. Os Estados Unidos... estava todo o mundo esperando que eles gerassem 180 mil empregos nesse mês que passou. Geraram 18 mil empregos. E nós não. Nós estamos mantendo uma taxa de geração de emprego elevada: mais de 250 mil empregos nós temos gerado. E vamos gerar... espero fechar este ano com algo muito... com uma geração muito expressiva: acima de 1,8 milhão, que é o cálculo. Eu estou até sendo conservadora, porque tem gente falando que pode dar mais.
Mas, tudo isso leva a um fato: o Brasil tem autoestima. As pessoas hoje, elas percebem que elas estão em um país que vai ser – pode escrever isso, viu, Luiz Carlos – vai ser uma das maiores economias do mundo, principalmente porque nós vamos acabar com a miséria neste país, nós vamos acabar com a miséria. E acabar com a miséria é bom para todo mundo: é bom para quem está passando... a família que está passando necessidade, mas também é bom para todo mundo, classe média, classe alta. Por quê? Porque aumenta o consumo. Aumenta o consumo, aumenta a produção; aumenta a produção, aumenta o emprego. E aí, a roda positiva começa a girar a favor de todo mundo.
Então, eu acho que o Brasil é mais objeto de alegria do que de tristeza.
Jornalista: Obrigado.
Jornalista: Presidenta, assim como a senhora tem um neto – não é? – o Gabriel, que nasceu, inclusive, durante a campanha eleitoral, eu também tenho um pequeno de cinco anos, o João Felipe, e há uma preocupação geral das famílias brasileiras, que é o crack. Durante a campanha a senhora lutou muito contra isso, falou que iria continuar lutando contra o crack e essa incidência de usuários, e até do tráfico de drogas. O que existe de política pública para a nossa região nesse sentido, já que a gente não tem nenhum organismo público de recuperação de dependentes químicos? Como é que está o planejamento para esse setor, para o combate ao crack, para a recuperação dessas pessoas?
Presidenta: Olha, a primeira coisa que eu acho que é muito importante, no que se refere às drogas, é o fato de que a gente tem de reconhecer a realidade. E a realidade é a seguinte: no tratamento de drogas, principalmente do crack, hoje, quem mais contribuiu com isso foram as comunidades terapêuticas de várias igrejas – da evangélica, da católica, dos espíritas. Enfim, você tem uma iniciativa da sociedade, que se chama “comunidades terapêuticas”.
Eu fiz uma reunião com todas as associações, e a ministra Gleisi, inclusive, ela participou de forma muito efetiva dessa reunião. Nessa reunião, nós colocamos a Secretaria Nacional Antidrogas e o pessoal do Ministério da Saúde. Vai ser... Uma das questões mais importantes que nós temos de enfrentar é o fato que... Da Secretaria não, desculpe, do Ministério da Saúde. O Ministério da Saúde, ele tem de fornecer recursos para essas comunidades terapêuticas que existem ampliarem suas vagas; tem de fornecer condições para que elas melhorem as suas condições de atendimento. E é esse processo que nós estamos fazendo, em conjunto com essas comunidades terapêuticas, o Ministério da Saúde e a Secretaria Nacional Antidrogas.
Além disso, eu pedi imediatamente, quando eu pedi, imediatamente, quando cheguei ao governo, para o Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa fazerem um programa de policiamento de fronteiras. Porque nós sabemos por onde entram as drogas, no nosso país: entram pela imensa fronteira que nós temos, de mais de 16 mil quilômetros. E aí, eu queria te falar deste programa, porque eu considero ele muito importante. Eu até estou procurando ele aqui, porque eu quero falar bem... de forma bem... bem clara sobre ele. Uma das características desse programa de fronteiras [Plano Estratégico de Fronteiras] é o fato de que até pouco tempo atrás, não era permitido às Forças Armadas policiarem a fronteira junto com a Polícia Federal, com a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança Pública. A partir do governo do presidente Lula, várias alterações foram feitas na legislação e, a partir daí, nós agora criamos um comando de operações que vai ser unificado entre as três polícias: a Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional de Segurança Pública e as três Forças Armadas. Eles vão atuar em conjunto e vão fazer dois tipos de operação. Uma, chamado operação Sentinela, que é sistemática. Ela já começou em 2010, mas ainda de forma não completamente desenvolvida, e agora foram eleitos 34 pontos vulneráveis. Aqui na região, é a região de Foz... esses 34 pontos vão ter um nível de policiamento e de monitoramento dos dois órgãos, porque aí é o seguinte: a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária fazem, e o Exército dá suporte. Dá suporte logístico, dá suporte de inteligência, dá suporte de tudo. Aí, depois, tem uma operação que se chama Ágata. Essa, quem faz é o Exército. Ela é uma operação de prevenção e de, vamos dizer assim, de ação mais efetiva, assim, que eu te falo, no confronto. Ela também inclui Foz do Iguaçu e Guairá, inclui esses dois municípios. Ela vai mobilizar cerca de 5 mil homens do Exército, 200 homens e 20 navios da Marinha e dezesseis aeronaves da Aeronáutica. Essas duas operações, elas têm por objetivo criar uma força de ocupação nas nossas fronteiras. Como ela é muito grande, nós vamos ter de combinar sempre ações-relâmpago, inteligência e o monitoramento de áreas que nós sabemos que são estratégicas. Eu não posso te dizer quais são todas as 34 áreas consideradas mais vulneráveis, porque também não tem por que a gente falar onde vai ser a atuação principal. Eu dei os dois exemplos de Foz e de Guaíra porque, se tem exemplos que são públicos e notórios, são esses dois. Eu não estou falando nenhuma novidade, nem antecipando nenhum ponto do que vai ser o nosso monitoramento. Nós temos feito balanços sistemáticos. A ministra Gleisi, junto com o vice-presidente, coordena esse programa e faz um balanço sistemático dele, tanta é a importância que nós atribuímos a ele.
Jornalista: Presidenta, uma das perguntas que eu faria para a senhora seria um balanço desses seis meses de governo. Mas até pela resposta anterior da senhora sobre estar ou não feliz, a gente já entende que o balanço é muito positivo. Eu aproveito para fazer mais uma pergunta de grande interesse da região, que é grande produtora de aves e também de suínos. Nós temos um problema em relação à carne, uma crise na suinocultura, um embargo russo em andamento, e isso está gerando muita preocupação para os produtores e muitas reivindicações. O governo federal tem agido para resolver esse problema, derrubar o embargo, ou pelo menos socorrer os produtores, neste momento?
Presidenta: Olha, no que se refere à carne suína, que sofreu um embargo de importação da Rússia, as notícias são muito boas. Eu vim para cá no helicóptero, inclusive o ministro... eu estou com mais dois ministros, além da ministra Gleisi: o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, que é o Florence, o Afonso Florence. O ministro Wagner Rossi estava me dizendo que a nossa equipe técnica esteve na Rússia agora, recentemente, e o resultado foi muito positivo. E ele está esperando uma solução nos próximos quinze dias, uma solução positiva e favorável. Com isso, é muito importante que o agricultor tenha consciência de que as condições sanitárias da produção são fundamentais quando se trata de exportar produtos, quando se trata de vender produtos no exterior. Nós achamos que uma parte muito importante desse processo de garantia da qualidade, o Brasil já cumpriu. Acho que o Brasil, hoje, tem produtos que do ponto de vista sanitário são irrepreensíveis. A gente sabe que há flutuações dos compradores, que muitas vezes são suscetíveis à concorrência e a conversas que não têm muito fundamento. Mas de qualquer jeito, a nossa parte nós temos de fazer. E a situação hoje, quanto às aves, tem pouco problema. Onde tem mais problema é nos suínos. Nessa questão dos suínos, eu acho que nós superamos mais uma barreira, com essa conversa positiva com os russos.
Jornalista: Presidenta, em nome dos comunicadores Claudiney del Cielo, da Educadora AM, de Francisco Beltrão; e também do colega Luiz Carlos Martins, da Banda B de Curitiba, e em meu nome, Larissa Mazaloti, da Onda Sul FM, agradecemos a sua disposição, já ultrapassamos um pouquinho do seu tempo. A agenda é cheia, hoje, em Francisco Beltrão, a senhora deve ainda retornar a Brasília. E que mais entrevistas como esta, aproximando veículos de imprensa regionais, aconteçam com a senhora, porque com certeza a população agradece estas informações, este bate-papo e, realmente, a proximidade que a senhora está tendo neste momento com a população do sudoeste do Paraná e, é claro, de todo o Brasil.
Presidenta: Olha, Larissa, eu agradeço à radio Onda Sul FM, à rádio Banda B, o Luiz Carlos Martins, à radio Educadora AM, o Claudiney. E quero dizer para vocês uma coisa: a rádio é um dos instrumentos mais importantes, eu acho, de um contato - como disse o Luiz Carlos no início da nossa conversa -, de uma conversa com a população. É uma forma de a gente chegar à população mesmo quando ela está no trabalho, porque ninguém... a gente liga o rádio e pode fazer todas as coisas.
Jornalista: E a gente ia longe aqui, hein?
Presidenta: A gente ia...
Jornalista: Assunto havia...
Jornalista: A tarde toda!
Presidenta: A tarde toda! Até porque é um bate-papo muito agradável...
Jornalista: Eu esqueci de perguntar, por exemplo - me pediram para perguntar, lá de Curitiba - a questão do metrô em Curitiba, não é...
Presidenta: Olha, o metrô ...
Jornalista: O governador está aqui.
Presidenta: ... o metrô de Curitiba, ele... já apresentaram o projeto. Nós consideramos que até ali, em torno da última semana... as duas últimas semanas de agosto, nós vamos fazer a seleção dos projetos de metrô. Um dos fortes concorrentes é ...
Jornalista: Curitiba.
Presidenta: ... o metrô de Curitiba. Foram vocês que entregaram, quando você era prefeito, não é, Beto. Foi você, não é?
_________: Sim, foi.
Presidenta: Foi você, não é?
_________: Legal.
Presidenta: Mas eu acredito que Curitiba tem tudo para ter metrô, até porque nós, mais ou menos, como nós não temos dinheiro para fazer metrô em todos os lugares do Brasil, nós estamos privilegiando locais com grande concentração metropolitana.
Jornalista: Obrigado, hein! Desculpe, né.
Jornalista: Bom dia, Presidenta.
Jornalista: Um abraço, Presidenta, bom dia.
Presidenta: Muito bom dia para todos vocês.
Jornalista: Um abraço a todos os nossos ouvintes e um bom dia.
Ouça a íntegra da entrevista (30min11s) da presidenta Dilma.