31-01-2011 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, antes do embarque para o Brasil
Buenos Aires - Argentina, 31 de janeiro de 2011
Jornalista: Presidente, o que mais lhe chamou atenção nessa viagem, na conversa a portas fechadas com a Cristina?
Presidenta: A determinação dela de fazer uma aliança estratégica com o Brasil. A mesma determinação que eu tinha, aliás. Eu acho que isso é a coisa que apareceu com facilidade. No passado, o Brasil e a Argentina, por vários motivos foram colocados separadamente. Houve interesse de várias nações em nos separar. (falha no áudio)
Só para a gente lembrar... as bitolas são diferentes, na energia elétrica, sem uma conversora, (incompreensível) energia elétrica de um para outro lugar.
Então, eu acho que nos últimos anos, com o Lula e o Kirchner, e até com o Lula e a Cristina, se estabeleceu uma relação de parceria e uma coisa que é algo fundamental na relação entre as pessoas e as nações: confiança. Eu acho que hoje tem, entre o Brasil e a Argentina, uma relação de confiança, de que nós podemos, cada um, obviamente, com os seus interesses, construir um caminho comum.
Jornalista: E em relação às Mães de Maio, Presidente, o que a senhora...
Jornalista: As Mães da Praça de Maio pediram a abertura, inclusive, dos arquivos, elas pediram para a senhora os arquivos da ditadura no Rio Grande do Sul.
Presidenta: Não, para mim não pediram. Para mim, elas me deram... Minha querida, elas não me pediram isso.
Jornalista: Não pediram?
Presidenta: Não.
Jornalista: Ah, então está bom, então.
Presidenta: Eu vou falar a mais absoluta... rigor: elas fizeram uma manifestação de imenso carinho por mim. Acho que, de uma certa forma, meio que identificando em mim o que elas perderam, ao longo dos anos. Mas me fizeram uma coisa muito interessante: me explicaram que elas têm uma Fundação.
Jornalista: É, uma Fundação.
Presidenta: Fundação Mães da Praça de Maio. E me deram duas casas, que eu falei até para vocês, duas casas com um material desenvolvido por uma tecnologia que elas falaram que é delas, misturado com uma tecnologia italiana, de forma que você faz uma casa em muito pouco tempo.
Jornalista: Por quanto, hein, Presidente? (incompreensível)
Presidenta: Ela me disse que é bem barato, se eu me interessar, ela me dá o preço.
Jornalista: Essas hidrelétricas lá...
Presidenta: E é muito interessante, porque elas... a casa, você vê, ela é uma casa, assim, reta, tem todos os elementos: cozinha, banheiro e quarto. Então, foi uma coisa muito interessante que elas me deram, porque uma delas disse que o sorriso de uma criança é algo, para ela, que é impagável, e por isso elas passaram a trabalhar nessa questão da Fundação.
Garabi, Garabi, é a terceira e última.
Jornalista: Não, não, tem só mais uma, Presidente.
Presidenta: Garabi...
Jornalista: Tem só Egito, só.
Jornalista: É, Egito, só.
Presidenta: Não, agora eu falei três. Vocês parem de fazer isso, senão eu não vou mais fazer acordo com vocês, os quais eu conheço perfeitamente bem e sei como é que são.
Então, voltando ao início: Garabi. A nossa parte foi feita, eles agora vão contratar o estudo de viabilidade. E, pelos dados que eu vi, eles estão pretendendo que Garabi comece a ser construído no mais tardar entre [20]13 e [20]14.
Jornalista: Só o Egito. Por favor, só o Egito. Qual a posição do governo brasileiro em relação ao que está acontecendo neste momento no Egito?
Presidenta: O governo brasileiro não pode ter posição a respeito do que acontece dentro de um país. Agora, o governo brasileiro, como qualquer governo do mundo, olha com expectativa a situação do Egito e torce para que ele seja um país democrático, um país que leve seu povo a ter todas as condições de desfrutar do desenvolvimento, porque é um país... o maior país, o país mais populoso do Oriente Médio. Então, nós temos todo esse interesse.
Jornalista: Causa preocupação? Causa preocupação?
___________: Está bom. Obrigado, gente.
Presidenta: Obrigada.
Ouça a íntegra da entrevista (04min26s) da Presidenta Dilma.