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18-10-2015 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, na chegada ao Grand Hotel, após encontro com o Rei e a Rainha da Suécia - Estocolmo/Suécia

Estocolmo-Suécia, 18 de outubro de 2015

 

Jornalista: Presidente...

 

Presidenta: Pois não, vamos conversar.

 

Jornalista: Leandro Colon, da Folha. Presidente, hoje, na Folha, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o ministro Levy deve sair se ele não mudar a política econômica do governo. A senhora concorda com o presidente do PT?

 

Presidenta: Olha, eu acho que o presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser, algo que não é a opinião do governo. Então, a gente respeita a opinião do presidente do PT, até porque ele é o presidente do partido que integra a base aliada, do partido mais importante. Mas isso não significa que ela seja a opinião do governo.

 

Jornalista: E o ministro Levy fica ou sai, presidente?

 

Presidenta: Como eu te disse que não é a opinião do governo, o ministro Levy fica.

 

Jornalista: Mas como é que foi a conversa na sexta-feira, presidente?

 

Presidenta: Aí eu vou falar uma coisa para vocês. Tem um nível de invenção de conversas - eu não vi no jornal escrito, eu vi foi na internet - que não é verdade. O que nós conversamos na sexta-feira foi, fundamentalmente, sobre quais são os próximos passos e qual é a nossa estratégia, no sentido de garantir que se aprove as principais medidas que vão levar ao equilíbrio fiscal.

 

Jornalista: Em nenhum momento… demissão...

 

Presidenta: Nem tocou-se nesse assunto.

 

Jornalista: Não tinha insatisfação dele?

 

Presidenta: Não tinha nenhuma insatisfação dele. Até porque essa entrevista não tinha ocorrido. Eu não sei como é que saem essas informações. Agora, elas são muito danosas. Porque, de repente, aparece uma informação que não é verdadeira. E nós discutimos, fundamentalmente, isso. Por quê? Porque vai ser muito importante que a gente aprove um conjunto de medidas até o final do ano. Se vocês me perguntarem quais, eu direi para vocês uma, especificamente: a CPMF. O Brasil precisa de aprovar a CPMF para que a gente tenha um ano de 2016 estável, do ponto de vista do reequilíbrio das nossas finanças. Então nós discutimos, sobretudo, isso. Como que nós iremos assegurar que não só a CPMF, mas a DRU, todas as medidas fiscais que nós enviamos, várias outras MPs, tenham aprovação. Inclusive essa questão, é a questão que vai, daqui para a frente, se vocês forem perguntar, vocês vão ver que, basicamente, nós teremos várias reuniões com essa questão, com esse assunto.

 

Jornalista: Sem a CPMF… (inaudível)

 

Presidenta: Olha, nós acreditamos que não é que ela não se reorganiza. Nós acreditamos que ela, a CPMF, é crucial para o País voltar a crescer. O que é que é essa discussão que nós temos? Essa discussão que nós temos é a seguinte: nós precisamos estabilizar as contas públicas. Estabilizar as contas públicas para quê? Para que o País volte a crescer, para que se perceba que o Brasil tem uma solidez fiscal que vai permitir que nós...

 

Jornalista: Pois é, mas sem a CPMF isso não é possível?

 

Presidenta: Não, sem a CPMF isso é muito difícil. Não vou dizer assim: é impossível. Eu vou te dizer o seguinte: está no grau de dificuldade máximo. A CPMF é crucial para o País, não é uma questão do governo. A CPMF, inclusive, é, dos impostos... se você me perguntar: “Você queria aumentar a CPMF, presidente?” Não, não queria, pelo contrário. Aliás, o meu governo, no meu primeiro governo, um dos fatos que leva à nossa dificuldade agora, é que nós tivemos um nível de desoneração para além do que era desejável, se considerarmos - não temos como saber isso -, mas se considerarmos que no futuro iria haver o fim do superciclo das commodities, a China ia desacelerar nessa proporção. Como nós não sabíamos na época e tendo em vista que é sempre melhor desonerar, diminuir imposto, reduzir imposto do que aumentar imposto, é sempre melhor economicamente. Aa não ser em momentos que você se defronta com problemas críticos, como essa desaceleração na China, que ninguém contava, nessa proporção.

 

Jornalista: Lotten Collin, da Rádio Sueca. Qual é o plano que a senhora tem para tirar o Brasil da recessão? Mais exportação ou mais gastos públicos?

 

Presidenta: Olha, nós estamos numa fase em que nós estamos buscando duas coisas, simultaneamente. Primeiro, nós buscamos reequilibrar a economia. Reequilibrar a economia, o que é que significou? Significou que nós fizemos um enorme esforço para reduzir os gastos públicos. Essa redução dos gastos públicos, ao mesmo tempo, significou também uma, eu diria, uma reorientação… não pode chamar de reorientação, mas uma redefinição dos preços relativos. Houve uma mudança dos preços relativos muito forte. Tudo isso, dos preços relativos leva, no curto para o médio prazo, daqui para frente, a uma queda sistemática da inflação. E a mudança, na nossa forma de fazer o reequilíbrio fiscal, vai levar também a uma maior estabilidade macroeconômica. Simultaneamente a isso, nós fizemos um programa forte de exportações, forte de exportações. E inclusive auxiliados pelo fato de que houve, nessa questão dos preços relativos, uma variação cambial imensa, também fruto de toda a situação internacional.

 

Jornalista: Presidente, na sexta-feira...

 

Presidenta: Então, nós vamos voltar... Calma, gente, calma, calminha. Deixa eu continuar só com ela. Aí, o que é que nós fizemos? Nós aumentamos, nós estamos ampliando as exportações. O Brasil está fazendo… saiu de um déficit de [US$] 4 bilhões, e nós acreditamos que chegaremos a um superávit, no mínimo, de 16 ou no máximo de 16, em torno de [US$] 16 bilhões. Isso significará que as exportações vão dar a sua contribuição. Mas não é só por causa do câmbio, também estamos fazendo toda uma política de comércio exterior, no sentido de garantir acordos comerciais, como é esse que pretendemos fazer com a União Europeia. Além disso, temos todo um programa de infraestrutura, de concessões na área de rodovia, ferrovias, portos e aeroportos. E na área também de energia elétrica. Agora, o próximo.

 

Jornalista: Ainda há clima político para um acordo com o presidente da Câmara, o Eduardo Cunha, depois de todas essas provas…?

 

Presidenta: Olha, eu acho fantástico, eu acho fantástica essa conversa que o governo está fazendo acordo com quem quer que seja. Até porque, até porque o acordo do Eduardo Cunha não era com o governo, era com a oposição. E é público e notório, até na nota aparece. Eu acho estranho atribuírem ao governo qualquer tipo de acordo que não seja acordo que se faz com o presidente de Poder para passar CPMF, DRU, MPs.

 

Jornalista: O presidente Eduardo Cunha tem condições depois das provas...

 

Presidenta: Olha, eu não tenho como me manifestar a respeito de qualquer coisa relativa ao que acontece no Legislativo, nem tampouco no Judiciário.

 

Jornalista: O caso do Eduardo Cunha repercutiu no mundo inteiro, foi notícia em jornais do mundo inteiro. Isso não causa um certo constrangimento para o governo brasileiro, embora seja o Poder Legislativo, como a senhora disse?

 

Presidenta: Seria estranho se causasse. Ele não integra o meu governo.

 

Jornalista: Sim, mas...

 

Presidenta: Ah, eu lamento que seja um brasileiro, se é isso que você está perguntando. Eu lamento que seja com um brasileiro.

 

Jornalista: A senhora acha que é ruim para a imagem do País?

 

Presidenta: Olha, eu não diria… Eu acho que se distingue perfeitamente no mundo o País de qualquer um de seus integrantes. Nenhum país pode ser julgado por isso ou por aquilo, nem o Brasil, nem a Suécia, nem os Estados Unidos. E não se julga assim. Acho que isso é pergunta bastante capciosa. Você me desculpa, eu lamento que aconteça com um brasileiro, um cidadão brasileiro. Não acho que tem uma coisa a ver com a outra, me desculpe.

 

Jornalista: A senhora considera que este momento seja um momento de maior ou de menor instabilidade política no Brasil em relação a algumas semanas atrás?

 

Presidenta: Olha, eu acredito que hoje nós temos uma situação, não vejo, assim, grandes alterações, ao longo desse semestre. Acho que nós ainda temos de alcançar uma estabilidade política baseado num acordo e numa visão de que os interesses partidários, os interesses pessoais, os interesses de cada corrente, têm de ser colocados abaixo dos interesses do País. Em toda sociedade, ninguém, ninguém numa situação de crise, como ninguém dentro de uma família, diante da crise, se tiver contradições e rupturas, não sai da crise. Então o que eu acho é que hoje o ambiente, nós temos de buscar sistematicamente, cada vez mais, construir um ambiente de entendimento, de diálogo, de paz, e não um ambiente em que questões partidárias ou questões pessoais sejam colocadas acima e além dos interesses do País. Hoje, os interesses do País estão em questão.

 

Jornalista: A decisão do STF deixou a senhora mais confortável, para governar politicamente, em relação a essa instabilidade que estava, em relação ao Congresso?

 

Presidenta: A decisão do STF diz respeito ao Judiciário e foi um pleito de um deputado. Não tem a ver com o governo diretamente. Tem a ver com um procedimento dentro do Legislativo, não diz respeito ao Legislativo, nem se refere ao Legislativo.

 

Jornalista: Quanto a volta da CPMF pode atingir ainda mais a popularidade do governo e quanto a senhora se preocupa com a baixa popularidade?

 

Presidenta: Olha, eu acho que a questão da CPMF é uma questão de melhoria da situação macroeconômica do País, não por conta dela especificamente, mas por conta de uma ação para estabilizar o orçamento fiscal do País. Nesse sentido, contribuirá para o País voltar a crescer. Nesse sentido, o benefício pode ser, imediatamente, o que algumas pessoas não entendem, mas certamente as pessoas entenderão quando os efeitos que essa medida produzir, que é a estabilidade fiscal, que permite que o País volte a crescer. Por que que ele volte a crescer? Porque não está combinada só com ela, a CPMF está combinada com várias medidas: todo o programa de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos; toda a política de expansão da exportação; todo o financiamento que nós estamos fazendo nos dois Planos Safras, que hoje, esse ano, são 20% maiores que no ano passado; todo o investimento que nós temos de fazer na área da energia elétrica. Quando combinado, porque as coisas, elas não têm valor se olhadas separadamente. Elas ganham valor, ganham perspectiva, ganham força e conseguem alterar a situação macroeconômica quando combinadas.

            Então, nesse sentido, necessariamente a CPMF terá um papel bastante relevante, no sentido de garantir que o País volte a crescer. E é isso que nos interessa.

 

Jornalista: Mas a senhora se preocupa com uma eventual queda ainda maior da popularidade do governo?

 

Presidenta: Olha, eu acredito que as pessoas, os brasileiros, entendem. Quando as coisas são ditas, entendem. Pode até, num primeiro momento, não absorverem inteiramente, porque é aumento de imposto. Mas não estamos aumentando imposto porque queremos, estamos aumentando imposto porque precisamos.

 

Jornalista: Presidente, incomoda o presidente do seu partido pedir a saída do ministro da Fazenda?

 

Presidenta: Olha, eu vou te falar uma coisa: eu acho que a gente tem que se acostumar com uma situação. Sabe qual é? Nós vivemos numa democracia. E não é possível, quando você vive numa democracia, você querer que todas as pessoas pensem igual num governo. Ou pensem igual num quadro ou num conjunto político. Não é possível ninguém se incomodar com uma coisa dessas. A pessoa tem direito de externar. Eu não concordo com a posição. E aí é da democracia. No passado, no passado, quando a gente divergia no Brasil, a gente ia para a cadeia. Hoje é absolutamente normal que as pessoas tenham posições diferentes.

 

Jornalista: E a senhora acha que o Cunha ainda tem condições de continuar no cargo?

 

Presidenta: Quem?

 

Jornalista: O Eduardo Cunha.

 

Presidenta: Eu não dou opinião a respeito do Legislativo, principalmente a respeito do outro Poder. Eu não faço isso em relação ao Legislativo (...) Eu não faço isso nem em relação ao Legislativo, gente, nem em relação ao Judiciário.

 

Jornalista: O fato do ex-presidente Lula estar por trás dessas críticas ao Levy incomoda a senhora?

 

Presidenta: Isso é o que vocês dizem.

 

Jornalista: Ele nunca te pediu nada?

 

Presidenta: Ele nunca me pediu nada. O presidente Lula, quando quer uma coisa, que diz respeito a posições dele, ele não tem o menor constrangimento em falar comigo. Então eu não posso tomar pelo valor de face o que está sendo dito. Me desculpa, eu não estou levantando uma suspeita quanto a você é que está falando. Eu já vi isso na imprensa, está sendo sendo dito isso. Ele jamais disse isso para mim.

 

Jornalista: O PT tem condições de…

 

Jornalista: A senhora (...) que o ministro Levy vai até o final do seu mandato?

 

Presidenta: Meu querido, eu acho que esse tipo de pergunta é daquelas que passa para a especulação. É isto que é especulação. Vocês não perguntaram, para mim, se eu acredito que o meu ministério fique até o final do meu mandato. As pessoas que estão no ministério, hoje, eu espero que fiquem até o final do meu mandato. É essa a visão geral. Agora, o resto é especulação. É especulação e tentativa errada de especulação. Por quê? Porque cria instabilidade, porque cria tumulto, porque cria uma situação que a gente não sabe de onde que vem e, de repente, é um raio num céu azul. Começou na sexta-feira, eu soube, porque, no ínterim, eu já tinha saído de avião e soube que começou essa conversa na sexta-feira. Então acho, primeiro, que é absurdo - vou repetir, para não responder mais: primeiro, é absurdo dizer que nós tratamos disso na reunião. Além de mim, tinha mais três pessoas, incluindo o ministro Levy, o ministro Jaques e o ministro Nelson. Nós não tratamos desse tipo de assunto. Nós tratamos do que eu falei para vocês: como é que nós vamos encaminhar as medidas necessárias para a estabilidade fiscal.

 

Jornalista: A senhora garante ele para o ano que vem?

 

Presidenta: Não, ele não está saindo do governo. Ponto. Eu não toco mais nesse assunto.

 

Jornalista: A senhora garante ele em 2016?

 

Presidenta: Qualquer coisa além disso está ficando especulativo, me desculpa, especulativo. Vocês não farão especulação a respeito do ministro da Fazenda comigo. Não vão fazer. É essa a minha fala final. E, a partir de agora, não vou mais responder a respeito do ministro Levy. Porque, vocês me desculpem, isso é fantástico, a política econômica dele, se ele fica, é porque nós concordamos com ela. Então, vamos encerrar essa conversa em definitivo e parar de especular. E tentar pegar um ganchinho para sair uma notícia num jornal, assim: “Ah, a presidente… ah, a presidente”.

 

Jornalista: É o presidente do seu partido, presidente?

 

Presidenta: Meu querido, ele pode especular à vontade. Vocês podem especular à vontade. Só que quando eu digo que não, não adianta, é não. Não é isso.

 

Jornalista: Não é a imprensa, presidente, é o presidente do partido da senhora que vem a público e pede a saída dele.

 

Presidenta: Na sexta-feira não era, não.

 

Jornalista: O Brasil tem, em meio da crise, condições de comprar as caças suecas?

 

Presidenta: Casas?

 

Jornalista: Caças.

 

Jornalista: Desculpa o meu português.

 

Presidenta: Olha, eu acho o seguinte, acho que tem uma noção, a respeito do Brasil, que não prevalece, que é a seguinte: nós estamos enfrentando uma crise. Mas somos um país que tem US$ 370 bilhões de reserva; um país que não tem bolha financeira; um país que tem uma indústria, uma agricultura, um setor de serviços extremamente forte. Nós não somos uma economia qualquer.

 

Jornalista: Então, tem condições?

 

Presidenta: Está na cara que tem. Isso é dos menores, vou te falar uma coisa, esse é dos menores problemas que eu tenho.

 

Jornalista: Qual que é o maior problema?

 

Presidenta: Estabilizar a economia, garantir que o País volte a crescer.

 

Jornalista: Então não é a crise política?

 

Presidenta: Olha, a crise política é um componente, hoje, da econômica. Estabilizando essa… criando esse clima de unidade, cooperação, o Brasil sairá dessa crise o mais fácil possível. A Europa, aqui, nós estamos na Suécia, tem ali a Finlândia, a Noruega, nós estamos na Escandinávia, não é? Eles enfrentaram, em 2008-2009, uma crise de proporções bastante significativas e saíram da crise. A mesma coisa aconteceu com os Estados Unidos, aconteceu com a Inglaterra. Então é algo que os países podem e fazem, saír da crise, enfrentar e sair.

 

Jornalista: Presidente, só para explicar a sua declaração...

 

Presidenta: Gente, muito obrigada, viu? Obrigada.

 

Jornalista: Só para explicar a sua declaração, presidente, a senhora disse que estabilizando...

 

Presidenta: Não, a minha declaração está claríssima.

 

Jornalista: Estabilizando o cenário, sai da crise, mas é estabilizando o cenário político que sai da crise econômica, ou o contrário?

 

Presidenta: Vou te falar uma coisa. É algo… Sempre essas questões, a política e a economia, vão estar relacionadas. Não é… Eu vou te dizer o seguinte: é óbvio que a crise política, ela aumenta, amplia as condições de bloqueio para a saída da crise econômica, não é? Agora, o que eu acredito é que as duas são importantes de ser resolvidas, não é? Pode ser que melhorando o quadro político, melhore o quadro econômico. Mas ele não é automático. Nós temos de fazer também por onde na questão da economia, porque senão fica uma visão que tudo é da política ou tudo é da economia. Nós temos de trabalhar firme e forte, todos os dias, para melhorar o cenário que vai garantir a estabilidade fiscal, o controle da inflação, para quê? Para voltar a crescer. E aí eu vou repetir: plano de exportação, plano de logística e plano de energia, juntamente com a recuperação da confiança, também, baseado no fato de que nós estabilizamos o fiscal, ancoramos o fiscal. É isso.

Obrigada.

 

 Ouça a íntegra(21min05s) da entrevista da Presidenta Dilma